| Euphorbia trigona | |
À primeira, vista, esta é uma planta que se parece com um cacto flex, já que apresenta espinhos e folhas, ao mesmo tempo. Embora seja muito confundida com uma cactácea, a Euphorbia trigona é uma suculenta pertencente a outra família botânica, a Euphorbiaceae. O principal diferencial deste grupo vegetal é a presença de uma seiva branca e espessa, com aspecto de látex, em suas estruturas.
A suculenta Euphorbia trigona é parente de plantas comumente utilizadas no paisagismo, tanto em áreas externas como internas. Talvez a euforbiácea mais conhecida, do ponto de vista ornamental, seja a coroa de Cristo, Euphorbia milii. Também é bastante popular o aveloz, Euphorbia tirucalli, com suas alegadas propriedades medicinais. Já as espécies Euphorbia ingens e Euphorbia lactea são as que mais se assemelham aos cactos típicos.
A Euphorbia trigona é uma espécie de origem africana, ocorrendo nativamente na região central do continente. Por este motivo, o nome popular mais frequentemente utilizado, em países de língua inglesa, é African milk tree, algo como árvore leiteira africana. Aqui no Brasil, esta suculenta costuma ser apelidada de candelabro ou cacto candelabro. No entanto, vale relembrar que não se trata de uma cactácea e salientar que outras espécies de Euphorbia podem ser chamadas por estes nomes populares.
De fato, esta é uma suculenta de porte colunar, que vai emitindo ramificações laterais, eretas e paralelas ao caule principal, que conferem à Euphorbia trigona um aspecto candelabriforme, em forma de candelabro.
Ao contrário dos cactos, a Euphorbia trigona possui folhas, além de espinhos. Estes são formados aos pares, e são de natureza mais agressiva. Já as folhas apresentam a forma de gotas, projetando-se lateralmente e verticalmente, em relação ao caule, alinhadas de forma simétrica, causando um efeito bastante ornamental e dramático. A forma tipo apresenta caule e folhas completamente verdes, ao passo que a variedade Euphorbia trigona 'Rubra' é conhecida por sua belíssima folhagem avermelhada. Esta forma também é conhecida como Euphorbia trigona 'Royal Red'.
O nome científico desta espécie de suculenta, Euphorbia trigona, faz menção ao fato de seu caule apresentar uma interessante forma geométrica, com uma triangulação em três quinas. É a partir das extremidades de cada vértice que surgem as folhas e espinhos.
É interessante notar que esta suculenta nunca foi vista florescendo. Alguns especialistas acreditam tratar-se de uma planta híbrida, embora haja controvérsias a este respeito. O fato é que o grande atrativo da Euphorbia trigona fica por conta do aspecto escultural e único de sua parte vegetativa, que faz sucesso na decoração de ambientes internos, plantada em vasos.
Como esta é uma planta que atinge grandes proporções, é preciso escolher um vaso capaz de acomodar suas raízes, que não são volumosas, e, ao mesmo tempo, suportar sua estrutura na posição vertical, sem tombamentos, uma vez que o centro de gravidade da Euphorbia trigona fica mais elevado. Sendo assim, o melhor é escolher vasos de barro, cerâmica ou cimento, mais pesados, que estabilizem a planta em pé.
Um cuidado extra deve ser tomado em varandas e coberturas, principalmente em andares mais altos, já que a intensidade dos ventos é maior, o que pode derrubar a planta. Dentro de casas e apartamentos, o principal problema é a luminosidade. É importante que o vaso fique próximo a uma janela ampla, bem ensolarada.
Uma grande vantagem da Euphorbia trigona, e de outras euforbiáceas, em geral, é que elas necessitam de uma luminosidade um pouco menos intensa, quando comparadas às cactáceas. Além disso, como ela não floresce, não há a necessidade do fornecimento de muitas horas de sol direto, diariamente. Sendo assim, a Euphorbia trigona e outras espécies similares são perfeitas para o cultivo dentro de casas e apartamentos, desde que recebem bastante luminosidade indireta.
O solo ideal para o cultivo desta suculenta é o mesmo utilizado para cactos, composto por uma mistura de areia grossa de construção e terra vegetal, em partes iguais. Também há a possibilidade de se adquirir um substrato já pronto para esta finalidade, à venda em lojas de jardinagem. É importante que o vaso tenha furos no fundo e uma camada de drenagem, que pode ser composta por qualquer material particulado, como argila expandida ou cacos de telha. Neste caso, a brita ajuda a tornar o vaso mais pesado, dando-lhe mais estabilidade para sustentar a Euphorbia trigona.
Esta é uma suculenta que pode ser regada de forma moderada, apenas quando o solo estiver seco ao toque. Na dúvida, é melhor não dar água. A Euphorbia trigona não tolera o excesso de umidade em suas raízes, de forma que é sempre melhor errar no sentido da falta do que do excesso de água. Durante o inverno, as regas podem ser ainda mais reduzidas. Como sempre, convém evitar o uso do pratinho sob o vaso, já que o acúmulo da água proveniente das regas pode causar o apodrecimento das raízes.
Outro elemento que não precisa ser fornecido em abundância é o adubo. Em seu habitat de origem, a Euphorbia trigona está acostumada a solos pouco férteis, pobres em matéria orgânica. Além disso, como não floresce, não necessita de uma adubação específica, para este fim. Uma fertilização inorgânica, do tipo NPK, própria para o cultivo de cactos e suculentas, é suficiente para garantir um bom desenvolvimento desta suculenta.
A Euphorbia trigona vai se tornando cada vez mais alta e ramificada, à medida que o tempo passa. Neste sentido, algumas podas periódicas podem ser necessárias, para controlar o aspecto da planta. Neste momento, é importante utilizar um equipamento de proteção adequado, como luvas e óculos, uma vez que a seiva liberada através dos cortes pode causar sérias irritações na pele, mucosas e olhos.
Também é bom não podar muito porque, quanto maior for a planta, mais ornamental será seu efeito. Além disso, grandes exemplares de Euphorbia trigona levam anos para atingir este porte, de modo que seu valor no mercado costuma ser bem elevado.
A propagação da Euphorbia trigona pode ser feita através do plantio de estacas, provenientes de eventuais podas. Além disso, a planta emite brotações a partir da sua base, que podem ser destacadas e plantadas separadamente. Em ambos os casos, é importante se proteger do látex e aguardar algumas horas, até que o corte seja cicatrizado.
Esta é uma planta de destaque em qualquer ambiente interno, ficando mais imponente e altiva se mantida isolada, em um canto do cômodo, como um ponto focal ou accent plant.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil