| Cleistocactus winteri | |
Os nomes populares das plantas, particularmente dos cactos e suculentas,
costumam ser bastante confusos e, frequentemente, sobreposições ocorrem. É o
caso do cacto rabo de gato, cujo nome científico é
Cleistocactus winteri. Este último é bastante importante para termos
certeza quanto à identidade da planta em questão. Outras espécies de cactos
podem ser popularmente chamadas de rabo de gato. Há, ainda, a possibilidade de
que os animais se misturem, sendo que muitas pessoas se confundem quanto aos
diversos rabos existentes no mercado, de gato, rato ou macaco.
Como bem sabemos, as cactáceas podem apresentar diferentes
características anatômicas. Existem aquelas que são colunares, como o famoso
cacto azul,
Pilosocereus pachycladus, outras que são globulares, como o icônico cacto
coroa de frade,
Melocactus zehntneri, e ainda as representantes da família que possuem o porte colunar, mas que
se tornam pendentes ao longo de seu desenvolvimento, como o cacto
rabo de macaco,
Hildewintera colademononis, já apresentado recentemente, aqui no blog.
O cacto rabo de gato faz parte desta última categoria, de cactos pendentes.
Ainda que este seja o apelido mais comumente adotado, aqui no Brasil, a
espécie botânica Cleistocactus winteri costuma ser chamada por outro
nome, em países de língua inglesa. No hemisfério norte, principalmente, é mais
frequente que o cacto rabo de gato seja conhecido como
golden rat tail cactus, algo como cacto rabo de rato dourado. Observem
que o animal muda, de um país para o outro, mas o rabo continua o mesmo.
Em terras tupiniquins, a espécie mais conhecida como
cacto rabo de rato
é o Disocactus flagelliformis, apenas como referência. Como já era de se esperar, também se trata de um
cacto pendente, mas que apresenta os caules bem mais finos.
De modo geral, os diferentes gêneros e espécies da família botânica
Cactaceae ocorrem exclusivamente no continente americano. O cacto rabo
de gato, Cleistocactus winteri, é originário da Bolívia. Seus caules,
quando jovens, são colunares, tornando-se pendentes à medida que se elongam.
Estas estruturas são cobertas por delicados espinhos amarelos, pouco
agressivos, que conferem um aspecto dourado ao cacto. Quando bem cultivada,
esta planta pode atingir até um metro de comprimento.
As flores do cacto rabo de gato são surpreendentes. Como se não bastasse o
aspecto exótico dos longos caules, em forma de caudas douradas e felpudas, a
espécie Cleistocactus winteri ainda produz delicadas flores na
coloração salmon, que se abrem como pequenas trombetas. Quando vistas de cima,
lembram mini margaridas alaranjadas. Estas estruturas costumam surgir ao longo
de todo o caule, em plantas adultas, preferencialmente durante os meses mais
quentes do ano, na primavera e verão.
Ao contrário das florações de outros cactos pendentes, conhecidas por durarem
apenas uma noite, aquelas produzidas pelo cacto rabo de gato podem ser
apreciadas por vários dias, sendo que os botões florais vão desabrochando de
forma sequencial. Para que as flores durem mais, e fiquem bonitas por mais
tempo, convém evitar molhá-las, durante as regas. O excesso de umidade pode
favorecer a proliferação de fungos que comprometem a aparência das florações.
Ainda assim, esta é apenas uma questão estética.
Já o excesso de água nas raízes do cacto rabo de gato pode levar ao rápido
apodrecimento destas estruturas, fenômeno que frequentemente se alastra por
todo o caule, destruindo a planta. Quando isso acontece, a única solução é
cortar a parte superior, antes que seja atingida pela doença, e plantá-la
separadamente. Esta também é uma forma de se propagar o cacto rabo de gato. No
entanto, é extremamente importante que a parte seccionada não seja plantada
imediatamente. É necessário aguardar alguns dias, em um local bem seco e
arejado, até que o ferimento esteja bem cicatrizado. Só então a estaca pode
ser plantada em um outro vaso, com substrato novo. No início, é importante
regar com parcimônia, até que as raízes se desenvolvam.
Também é bom lembrar que, tanto no caso de um corte para salvar a planta da
podridão, como no caso de se pretender multiplicar a planta, a base
remanescente, enraizada no vaso, ficará com uma cicatriz bem desagradável, do
ponto de vista estético.
Para evitar acidentes com o excesso de regas, o ideal é plantar o cacto rabo
de gato em um solo arenoso, bem drenável e pobre em nutrientes, que mimetize
aquele encontrado em seu habitat de origem. O substrato em questão pode ser
comprado pronto, geralmente vendido como solo próprio para o cultivo de cactos
e suculentas, ou preparado em casa, através da mistura de terra vegetal e
areia grossa. É importante evitar o uso da areia de praia, que contém elevados
níveis de salinidade, prejudiciais ao desenvolvimento das raízes.
Assim como acontece com outras cactáceas de aparência semelhante, o rabo de
gato cresce de forma relativamente rápida. Isso vale também para as raízes,
que precisam de bastante espaço para um bom desenvolvimento. De tempos em
tempos, é aconselhável realizar replantes, para renovar o solo e dar mais
espaço para o crescimento do sistema radicular.
Ao contrário do que costumamos imaginar, nem todos os cactos adoram passar o
dia torrando sob o sol pleno e inclemente do deserto. Existem muitas espécies
de cactos de sombra, de hábito epífito, que estão acostumadas à vida em
florestas, expostos somente à luz filtrada proporcionada pelas copas das
árvores. É o caso do
cacto sianinha,
Selenicereus anthonyanus, entre muitos outros.
Embora este não seja o caso do cacto rabo de gato, a espécie
Cleistocactus winteri também não se dá bem com o sol direto,
principalmente durante as horas mais quentes do dia, no verão. Em regiões de
clima muito quente, convém proteger a planta da incidência dos raios solares
com uma tela de sombreamento. Alternativamente, este cacto pode ser cultivado
em um local com bastante luminosidade indireta, recebendo o sol pleno apenas
no início da manhã ou no final da tarde.
Por esta razão, é mais fácil cultivar o cacto rabo de gato dentro de casas e
apartamentos, já que sua exigência quanto à luminosidade é menor, quando
comparada à requerida por outras cactáceas. O mesmo ocorre com o cacto rabo de
macaco, que tolera ambientes de meia sombra. Ainda assim, quanto mais
luminosidade indireta puder ser fornecida a estas plantas, melhor será seu
desenvolvimento. A luz também é fundamental para que estes cactos floresçam a
contento.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil