Orquídeas no Apê

Blog sobre o Cultivo de Plantas
dentro de Casas e Apartamentos

Sergio Oyama Junior


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Espada de São Jorge - Sansevieria trifasciata


Sansevieria trifasciata
| Sansevieria trifasciata |

Embora não seja originária do Brasil, a planta popularmente conhecida como espada de São Jorge, cujo nome científico é Sansevieria trifasciata, faz-se maciçamente presente em todo o território nacional, tanto no paisagismo de áreas externas como na decoração de interiores. Trata-se de uma das plantas ornamentais mais cultivadas em todo o globo, dada a sua resistência, beleza e diversidade de cores, formas e tamanhos.

Tecnicamente, a espada de São Jorge pode ser considerada uma planta suculenta, já que as largas e espessas folhas possuem a capacidade de armazenar água em seus tecidos vegetais. Esta é uma das características que tornam esta planta ornamental tão resistente, famosa por requerer pouquíssima manutenção.


No Brasil, a forma tipo, completamente verde, com uma estampa que lembra a pele de um réptil, é chamada de espada de São Jorge. Já a forma variegata, cujas folhas apresentam bordas amarelas, costuma receber o apelido de espada de Santa Bárbara. Também existem variações destes nomes populares, de acordo com a região do país.

À Sansevieria trifasciata costumam ser atribuídos poderes místicos, principalmente de proteção. Por esta razão, é comum encontrarmos exemplares de espada de São Jorge plantados nas entradas de residências e pontos comerciais. Além do seu uso para fins ornamentais, esta é uma planta frequentemente presente em rituais de diversas religiões, principalmente aquelas de origem africana. 

Nos países de língua inglesa, o apelido mais comum da espada de São Jorge é snake plant, planta cobra, justamente devido ao interessante aspecto reptiliano de suas folhas. Outro nome popular bastante curioso, no hemisfério norte, é mother in law's tongue, língua de sogra. Em espanhol, esta planta é conhecida como lengua de tigre.


Embora a espécie Sansevieria trifasciata seja a mais comumente encontrada no mercado, é imensa a gama de variedades e híbridos existentes, nos mais diferentes formatos e tamanhos. Neste sentido, faz bastante sucesso a mini espada de São Jorge, que pode ser encontrada tanto na forma tipo, completamente verde, como variegata, com bordas amarelas. Esta versão miniaturizada corresponde à variedade Sansevieria trifasciata 'Hahnii'. Trata-se de uma planta resultante de uma mutação espontânea, que foi vista pela primeira vez em uma estufa comercial, nos Estados Unidos. Lá, esta forma compacta recebeu o apelido bird's nest snake plant, que pode ser traduzido como a versão ninho de passarinho da planta cobra. A variedade verde e amarela da mini espada de São Jorge é conhecida como 'Golden Hahnii'. Menos comum, a versão 'Silver Hahnii' possui folhas mais claras, com marcações mais discretas. Ambas as versões em miniatura são conhecidas como espadinhas, no Brasil.

Também temos a belíssima Sansevieria Moonshine, que chama a atenção devido às suas folhas mais largas, em um tom mais claro de verde, tendendo ao acinzentado, de aparência lisa, sem a tradicional estampa animal print. Esta é uma variedade mais difícil de ser encontrada, no mercado.

Por fim, mas não menos importante, existe a versão da espada de São Jorge com folhas cilíndricas. Trata-se de uma outra espécie dentro do mesmo gênero, que costuma ser apelidada como lança de São Jorge, devido ao formato peculiar de suas folhas, igualmente suculentas. Não por acaso, seu nome científico é Sansevieria cylindrica.


O gênero Sansevieria faz parte da família botânica Asparagaceae, a mesma da pata de elefante e pleomele. Atualmente, há quem classifique a espada de São Jorge e suas parentes como pertencentes ao gênero Dracaena. Estas são plantas de origem africana, ocorrendo nativamente em uma extensa região da África Ocidental, em países como Nigéria e Congo.

Sendo assim, a espada de São Jorge está adaptada à vida em ambientes áridos e semiáridos, sob sol pleno. No entanto, devido à sua incrível resistência e adaptabilidade, esta planta ornamental pode ser cultivada em praticamente qualquer tipo de ambiente, seja externo ou interno, desde que uma luminosidade mínima lhe seja oferecida.

Esta característica torna a Sansevieria trifasciata e suas variedades escolhas perfeitas para o cultivo dentro de casas e apartamentos. Basta que o ambiente receba a luz difusa e indireta de uma janela. A espada de São Jorge também é perfeita para cômodos com aparelhos de ar condicionado, já que suporta bem ambientes com níveis mais baixos de umidade relativa do ar. Ainda neste sentido, trata-se de uma ótima opção para varandas expostas a fortes correntes de vento, principalmente aquelas pertencentes aos apartamentos localizados em andares mais altos.


Outra grande vantagem da espada de São Jorge é sua forma de crescimento vertical, que torna as touceiras mais compactas, ocupando pouco espaço na horizontal. Trata-se de uma excelente opção para ambientes internos com metragens mais reduzidas. Também existe a opção da mini espada de São Jorge, para estes casos.

A Sansevieria trifasciata desenvolve-se emitindo rizomas subterrâneos, que vão produzindo novas brotações sequenciais, de forma espontânea e bastante acelerada. Tanto o crescimento como a multiplicação da espada de São Jorge são vigorosos, de modo que novas mudas podem ser obtidas facilmente, através da simples divisão das touceiras.

Além disso, outra forma bastante tranquila de se propagar a espada de São Jorge é cortando pedaços horizontais de suas folhas lanceoladas. Cada segmento deve ser levemente enterrado em um vaso à parte, respeitando a correta orientação original da folha. É preciso tomar cuidado para não plantar o segmento de cabeça para baixo. Em pouco tempo, novas raízes são formadas e uma nova brotação surgirá.


É curioso notar que, como resultado desta forma de multiplicação da espada de São Jorge, através de pedaços das folhas, as novas mudas resultantes serão sempre completamente verdes, perdendo a variegação original da planta mãe.

A Sansevieria trifasciata pode ser cultivada em qualquer tipo de solo ou vaso. Em muitas cidades, é comum vermos exemplares nascendo espontaneamente, em calçadas, praças e terrenos abandonados. No entanto, para sermos mais fiéis às condições originárias de seu habitat, convém utilizarmos um substrato arenoso, composto por uma mistura de terra vegetal e areia grossa de construção.

É importante que os vasos sejam substituídos periodicamente, acompanhando o crescimento da touceira. A espada de São Jorge produz raízes e rizomas tão vigorosos que são capazes de romper os recipientes nos quais estão inseridos.

As regas da espada de São Jorge devem ser espaçadas, de modo a permitirem que o substrato seque completamente, durante os intervalos entre as irrigações. Solos encharcados por muito tempo podem causar o apodrecimento das raízes, devido à proliferação de fungos e bactérias. Durante o inverno, é importante reduzir ainda mais o fornecimento de água.


Não é necessário adubar a Sansevieria trifasciata, principalmente se ela for cultivada em ambientes internos, onde a floração dificilmente ocorre. Caso o cultivador deseje, pode fornecer uma formulação inorgânica de manutenção, do tipo NPK, durante os meses mais quentes do ano, quando o metabolismo da planta encontra-se mais ativo. Durante o inverno, não é necessário adubar.

Embora não seja considerada uma planta tóxica ou venenosa, a espada de São Jorge deve ser mantida fora do alcance de crianças e animais de estimação, já que a ingestão de suas folhas pode causar problemas gástricos.

O fato é que a espada de São Jorge cresce e se multiplica loucamente, a despeito de qualquer ação por parte do cultivador. Trata-se de uma planta praticamente indestrutível, ideal para os iniciantes ou aqueles que não dispõem de muito tempo. Com sua imensa variedade de cores, formas e tamanhos, além da adaptabilidade às mais diferentes condições climáticas e de luminosidade, a espada de São Jorge faz jus à sua popularidade e onipresença, no paisagismo e decoração de interiores ao redor do mundo.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil