| Pilosocereus magnificus | |
Esta é uma cactácea que já carrega em seu sobrenome todo o esplendor do seu porte imponente, aliado à sua belíssima e rara coloração cerúlea. O Pilosocereus magnificus é um cacto tipicamente brasileiro, bastante apreciado e colecionado mundo afora. Trata-se de uma planta incrivelmente resistente, de crescimento rápido e vigoroso, que requer pouquíssima manutenção por parte do cultivador.
Embora o Pilosocereus magnificus seja conhecido, em países de língua inglesa, como the blue candle cactus, o cacto vela azul, ou the blue torch cactus, o cacto tocha azul, por razões óbvias, aqui no Brasil, uma outra espécie, pertencente a este mesmo gênero botânico, costuma ser mais associada ao nome popular cacto azul. Trata-se do Pilosocereus pachycladus, cujas características já foram apresentadas anteriormente, aqui no blog.
Outro ilustre aparentado do Pilosocereus magnificus é o cacto xique xique, cujo nome científico é Pilosocereus gounellei. Recentemente, no entanto, ele foi colocado em outro gênero, segundo alguns taxonomistas. Estas cactáceas vivem em ambientes de clima predominantemente quente e seco, sendo típicos de biomas como a caatinga e o cerrado.
O cacto Pilosocereus magnificus, particularmente, é endêmico do estado de Minas Gerais, significando que ele não é encontrado nativamente em nenhum outro lugar do planeta. Ainda que sua população encontre-se estável, em seu habitat de origem, esta cactácea costuma sofrer com a coleta ilegal, dada a sua valorização, no mercado, como planta ornamental.
Neste sentido, é fundamental se certificar da origem de qualquer planta que adquirimos, principalmente se ela pertencer à flora brasileira. É crucial que os exemplares sejam oriundos de produtores credenciados, que multiplicam suas plantas em estufas comerciais, e que não comercializam espécimes coletados na natureza. A espécie Pilosocereus magnificus, por exemplo, é classificada como 'quase ameaçada', na Red List, a lista vermelha da IUCN, International Union for Conservation of Nature.
Em seu habitat nativo, o cacto Pilosocereus magnificus é encontrado em regiões semiáridas, não desérticas, desenvolvendo-se sobre solos rochosos, pobres em matéria orgânica. Estas informações são importantes para que possamos tentar mimetizar estas condições climáticas em nosso cultivo doméstico.
Para quem mora em casas e apartamentos, a luminosidade é o aspecto mais desafiador, no tocante ao cultivo do Pilosocereus magnificus. Esta é uma espécie que necessita de várias horas de sol pleno por dia, para que possa crescer e florescer adequadamente. Este é um cacto ideal para varandas e coberturas bem ensolaradas. É preciso tomar cuidado para não plantá-lo em floreiras externas, nos parapeitos das janelas de apartamentos, porque esta planta tende a ficar alta e pode tombar, com o vento.
Quando plantado diretamente no solo, seu desenvolvimento é mais rápido e vigoroso. Sob estas condições de cultivo, o cacto Pilosocereus magnificus pode atingir grandes proporções, emitindo diversas brotações laterais. Esta é uma espécie que se torna um excelente ponto focal, em jardins rochosos, de inspiração desértica, rodeado por outros cactos e suculentas.
Em ambientes internos, esta cactácea precisa ser posicionada bem próxima a uma janela ampla, preferencialmente face norte, exposta a bastante luminosidade direta. O vaso precisa ser trocado com frequência, para acompanhar o aumento da touceira. Embora o Pilosocereus magnificus possa ser cultivado em vasos de plástico ou resina, o ideal é que o material seja mais pesado, como barro, terracota ou cimento, de modo a melhor sustentar as colunas do cacto, que tende a ficar bem alto.
O primeiro sinal de alerta, de que a planta não está muito satisfeita com o ambiente, é o afunilamento de seu caule. Quando cultivado em locais muito sombreados, o cacto Pilosocereus magnificus tente a ficar mais fino e comprido, com uma estrutura mais frágil. A este fenômeno é dado o nome de estiolamento. O excesso de nitrogênio na adubação também tende a causar este problema.
Esta é uma cactácea que aprecia um solo bem aerado, rapidamente drenável, de natureza arenosa. Ainda que existam diversas composições comerciais, próprias para o cultivo de cactos e suculentas, à venda em lojas especializadas, um substrato caseiro pode ser obtido através da mistura de terra vegetal e areia grossa de construção, em partes iguais. Vale sempre ressaltar que a areia da praia não deve ser utilizada, por conter elevados níveis de salinidade, prejudiciais ao desenvolvimento das raízes.
A montagem do vaso deve respeitar uma sequência, de baixo para cima, que começa com os furos no fundo, essenciais para o escoamento da água das regas. Uma primeira camada de pedrisco, brita ou argila expandida, forma um sistema de drenagem, que ajuda no escoamento do excesso de água. Por cima deste material, uma manta geotêxtil é posicionada para reter o substrato arenoso e impedir que as raízes do Pilosocereus magnificus entupam os drenos no fundo do recipiente.
As regas desta cactácea devem ser moderadas. É preciso aguardar até que o substrato esteja bem seco, para que uma nova irrigação seja realizada. O melhor método para se aferir esta condição é utilizando a ponta do dedo sobre o solo, afundando-o levemente. Por esta razão, é sempre bom evitar colocar aquela camada final de pedrisco branco por cima da terra, que tem função apenas decorativa, e acaba atrapalhando esta medição diária da umidade do substrato. Durante o inverno, é importante regar menos.
O cacto Pilosocereus magnificus não necessita de uma adubação muito intensa ou elaborada. Uma fórmula inorgânica, do tipo NPK, de manutenção, é suficiente para garantir um bom desenvolvimento desta planta. Existem diversas marcas de adubos especialmente desenvolvidos para a nutrição de cactos e suculentas, no mercado.
A multiplicação do Pilosocereus magnificus é bastante tranquila. Além de emitir novos brotos a todo momento, este cacto também pode ser propagado através de cortes do seu caule. Basta dividi-lo em vários segmentos, na transversal, e colocá-los em um local fresco e ventilado, para que os cortes tenham tempo para que sofram um processo de cicatrização. Depois disso, podem ser colocados em um recipiente com areia úmida, ou diretamente no solo, para que enraízem e produzam novas mudas.
Sempre lembrando que, embora seja possível propagar o cacto Pilosocereus magnificus através de sementes, este é um processo bastante demorado e incerto. Além disso, existe a dificuldade de se obter sementes de cactos e suculentas a partir de fontes confiáveis.
Ainda que não existam relatos de intoxicação resultante da ingestão acidental desta cactácea, é sempre bom mantê-la longe de crianças e animais de estimação, por conta dos espinhos. Vale lembrar, por outro lado, que diversas cactáceas são rotineiramente utilizadas na culinária e no fornecimento de alimentos a ruminantes.
Infelizmente, ainda não é muito fácil encontrar exemplares de Pilosocereus magnificus à venda, no mercado. Sendo que sua coleta no habitat nativo é proibida, os colecionadores dependem de produtores comerciais, que ainda não são muitos, e da troca de mudas entre os afortunados que dispõem desta belíssima espécie azulada.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil