| Epiphyllum anguliger | |
Uma série de fatores explica o sucesso dos cactos pendentes junto aos cultivadores. Além de serem bastante ornamentais, as diferentes espécies existentes necessitam de uma luminosidade menos intensa para seu bom desenvolvimento, sendo ideais para o cultivo em ambientes mais sombreados. Além disso, estas cactáceas não possuem espinhos agressivos, tornando mais seguro seu cultivo em locais com circulação de pessoas. É o caso do cacto Epiphyllum anguliger, tema do artigo de hoje.
Esta é uma espécie que pode ser confundida com outras cactáceas, inclusive pertencentes a outros gêneros botânicos. De modo geral, os chamados cactos de florestas possuem aparências bastante similares, sendo necessário observar suas florações, para que possam ser corretamente identificados. O Epiphyllum anguliger, por exemplo, é bastante parecido com o Selenicereus anthonyanus, já apresentado, aqui no blog.
Para complicar ainda mais esta situação, existem várias inconsistências na própria nomenclatura científica destes cactos pendentes. A espécie Epiphyllum anguliger, por exemplo, também pode ser encontrada como Disocactus anguliger. Quanto à miscelânea de nomes populares, o nível de confusão vai à estratosfera. Diversos gêneros, espécies e híbridos acabam recebendo os mesmos apelidos, o que dificulta sua identificação, na hora das aquisições.
Em países de língua inglesa, o Epiphyllum anguliger costuma ser chamado de fishbone cactus. No entanto, o mesmo ocorre com o Selenicereus anthonyanus, por exemplo.
A espécie botânica Epiphyllum anguliger, ou Disocactus anguliger, é originária do México. Este é um cacto de floresta, sendo nativamente encontrado em regiões de altitudes mais elevadas, nos estados de Oaxaca, Jalisco e Guerrero, entre outros.
Por ser um cacto epífito, o Epiphyllum anguliger vive protegido do sol pleno, sob a luz filtrada pelas copas das árvores. Suas raízes aderem-se aos troncos destes hospedeiros, utilizando-os apenas como suporte, sem lhes retirar nenhum nutriente. Desta forma, a cactácea consegue aproximar-se mais da fonte luminosa, em comparação às plantas que vivem no chão das florestas, onde o sombreamento é mais intenso.
Sendo assim, esta é uma planta que pode ser cultivada dentro de casas e apartamentos, desde que receba bastante luminosidade filtrada, indireta. O Epiphyllum anguliger também desenvolve-se bem em varandas e coberturas, desde que protegido do sol mais intenso da tarde. Em ambientes internos, contudo, é mais difícil fazer com que esta cactácea produza flores e frutos.
Como acontece com muitos cactos pendentes, de hábito epífito, o Epiphyllum anguliger produz grandes e perfumadas flores noturnas. Dependendo da variedade, estas estruturas podem apresentar colorações diferentes, sendo a branca a mais comumente encontrada. Também existem formas com flores em tons de creme ou amarelo.
A floração do Epiphyllum anguliger acontece entre o final do outono e começo do inverno, na contracorrente da maioria das espécies, que floresce durante os meses mais quentes do ano. A época de floração também é outro excelente meio para se diferenciar as cactáceas de aparências semelhantes. Seus botões florais desabrocham durante a noite, e suas flores já começam a fenecer no dia seguinte.
Quando polinizadas por insetos noturnos, as flores do Epiphyllum anguliger produzem pequenos frutos ovoides, cujo interior é bastante semelhante ao kiwi, verde com sementes pretas.
Para que este processo seja estimulado, a planta precisa ser exposta a níveis generosos de luminosidade, sem sol direto. Além disso, uma adubação mais rica em fósforo, própria para estimular a floração, pode ser fornecida durante os meses que antecedem o surgimento destas estruturas, na primavera e verão.
Como complementação, um fertilizante de manutenção, do tipo NPK, próprio para o cultivo de cactos e suculentas, pode ser fornecido de maneira intercalada à fórmula de floração. Convém sempre ter o cuidado de não adubar em excesso. No caso do Epiphyllum anguliger, o substrato já é rico em matéria orgânica, como veremos a seguir. Além disso, os sais minerais presentes no adubo inorgânico tendem a se acumular no substrato, prejudicando o desenvolvimento das raízes.
Aquela mistura clássica de terra e areia, comumente utilizada no cultivo de cactos originários de regiões semiáridas, não funciona bem no caso dos cactos de hábito epífito. O melhor substrato para plantar a espécie Epiphyllum anguliger é aquele bastante fértil, rico em matéria orgânica, mas que também seja bem aerado, capaz de proporcionar uma boa aeração em torno das raízes.
Esta condição pode ser alcançada através da mistura de substrato próprio para plantas epífitas, composto por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco, com uma porção de composto orgânico, que pode ser húmus de minhoca ou esterco curtido. Por fim, uma parte de terra vegetal ajuda a manter tudo bem misturado e pouco compactado. Uma boa proporção seria um terço de cada um desses elementos, substrato para epífitas, composto orgânico e terra vegetal.
O cacto Epiphyllum anguliger aprecia regas frequentes, capazes de manter o substrato sempre levemente úmido. No entanto, suas raízes não toleram o excesso de umidade, por períodos muito prolongados. Lembrando que, na natureza, apesar de estarem expostas às chuvas, orvalho e neblina, as raízes têm a oportunidade de secar rapidamente, uma vez que encontram-se livres, expostas a uma boa circulação de ar.
O vaso para o cultivo do Epiphyllum anguliger pode ser de plástico ou barro. No entanto, como estes recipientes costumam ser suspensos, o ideal é optar pelo plástico, que reduz o peso e diminui o estrago, em caso de queda, principalmente em andares altos, onde o vento é mais intenso. Outra vantagem do vaso de plástico é que ele ajuda a reter a umidade no substrato por mais tempo, diminuindo a necessidade de regar a todo momento.
A multiplicação do cacto Epiphyllum anguliger pode ser feita pela simples divisão de sua touceira ou através de estacas retiradas da planta principal. É preciso esperar um tempo, que pode levar algumas horas ou dias, até que o corte fique bem cicatrizado, para somente então plantar o segmento em um novo vaso. Esta é uma cactácea de desenvolvimento rápido, que se propaga facilmente.
Por fim, vale ressaltar a segurança de se manter o Epiphyllum anguliger perto de crianças e animais de estimação, já que seus tecidos não apresentam substâncias tóxicas, caso sejam acidentalmente ingeridos. Na verdade, diversas cactáceas são comestíveis, tanto em relação à parte vegetativa como aos frutos.
Bastante ornamental, resistente e de fácil cultivo, o cacto Epiphyllum anguliger fica perfeito em ambientes sombreados, sejam eles internos ou externos. Esta é uma planta feita sob encomenda para os populares jardins verticais, fazendo composição com outras plantas de sombra, incluindo cactos e suculentas pendentes.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil