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Orquídea Corrente Dourada - Dendrochilum filiforme


Orquídea Dendrochilum filiforme
Dendrochilum filiforme |

Esta é uma daquelas orquídeas cujo nome popular é bastante condizente em relação à aparência de suas florações. Sem dúvida, é uma das minhas preferidas. As hastes florais do Dendrochilum filiforme, conhecido como orquídea corrente dourada, são constituídas por longas e delicadas inflorescências, formadas por minúsculas flores amarelas dispostas aos pares, em torno de um eixo central. O resultado final é uma belíssima joia, que nos remete às mais exclusivas ourivesarias.

Apesar de sempre ter admirado e cobiçado esta orquídea, duvidava fortemente que ela fosse capaz de sobreviver às condições inóspitas da varanda aqui do apartamento. Com efeito, suas finas e alongadas folhas, localizadas nos ápices de pequenos e roliços pseudobulbos, são bastante frágeis. Elas apresentam a tendência de sofrerem com queimaduras em suas extremidades, que se ressecam e escurecem com facilidade, devido aos baixos níveis de umidade relativa do ar. O excesso de fertilizantes inorgânicos no substrato também causa este fenômeno indesejado.


Ainda assim, a orquídea corrente dourada é bastante resistente, crescendo e multiplicando-se com rapidez. O Dendrochilum filiforme vai produzindo novos pseudobulbos, em várias frentes, formando uma densa touceira que se propaga radialmente no vaso. Quando bem cultivada, a orquídea produz várias hastes florais simultaneamente, proporcionando um espetáculo de rara beleza.

A orquídea corrente dourada é asiática, nativa das Filipinas. Em países de língua inglesa, o Dendrochilum filiforme é conhecido pelo mesmo apelido, the golden chain orchid. O gênero foi descrito pelo botânico alemão Carl Ludwig Blume, em 1825. Trata-se de uma orquídea de hábito epífito, que se desenvolve com as raízes aderidas aos troncos das árvores. Suas folhas são protegidas da incidência direta da luz solar graças à sombra proporcionada pelas copas das árvores que compõem as úmidas florestas tropicais filipinas.

Ainda que suas flores, individualmente, tenham o porte compatível com a definição informal de uma micro orquídea, o Dendrochilum filiforme não costuma ser tratado como tal, já que sua parte vegetativa é avantajada. Uma curiosidade, em relação às suas longas hastes florais, é que esta arquitetura lembra a estrutura tridimensional da molécula de DNA, composta por duas fitas paralelas, que formam uma dupla hélice.

As delicadas correntes douradas desta orquídea começam a ser formadas quando as temperaturas entram em elevação, durante os meses da primavera e verão.

Orquídea Dendrochilum filiforme
Dendrochilum filiforme

É preciso estar muito atento para flagrar o início deste processo. A haste floral da orquídea corrente dourada começa a se formar disfarçadamente, no interior de uma folha incipiente, ainda toda enrolada. As duas estruturas desenvolvem-se concomitantemente.


Com o passar do tempo, a haste começa a se tornar mais proeminente. Olhando com bastante atenção, podemos diferenciar a haste propriamente dita, mais próxima à base, e a região que vai, de fato, produzir a inflorescência, que é mais áspera e espessa, localizada na parte apical da estrutura.

Orquídea Dendrochilum filiforme
Dendrochilum filiforme

Para quem tem paciência e apreço aos detalhes, é uma experiência única acompanhar o desenvolvimento desta estrutura de incrível complexidade, ainda que de aparência tão minimalista. Aqui no apartamento, a primeira floração desta orquídea corrente dourada ocorreu de forma solitária. Sendo assim, pude acompanhar e fotografar cada passo com mais atenção.

Orquídea Dendrochilum filiforme
Dendrochilum filiforme

As flores vão desabrochando da base em direção à extremidade da haste. Sendo assim, infelizmente, quando as últimas flores estão se abrindo, as mais antigas já começam a fenecer. Ainda assim, as hastes florais do Dendrochilum filiforme permanecem bonitas e vistosas por algumas semanas. Além de belíssimas, estas inflorescências douradas são conhecidas por exalarem um agradável perfume, que se torna ainda mais pronunciado quando múltiplas hastes são produzidas simultaneamente.

Orquídea Dendrochilum filiforme
Dendrochilum filiforme

O cultivo da orquídea corrente dourada não é muito complicado. No entanto, é preciso que as condições climáticas sejam próximas àquelas encontradas em seu habitat de origem. Por ser uma espécie tropical, o Dendrochilum filiforme não aprecia temperaturas muito baixas. Além disso, esta orquídea se ressente de ambientes muito secos. Para que suas folhas se desenvolvam de forma saudável, é importante que o ambiente de cultivo apresente elevados níveis de umidade relativa do ar, em valores superiores a 60%. Por fim, como a orquídea corrente dourada é nativa de florestas localizadas em regiões de altitudes elevadas, pode ser mais desafiador cultivá-la em cidades litorâneas, ao nível do mar.


Uma forma de suprir a demanda por umidade do Dendrochilum filiforme é cultivá-lo em vasos de plástico preenchidos com musgo sphagnum. Ambos os materiais são notórios por sua capacidade de retenção de água. Além disso, caso o ambiente seja muito seco, ou exposto a correntes de vento, convém apoiar o vaso sobre uma bandeja umidificadora, que pode ser construída com uma camada de areia, brita ou argila expandida, por cima de uma lâmina de água ao fundo.

Quando a orquídea corrente dourada sente falta de água, os primeiros sinais são o ressecamento das pontas das folhas, seu amarelamento e, em casos extremos, a perda completa destas estruturas, restando apenas os pseudobulbos enrugados. Um espetáculo triste de se ver.

Ainda assim, é sempre recomendável realizar as regas de forma moderada. O musgo sphagnum precisa estar relativamente seco, não encarquilhado, antes de uma nova irrigação ser efetuada. O excesso de água causará os mesmos efeitos de desidratação acima relatados, uma vez que as raízes da orquídea corrente dourada serão danificadas pelo ataque de fungos e bactérias.


Da mesma forma, a adubação do Dendrochilum filiforme deve ser feita com cautela. Alguns adubos orgânicos podem causar queimaduras nas raízes, devendo ser aplicados apenas na borda do vaso. Já os adubos inorgânicos, do tipo NPK, podem se acumular no substrato, ocasionando uma elevada concentração de sais minerais, que irão, igualmente, causar danos às raízes. O ideal é utilizar metade da dose recomendada pelo fabricante, semanalmente, fazendo regas mais intensas entre uma aplicação e outra, para eliminar o excesso de fertilizante.

A luminosidade ideal para o cultivo da orquídea corrente dourada é aquela filtrada, sem sol direto. Uma tela de sombreamento capaz de reter 50% da radiação solar é a ideal para um bom desenvolvimento desta planta. Dentro de casas e apartamentos, é importante posicioná-la em um local bem próximo a uma janela bem iluminada, preferencialmente face norte. É importante evitar que o ambiente fique muito abafado, o que pode favorecer o desenvolvimento de pragas, principalmente cochonilhas e pulgões. 

Ainda que pareça uma joia frágil, a orquídea corrente dourada é bastante resistente e desenvolve-se com vigor, uma vez que as condições adequadas lhe sejam fornecidas. Trata-se de uma das minhas orquídeas favoritas, desde sempre. Vale a pena ter uma para abrilhantar a coleção.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil