| Peperomia prostata | |
Dentre as peperômias que estamos acostumados a ver, esta espécie talvez não
seja a mais conhecida do público brasileiro. Trata-se de uma planta que faz
bastante sucesso no exterior, onde é conhecida como string of turtles,
colar de tartarugas. Seu nome científico é Peperomia prostata. De fato,
esta folhagem delicada vai emitindo diversas ramificações que se espalham de
forma prostrada, ao redor do vaso, como uma típica peperômia pendente. Suas
pequenas folhas circulares, com marcações que lembram o casco de uma
tartaruga, apresentam uma consistência suculenta, mais firme ao toque.
Apesar do apelido, a Peperomia prostata não é
uma planta suculenta típica, como os famosos colares de
pérolas,
Senecio rowleyanus, golfinhos,
Senecio peregrinus, ou
rubi,
Othonna capensis, todos já mostrados em artigos anteriores, aqui no blog. A planta colar de
tartarugas pertence à família botânica Piperaceae, a mesma da pimenta.
Sendo assim, ela também é parente da clássica peperômia pendente, popularmente
conhecida como
peperômia filodendro, cujo nome científico é
Peperomia scandens.
O colar de tartarugas vem ganhando espaço no contexto das
urban jungles, florestas urbanas, bastante populares entre os
millennials. Este público redescobriu as peperômias, colocando em
evidência espécies como a
Peperomia caperata
e
Peperomia argyreia, mais conhecida como
peperômia melancia. A Peperomia prostata é a que apresenta as folhas menores e de
textura mais consistente.
Assim como acontece com outros colares e plantas suculentas, de maneira geral,
a planta colar de tartarugas precisa ser manuseada com bastante cuidado, já
que é comum suas folhas caírem ao menor esbarrão. Não se trata, no entanto, de
uma grande tragédia, já que estas folhas podem ser aproveitadas na propagação
da Peperomia prostata. Assim como acontece com todas as peperômias, é
bastante fácil obter novas mudas através do plantio das folhas destacadas da
planta mãe. O mesmo vale para cortes do caule, desde que tenham uma gema ou
nó. Estas estacas podem ser facilmente enraizadas se colocadas em um
recipiente com água.
As florações da Peperomia prostata possuem a clássica aparência de rabo
de rato, em forma de espiga, comum a todas as peperômias. No caso do colar de
tartarugas, as inflorescências são menores e mais delgadas, compostas por
minúsculas flores na coloração branca. Uma touceira bem formada pode produzir
diversas florações de forma simultânea. Ainda que não exista uma estação
típica para que elas surjam, os meses mais quentes do ano, na primavera e
verão, costumam ser mais repletos de flores.
Muitos cultivadores, com o intuito de favorecer o crescimento vegetativo da
Peperomia prostata, optam por cortar as inflorescências, tão logo
surjam. Desta forma, a energia da planta será direcionada à produção de novas
brotações, de modo a produzir uma folhagem mais densa e compacta. Há, no
entanto, quem aprecie os diversos rabinhos de rato emergindo sobre o tapete de
cascos de tartaruga.
O porte miniaturizado da Peperomia prostata faz com que esta seja uma
planta bastante utilizada na composição de terrários. Devido à sua origem
tropical, o colar de tartarugas aprecia elevados níveis de umidade relativa do
ar. Este é um gênero típico do continente americano, que aprecia as condições
amenas e sombreadas das florestas úmidas. Por esta razão, trata-se de uma
planta ideal para o cultivo dentro de casas e apartamentos, em ambientes com
luminosidade difusa e indireta, desde que os níveis corretos de umidade sejam
fornecidos, idealmente em valores acima de 60%.
O colar de tartarugas não aprecia climas muito frios, secos, ou ambientes
expostos à luz solar direta. Além disso, devido à natureza suculenta de suas
folhas, as regas devem ser realizadas com cuidado. É preciso aguardar até que
o solo esteja bem seco, para somente então fazer uma nova irrigação. Basta
fazer a aferição com a ponta do dedo. Se o substrato ainda estiver úmido, não
é preciso regar. O peso do vaso, principalmente quando o material é plástico,
ajuda a avaliar o nível de encharcamento do solo. Quanto mais pesado estiver o
vaso, mais água haverá em seu interior.
Para evitar um acúmulo de umidade em torno das raízes do colar de tartarugas,
é imprescindível que o vaso, seja ele de plástico ou barro, tenha furos no
fundo e um sistema de drenagem, composto por uma camada de pedrisco, brita ou
argila expandida. Também é importante evitar a colocação de um pratinho sob o
vaso, procedimento que pode acumular a água das regas, prejudicando a planta e
favorecendo a proliferação do mosquito da dengue. No entanto, uma bandeja
umidificadora, composta por uma camada de areia ou pedrisco sobre uma lâmina
de água, que não entra em contato direto com o fundo do vaso, auxilia no
aumento da umidade relativa do ar, favorecendo o desenvolvimento da planta.
A Peperomia prostata aprecia um solo rico em matéria orgânica, similar
àquele encontrado nas florestas tropicais. No entanto, é importante que o
material não fique muito compactado. É essencial que haja uma boa aeração para
o desenvolvimento correto do sistema radicular, que não costuma ser muito
volumoso. Além disso, a composição do substrato deve favorecer uma rápida
drenagem, de modo a se evitar o excesso de umidade. A terra vegetal, que
costuma ser vendida pronta para o uso na jardinagem amadora, é suficiente para
o cultivo do colar de tartarugas. Alguns cultivadores adicionam uma parte de
composto orgânico, que pode ser húmus de minhoca ou esterco curtido,
enriquecendo o solo.
Caso o intuito seja priorizar o desenvolvimento vegetativo, uma adubação
equilibrada, do tipo NPK, pode ser fornecida, visando complementar os
nutrientes fornecidos pela matéria orgânica. No entanto, se as florações forem
desejáveis, pode-se aplicar uma adubação mais rica em fósforo, própria para
estimular o surgimento das flores.
Ainda que algumas fontes na literatura afirmem se tratar de uma espécie
originária do Brasil, eu confesso que tenho uma grande dificuldade para
encontrar a Peperomia prostata nos lugares que costumo frequentar,
lojas de jardinagem e garden centers. O colar de tartarugas, no
entanto, é bastante comercializado nos países do hemisfério norte, sendo comum
encontrarmos lojas online que oferecem exemplares em touceiras nos mais
diversos tamanhos.
Mesmo não sendo uma planta suculenta típica, o colar de tartarugas encanta
pela sua aparência minimalista e delicada, cabendo nos espaços mais exíguos.
Além disso, por não ser muito exigente quanto à luminosidade, torna-se uma
candidata ideal para o cultivo em interiores, em qualquer local próximo a uma
janela que receba luminosidade indireta. É impossível não se apaixonar por
esta coleção de miniaturas de tartarugas em forma de planta.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil