| Dendrobium loddigesii | |
Uma das cores frequentemente associadas às florações produzidas pelas orquidáceas é o púrpura. Historicamente, esta foi a coloração mais observada nas clássicas orquídeas brasileiras, tais como Cattleya labiata, Cattleya walkeriana e Laelia purpurata. No entanto, a orquídea rosa, em uma tonalidade mais suave, é menos vista nas variedades tipo. Neste artigo, listaremos algumas espécies de orquídeas na coloração rosada.
O termo orquídea rosa é curioso, já que mistura duas flores diferentes. Afinal, é orquídea ou rosa? A variante orquídea cor de rosa também não parece muito explicativa, visto que existem rosas nas mais diferentes colorações. Neste contexto, na falta de uma palavra mais adequada, costuma-se recorrer ao inglês, pink, para designar esta tonalidade.
A espécie asiática Dendrobium loddigesii, cuja foto encontra-se na abertura deste artigo, é um belíssimo exemplo de orquídea rosa. Suas pétalas e sépalas rosadas fazem um interessante contraste com o labelo, cujo centro é amarelo gema, tendendo para o alaranjado. Inclusive as delicadas franjas desta pétala modificada apresentam um tom bem suave de pink.
Embora as flores desta orquídea rósea sejam pequenas, elas costumam surgir em abundância, a partir de intrincados e desordenados pseudobulbos, capazes de formar volumosas touceiras. Esta é uma espécie de Dendrobium que produz keikis com bastante frequência, multiplicando-se com rapidez.
Dendrobium kingianum |
Ainda neste gênero botânico, outra espécie de orquídea rosa digna de nota é o Dendrobium kingianum, de origem australiana. Devido ao fato de esta ser uma orquídea rupícola, que vegeta sobre rochas, seu nome popular mais conhecido, em países de língua inglesa, é the pink rock orchid, a orquídea rosa das pedras.
Em um tom róseo ainda mais suave, temos a belíssima orquídea Laelia alaorii, uma ilustre representante brasileira na nossa seleção de orquídeas na coloração rosada.
Laelia alaorii |
Esta é uma espécie nativa da Mata Atlântica, que somente ocorre em uma pequena faixa litorânea pertencente ao estado da Bahia. Sendo assim, esta é uma orquídea rosa endêmica desta região, o que significa que ela não é encontrada naturalmente em nenhum outro lugar do mundo.
Mais raramente, a coloração rósea desta orquídea tende a desaparecer por completo, dando origem à cobiçada forma alba da espécie, que é completamente branca. A forma albescens, por sua vez, ainda apresenta alguns resquícios bem discretos de pink.
A Sophronitis wittigiana é outro espetacular exemplo brasileiro de orquídea rosa. Esta é uma espécie originária do Espírito Santo, conhecida por suas flores relativamente grandes, quando comparadas ao diminuto tamanho de seus pseudobulbos.
Sophronitis wittigiana |
A coloração das pétalas e sépalas desta orquídea capixaba lembra o rosa antigo, sendo única entre as diferentes espécies do gênero, famosas pela vibrante cor vermelha de suas flores. Embora belíssima, esta é uma orquídea rosa de cultivo mais desafiador, visto que necessita de elevados níveis de umidade relativa do ar, além de não tolerar temperaturas muito altas.
Um outro exemplo de orquídea rosa que aprecia temperaturas amenas é o Oncidium ornithorhynchum, cujo nome científico correto é Oncidium sotoanum, muito embora ninguém se refira a esta espécie como tal.
Oncidium ornithorhynchum |
As delicadas pétalas e sépalas desta bela orquídea rosada fazem um grande contraste com o calo na coloração amarelo gema, a estrutura cheia de protuberâncias localizada no centro da flor. Outra característica marcante desta espécie é seu forte perfume, amado por alguns, odiado por muitos.
Esta é uma orquídea rosa que ocorre nativamente em países da América Central, podendo também ser encontrada no sul da América do Norte, no México, e no norte da América do Sul, na Colômbia. Trata-se de uma espécie adaptada à vida em regiões de altitudes mais elevadas, vivendo sob a forma epífita, no meio de florestas úmidas e sombreadas.
Outra espécie notável de orquídea rosa é a Phalaenopsis schilleriana, de origem asiática, nativamente encontrada em diversas ilhas do Pacífico, como as Filipinas.
Phalaenopsis schilleriana |
Além da suave coloração rosada de suas flores, esta orquídea é conhecida pela aparência ornamental de suas folhas, que apresentam uma belíssima variegação em tons prateados, sobre um fundo verde escuro.
Vale lembrar que esta é uma espécie pura, mais difícil de ser encontrada em floriculturas. Já as orquídeas híbridas pertencentes ao gênero Phalaenopsis são bastante comuns, podendo ser adquiridas até mesmo em feiras e supermercados.
A seguir, uma orquídea rosa híbrida digna de nota. O Phragmipedium Sedenii é resultado do cruzamento entre as espécies Phragmipedium longifolium e Phragmipedium schlimii. Trata-se de uma simpática orquídea sapatinho cor de rosa, diferente da versão marrom, mais comumente encontrada no mercado.
Phragmipedium Sedenii |
Ao contrário dos exemplos de orquídea rosa anteriormente citados, de hábitos epífitos ou rupícolas, este é um híbrido primário descendente de espécies terrestres. Na verdade, os diferentes representantes do gênero Phragmipedium são conhecidos por habitarem regiões com elevados níveis de umidade no solo, próximas a áreas alagadas ou cursos de rios.
Esta é uma orquídea rosa bastante apreciada pelos cultivadores, graças ao formato exótico de suas florações, que ocorrem de forma sequencial, ao longo de meses. Infelizmente, ainda não é muito fácil encontrar exemplares à venda, nos fornecedores brasileiros.
Outro exemplo de orquídea terrestre capaz de produzir lindas flores róseas é a Arundina graminifolia, popularmente conhecida como orquídea bambu.
Arundina graminifolia |
Esta é uma orquídea rosa comumente utilizada no paisagismo de empreendimentos residenciais e comerciais, visto que pode ser cultivada sob sol pleno, como uma planta comum de jardim. Ainda que existam variedades capazes de produzir flores brancas, albas ou semi albas, são as orquídeas rosadas as mais frequentemente encontradas mundo afora.
Por fim, outra orquídea rosa que se destaca pela resistência e facilidade de cultivo é a Vanda teres, também conhecida como Papilionanthe teres. Trata-se de uma espécie originária do sudeste asiático, que aprecia níveis intensos de luminosidade.
Vanda teres |
Evidentemente, existe uma quase infinita lista de orquídeas híbridas que produzem flores na coloração pink, em suas mais variadas tonalidades. Nesta seleção, priorizamos as espécies que já foram apresentadas, aqui no blog.
Mais informações sobre cada orquídea rosa desta coletânea, assim como dicas de seu cultivo, podem ser obtidas através dos respectivos links, ao longo deste artigo. Também já foram publicadas seleções de orquídeas brancas, amarelas, alaranjadas, coral, vinho, vermelhas e verdes. Como curiosidade, existe ainda uma matéria sobre a polêmica orquídea azul, que é colorida artificialmente.
Neste sentido, vale ressaltar que, atualmente, é grande a quantidade de orquídeas cuja coloração é obtida artificialmente, através da injeção de corantes orgânicos em suas hastes florais. Portanto, nem toda orquídea rosa encontrada no mercado é natural. Cabe aos produtores e vendedores a obrigação de informar esta característica aos consumidores, visto que as florações subsequentes serão brancas.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil