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Orquídea Cattleya schilleriana


Orquídea Cattleya schilleriana
Cattleya schilleriana |

As numerosas espécies do gênero botânico Cattleya costumam surpreender seus apreciadores graças à incrível diversidade de tamanhos, formas, perfumes e cores que suas flores são capazes de exibir. Mesmo dentro de uma mesma espécie, existe uma quase infinita variedade de padrões cromáticos, cuja nomenclatura é sempre uma questão controversa entre os especialistas. A estrela do artigo de hoje, Cattleya schilleriana, é um clássico exemplo desta variabilidade, retratada por seu exótico e proeminente labelo, de um colorido vibrante, que contrasta com as pétalas e sépalas pintalgadas, em tons mais sóbrios.

Ao contrário de suas parentes icônicas, Cattleya labiata e Cattleya walkeriana, cujas flores apresentam uma textura delicada, que nos remete à aparência de um papel de seda, a Cattleya schilleriana é conhecida pelo aspecto mais firme e brilhante de suas pétalas e sépalas. Sua flores cerosas e de longa duração exibem um pronunciado perfume, que é característico da espécie.


Estas peculiaridades da anatomia floral levaram os pesquisadores a acreditarem, em um primeiro momento, tratar-se de um híbrido primário, que seria resultante do cruzamento natural entre as espécies Cattleya aclandiae e Cattleya tigrina, uma vez que ambas apresentam flores pintalgadas. Posteriormente, no entanto, a Cattleya schilleriana ganhou seu status de espécie pura.

Seu registro ocorreu ainda no século XIX, após sua primeira floração fora do habitat natural. Em 1857, um exemplar que havia sido levado do Brasil à Europa produziu as flores inéditas, nas estufas do cônsul Gustav Wilhelm Schiller, que serviu de inspiração para o registro do nome da espécie, Cattleya schilleriana.

Ainda que possa ser vista como uma curiosidade história, esta prática de coletar plantas em seu habitat de origem acabou resultando na extinção da Cattleya schilleriana. Esta espécie de orquídea era endêmica do Espírito Santo. Isto significa que ela não é encontrada naturalmente em nenhum outro lugar do mundo. Sua ocorrência estava concentrada nas redondezas da Bacia do Rio Jucu. Ironicamente, graças às suas características ornamentais, a espécie encontra-se amplamente difundida em outros estados do Brasil. Sua presença também é obrigatória em coleções mundo afora. No entanto, infelizmente, exemplares nativos, em seu habitat original, já não existem mais.


A Cattleya schilleriana é uma orquídea bifoliada, assim como a Cattleya bicolor e Cattleya forbesii, entre tantas outras. Trata-se de uma espécie de porte compacto, com pseudobulbos mais curtos e delgados. Em função desta característica, as florações destacam-se ainda mais, tornando-se comparativamente grandes em relação ao aspecto vegetativo da planta. Cada inflorescência, que costuma ter entre uma e cinco flores, surge a partir do ápice dos pseudobulbos, originando-se do ponto de junção entre as duas folhas.

Esta é uma espécie que não possui uma estação fixa para florescer. Já li relatos de flores surgindo na primavera, verão, outono e inverno. Também não é incomum que a Cattleya schilleriana floresça duas vezes em um mesmo ano. Para que isso aconteça, dois fatores são essenciais.

Em primeiro lugar, como toda orquídea do gênero Cattleya, esta espécie necessita de bastante luminosidade, tanto para se desenvolver como para florescer. No entanto, o sol direto deve ser evitado, principalmente nas horas mais quentes do dia. O ideal é que a Cattleya schilleriana seja cultivada sob uma tela de sombreamento, capaz de reter 50% da radiação solar incidente. Um pouco de sol pleno no início da manhã ou final da tarde pode ser benéfico, principalmente para ajudar a estimular o surgimento de flores.


Outra questão bastante importante, para a floração da Cattleya schilleriana, é a adubação. Ela pode ser orgânica ou inorgânica, mas precisa fornecer macro e micronutrientes em proporções equilibradas, adequadas a cada fase de desenvolvimento da orquídea. Durante a etapa de crescimento, costuma-se aplicar um fertilizante mais rico em nitrogênio. Já para a floração, o elemento mais importante é o fósforo. Existem formulações próprias para cada fase da vida de uma orquídea, à venda em lojas de jardinagem. Aqui no apartamento, costumo alternar adubos de manutenção e floração, semanalmente, utilizando metade da dose recomendada pelo fabricante. 

Este esquema de adubação é particularmente apropriado para a Cattleya schilleriana, uma vez que sua época de floração pode variar, de acordo com as condições climáticas de cada local de cultivo. É sempre importante estar atento aos excessos quanto à fertilização das orquídeas, que pode prejudicar o desenvolvimento das raízes. Particularmente, a adubação inorgânica, do tipo NPK, pode acumular-se no substrato, elevando os níveis de salinidade no material, o que leva à desidratação das raízes.

As regas devem ser moderadas, ocorrendo somente quando o substrato estiver completamente seco. Como sempre acontece com as orquídeas, o excesso de umidade pode causar grandes prejuízos à planta. A frequência das irrigações vai depender do material no qual a Cattleya schilleriana está plantada. Por ser uma espécie epífita, idealmente as raízes deveriam ficar livres, apenas apoiada nos troncos das árvores. No cultivo doméstico, pedaços de madeira, cachepots de ripas ou cascas de árvores costumam ser utilizados como substrato. Nestes casos, as regas podem ser mais frequentes, já que as raízes têm a oportunidade de secar mais rapidamente.


Para quem prefere a praticidade dos vasos, a escolha do material vai depender do nível de umidade no local de cultivo. Por serem mais porosos e possuírem furos nas laterais, os vasos de barro costumam ter a preferência dos cultivadores. No entanto, para quem cultiva orquídeas em apartamento, o peso do material é um fator negativo. O vaso de plástico é mais leve e prático, mas apresenta a desvantagem de manter a umidade no substrato por um período mais prolongado. Neste caso, as regas devem ser mais espaçadas.

A Cattleya schilleriana não é considerada uma orquídea de fácil cultivo. Para quem mantém suas plantas dentro de casas e apartamentos, o desafio é ainda maior. O importante é que o local escolhido esteja exposto a abundantes níveis de luminosidade, sem sol direto. Outro desafio, para quem cultiva em interiores, é quanto à umidade relativa do ar, que costuma ser mais baixa, neste tipo de ambiente. As orquídeas necessitam de níveis superiores a 60%, para que possam se desenvolver a contento. Bandejas umidificadoras, contendo pedrisco ou areia e uma lâmina de água no fundo, ajudam neste quesito.

Devido à sua raridade, pode ser intimidante cultivar esta espécie de orquídea. No entanto, as eventuais dificuldades podem ser recompensadas por florações únicas, de um colorido e perfume incríveis. Também existem aquelas nobres almas que se dedicam ao cultivo desta espécie para reintroduzi-la em seu habitat de origem.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil