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Suculenta Euphorbia lactea


Suculenta Euphorbia lactea
| Euphorbia lactea |

Este é um exemplo típico de planta suculenta frequentemente confundida com um cacto. De fato, sua aparência justifica completamente este equívoco. A Euphorbia lactea é uma suculenta porque tem a capacidade de armazenar água em seus tecidos. Além disso, suas folhas são rudimentares, quase ausentes. Em seu lugar, pequenos espinhos distribuem-se ao longo do caule, tal como acontece com as cactáceas. No entanto, esta é uma planta pertencente a uma família botânica distinta, a Euphorbiaceae.

A principal característica distintiva da Euphorbia lactea, e de todos os membros de sua família, é a presença de uma seiva branca, espessa, de aspecto leitoso, que serviu de inspiração para o nome científico desta espécie.


A Euphorbia lactea tipo, mais comumente encontrada na natureza, apresenta um porte colunar, ereto, porém bastante ramificado. Esta estrutura é chamada de candelabriforme, em forma de candelabro, e está presente em muitas espécies de euforbiáceas e cactáceas. Em seu habitat de origem, esta planta pode atingir o porte de uma árvore, chegando aos cinco metros de altura. No entanto, os espécimes em cultivo doméstico costumam apresentar uma estatura bem menor, de aspecto arbustivo.

Trata-se de uma espécie asiática, que ocorre predominantemente na Índia. No entanto, a Euphorbia lactea pode ser encontrada nativamente em diversos outros países da Ásia tropical, tendo sido naturalizada em outras regiões de mesmo clima, ao redor do mundo.

Dentre as inúmeras variedades que esta espécie botânica pode apresentar, a mais famosa e cobiçada pelos colecionadores é, sem dúvida, a Euphorbia lactea cristata. Ela em nada se assemelha à forma tipo, verde e de aparência comum. Uma mutação na planta faz com que seu crescimento ocorra de maneira anômala, em forma de leque. A coloração pode variar, havendo, inclusive, uma forma chamada Euphorbia lactea cristata variegata, onde duas mutações ocorrem simultaneamente.

Suculenta Euphorbia lactea cristata
Euphorbia lactea cristata

Por serem raras, estas variedades da Euphorbia lactea podem atingir grandes valores, no mercado. Além disso, a Euphorbia lactea cristata é fruto de uma alteração genética instável, que pode ser revertida à forma tipo, a qualquer momento. O mesmo ocorre com outras formas, como a monstruosa, em diversas espécies de cactos.


Todas estas alterações fazem com que a Euphorbia lactea cristata acabe tendo problemas de desenvolvimento, já que dispõe de pouco tecido vegetal fotossintetizante. O mesmo ocorre com vários cactos coloridos. Por isso, para que esta planta mutante possa sobreviver, ela é frequentemente enxertada sobre outra espécie. No caso da Euphorbia lactea, de modo geral, o cavalo é a Euphorbia neriifolia, que possui o caule verde, capaz de realizar a fotossíntese por ambas.

No exterior, a Euphorbia lactea costuma ser chamada de candelabra cactus, graças às suas inúmeras ramificações laterais. Já a Euphorbia lactea cristata é frequentemente apelidada de coral cactus. Vale repetir que, em ambos os casos, são apenas nomes populares, visto que não se tratam de cactos verdadeiros.

Além da presença do látex, outra diferença interessante da Euphorbia lactea, em relação a muitas espécies de cactos, que adoram torrar sob o sol pleno, é que ela se desenvolve melhor em um local mais protegido. De modo geral, as euforbiáceas necessitam de uma menor quantidade de horas de sol direto por dia. Por esta razão, tanto a Euphorbia lactea como a Euphorbia lactea cristata são excelentes opções para o cultivo em vasos, dentro de casas e apartamentos.


Esta espécie vai bem em uma condição de meia sombra, em um ambiente com bastante luminosidade difusa, indireta, recebendo apenas algumas horas de sol pleno, no início da manhã ou no final da tarde. Como é muito difícil que a Euphorbia lactea produza flores, principalmente no cultivo em interiores, esta condição de luz é suficiente para garantir um bom desenvolvimento vegetativo da planta.

Ainda na comparação da Euphorbia lactea com a maioria dos cactos, esta é uma espécie que tolera uma frequência um pouco maior de regas. De modo geral, as euforbiáceas não gostam de ficar com o solo extremamente seco, esturricado, por um período muito prolongado. As regas devem ser moderadas, de modo que o solo fique levemente úmido, nunca encharcado. Já durante o inverno, é importante que as regas sejam drasticamente reduzidas.

O solo ideal para o cultivo da Euphorbia lactea é aquele mais poroso, pouco compactado, rapidamente drenável. Como esta é uma espécie de origem tropical, não é necessário adicionar areia ao substrato, como costumamos fazer com cactos e suculentas. Também não é preciso comprar um solo específico para o cultivo de cactos e suculentas. Qualquer terra vegetal própria para o cultivo de plantas ornamentais pode ser utilizada.


É importante que o vaso tenha furos no fundo, uma camada de drenagem, composta por argila expandida, pedrisco ou brita, e que seja pesado o suficiente para evitar o tombamento da planta, que pode ficar alta. O crescimento da Euphorbia lactea tipo é muito mais acelerado do que o apresentado pela Euphorbia lactea cristata.

Já a adubação pode ser aquela utilizada no cultivo de cactos e suculentas, de maneira geral. Uma fórmula de manutenção, do tipo NPK, pode ser fornecida durante os meses mais quentes do ano, quando o metabolismo da planta está mais ativo. No inverno, a fertilização pode ser interrompida. Não há a necessidade de fornecer adubos para floração, já que este é um fenômeno raro, no cultivo doméstico.

A Euphorbia lactea cristata requer pouquíssima manutenção. Já a forma tipo pode ser submetida a podas periódicas, mas é preciso tomar bastante cuidado. Esta espécie, assim como todas as euforbiáceas, liberam uma seixa tóxica, quando cortadas. Esta substância pode causar alergias e irrigações na pele e em mucosas. Sendo assim, seu manuseio deve ser sempre realizado com luvas e óculos de proteção. Esta é aquela típica planta para se manter bem longe do alcance de crianças e pets, por causar diversas complicações gástricas, em caso de ingestão acidental.

Particularmente, já acho a forma convencional da Euphorbia lactea belíssima, bastante escultural. Trata-se de uma suculenta com aparência de cacto, mas que requer um cultivo mais tranquilo, menos exigente quanto à luminosidade. Já a forma cristata é um sonho de consumo, objeto de desejo de todo colecionador de suculentas.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil