| Oxalis triangularis atropurpurea | |
No afã de preencher nossos espaços urbanos com plantas de interior, não é incomum que terminemos com ambientes completamente verdes, ton sur ton, um tanto quanto monótonos. Neste contexto, as plantas que apresentam folhagens roxas atuam como importantes elementos para a diversificação na paleta de cores das nossas urban jungles. A seguir, apresentamos uma coletânea de plantas roxas que podem ser cultivadas em interiores.
Como bem sabemos, a clorofila é o principal pigmento fotossintetizante encontrado nos vegetais, sendo o responsável pela característica coloração verde destes organismos. Embora não aparentem, as plantas roxas também produzem esta molécula, que encontra-se mascarada por camadas adicionais de antocianinas, conferindo às folhas uma tonalidade púrpura, arroxeada, lilás ou rosada, dependendo da espécie em questão.
O trevo roxo, por exemplo, possui folhas em um belíssimo tom de burgundy, com o verso mais claro, em uma coloração magenta. O nome científico desta variedade, cuja foto encontra-se na abertura deste artigo, é Oxalis triangularis atropurpurea. A forma tipo, por sua vez, é completamente verde.
No Brasil, os trevos são plantas de ocorrência bastante comum, surgindo espontaneamente nos vasos, jardins, canteiros e até calçadas. Por este motivo, costumam ser tratados como mato. No entanto, em países do hemisfério norte, há uma grande procura e admiração por estes vegetais, principalmente pelas diferentes espécies do gênero Oxalis. Há, inclusive, quem as colecione.
Oxalis hedysaroides 'Rubra' |
A espécie Oxalis hedysaroides, por exemplo, possui uma belíssima variedade 'Rubra', cujo nome popular mais conhecido é avenca roxa. Suas pequenas e delicadas flores amarelas fazem um interessante contraste com a folhagem arroxeada, que tende ao avermelhado. Esta é uma planta roxa de porte mais arbustivo, ereto, quando comparado à aparência mais rasteira do trevo roxo.
Outra folhagem roxa bastante comum, que costuma ser vista em canteiros nas calçadas, como parte do paisagismo de áreas urbanas, é a Tradescantia pallida purpurea, comumente apelidada de trapoeraba roxa.
Tradescantia pallida purpurea |
É interessante observar que esta planta roxa, quando cultivada em ambientes muito sombreados, acaba revelando sua coloração mais esverdeada, em função da diminuição na produção do pigmento antocianina. Quanto mais clorofila estiver presente na superfície da folha, mais eficiente será a captação e utilização da energia luminosa.
O ponto de destaque desta resistente planta roxa fica por conta das suas florações sequenciais, sempre a partir do mesmo ponto. As três pétalas em uma delicada tonalidade lilás fazem um belo contraste com os estames em amarelo vivo.
Existem outras espécies pertencentes ao gênero Tradescantia, comumente cultivadas como plantas de interior, cujas folhagens fogem do tradicional e onipresente verde. É o caso do lambari roxo, cujo nome científico é Tradescantia zebrina. Embora não seja completamente roxa, esta planta confere um colorido diferenciado aos ambientes nos quais é inserida, graças à interessante variegação de suas folhas, que mesclam tons arroxeados, rosados, prateados e esverdeados.
Tradescantia zebrina |
Outra espécie do mesmo gênero, que costuma ser citada como exemplo de planta roxa, é a Tradescantia spathacea, popularmente conhecida como abacaxi roxo. Na realidade, esta é uma folhagem que também mescla diferentes cores, que vão do lilás ao rosado, intercalados por tons de creme e verde claro.
Tradescantia spathacea |
Esta é uma folhagem roxa bastante versátil, visto que pode ser cultivada tanto em jardins, sob sol pleno, como em ambientes internos, desde que bastante luminosidade indireta esteja disponível à planta. Quanto mais luz receber, mais colorida esta espécie se tornará.
Outra espécie de planta roxa digna de nota é a Gynura aurantiaca. Não por acaso, seu apelido mais comumente utilizado é veludo roxo. Com efeito, a vibrante tonalidade púrpura desta folhagem é devida à presença de tricomas arroxeados, estruturas vegetais modificadas, em forma de pelos, que recobrem a superfície das folhas.
Gynura aurantiaca |
Ainda que seja comumente cultivada em interiores, esta folhagem roxa necessita de um ambiente com bastante luminosidade indireta, para que seu colorido púrpura não seja perdido.
Outra planta roxa que apresenta folhas ricamente ornamentadas é o escudo persa, cujo nome científico é Strobilanthes dyerianus.
Strobilanthes dyerianus |
Neste caso, o destaque fica por conta dos interessantes padrões desenhados na superfície desta folhagem roxa, que lembram mosaicos ou vitrais.
Informações detalhadas de cultivo de cada uma destas plantas roxas podem ser obtidas através dos respectivos links, ao longo deste artigo. Cada espécie mencionada possui uma matéria especialmente a ela dedicada.
O importante é ter em mente o fato de que as folhagens roxas costumam requerer níveis mais elevados de luminosidade, para que mantenham sua coloração diferenciada.
Quando estrategicamente posicionadas, próximas a janelas ensolaradas, preferencialmente face norte, estas plantas roxas são capazes de transformar os ambientes nos quais estão presentes, quebrando a monotonia do tradicional verde sobre verde.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil