| Gymnocalycium mihanovichii | |
Ainda que esta espécie de cactácea, em sua forma tipo, mais comumente encontrada na natureza, possua o aspecto típico de um cacto globular, na cor predominantemente verde, são as variedades mutantes, completamente desprovidas de clorofila, que fazem sucesso junto aos colecionadores. Existem exemplares de Gymnocalycium mihanovichii em diferentes colorações, sendo o cacto amarelo o mais comumente encontrado. Também existem versões alaranjadas, rosadas e vermelhas.
Como este cacto amarelo não é capaz de produzir clorofila, sua fotossíntese fica bastante prejudicada. Portanto, para que seu desenvolvimento e multiplicação ocorra de forma mais eficiente, a espécie Gymnocalycium mihanovichii é frequentemente enxertada sobre outras cactáceas, usualmente indivíduos pertencentes ao gênero Hylocereus, que recebem o nome popular de cavalos.
Aqui no Brasil, é bastante comum vermos a espécie Hylocereus undatus, popularmente chamada de pitaya, sendo utilizada como cavalo para a enxertia de diferentes formas mutantes de outros cactos, de desenvolvimento mais lento e complicado, como as formas coloridas de Gymnocalycium mihanovichii. Esta cactácea com o caule verde, repleto de clorofila, será a responsável por realizar a fotossíntese e suprir ambas as plantas com os açúcares necessários para os seus metabolismos.
Em países de língua inglesa, costuma-se dar o apelido de moon cactus ao conjunto formado pelo cacto amarelo e seu cavalo. É interessante notar que esta parceria dura apenas alguns anos, já que as duas espécies envolvidas apresentam ritmos diferentes de crescimento.
De modo geral, o cavalo, Hylocereus undatus, desenvolve-se de forma mais acelerada, já que é uma planta vigorosa, com muitos pigmentos fotossintetizantes. Já a espécie Gymnocalycium mihanovichii, por não produzir clorofila, cresce mais lentamente. Até um ponto em que a área de junção entre as duas cactáceas sofre uma ruptura, sendo necessário refazer a enxertia, com uma nova base.
O cacto amarelo é um dentre os muitos exemplos de plantas albinas que não são completamente brancas. Existem muitos exemplos de plantas, inclusive suculentas, nas quais a ausência de clorofila acaba produzindo exemplares amarelos. Este fenômeno também costuma ser observado em formas variegatas, que mesclam as cores verde e amarela, em uma mesma planta. Em ambos os casos, são espécimes mais raros, bastante cobiçados pelos colecionadores.
A espécie Gymnocalycium mihanovichii é encontrada nativamente na América do Sul, em países como Argentina e Paraguai. Sua descoberta aconteceu no início do século XX, em 1903. Em sua primeira descrição formal, esta cactácea recebeu o nome científico Echinocactus mihanovichii, graças ao seu aspecto que lembra um ouriço do mar (do grego ekhînos).
Esta é uma cactácea conhecida por produzir inúmeras brotações a partir da base da planta mãe. Sendo assim, sua propagação é bastante tranquila, bastando separar algumas mudas e plantá-las separadamente. Caso o cultivador prefira, pode deixar tudo como está, de modo a se obter belíssimos clusters contendo vários exemplares de Gymnocalycium mihanovichii. Este método vale apenas para a forma tipo, verde, capaz de sobreviver por conta própria.
Entretanto, no caso do cacto amarelo, ou de qualquer outra coloração, que não a verde, é preciso que estes brotos também sejam enxertados sobre seus respectivos cavalos, para que possam sobreviver e se desenvolver adequadamente. É interessante notar que, mesmo enxertada, a planta mãe é capaz de produzir brotações laterais.
Como não produzem clorofila, as formas coloridas, amarela, vermelha, rosada ou alaranjada de Gymnocalycium mihanovichii, podem ser cultivadas em ambientes de meia sombra, inclusive dentro de casas e apartamentos. Basta que os cactos recebam bastante luminosidade indireta, podendo ser expostos ao sol do início da manhã ou do final da tarde. Em ambientes demasiadamente sombreados, estas plantas ficam com suas cores esmaecidas.
O cacto amarelo não atinge grandes proporções, sendo considerado uma miniatura de cactácea. Por este motivo, esta é uma espécie ideal para o cultivo doméstico, principalmente em ambientes internos, onde a disponibilidade de espaço é mais exígua.
A espécie Gymnocalycium mihanovichii aprecia um solo arenoso, bem aerado, que drene rapidamente a água das regas. Um substrato clássico utilizado no cultivo de cactos e suculentas, de modo geral, é suficiente para garantir um bom desenvolvimento desta cactácea, bem como de seu cavalo. Para não errar, o ideal é comprar um material pronto para o uso, em lojas de jardinagem. Caso o cultivador prefira, pode preparar uma versão caseira, composta por terra vegetal e areia grossa de construção, em partes iguais.
As regas do cacto amarelo devem ser bem espaçadas, ocorrendo somente quando o solo estiver bem seco. Para percebermos o melhor momento para realizarmos uma irrigação, basta colocarmos o dedo sobre a terra e afundá-lo levemente. Se constatarmos resquícios de umidade, devemos postergar a rega para um outro dia. Para que esta aferição seja realizada de forma mais prática e diária, convém evitar colocar aquela camada de pedrisco branco sobre o substrato, que tem função apenas decorativa.
No caso em que a espécie Gymnocalycium mihanovichii é montada sobre o Hylocereus undatus, não há o perigo de matar o cacto amarelo afogado, já que são as raízes do cavalo que estão sob o solo. Ainda assim, convém evitar jogar água sobre todo o conjunto, efetuando a irrigação apenas no substrato. Por outro lado, quando o cavalo é atacado por fungos e bactérias, a parte de cima pode ser igualmente atingida, rapidamente.
Sendo que o cacto amarelo apresenta um metabolismo mais ativo durante a primavera e verão, não é necessário regar a planta durante os meses mais frios do inverno. Neste período, a adubação também pode ser suspensa. Qualquer formulação mineral, do tipo NPK, própria para o cultivo de cactos e suculentas, pode ser fornecida ao Gymnocalycium mihanovichii, durante sua fase de crescimento.
Nas condições domésticas de cultivo, o cacto amarelo raramente floresce. A forma tipo, verde, produz pequenas flores rosadas, em forma de margaridas. No entanto, é o aspecto vegetativo desta espécie que faz mais sucesso como planta ornamental. Caso o cultivador deseje estimular a floração do Gymnocalycium mihanovichii, basta fornecer um adubo mais rico em fósforo, a letra P do NPK. Além disso, é preciso que a cactácea seja exposta a uma luminosidade mais intensa, preferencialmente em áreas externas.
Por ser uma espécie de pequeno porte, e por apresentar diversas opções de cores, raramente encontradas em outras cactáceas, o Gymnocalycium mihanovichii faz a alegria dos colecionadores, que estão sempre em busca de novas variedades, com colorações diferenciadas. Ainda que o cacto amarelo seja o mais fácil de ser encontrado, é possível adquirir belíssimos mini cactos vermelhos, alaranjados ou rosados. Ainda que não sejam as plantas de mais fácil cultivo, é impossível resistir à tentação de colecionar estas miniaturas multicoloridas.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil