| Monstera adansonii | |
Aqueles pouco familiarizados com as tendências acerca das plantas de interior
podem se questionar por quais razões alguém compraria um vegetal defeituoso,
com as folhas todas furadas, possivelmente comidas por alguma praga. O fato é
que a Monstera adansonii é a queridinha dos millennials, a
estrela das urban jungles. Esta é uma planta bastante popular nos
perfis do Instagram dedicados às houseplants, aquelas integrantes
ornamentais do universo botânico que são mais apropriadas para o cultivo
dentro de casas e apartamentos.
A Monstera adansonii é prima de outra planta bastante conhecida dos
brasileiros, a costela de Adão, cujo nome científico é
Monstera deliciosa, mais comumente encontrada em interiores, jardins
sombreados, árvores e, até mesmo, nos canteiros das calçadas. Ambas
pertencem à grande família botânica Araceae, da qual fazem parte
célebres plantas ornamentais que apreciam ambientes de sombra, tais como a
jiboia,
Epipremnum aureum,
lírio da paz,
Spathiphyllum wallisii, e
alocásias, dentre muitas outras.
Na língua inglesa, os nomes populares da Monstera adansonii são bem
variados. Ela costuma ser chamada de swiss cheese plant, planta queijo
suíço, graças aos buracos em suas folhas. Estas perfurações são tecnicamente
denominadas fenestras. Também por este motivo, no exterior, existe a alcunha
five holes plant, planta dos cinco furos, ainda que possam haver bem
mais perfurações. Por fim, há também quem chame esta planta de
Adanson's Monstera, Monstera de Adanson.
A espécie Monstera adansonii é originária da América tropical, podendo
ser encontrada nativamente em vários países das Américas Central e do Sul. Sua
ocorrência natural tem sido reportada em diversas ilhas do Caribe. No entanto,
seu cultivo como planta ornamental é mais difundido em países do hemisfério
norte. No Brasil, é mais comum encontrarmos a Monstera deliciosa, tanto
em áreas internas como externas. Ao contrário da sua prima de folhas
esburacadas, a costela de Adão apresenta sulcos profundos nas laterais destas
estruturas, que vão ficando mais evidentes à medida que a planta amadurece.
Um outro diferencial é que a Monstera adansonii permanece com suas
folhas em dimensões mais compactas, ao longo de toda a vida. Evidentemente,
quanto mais madura for a planta, maiores e mais perfuradas serão suas folhas.
Já a Monstera deliciosa costuma ficar bem maior, com folhas que atingem
proporções gigantescas. Ambas as espécies apresentam um hábito de trepadeira,
lançando raízes aéreas que vão se aderindo a qualquer suporte que lhes seja
oferecido. Neste sentido, as duas plantas podem atingir tamanhos
consideráveis, desde que tenham um apoio para escalar.
A Monstera adansonii está habituada à vida sob a sombra proporcionada
pelas copas das árvores que formam as densas e úmidas florestas tropicais. Por
esta razão, esta espécie não pode ser exposta ao sol direto, principalmente
nas horas mais quentes do dia. Ainda assim, a planta pode tolerar algumas
horas de sol pleno no início da manhã ou no final da tarde. O ideal é que ela
receba bastante luminosidade, mas de forma difusa, indireta.
O principal desafio, para quem cultiva plantas dentro de casas e apartamentos,
é oferecer os níveis corretos de umidade relativa do ar, uma vez que estes
ambientes costumam ser bastante secos, principalmente quando sofrem a
influência de aparelhos de ar condicionado. Umidificadores de ar e bandejas
umidificadoras, contendo uma camada de pedrisco, areia ou argila expandida, e
uma lâmina de água no fundo, ajudam a proporcionar níveis mais saudáveis de
umidade às plantas de interior. Além deste fator, a
Monstera adansonii aprecia as temperaturas amenas e constantes ao longo
de todo o ano, não se dando muito bem como o frio excessivo.
As regas da Monstera adansonii devem ocorrer de forma moderada. O
substrato não pode ficar demasiadamente seco ou encharcado. O ideal é fazer
uma verificação diária, colocando o dedo sobre o solo e afundando levemente.
Se o material estiver úmido, devemos postergar a rega para um outro dia. É
sempre bom lembrar que a predileção desta planta por ambientes úmidos não pode
ser resolvida por uma maior frequência de irrigações. O excesso de água em
torno das raízes pode causar seu apodrecimento e a consequente desidratação da
planta.
Já as folhas da Monstera adansonii beneficiam-se de pulverizações de
água, de tempos em tempos. Este procedimento ajuda a retirar impurezas
depositadas sobre a superfície destas estruturas, ao mesmo tempo em que
fornece um aumento nos níveis de umidade do ambiente, ainda que de forma
apenas momentânea.
Devido à sua origem tropical, esta é uma planta que aprecia um solo fértil,
rico em matéria orgânica. No entanto, ao mesmo tempo, trata-se de uma espécie
de hábito epífito, acostumada à vida sobre os troncos das árvores. Sendo
assim, o ideal é preparar um substrato que contenha materiais próprios para o
cultivo de plantas epífitas, como orquídeas, geralmente composto por casca de
pinus, carvão vegetal e fibra de coco, acrescido de um composto orgânico, que
pode ser húmus de minhoca ou esterco curtido. Por fim, pode-se adicionar um
pouco de terra vegetal, vendida pronta para o uso. Estes três componentes,
misturados em proporções equilibradas, produzem um substrato apropriado para o
cultivo da Monstera adansonii.
Para que a planta cresça e produza folhas cada vez maiores, com uma boa
quantidade de fenestras, é importante que lhe seja fornecido um suporte para
escalar, da mesma forma que se costuma fazer no cultivo da jiboia. Caso a
Monstera adansonii seja cultivada em vasos suspensos, com os caules
pendentes, existe a tendência de que suas folhas permaneçam em um tamanho mais
compacto.
Uma vez que produz inflorescências discretas, de pouco valor ornamental, a
Monstera adansonii não necessita de uma adubação específica para esta
finalidade. Qualquer formulação de manutenção, do tipo NPK, com níveis
equilibrados destes três macronutrientes, acrescidos de micronutrientes, será
mais do que suficiente para garantir um bom desenvolvimento da planta. É
sempre importante lembrar que o excesso de adubo, principalmente o inorgânico,
pode causar problemas, seja devido ao acúmulo de sais minerais no substrato,
seja em razão do excesso de nitrogênio, que causa um crescimento acelerado dos
tecidos vegetais, tornando-os mais fragilizados.
A multiplicação da Monstera adansonii se dá pelo plantio de estacas
removidas da planta principal. Este procedimento pode ser feito a partir de
segmentos obtidos das podas de manutenção. Basta colocar os caules, com
algumas gemas e folhas, em um recipiente com água, para que enraízem. Há quem
os plante diretamente na terra, sem maiores problemas.
Apenas é importante salientar que, como acontece com todas as aráceas, a
Monstera adansonii produz cristais de oxalato de cálcio em todos os
seus tecidos vegetais, folhas, caules e raízes. Sendo assim, a ingestão
acidental destas estruturas pode causar problemas de saúde a crianças e
animais de estimação.
Eu, pessoalmente, tenho dificuldade para encontrar esta planta nas lojas de
jardinagem e garden centers que costumo frequentar, o que é uma pena.
Mais do que uma planta da moda, a Monstera adansonii é uma opção
resistente, de crescimento rápido e fácil cultivo, ideal para aqueles
dispostos a trazer um pouco da energia tropical para dentro de casas e
apartamentos.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil