| Maranta leuconeura var. erytroneura | |
As folhagens ricamente estampadas das marantas e calatheas fazem sucesso na decoração de interiores, já que estas são plantas de sombra por excelência. Curiosamente, as várias espécies, híbridos e variedades que compõem esta rica família botânica, Marantaceae, costumam receber diferentes nomes populares e científicos, o que torna sua identificação uma tarefa bastante confusa e desafiadora. Neste artigo, apresentamos a maranta pena de pavão, cuja denominação formal é Maranta leuconeura.
Esta espécie pode apresentar diversas formas, com estampas diferenciadas. As duas variedades mais conhecidas são a Maranta leuconeura var. erytroneura, cuja folhagem mais se assemelha a uma pena de pavão, mas que também é conhecida como maranta bigode de gato, e a Maranta leuconeura var. kerchoveana, que popularmente é chamada de maranta barriga de sapo, mas também recebe o apelido de maranta pena de pavão.
Comercialmente, a variedade erytroneura costuma ser apresentada como Maranta leuconeura 'Fascinator', fazendo bastante sucesso junto aos colecionadores e construtores de suas florestas urbanas, urban jungles. A maranta pena de pavão é outro exemplo de sucesso nas redes sociais, graças às estampas diferenciadas de suas folhas e a possibilidade de seu cultivo em interiores. Esta é uma planta bastante apreciada em países do hemisfério norte.
Maranta leuconeura var. kerchoveana |
O nome da espécie, Maranta leuconeura, é a forma latinizada de duas palavras do grego antigo, leukós, que significa branco, e neurá, referente a nervo, nervura. Basta lembrar de leucócitos, glóbulos brancos. Já a nomenclatura da variedade erytroneura designa as nervuras avermelhadas. Como paralelo, temos eritrócitos, glóbulos vermelhos.
Como outras plantas da família, a maranta pena de pavão movimenta suas folhas ao longo do dia, assumindo a posição vertical, ao anoitecer. Por este motivo, ela costuma ser apelidada de prayer plant, em países de língua inglesa. Aqui no Brasil, também temos esta denominação popular, planta rezadeira.
Em contraste com sua folhagem exuberante, a maranta pena de pavão produz flores discretas, pequenas e brancas. No cultivo doméstico, dentro de casas e apartamentos, é bem provável que esta planta nem chegue a florescer. Contudo, não se trata de um grande problema, já que todo o valor ornamental da Maranta leuconeura concentra-se em sua folhagem.
Esta é uma espécie tipicamente brasileira, habitando o solo de florestas tropicais, quentes e úmidas. A maranta pena de pavão beneficia-se da sombra proporcionada pelas copas das árvores, neste ambiente protegido da radiação solar direta. Suas raízes apoiam-se sobre o húmus formado no chão, resultante da decomposição de folhas e detritos de animais.
É importante termos em mente este cenário, este microclima do habitat original, para que possamos tentar reproduzi-lo em nossas casas e apartamentos, ao cultivarmos a Maranta leuconeura. Como esta é uma espécie que não exige sol pleno, o ambiente doméstico torna-se ideal para garantir uma luminosidade difusa e indireta para a maranta pena de pavão. Além disso, o fato de as temperaturas permanecerem amenas e constantes, ao longo de todo o ano, mesmo em países de clima temperado, é outro fator que colabora para o sucesso do cultivo desta planta em interiores.
O único problema, neste tipo de ambiente interno, é quanto aos níveis de umidade relativa do ar, que costumam ser mais baixos do que na natureza. Idealmente, as plantas tropicais, incluindo a maranta pena de pavão, necessitam de níveis acima de 60% de umidade, para que seu desenvolvimento ocorra de forma apropriada. Em cômodos muito secos, principalmente aqueles que sofrem a ação de aparelhos de ar condicionado, a Maranta leuconeura tende a ficar com as folhas enroladas. Outro sinal de que a umidade não é suficiente pode ser percebido pelas pontas das folhas, que começam a secar.
Para contornar este problema, o método mais rápido e eficiente é recorrer a um aparelho umidificador de ambientes, do tipo ultrassônico. Este é um aparato que torna o clima mais salutar, inclusive para humanos e pets. Além disso, fontes de água e aquários, próximos à maranta pena de pavão, ajudam a aumentar os níveis de umidade no ambiente. Por fim, vale colocar os vasos sobre uma bandeja umidificadora, que é um recipiente raso contendo areia ou pedrisco, com uma lâmina de água no fundo.
Para evitar problemas com o mosquito da dengue, a água não pode ficar acima da camada de pedrisco. Além disso, ela não pode entrar em contato direto com o fundo dos vasos. Neste sistema, a umidade sobe por capilaridade, ajudando a manter a Maranta leuconeura em um microclima mais saudável e apropriado ao seu desenvolvimento.
É sempre importante ter em mente que o aumento na frequência das regas não resolve o problema de fata de umidade no ar. O mais provável é que o excesso de regas cause o apodrecimento das raízes da maranta pena de pavão. Elas precisam ser frequentes, de modo a manterem o solo sempre levemente úmido, porém sem excessos. Já o hábito de borrifar as folhas da Maranta leuconeura com um fino spray de água, de tempos em tempos, ajuda momentaneamente a aumentar a umidade no seu entorno.
O solo ideal para o cultivo da maranta pena de pavão é aquele próximo ao encontrado em seu habitat nativo. Isso significa oferecer uma terra fértil, rica em matéria orgânica, pouco compactada e rapidamente drenável. Os substratos adubados, próprios para o cultivo de folhagens, podem ser comprados prontos para o uso, em lojas de jardinagem. Alternativamente, vale usar uma mistura de terra vegetal e composto orgânico, que pode ser húmus de minhoca ou esterco curtido, em partes iguais.
Uma adubação leve, complementar, do tipo NPK, pode ser aplicada durante a fase de desenvolvimento mais ativo da Maranta leuconeura, na primavera e verão. É preciso tomar cuidado com o excesso de fertilizantes, que podem prejudicar o desenvolvimento das raízes, graças ao acúmulo de sais minerais no substrato.
O método mais comum para multiplicar a maranta pena de pavão é através da divisão de suas touceiras. As folhas cortadas, isoladamente, não irão produzir novas mudas. A propagação da Maranta leuconeura deve ser feita preferencialmente no início da primavera, quando o metabolismo da planta está mais ativo.
As marantáceas, de um modo geral, são excelentes plantas de interior porque não apresentam substâncias tóxicas em seus tecidos vegetais, sendo seguras para crianças e animais de estimação.
Seja ela chamada de maranta pena de pavão, maranta bigode de gato ou maranta barriga de sapo, o fato é que a espécie botânica Maranta leuconeura, que responde por todos os apelidos supracitados, é uma excelente companhia para quem cultiva plantas dentro de casas e apartamentos. Ainda que seja um pouco exigente, em relação à umidade, vale a pena satisfazer seus caprichos.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil