| Delosperma echinatum | |
Talvez por não ser muito conhecida, no Brasil, esta planta suculenta não possui um nome popular bem estabelecido, entre os cultivadores. No exterior, a espécie Delosperma echinatum costuma ser chamada de pickle plant, planta picles, graças ao formato curioso de suas folhas peludas. Mais do que conservas, estas estruturas me lembram o pepino do mar. Além de toda a delicadeza da parte vegetativa, esta suculenta ainda nos presenteia com graciosas flores em forma de margaridas.
Em um primeiro momento, a espécie Delosperma echinatum pode apresentar um aspecto intimidante, por ser recoberta de estruturas que lembram espinhos, tanto em seus caules como em suas folhas suculentas. No entanto, tratam-se de tricomas, modificações do tecido vegetal, em forma de pelos, que visam diminuir a perda de água por parte da planta, nos ambientes quentes e secos em que vive, na natureza.
Sendo assim, a suculenta Delosperma echinatum não pertence à família Cactaceae, apesar da aparência. Trata-se de um membro da família Alzoaceae, da qual também fazem parte o curioso cacto pedra, do gênero Lithops, que também não é uma cactácea verdadeira, apesar do apelido, e a prosaica rosinha de sol, Aptenia cordifolia.
Além disso, a Delosperma echinatum já fez parte do mesmo gênero da suculenta popularmente conhecida como coração partido. Houve uma época em que seu nome científico era Delosperma lehmannii. Hoje, ela é conhecida como Corpuscularia lehmannii, mas ainda guarda um parentesco com a planta picles, pertencendo à mesma família botânica.
Com efeito, todas estas suculentas apresentam folhas dispostas aos pares, produzindo flores que lembram pequenas margaridas, com cores variadas. No caso do Delosperma echinatum, as florações podem surgir na coloração branca, branca com o centro amarelo ou completamente amarela. Estas estruturas costumam aparecer na época em que as temperaturas estão subindo, durante a primavera.
A suculenta Delosperma echinatum é mais uma dentre as inúmeras espécies originárias do continente africano, mais especificamente, da África do Sul, província do Cabo Oriental. Trata-se de uma planta adaptada às condições de regiões áridas e semiáridas, vivendo sobre solos arenosos e rochosos, pouco férteis, sob abundante luz solar.
Além dos pelos, que são inofensivos, as folhas suculentas da Delosperma echinatum apresentam pequenas vesículas repletas de água, ao longo de sua superfície, o que reforça sua aparência de picles ou pepino do mar. Estas são duas adaptações que possibilitam a sobrevivência da planta, em um ambiente bastante inóspito.
Esta é uma suculenta que pode ser cultivada tanto em áreas externas, sob sol pleno, como dentro de casas e apartamentos, recebendo uma luminosidade abundante, mas indireta. Quando plantada diretamente no solo, espalha-se rapidamente na horizontal, emitindo novas brotações e propagando-se através de sementes. Sob estas condições, é preciso tomar cuidado para que o Delosperma echinatum não se torne invasivo, alastrando-se por toda parte.
Dentro de vasos, seu crescimento é mais controlado. Estes recipientes podem ser de plástico ou barro, desde que tenham furos no fundo. A espécie Delosperma echinatum é pouco exigente quanto à qualidade do solo, sendo que uma mistura clássica para plantas suculentas, composta por terra vegetal e areia grossa, em partes iguais, é suficiente para garantir um bom desenvolvimento da planta.
A adubação pode ser bem básica, de manutenção, do tipo NPK, própria para o cultivo de cactos e suculentas. Para estimular a floração da suculenta Delosperma echinatum, uma fórmula mais rica em fósforo pode ser aplicada, de maneira alternada, com a de manutenção. É aconselhável utilizar metade da dose recomendada pelo fabricante. O excesso de fertilização, principalmente mineral, costuma causar o acúmulo de resíduos no solo, prejudicando o desenvolvimento das raízes.
Como sempre, a planta fica mais compacta, com uma aparência mais ornamental, quando cultivada sob uma luminosidade intensa, preferencialmente sob sol pleno. Ainda assim, é possível mantê-la em condições de sombra ou meia sombra, com bastante luz difusa. Em ambientes muito sombreados, a espécie Delosperma echinatum, como muitas suculentas, tende a ficar estiolada.
A multiplicação da suculenta Delosperma echinatum pode ser feita através de estacas retiradas da planta mãe, posteriormente plantadas em outros vasos. No início, até que estes segmentos enraízem, a frequência das regas deve ser elevada. Esta é uma planta que também pode ser propagada através de sementes, sendo este um processo bem mais demorado.
Uma boa notícia é que o Delosperma echinatum não apresenta toxicidade em seus tecidos vegetais, caso estes sejam acidentalmente ingeridos por crianças ou animais de estimação. Ainda que seja conhecida como planta picles, esta suculenta não apresenta uma aparência muito apetitosa, de modo que, acredito eu, sua ingestão seja bem improvável.
Este é mais um exemplo de suculenta de fácil cultivo, versátil, que se adapta bem tanto em áreas externas como internas, desde que uma luminosidade generosa lhe seja oferecida. Sua aparência é única entre as suculentas, bastante exótica e ornamental, e a tendência é que esta espécie se torne mais popular, entre os colecionadores brasileiros.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil