| Pilea cadierei | |
Sempre achei fascinantes as plantas de sombra que apresentam variegações em suas folhas. No caso da espécie botânica Pilea cadierei, esta característica está, literalmente, em um outro nível, já que as marcações prateadas formam padrões em alto relevo, como em um vitral gótico. Curiosamente, costumo ver esta houseplant com mais frequência nas coleções dos millennials gringos, onde ela é conhecida como aluminium plant.
No Brasil, a Pilea cadierei costuma ser conhecida pelo mesmo nome popular, planta alumínio. A diferença é que, por aqui, esta espécie é mais comumente encontrada em áreas externas, em localidades mais sombreadas de quintais, jardins e garagens. Sinto que seu uso como planta de interior ainda é pouco difundido.
O que é uma penta, já que se trata de uma espécie bastante ornamental. Não por acaso, a Pilea cadierei é parente de outra estrela das urban jungles, florestas urbanas, tendo chegado apenas recentemente ao mercado brasileiro. Trata-se da Pilea peperomioides, que causou frisson nas redes sociais, há algum tempo. Seu nome popular é bastante sugestivo, planta chinesa do dinheiro. Outra curiosíssima planta de interior, também difícil de ser encontrada em terras tupiniquins, é a planta da amizade, cujo nome científico é Pilea involucrata.
Curiosamente, a planta alumínio, Pilea cadierei, também tem parentesco com algumas plantas de natureza mais invasora, como a Pilea microphylla, popularmente conhecida como brilhantina. Esta espécie surge em qualquer lugar, espontaneamente e onde você menos espera. Todas as espécies do gênero Pilea, ornamentais ou invasoras, pertencem à família botânica Urticaceae, a mesma da urtiga.
A espécie Pilea cadierei, particularmente, possui origem asiática, podendo ser encontrada nativamente na China e Vietnam. O nome da espécie homenageia o missionário e botânico francês Léopold Michel Cadière, estudioso da cultura vietnamita.
Em países de língua inglesa, a Pilea cadierei, planta alumínio, também pode receber o nome popular watermelon Pilea, Pilea melancia.
Como a maioria das folhagens de interior, a Pilea cadierei dificilmente floresce, no cultivo doméstico. Suas flores são discretas e apresentam o diferencial de não possuírem os elementos reprodutivos femininos e masculinos em uma mesma estrutura. Sendo assim, a planta alumínio, em seu habitat original, é capaz de produzir flores femininas e masculinas, cujas aparências são diferenciadas.
Esta espécie é perfeita para o cultivo dentro de casas e apartamentos porque aprecia as temperaturas amenas ao longo de todo o ano, nem muito frias, nem muito quentes. Esta é uma vantagem particularmente importante nos países do hemisfério norte, principalmente em regiões que passam por invernos mais rigorosos.
Ainda que seja considerada uma planta de sombra, isso não significa que a Pilea cadierei possa ser cultivada em um local sem luz. A planta alumínio aprecia uma luminosidade difusa, indireta, podendo tolerar o sol direto nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Contudo, suas folhas podem ficar queimadas se expostas ao sol pleno durante as horas mais quentes do dia.
Durante a primavera e verão, quando o metabolismo da planta está mais ativo, a Pilea cadierei pode ser regada de forma mais frequente, de modo que o solo permaneça levemente úmido, sem ficar encharcado. Já durante os meses de outono e inverno, as irrigações devem ser moderadas, ocorrendo apenas quando o solo estiver bem seco ao toque do dedo.
Em ambientes muito secos, principalmente em cômodos com aparelhos de ar condicionado, convém borrifar as folhas da planta alumínio com uma fina névoa de água. Ainda que este seja um alívio apenas temporário, ajuda a manter um microclima mais saudável ao redor da planta. É importante não deixar que o excesso de água escoe em direção ao solo, transformando-se em mais uma rega. Como toda planta, a Pilea cadierei pode se deteriorar rapidamente, caso suas raízes fiquem úmidas por muito tempo.
O solo para o cultivo da planta alumínio pode ser aquele clássico, composto por terra vegetal. Geralmente, misturas próprias para o cultivo de folhagens são vendidas prontas para o uso, em lojas de jardinagem. Um pouco de areia pode ser adicionada a este material, para que o substrato resultante fique bem aerado, facilmente drenável. Neste caso, não é necessário seguir aquelas proporções utilizadas nos solos para o cultivo de cactos e suculentas.
A Pilea cadierei é pouco exigente quanto à adubação, principalmente porque sua floração é um evento mais raro, em interiores. Uma formulação inorgânica, do tipo NPK, própria para a manutenção de folhagens, é suficiente para garantir um bom desenvolvimento da planta alumínio. Lembrando que, durante o inverno, as fertilizações podem ser suspensas.
Esta é uma planta que produz raízes vigorosas e volumosas. De tempos em tempos, é necessário fazer o replante para um vaso ligeiramente maior. Caso contrário, existe a possibilidade de as raízes estourarem o recipiente, em busca de mais espaço para seu desenvolvimento. Também é comum que elas entupam os drenos, tentando escapar pelo fundo do vaso.
Para evitar estes problemas, o vaso precisa ser preparado com uma camada de drenagem, composta por qualquer material particulado, que pode ser argila expandida, pedrisco ou cacos de telha. Por cima destes elementos, uma manta geotêxtil ajuda a reter o substrato, ao mesmo tempo em que impede que as raízes avancem sobre os furos no fundo do vaso, entupindo-os.
A Pilea cadierei fica mais ornamental quando é podada regularmente. Este procedimento estimula o surgimento de novas ramificação nos caules, resultando em um aspecto vegetativo mais denso, compacto. As estacas resultantes das podas podem ser utilizadas para a propagação da planta alumínio. Estes segmentos podem ser colocados em um recipiente com água, para que enraízem. Caso o cultivador não tenha paciência, pode plantar as estacas diretamente no solo, lembrando-se de regá-las frequentemente, até que enraízem.
Por fim, é importante salientar que os tecidos vegetais da Pilea cadierei são ricos em alcaloides, que podem causar toxicidade em crianças e pets, caso sejam ingeridos inadvertidamente. De qualquer modo, como é bastante estressante ficar separando o que é tóxico do que não é tóxico, como uma regra geral, sempre deixo as plantas fora do alcance de crianças e animais de estimação. Nosso Lhasa Apso, por exemplo, adora mordiscar as flores das orquídeas Phalaenopsis, tão logo desabrochem. Embora não sejam tóxicas, trata-se de um grande desgosto para quem aguardou ansiosamente pela floração, no caso, este que vos escreve.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil