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Orquídea Vanda teres


Orquídea Vanda teres
| Vanda teres |

Sempre tive um carinho especial pelas orquídeas de sol pleno, uma vez que esta é a condição predominante na sacada onde cultivo minhas plantas, aqui no apartamento. No artigo de hoje, vamos falar sobre uma vandácea bastante resistente, ideal para esta situação, amplamente conhecida como Vanda teres. Vale lembrar que, atualmente, esta espécie encontra-se classificada como Papilionanthe teres.

Do cruzamento entre as espécies Vanda teresVanda hookeriana, surge a clássica orquídea híbrida Vanda Miss Joaquim, que foi eleita a flor nacional de Singapura. Em todo o mundo, este é o único caso em que uma planta híbrida foi escolhida como a flor oficial de uma nação. Este híbrido primário, também chamado de Papilionanthe Miss Joaquim, foi desenvolvido por uma cultivadora de origem armênia e residente em Singapura, Agnes Joaquim, ainda no final do século XIX. Em pouco tempo, a orquídea híbrida acabou se tornando mais popular do que as próprias espécies progenitoras.


O nome da espécie Vanda teres faz referência ao formato cilíndrico, terete, de suas folhas. Em latim, a palavra teres significa arredondado. Esta é uma adaptação importante para que a orquídea suporte o sol pleno, uma vez que a superfície exposta à radiação solar é diminuída. Consequentemente, a perda de água também é reduzida.

Em seu habitat de origem, constituído por diversos países asiáticos, a Vanda teres vegeta sob a forma epífita, com as raízes aéreas aderidas aos troncos das árvores. Trata-se de uma orquídea de grande porte, que pode atingir dois metros de altura. Como todas as espécies dos gêneros Vanda e Phalaenopsis, entre outros, a Vanda teres apresenta um crescimento monopodial, desenvolvendo-se a partir de um único ponto, emitindo novas folhas de maneira sequencial e alternada, umas sobre as outras.

Esta é uma orquídea adaptada às condições quentes e úmidas encontradas no sudeste asiático, em países como Tailândia, o berço das vandáceas, Vietnam, Laos e Myanmar, antiga Burma, entre outras regiões. Nestas localidades, existem dois fatores importantes que ajudam a Vanda teres a suportar a exposição ao sol direto, que consistem nos elevados níveis de umidade relativa do ar e uma generosa circulação de ar, sem ventos excessivos.


Muito embora as florações da Vanda teres possam ocorrer ao longo de todo o ano, é durante os meses mais quentes, na primavera e verão, que este processo ocorre com mais frequência e intensidade. As flores são perfumadas e exibem diversas nuances de rosado e lilás, sobre um fundo branco. A Vanda teres alba, completamente branca, é bastante rara.

Para que a Vanda teres floresça bem, é necessário que a orquídea seja cultivada em um ambiente com bastante luminosidade, recebendo várias horas de sol direto, diariamente. Infelizmente, esta condição não é obtida dentro de casas e apartamentos. No entanto, varandas ensolaradas, face norte, leste ou oeste, além de coberturas, são boas opções de locais para o cultivo desta espécie.

Ainda que a Vanda teres aprecie o sol pleno, convém protegê-la da insolação mais intensa ao redor do meio-dia, principalmente em locais de climas muito quentes e secos. Os elevados níveis de umidade relativa do ar, acima de 60%, são cruciais para garantir o bom desenvolvimento desta orquídea. Durante o verão, as raízes da Vanda teres apreciam borrifadas frequentes de água, ao longo do dia.


A orquídea Vanda teres não deve ser cultivada dentro de vasos. Suas raízes desenvolvem-se melhor se mantidas livres, suspensas. Cachepots feitos de ripas de madeira, vazados e vazios, oferecem um bom suporte à planta, sem abafar as raízes. Também existem cestos de plástico desenvolvidos especialmente para o cultivo de orquídeas do gênero Vanda. Particularmente, a Vanda teres também vai muito bem em grandes vasos vazios, de cerâmica ou cimento, utilizados apenas para dar suporte às raízes. Neste caso, a orquídea pode ser cultivada em qualquer local do jardim, desde que seja regada com frequência.

Ainda que se trate uma orquídea extremamente resistente, e de fácil cultivo, a Vanda teres precisa ser protegida do frio mais intenso, bem como de geadas e correntes excessivas de vento. As baixas temperaturas podem induzir esta espécie a um estado de dormência, período no qual a formação de novas folhas e raízes é interrompida. Além disso, a orquídea não floresce.

Outro fator importante para garantir boas florações da Vanda teres é a adubação. Esta deve ser intensa, pulverizada somente nas raízes, semanalmente. O ideal é utilizar fórmulas próprias para a manutenção e floração de orquídeas, do tipo NPK, com macro e micronutrientes. Estas duas formulações podem ser alternadas, utilizando-se metade da dose recomendada pelo fabricante.


Por ser uma orquídea de crescimento monopodial, é mais difícil realizar a propagação da Vanda teres. Além disso, como a germinação de sementes de orquídeas é um processo complicado e demorado, ficamos na dependência do surgimento de eventuais keikis. Esta é uma palavra do idioma havaiano que significa bebê. Esporadicamente, esta orquídea pode produzir pequenas brotações, que surgem a partir da intersecção das folhas com o caule. É preciso aguardar até que estas estruturas se desenvolvam, ainda aderidas à planta mãe, até que tenham raízes bem formadas, para então serem separadas e gerarem novas mudas.

No entanto, é preciso estar atento à saúde da planta principal. Em muitos casos, o surgimento de keikis está relacionado ao declínio da orquídea, que produz brotações como uma tentativa de propagar a espécie, frente a uma morte iminente. No caso das vandáceas, incluindo a Vanda teres, percebemos que algo não vai bem quando as folhas mais antigas, localizadas na parte de baixo da planta, começam a amarelar, secar e cair. A orquídea vai ficando cada vez mais pescoçuda.

Neste caso, um método comumente utilizado para recuperar a orquídea consiste na introdução de um pequeno tubete com água ao redor de algumas raízes mais proeminentes, apenas em suas pontas. Um pouco de adubo, bem diluído, pode ser adicionado a esta água. Este é um procedimento de choque, que visa hidratar e nutrir a planta debilitada.

Oferecidas as condições apropriadas de cultivo, como luminosidade intensa e um ambiente com umidade e circulação de ar, a Vanda teres desenvolve-se com bastante tranquilidade. Trata-se de uma espécie resistente, raramente atacada por pragas, que floresce generosamente, apesar de seu crescimento ser considerado lento. Tanto a espécie Vanda teres como seu híbrido, Vanda Miss Joaquim, são excelentes adições às coleções dos apaixonados por vandáceas.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil