| Selenicereus grandiflorus | |
As cactáceas que produzem imensas flores perfumadas, conhecidas por desabrocharem apenas durante a noite, fazem bastante sucesso junto aos colecionadores. No entanto, costuma haver uma grande confusão quanto à identificação das diferentes espécies de cactos capazes de produzir estas florações peculiares. O cacto Selenicereus grandiflorus, por exemplo, é frequentemente confundido com representantes de outros gêneros.
A espécie Epiphyllum oxypetalum, por exemplo, cujo nome popular mais famoso é cacto orquídea, também produz belíssimas florações noturnas, bastante semelhantes àquelas observadas no Selenicereus grandiflorus. Outra cactácea que pode ser confundida com esta espécie é popularmente chamada de rainha da noite. Seu nome científico é Hylocereus undatus.
De fato, o apelido mais utilizado para designar o cacto Selenicereus grandiflorus, no exterior, é queen of the night. Outro termo bastante popular, que se aplica a todos os gêneros e espécies acima mencionados, é night blooming Cereus, que significa Cereus de floração noturna.
Portanto, o mais seguro é sempre consultar a nomenclatura científica, por mais complicada que esta possa parecer. Este cuidado é particularmente importante na hora de adquirir um cacto, para não levar gato por lebre. Ao que tudo indica, a presença do Selenicereus grandiflorus é mais rara nas coleções. Trata-se de uma espécie cujo extrato costuma entrar na composição de diversos medicamentos fitoterápicos, bem como cosméticos. Em muitos casos, este cacto é chamado de Cereus grandiflorus.
Esta é uma espécie nativa do continente americano, cujo cultivo em solo europeu ocorre há bastante tempo, desde o século XVIII. O cacto Selenicereus grandiflorus vive sob a forma epífita, com suas raízes aderidas aos troncos das árvores, em meio às florestas tropicais. Sendo assim, ao contrário de seus parentes, que apreciam o sol pleno e vivem em regiões desérticas, esta cactácea se beneficia de uma luminosidade mais difusa, indireta, como aquela encontrada em seu habitat de origem.
Por este motivo, o Selenicereus grandiflorus pode ser mantido em ambientes internos, desde que a planta fique próxima a uma janela que receba bastante luz solar. A exposição ideal é aquela proveniente de aberturas voltadas ao norte. Já os exemplares cultivados próximos a janelas face oeste, que recebem o sol mais intenso da tarde, precisam ser protegidos por uma cortina fina, já que o sol pleno pode causar queimaduras em seus caules.
Esta é uma cactácea perfeita para ser cultivada dentro de casas e apartamentos, principalmente em países do hemisfério norte, onde os invernos são mais rigorosos. Isso porque o Selenicereus grandiflorus não tolera temperaturas muito baixas, estando habituado às condições climáticas mais amenas e constantes, ao longo de todo o ano.
Ainda que seja um cacto de floresta, apreciando ambientes com elevados níveis de umidade relativa do ar, o Selenicereus grandiflorus pode tolerar melhor o clima mais seco que oferecemos em nossos ambientes internos, graças à reserva de água que possui em seus caules suculentos. Esta é uma espécie que tende a crescer de forma pendente, ficando perfeita quando cultivada em vasos suspensos.
O cultivo do Selenicereus grandiflorus é similar àquele requerido por outras espécies do gênero, famosas por sua forma de crescimento pendente, tais como o Selenicereus anthonyanus, cujo nome popular é cacto sianinha, e Selenicereus validus, conhecido como cacto samambaia.
Esta é uma cactácea que não deve ser cultivada em substratos muito arenosos, devido à sua natureza epífita. O cacto Selenicereus grandiflorus aprecia um substrato bastante fértil e levemente ácido, rico em matéria orgânica. Além disso, o solo precisa ser bem aerado, pouco compactado e facilmente drenável. Uma mistura de substrato para plantas epífitas, composto por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco pode ser utilizada. Uma parte equivalente de adubo orgânico, composto por húmus de minhoca ou esterco curtido, pode ser adicionada, para a obtenção de um substrato ideal para o cultivo desta cactácea.
As regas do Selenicereus grandiflorus devem ser moderadas, de modo a manterem o substrato levemente úmido, sem que fique encharcado. Por ser originária de florestas, esta espécie não precisa que o solo fique extremamente seco, entre uma irrigação e outra. Contudo, como toda planta epífita, esta cactácea não tolera o excesso de umidade em suas raízes.
Dentro de casas e apartamentos, pode ser mais desafiador fazer o cacto Selenicereus grandiflorus florescer. Para que isso aconteça, esta espécie precisa ser exposta a uma luminosidade abundante, ainda que indireta. Coberturas, varandas e jardineiras externas, desde que bem iluminadas, são opções de locais para se cultivar esta cactácea, de modo que a probabilidade de sua floração ocorrer seja aumentada.
Além disso, uma adubação mais rica em fósforo ajuda nesta questão. Um fertilizante de floração pode ser alternado com uma fórmula de manutenção, sempre utilizando metade da dose recomendada pelo fabricante. Em seu habitat original, o cacto Selenicereus grandiflorus sobrevive com o fornecimento escasso de nutrientes, vindos através do ar e da água das chuvas. Um cuidado extra deve ser tomado com a adubação mineral, do tipo NPK, que pode se acumular no substrato, causando um aumento na salinidade do material, e prejudicando o desenvolvimento das raízes.
As flores do cacto Selenicereus grandiflorus surgem durante os meses mais quentes do ano, na primavera e verão. Os botões florais desabrocham durante a noite e, ao amanhecer, já começam a fenecer. As florações desta espécie de cactácea são conhecidas pelo seu porte avantajado, como o nome científico já denuncia. Além disso, as flores são conhecidas por seu agradável perfume de baunilha, razão pela qual um dos nomes populares do Selenicereus grandiflorus é vanilla cactus.
A multiplicação desta espécie é bastante tranquila, ocorrendo através do plantio de estacas retiradas da planta principal. É preciso esperar algumas horas ou dias, até que o corte seja cicatrizado, antes de colocar os segmentos no solo, para que enraízem. Desta forma, as chances de contaminação são reduzidas.
Muito embora o Selenicereus grandiflorus possa produzir espinhos, eles não costumam ser de natureza muito agressiva. Esta é uma característica comum aos cactos pendentes, de florestas. Além disso, como esta planta é frequentemente cultivada em vasos suspensos, é improvável que acidentes ocorram com a proximidade de crianças e animais de estimação.
Talvez a parte mais complicada, relacionada ao cultivo do cacto Selenicereus grandiflorus, seja encontrar a espécie pura e verdadeira, à venda em cactários e lojas especializadas. No mais, trata-se de uma planta resistente, de fácil cultivo, capaz de surpreender o cultivador com florações imensas e exóticas, de perfume intenso e adocicado.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil