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Mini Antúrio


Anthurium andraeanum
| Anthurium andraeanum |

Para aqueles que cultivam plantas dentro de casas e apartamentos, a espécie ideal seria aquela que não necessitasse de sol pleno para o seu bom desenvolvimento. Além disso, seria desejável que a candidata fosse capaz de florescer, nestes ambientes internos. Por fim, e não menos importante, seria de bom tom que o vegetal selecionado não ocupasse muito espaço, visto que vivemos em cômodos cada vez menores, nos grandes centros urbanos. Visando atender a todas essas exigências, parece que o mini antúrio foi especificamente desenhado para ser a planta de interior dos nossos sonhos.

Há alguns anos, procurando novidades em uma loja de plantas que costumo frequentar, deparei-me com uma bancada repleta de mini antúrios vermelhos. Foi amor à primeira vista, não sabia que existiam variedades tão miniaturizadas do clássico antúrio, Anthurium andraeanum, que estamos acostumados a ver.


Fui seco para comprar, logo, uns três ou quatro, até que me dei conta de que cada vaso custava o triplo do valor de um antúrio em tamanho convencional, muito maior. Segundo o vendedor, eram novidades recém-chegadas de Holambra. Diante deste cenário desanimador, tive que refrear meu ímpeto consumista.

Ao contrário do que muitos possam imaginar, o mini antúrio não é uma planta jovem, de pequeno porte, que ainda vai se desenvolver e atingir maiores proporções. Trata-se de uma variedade híbrida, miniaturizada através de um longo processo de melhoramento genético. A cada geração, os indivíduos de menor porte são selecionados e cruzados entre si, de modo que a prole vai ficando cada vez mais liliputiana.

Prova disso é que, no mini antúrio, tanto as folhas como as flores apresentam um tamanho reduzido. Neste aspecto, vale ressaltar que a estrutura que enxergamos como flor é, na realidade, uma inflorescência composta por bráctea e espádice. As brácteas são folhas modificadas, que assumem um colorido diferenciado, com a intenção de atrair os polinizadores. Já as espádices são as estruturas centrais, em forma de espiga, que abrigam milhares de flores minúsculas ao seu redor.


Esta mesma anatomia floral pode ser encontrada em todos os membros da família botânica Araceae, da qual o mini antúrio faz parte. Aqui no blog, já apresentamos o lírio da paz, Spathiphyllum wallisii, jiboia, Epipremnum aureum, costela de Adão, Monstera deliciosa, entre outros.

Tecnicamente falando, o mini antúrio é um híbrido descendente da espécie original, Anthurium andraeanum, dificilmente encontrada no mercado, graças à imensa popularidade das infinitas variações miscigenadas desta bela planta de sombra.

É graças a esses cruzamentos seletivos que, hoje em dia, temos antúrios com brácteas nas cores branca, pink, salmon, vermelha, chocolate, quase negra, entre outras tonalidades intermediárias. Aqui no Brasil, ainda é mais comum encontrarmos o mini antúrio vermelho, à venda em garden centers. Outra coloração que começa a chegar no mercado é o mini antúrio rosa, com uma belíssima tonalidade de rosa antigo. É natural que, com o passar do tempo, cada vez mais cores de mini antúrios fiquem disponíveis.


Para aprendermos a cuidar do mini antúrio, é importante conhecermos a sua origem. O gênero Anthurium é nativo do continente americano, podendo ser encontrado nas Américas Central e do Sul. São centenas de espécies diferentes, sendo o Anthurium andraeanum a mais cultivada com fins comerciais. Em particular, esta é uma espécie originária da Colômbia e Equador, países que têm uma importante tradição na produção de flores ornamentais.

Devido à sua origem tropical, o mini antúrio aprecia ambientes com elevados níveis de umidade relativa do ar, condição que nem sempre é facilmente obtida, dentro de casas e apartamentos. O ideal é recorrer a umidificadores de ambiente, do tipo ultrassônicos. Também é recomendável evitar colocar o mini antúrio em cômodos com aparelhos de ar condicionado.

Para proporcionar um microclima mais saudável ao mini antúrio, basta colocar o vaso sobre uma bandeja umidificadora, composta por uma camada de areia ou pedrisco e uma lâmina de água ao fundo. Através da capilaridade e evaporação, as partículas de água sobem em direção ao vaso, aumentando os níveis de umidade ao redor da planta.


Outra exigência do mini antúrio é quanto à temperatura. Esta é uma planta que não gosta de frio, sendo uma excelente opção para o cultivo em ambientes internos, onde as temperaturas são agradáveis e constantes, ao longo de todo o ano. É por isso que as diferentes variedades de antúrio fazem sucesso como plantas de interior, houseplants, em países do hemisfério norte, onde os invernos são bem mais rigorosos.

O mini antúrio pode ser cultivado em vasos de plástico ou barro, sem maiores problemas. No entanto, o recipiente de plástico ajuda a reter a umidade no substrato por mais tempo, diminuindo a necessidade de regas frequentes. Obviamente, como o mini antúrio exige um vaso pequeno, o material em seu interior tende a secar mais rapidamente. Além disso, esta é uma planta que não gosta de longos períodos de estiagem, necessitando que o substrato permaneça sempre ligeiramente úmido.

Neste sentido, é importante prestar atenção à proporção entre o tamanho da planta e o do vaso. O recipiente não pode ser muito maior do que o mini antúrio, já que esta situação prejudica seu desenvolvimento. O ideal é que o vaso seja justo, nem pequeno e nem grande demais.


Por estar acostumado à vida no interior de florestas tropicais, o antúrio aprecia um solo rico em matéria orgânica. Sendo assim, o mini antúrio pode ser cultivado em um substrato que contenha uma parte de terra vegetal e outra equivalente de composto orgânico, que pode ser húmus de minhoca ou esterco curtido. Existem solos adubados, próprios para o cultivo de folhagens ornamentais, à venda em lojas de jardinagem, prontos para o uso.

Sendo que existe bastante adubo orgânico no solo, a adubação mineral, do tipo NPK, é apenas complementar. Para estimular a floração, um fertilizante mais rico em fósforo, a letra P, pode ser fornecido à planta, intercalado com o adubo de manutenção. É importante evitar o excesso de adubação, que pode causar o acúmulo de sais minerais no substrato, aumentando sua salinidade. Um sinal de que este problema possa estar ocorrendo é percebido pelo surgimento de queimaduras nas pontas das folhas do mini antúrio.

É importante evitar que as folhas desta planta fiquem sob sol pleno, principalmente durante as horas mais quentes do dia. O mini antúrio pode apreciar um pouco do sol da manhã ou do final da tarde. No entanto, durante a maior parte do dia, é interessante que ele receba bastante luminosidade indireta, difusa. Em coberturas, varandas ensolaradas ou janelas face oeste, convém proteger a planta com uma tela de sombreamento, pergolado ou cortina fina.


Por fim, vale lembrar que, como todas as aráceas, o mini antúrio produz cristais insolúveis de oxalato de cálcio em seus tecidos vegetais, tanto nas folhas, caules e raízes, como nas flores. Por ser pequena e fofa, esta planta pode causar a falsa impressão de ser segura e, potencialmente, apetitosa aos olhos de crianças, cachorros e gatos. Mais do que nunca, é importante prestar atenção ao posicionamento do mini antúrio na casa, para que acidentes com sua ingestão acidental não ocorram.

Assim como acontece com a mini samambaia, mini palmeira, ou mini orquídeas, o mini antúrio faz parte de uma tendência mundial de miniaturização das plantas de interior, de modo que seja possível transformar os mais apertados cômodos em pequenas florestas urbanas, tão essenciais para nossa saúde física e mental, nos dias em que vivemos.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil