| Selenicereus anthonyanus | |
Sim, eles existem! Embora apreciem bastante luminosidade indireta, diversas espécies podem ser consideradas cactos de sombra, uma vez que não dependem da incidência direta de sol, ao longo do dia, para que se desenvolvam a contento. Neste sentido, os cactos de sombra são ideais para o cultivo dentro de casas e apartamentos, em locais que sejam contemplados apenas com a luz difusa, vinda de uma janela bem iluminada.
Além disso, muitos cactos de sombra também podem ser submetidos a uma condição de meia sombra, na qual a planta é exposta à luminosidade indireta, durante a maior parte do dia, recebendo apenas o sol pleno no início da manhã ou final da tarde.
De modo geral, os cactos de sombra vivem dentro de florestas, protegidos do sol direto pelas copas das árvores. Tratam-se de espécies epífitas, que vivem com suas raízes aéreas aderidas aos troncos das árvores. Estas plantas não são parasitas, utilizando o outro vegetal apenas como um suporte físico.
Outra característica marcante dos cactos de sombra é sua forma pendente de crescimento, bastante diferente do aspecto ereto e colunar que outras cactáceas, originárias de ambientes desérticos, costumam apresentar. A seguir, conheceremos algumas espécies de cactos que podem ser cultivadas em ambientes mais sombreados, ideais para interiores.
Nossa lista começa com o famoso cacto sianinha, Selenicereus anthonyanus, também conhecido como zig zag cactus ou fishbone cactus, cacto espinha de peixe, apresentado na foto de abertura deste artigo. Além de ser um cacto de sombra, esta espécie botânica também é uma clássica representante do interessante grupo dos cactos pendentes. O Selenicereus anthonyanus é originário do México. Além de seu aspecto vegetativo bastante ornamental, o cacto sianinha também produz delicadas flores rosadas, conhecidas por somente desabrocharem durante a noite.
Outro cacto de sombra bastante conhecido e amplamente cultivado como planta ornamental é a insuspeita flor de maio, Schlumbergera truncata. Seus caules pendentes, achatados e segmentados, desprovidos de espinhos, tornam difícil a associação da flor de maio à família botânica Cactaceae.
Schlumbergera truncata |
Como o nome já sugere, a principal característica ornamental deste cacto de sombra é sua floração abundante, que pode surgir mesmo em ambientes internos, geralmente ao redor do Dia das Mães, no mês de maio. Em países do hemisfério norte, a espécie Schlumbergera truncata é conhecida como Christmas cactus, cacto de Natal, devido ao surgimento das flores nesta época do ano.
Este é um cacto de sombra tipicamente brasileiro, nativo de diversas regiões da Mata Atlântica. Trata-se de uma espécie de hábito epífito, adaptada à vida em ambientes úmidos, quentes e sombreados.
Outra espécie bastante conhecida por sua adaptabilidade a ambientes internos, mais sombreados, é a Rhipsalis baccifera, cujo nome popular mais famoso é cacto macarrão.
Rhipsalis baccifera |
Este é outro exemplo insuspeito de cacto de sombra, uma vez que suas características morfológicas são bastante distintas daquelas apresentadas pelos clássicos cactos colunares, que amam o sol pleno. Os caules do cacto macarrão são pendentes, cilíndricos e bastante ramificados. A ausência de espinhos agressivos torna esta espécie ideal para o cultivo em ambientes internos, onde há uma maior circulação de pessoas, animais e pets.
A espécie Rhipsalis baccifera também pode ser encontrada na Mata Atlântica, vegetando sobre os troncos das árvores, protegida do sol direto pela densa copa da vegetação que lhe serve de suporte. Trata-se de um cacto de sombra bastante ornamental, ideal para compor jardins verticais ou como ponto focal de uma urban jungle, floresta urbana.
Ainda neste mesmo gênero, temos outro clássico cacto de sombra, popularmente conhecido como cacto coral, cujo nome científico é Rhipsalis cereuscula.
Rhipsalis cereuscula |
Ao contrário de seu primo, cujos caules são pendentes, este cacto de sombra possui um porte ereto, igualmente ramificado, composto por diversos segmentos cilíndricos, desprovidos de espinhos.
Esta é uma espécie de cacto de sombra que ocorre ao longo de uma grande extensão do continente americano, principalmente em países da América Central e do Sul. Quando exposto ao sol pleno muito intenso, o cacto coral tende a se desidratar rapidamente, chegando a tombar seus caules suculentos. O ideal é que esta espécie seja mantida em um local sombreado, com uma boa luminosidade indireta.
Outra espécie de cacto de sombra bastante ornamental, Epiphyllum anguliger, também é conhecida por seus caules achatados, pendentes, e com contornos ondulados.
Epiphyllum anguliger |
Este é um cacto de floresta, de origem mexicana, encontrado em regiões de altitudes mais elevadas, principalmente nos estados de Oaxaca, Jalisco e Guerrero. Trata-se de uma espécie capaz de produzir vistosas flores noturnas, bastante perfumadas.
O mesmo ocorre com outro cacto de sombra muito apreciado pelos colecionadores, pertencente ao mesmo gênero, Epiphyllum oxypetalum.
Epiphyllum oxypetalum |
A exuberância das florações produzidas por esta cactácea conferiu-lhe o nome popular cacto orquídea, ainda que esta espécie não possua qualquer parentesco com as orquidáceas.
Outro cacto de sombra conhecido por suas florações exuberantes é o Selenicereus validus, cujo apelido mais famoso é cacto samambaia.
Selenicereus validus |
Como seu nome popular já sugere, esta cactácea possui um aspecto vegetativo pendente, condizente com seu hábito epífito de vida. O Selenicereus validus é um cacto de sombra, de origem mexicana, conhecido por produzir grandes flores brancas, que desabrocham ao anoitecer.
Ao contrário de outras espécies de cactos de sombra, apresentadas ao longo deste artigo, o cacto samambaia produz espinhos mais proeminentes, ainda que não sejam de natureza muito agressiva. Sendo assim, é preciso tomar cuidado quanto à localização da planta, principalmente em ambientes com crianças ou animais de estimação.
Ainda no mesmo gênero, também conhecido por suas florações exuberantes e noturnas, temos o Selenicereus grandiflorus, cacto de sombra, pendente, e de hábito epífito, como os demais apresentados nesta seleção.
Selenicereus grandiflorus |
Ainda que suas flores sejam semelhantes àquelas produzidas por diversos outros cactos de sombra, o Selenicereus grandiflorus é mais raro nas coleções. Também conhecido como Cereus grandiflorus, este é um cacto bastante utilizado na produção de medicamentos fitoterápicos, bem como na indústria de cosméticos, graças às propriedades benéficas supostamente atribuídas aos elementos químicos encontrados em seus tecidos vegetais, caules e flores.
A lista de cactos de sombra pode ser ainda mais extensa, mas estes são os representantes clássicos desta categoria de cactáceas avessas ao sol intenso e inclemente das regiões áridas e semiáridas do globo terrestre. Também temos os famosos cactos rabo de macaco, rabo de gato e rabo de rato, que podem ser considerados cactos de meia sombra, uma vez que se beneficiam de algumas horas de sol direto, nas horas mais amenas do dia, no início da manhã ou final da tarde.
Podem ser incluídos nesta categoria intermediária, de cactos de meia sombra, os diferentes representantes dos gêneros Hildewintera, Cleisocactus e Disocactus, entre outros.
Para quem não dispõe de um jardim ensolarado, as espécies de cactos de sombra ou meia sombra, apresentadas ao longo deste artigo, são excelentes opções. Elas fazem belíssimas composições com outras plantas de sombra, suculentas de sombra e orquídeas de sombra, já apresentadas aqui no blog.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil