| Phalaenopsis schilleriana | |
Ainda que as orquídeas do gênero Phalaenopsis sejam as mais populares e comercializadas em todo o mundo, são poucos os apreciadores desta família botânica que se dedicam ao cultivo de espécies puras, como a Phalaenopsis schilleriana. Via de regra, as variedades encontradas no mercado são plantas híbridas, resultantes do cruzamento de diversas espécies, selecionadas e melhoradas ao longo de décadas.
Como resultado deste movimento de produção em massa, com interesses comerciais e ornamentais, as espécies de Phalaenopsis acabaram ficando pouco conhecidas. De tal forma que é praticamente impossível adquiri-las em floriculturas, feiras ou supermercados, locais onde abundam os híbridos deste mesmo gênero botânico. Em uma tentativa de reverter esta situação, neste artigo, saberemos um pouco mais sobre a Phalaenopsis schilleriana.
Descrita formalmente em 1860, pelo botânico alemão Heinrich Gustav Reichenbach, a orquídea Phalaenopsis schilleriana deve seu nome científico ao cônsul Gustav Wilhelm Schiller, que foi o primeiro cultivador a obter a floração desta espécie, fora de seu habitat original. Em suas estufas, também floresceu pela primeira vez a Cattleya schilleriana, de origem brasileira.
A orquídea Phalaenopsis schilleriana, por sua vez, é de origem asiática, como todas as outras espécies deste gênero. Seu habitat consiste em diversas ilhas de clima tropical, nas Filipinas. Trata-se de uma planta de hábito epífito, que cresce sobre as árvores de quentes e úmidas florestas tropicais, protegida do sol pleno pelas copas das árvores.
Mundialmente conhecida por sua flores em forma de mariposa, em uma tonalidade suave de lilás, a Phalaenopsis schilleriana é a espécie mais cultivada pelos orquidófilos apreciadores deste gênero. Esta talvez tenha sido a primeira Phalaenopsis a receber o apelido moth orchid, orquídea mariposa, graças ao formato de suas flores. Hoje, todos os híbridos encontrados no mercado são conhecidos por este nome popular.
Além das belas flores, a Phalaenopsis schilleriana apresenta um diferencial raro de ser observado nas orquídeas híbridas que encontramos nas floriculturas. Suas folhas, grandes e coriáceas, possuem uma belíssima variegação, em forma de listras, alternando tons de verde escuro e cinza prateado, que tornam a planta bastante ornamental, mesmo quando não está florida.
Outro diferencial importante da orquídea Phalaenopsis schilleriana é que, ao contrário da maioria dos híbridos, que não apresentam perfume em suas flores, esta espécie exala um delicado aroma de rosas. Um ponto forte para quem aprecia orquídeas perfumadas.
A floração da Phalaenopsis schilleriana costuma ocorrer uma vez ao ano, no início da primavera. Para que isso aconteça, a planta precisa ser cultivada em um ambiente com uma luminosidade difusa, indireta, porém generosa. Suas folhas sofrem sérias queimaduras, se expostas ao sol pleno. Este é um dos motivos pelos quais esta espécie é perfeita para o cultivo dentro de casas e apartamentos. Trata-se de uma típica orquídea de sombra, que não exige uma luminosidade muito intensa para florescer.
Outro fator importante, que influencia na floração da orquídea Phalaenopsis schilleriana, é a temperatura. Durante a fase de desenvolvimento vegetativo, quando novas folhas e raízes estão em crescimento, esta espécie aprecia um ambiente com temperaturas amenas, tipicamente encontradas em interiores. Porém, quando chega o outono, e ao longo de todo o inverno, esta orquídea precisa sentir uma queda de temperatura, com noites mais frias, para que o metabolismo da planta comece a se preparar para a floração, na primavera, quando as temperaturas voltam a subir.
A adubação também contribui para uma boa floração da Phalaenopsis schilleriana. Durante os meses mais quentes do ano, uma formulação de manutenção, com níveis equilibrados de nutrientes, pode ser intercalada com uma fórmula específica para estimular a floração, mais rica em fósforo (a letra P do NPK). Estes dois adubos podem ser alternados, semanalmente, com metade da dose recomendada pelo fabricante. Durante o inverno, e enquanto a orquídea estiver florida, não há a necessidade do fornecimento de fertilizantes.
O adubo inorgânico, do tipo NPK, com macro e micronutrientes, é mais prático de ser administrado, em comparação ao adubo orgânico, uma vez que pode ser borrifado diretamente sobre as raízes da orquídea. A Phalaenopsis schilleriana desenvolve-se melhor quando cultivada fora de vasos, com as raízes aéreas, montada em placas de madeira, cascas de árvores ou cachepots vazados, feitos de ripas.
Desta forma, a Phalaenopsis schilleriana desenvolve-se como na natureza, aderida aos troncos das árvores. Suas folhas crescem na vertical, emitindo as hastes florais de forma pendente. Nesta posição, a água não se acumula no miolo entre as folhas, situação que pode causar o apodrecimento das células germinativas e a morte da planta, uma vez que este é o seu centro de crescimento.
Caso o cultivador opte pelo cultivo em vasos, é importante não regar por cima das folhas, para que este acúmulo de água não aconteça. Neste caso, o substrato deve ser composto por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. Alternativamente, a brita pura e a casca de macadâmia têm sido utilizados com sucesso, no cultivo de plantas epífitas, como a Phalaenopsis schilleriana.
Existe um mito de que as orquídeas do gênero Phalaenopsis precisam ser cultivadas em vasos transparentes, para que suas raízes façam a fotossíntese. Na verdade, estas estruturas são responsáveis pela absorção de água e nutrientes, ficando as folhas a cargo da captação da luz solar. Portanto, a Phalaenopsis schilleriana pode ser cultivada em vasos de plástico, não transparentes, ou de barro, desde que tenham furos no fundo e uma boa camada de drenagem. O importante é ter em mente que o plástico retém a umidade por mais tempo, demandando um maior espaçamento entre as regas.
Como toda orquídea, a Phalaenopsis schilleriana não tolera o excesso de umidade em suas raízes. As regas devem ser moderadas, ocorrendo somente quando o substrato estiver bem seco. Neste momento, podemos perceber que o vaso fica mais leve, principalmente se for de plástico, o que ajuda a decidir se é hora de regar ou não. Durante o outono e inverno, a frequência das regas deve ser reduzida.
Por vezes, pode parecer mais intimidador cultivar uma espécie pura, em relação aos híbridos mais populares. No entanto, a orquídea Phalaenopsis schilleriana requer basicamente os mesmos cuidados demandados pela maioria dos híbridos. Trata-se de uma planta de fácil cultivo, belíssimas folhagens e flores perfumadas, uma orquídea capaz de abrilhantar qualquer coleção.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil