| Calathea orbifolia | |
Aqueles habituados a seguir perfis sobre plantas de interior, nas redes sociais, sabem o quão apreciadas são as marantas e calatheas, principalmente pelo público estrangeiro. Embora muitas destas plantas sejam brasileiras, as marantáceas ganharam o mundo virtual e físico, a tal ponto de ser mais fácil adquirir algumas espécies e variedades lá fora do que em terras tupiniquins. Neste contexto, vem tendo especial destaque a espécie botânica Calathea orbifolia, que alguns costumam chamar de maranta melancia.
Como tudo é complicado, quando o assunto é taxonomia, recentemente decidiram reclassificar esta planta, de modo que, segundo alguns, a Calathea orbifolia agora atende pelo nada simpático nome científico Goeppertia orbifolia. No dia a dia, entretanto, é muito difícil que as pessoas abandonem os termos maranta e calathea, para se referirem a estas rainhas das plantas tropicais de interiores.
Quando vamos a um garden center, ou durante uma xeretada pelas lojas virtuais, o mais provável é que encontremos esta folhagem como maranta melancia, calathea melancia ou Calathea orbifolia. Aqui no blog, já apresentamos marantáceas igualmente famosas e queridas pelos colecionadores, tais como a maranta tricolor, Stromanthe thalia 'Triostar', maranta riscada, Calathea ornata, maranta zebrina, Calathea zebrina, maranta pena de pavão, Maranta leuconeura, e maranta pavão, Calathea makoyana.
Reparem que, independentemente do gênero botânico, o apelido costuma ser maranta alguma coisa. Já os nomes científicos, sempre grafados em latim, com a inicial em maiúscula, podem fazer referência aos gêneros Calathea, Maranta, Stromanthe, entre outros.
O fato é que as folhas grandes, arredondadas e brilhantes da Calathea orbifolia, incrementadas por um interessante padrão de listas com uma coloração mais clara, tornam esta espécie um excelente ponto focal, na decoração de qualquer tipo de ambiente. Ainda assim, esta folhagem que nos lembra a melancia tem lá sua lista de exigências, como toda diva pop.
Por ser originária de florestas de clima tropical, a Calathea orbifolia não tolera ambientes muito secos. Esta é uma característica típica de cômodos que sofrem a ação de aquecedores ou aparelhos de ar condicionado. Além disso, dentro de casas a apartamentos, costumamos acumular materiais que retiram a umidade do ar, como tecidos e papéis.
Esta situação pode ser consertada através do uso de aparelhos umidificadores de ar. A função destes aparatos é manter os níveis de umidade relativa do ar em valores acima de 60%, índice considerado apropriado tanto para a saúde das plantas como de humanos e pets. Fontes de água, aquários e tanques de peixes próximos aos vasos de Calathea orbifolia também ajudam a criar um microclima mais saudável para o desenvolvimento da planta.
Outro sistema que funciona bem, não somente em ambientes internos, mas também em locais que sofrem a incidência de vento, que tende a desidratar as plantas, é a utilização de bandejas umidificadoras sob os vasos. Qualquer recipiente raso pode ser utilizado, inclusive um pratinho. No entanto, o importante é que ele esteja preenchido com uma camada de areia ou pedrisco. Este sistema mantém uma lâmina de água no fundo, sem que sua superfície fique acessível ao mosquito da dengue.
Além disso, a água presente na bandeja umidificadora não entra em contato direto com o fundo do vaso, de modo que não deixa o solo encharcado. A umidade sobe por capilaridade, criando um ambiente mais saudável para a Calathea orbifolia e suas aparentadas.
É importante ter em mente que aumentar a frequência das regas não resolve o problema da falta de umidade no ar. São coisas diferentes. O excesso de regas pode causar o efeito contrário, uma vez que causa o apodrecimento das raízes e mata a planta por desidratação, muito embora haja água em abundância no vaso.
Borrifar as folhas da Calathea orbifolia, de tempos em tempos, com uma fina névoa, ajuda a mantê-las limpas e saudáveis, desde que não vá água em excesso para o solo. No entanto, este é um procedimento cujo efeito é temporário. Em ambientes muito secos, a umidade sobe por alguns minutos e depois torna a diminuir.
Tanto por ocasião das regas como das borrifadas diárias, é aconselhável utilizar água da chuva. Alternativamente, pode-se utilizar a água da torneira, mas que tenha descansado durante uma noite. O excesso de cloro, assim como de outros sais minerais, presentes em águas mais duras, prejudica o desenvolvimento da Calathea orbifolia. No exterior, é comum os cultivadores regarem esta planta com água destilada.
A adubação também deve ser fornecida com cuidado, já que o acúmulo dos sais minerais presentes nos fertilizantes inorgânicos, do tipo NPK, tendem a ficar acumulados no substrato, prejudicando as raízes. De modo geral, aconselha-se a utilizar metade da dose recomendada pelo fabricante. Além disso, vale a pena colocar o vaso debaixo de um fluxo generoso de água, deixando o excesso escoar bem, de tempos em tempos, para que estes resíduos de adubo sejam eliminados.
A água muito dura, clorada, ou o excesso de adubo inorgânico, podem causar manchas nas folhas da Calathea orbifolia, que também costumam sofrer queimaduras em suas pontas, em função da ação destes elementos químicos.
A Calathea orbifolia aprecia um solo leve, bem aerado e pouco compactado, de natureza mais ácida, rico em matéria orgânica, como aquele encontrado em seu habitat de origem, no chão das florestas tropicais. Neste sentido, substratos próprios para o cultivo de folhagens ornamentais podem ser comprados em lojas de jardinagem, prontos para o uso. Alternativamente, pode-se misturar terra vegetal e composto orgânico, que pode ser húmus de minhoca ou esterco curtido, em partes iguais.
Acostumada à vida protegida sob a sombra das árvores, a Calathea orbifolia sente-se em casa, em ambientes internos, desde que haja uma boa fonte de luminosidade difusa e indireta. Seu sucesso como planta ornamental de interior, no exterior, também deve-se ao fato de esta espécie apreciar as temperaturas amenas e constantes ao longo de todo o ano, ficando protegida dos invernos rigorosos.
Neste contexto, a Calathea orbifolia não aprecia baixas temperaturas ou geadas. Além disso, esta é uma planta que não se dá bem em corredores que sofrem a ação de correntes de vento. De modo geral, as marantáceas se beneficiam do mesmo ambiente e modo de cultivo das samambaias, com as quais formam belíssimas composições. Como um bônus final, a Calathea orbifolia e suas parentes não possuem substâncias tóxicas em seus tecidos vegetais, de modo que podem ser cultivadas tranquilamente perto de crianças e animais de estimação.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil