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| | Jardim de Cactos | |
Bonitos e resistentes, os cactos voltaram com tudo ao paisagismo. Existem espécies para todos os gostos, capazes de exibir uma quase infinita variedade de formas, tamanhos, cores e texturas. Além disso, ao contrário do que muitos pensam, não são necessárias grandes áreas externas para se montar um simpático jardim de cactos. Até mesmo os moradores de casas e apartamentos pequenos podem apreciar uma pequena coleção de cactáceas, desde que o local receba algumas horas de sol diárias.
Para se fazer um jardim de cactos, o primeiro passo é escolher a sua localização. Ele pode ser construído diretamente no solo, em áreas externas bastante ensolaradas, ou em canteiros elevados, com as laterais formadas por rochas empilhadas, por exemplo. Qualquer que seja o local escolhido, é importante que ele tenha uma boa drenagem, evitando que a água das regas e da chuva fique empoçada.
Também é importante construir o jardim de cactos em uma área que não esteja sob um sombreamento excessivo, ocasionado por árvores, arbustos ou construções próximas. Quanto maior o número de horas de sol que o local puder receber, melhor será o desenvolvimento das plantas.
Um jardim de cactos também fica perfeito em jardineiras suspensas, localizadas na parte externa das janelas de casas e apartamentos. No caso de localidades situadas em andares mais altos, é importante escolher espécies de cactos que não fiquem muito altas, já que o vento excessivo pode causar o tombamento das plantas.
Os afortunados moradores de coberturas também podem fazer um jardim de cactos em vasos, jardineiras ou canteiros. Até mesmo quem dispõe de uma varanda ensolarada, preferencialmente face norte, também pode se beneficiar deste recurso paisagístico, de inspiração desértica.
Em todos estes casos, é importante que os recipientes escolhidos para acomodar o jardim de cactos tenham furos no fundo. Ainda que o material possa variar, é interessante dar preferência aos mais porosos, como a terracota, barro ou cerâmica, que permitem uma evaporação mais rápida da água das chuvas ou das regas. O plástico, por outro lado, tem a característica de reter a umidade no solo por um período mais prolongado, o que não é muito interessante para as raízes das cactáceas.
Quando localizado em um recipiente isolado, um jardim de cactos pode ser construído da mesma forma que se monta uma bacia de suculentas. Além dos furos no fundo, é fundamental que exista uma camada de drenagem, que pode ser construída com qualquer material particulado, como pedrisco, cacos de telha ou argila expandida. Por cima deste material, pode ser posicionada uma manta geotêxtil, que ajuda a reter o substrato de plantio, ao mesmo tempo em que impede que as raízes dos cactos entupam os drenos.
O substrato ideal para a montagem de um jardim de cactos é aquele mais arenoso, bem aerado e pouco compactado. Esta condição é facilmente atingida através da mistura de terra vegetal e areia grossa de construção. Não é necessário adicionar compostos orgânicos, visto que as cactáceas estão adaptadas a solos mais pobres, em termos de nutrientes. Existem misturas prontas para o uso, próprias para o plantio de cactos e suculentas, à venda em lojas de jardinagem.
No caso de um jardim de cactos construído em uma área externa, de maiores dimensões, pode-se simplesmente adicionar areia de construção ao solo já existente no local. É sempre bom salientar que a areia da praia não é própria para este fim, visto que contém elevados níveis de salinidade, prejudiciais ao desenvolvimento das raízes das plantas.
Por cima do substrato arenoso, pode-se adicionar uma camada final de pedrisco branco. Além da questão decorativa, este material exerce a função de isolar as bases dos cactos, em relação ao contato com o solo, ajudando a impedir que o excesso de água fique empoçado ao redor das plantas.
Na hora de escolher as espécies que farão parte da composição do jardim de cactos, é importante ter em mente que existem diferentes necessidades, em relação à luminosidade. Além das típicas cactáceas de regiões áridas e semiáridas, que apreciam sol pleno, existem os chamados cactos de sombra, adaptados à vida em florestas, sob as copas das árvores. Neste contexto, é preciso escolher um tema, de acordo com as condições de insolação presentes no local escolhido para o cultivo do jardim de cactos.
De modo geral, os cactos que apreciam locais mais sombreados são pendentes, de hábito epífito, como é o caso do cacto sianinha, Selenicereus anthonyanus, cacto macarrão, Rhipsalis baccifera, e do cacto samambaia, Selenicereus validus, entre muitas outras espécies. Caso este seja o tema escolhido, o ideal seria construir um jardim suspenso de cactos. Esta é uma configuração ideal para locais que não recebem muitas horas de sol direto por dia, como janelas e varandas de casas e apartamentos. Neste caso, a composição do substrato é diferente, mais próxima àquela utilizada para o cultivo de plantas epífitas, como orquídeas.
Já no caso dos jardins de cactos em áreas mais ensolaradas, podemos escolher entre as diversas opções de espécies colunares, de crescimento predominantemente vertical, como é o caso do cacto do Peru, Cereus repandus, cacto parafuso, Cereus peruvianus tortuosus, ou do brasileiro cacto mandacaru, Cereus jamacaru, entre muitos outros exemplos.
A depender da altura destes espécimes, pode ser necessário realizar o plantio com o auxílio de uma estaca de madeira, para evitar o tombamento do cacto, até que a planta esteja totalmente enraizada. Também é aconselhável evitar a utilização de exemplares muito altos, em locais onde haja muitas correntes de vento, como é o caso de coberturas e varandas, em andares mais altos.
Para acrescentar diversidade à composição, os cactos colunares podem ser mesclados com os globulares ou globosos, como é o caso do cacto coroa de frade, Melocactus zehntneri, cacto cadeira de sogra, Echinocactus grusonii, ou do cacto ouriço, Echinopsis werdermannii, entre outros.
Sempre que possível, convém evitar que os cactos globulares fiquem sob a sombra dos cactos colunares. O ideal é que haja um bom espaçamento entre os diferentes componentes do jardim de cactos, de modo que haja uma boa insolação incidente sobre todos. Além disso, este cuidado ajuda a promover uma adequada circulação de ar por todo o jardim, diminuindo a ocorrência de problemas decorrentes dos ataques de fungos e bactérias.
Também ficam lindas em um jardim de cactos as espécies que se propagam horizontalmente, formando pequenas colônias, de efeito bastante ornamental. É o caso do cacto dedal, Mammillaria gracilis, cacto dedo de moça, Mammillaria elongata, e da Mammillaria prolifera, entre outros.
Vale lembrar que, além de suas formas esculturais, de efeito ornamental dramático, as cactáceas também são conhecidas por produzir belíssimas flores e deliciosos frutos. Neste sentido, um jardim de cactos acaba se transformando em uma interessante experiência sensorial, em diferentes aspectos.
Existem diversas espécies que produzem flores apenas durante o período noturno, em um curtíssimo espaço de tempo. É o caso do cacto orquídea, Epiphyllum oxypetalum, cacto rainha da noite, Hylocereus undatus, e do cacto Selenicereus hamatus, entre outros.
A manutenção de um jardim de cactos é bastante tranquila. O principal cuidado, como sempre, é evitar o excesso de água. As regas devem ser bastante espaçadas, ocorrendo apenas quando o solo estiver completamente seco. É importante lembrar de regar menos, durante os meses mais frios do ano.
A adubação do jardim de cactos não precisa ser muito elaborada ou intensa. Basta a aplicação de uma fórmula inorgânica, do tipo NPK, própria para a nutrição de cactos e suculentas, mensalmente. Durante o inverno, quando o metabolismo das plantas estiver menos ativo, não é necessário adubar. Vale ressaltar que as cactáceas não reagem bem a fertilizantes ricos em nitrogênio. O excesso deste nutriente causa o crescimento acelerado dos tecidos vegetais, resultando em plantas estioladas.
Em resumo, não importa se o jardim de cactos ocupa uma vasta área ensolarada, em meio a um elegante paisagismo de inspiração desértica, ou uma simples floreira do lado de fora da janela, o fundamental é que esta belíssima família botânica é capaz de trazer mais vida e natureza ao nosso cotidiano, requerendo muito pouco cuidado, em troca.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
