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Cacto Candelabro - Euphorbia ingens


Euphorbia ingens
Euphorbia ingens |

Esta é uma planta que aparece com frequência nas capas das revistas de decoração, ornamentando os mais sofisticados ambientes. Também é figurinha carimbada nos perfis do Instagram dedicados às houseplants, as plantas de interior, que são a febre do momento. O cacto candelabro possui aquela aparência clássica das plantas desérticas retratadas nos desenhos animados, muito embora não pertença, de fato, à família Cactaceae. Seu nome científico é Euphorbia ingens, o que evidencia sua inserção junto às euforbiáceas.

No entanto, seu nome popular é justificado pela aparência muito similar à das cactáceas. O sucesso do cacto candelabro na decoração de interiores baseia-se no menor requerimento das eufórbias por luminosidade. Ainda que esta planta necessite de bastante luz para seu desenvolvimento, esta pode ser difusa, indireta, situação comumente encontrada dentro de casas e apartamentos. Já os cactos verdadeiros, de maneira geral, precisam de sol pleno durante várias horas por dia, para que cresçam belos e saudáveis.


Neste contexto, podemos considerar a Euphorbia ingens uma versão similar de cacto, uma planta suculenta mais apropriada para o cultivo em interiores, que desempenha bem a função de trazer um ar dramático, exótico e escultural para dentro de casa.

Outra grande vantagem apresentada pelo cacto candelabro é que, embora seja uma planta de destaque, com uma presença imponente, ocupa uma área relativamente pequena, na horizontal. Esta característica torna a Euphorbia ingens um importante ponto focal para os cantos de cômodos onde o espaço é limitado. Em inglês, costuma-se dizer que a planta possui uma small footprint, uma pegada pequena. O mesmo ocorre com os cactos colunares, de maneira geral, com a diferença de que estes requerem sol pleno para um bom desenvolvimento.

O apelido do cacto candelabro deve-se às suas múltiplas ramificações laterais, apontadas para cima, como braços. Ao contrário de sua parente, Euphorbia trigona, a espécie Euphorbia ingens não emite folhas muito vistosas a partir de seus caules. Olhando com atenção, podemos notar a presença de pequenas folhas rudimentares. Também não apresenta espinhos muito agressivos, o que torna a sua presença ainda mais adequada aos ambientes internos, onde há o convívio e circulação de pessoas.


Há, no entanto, que se tomar cuidado com a seiva liberada pelo cacto candelabro, quando qualquer segmento de seu caule é cortado. Esta é a principal característica que diferencia as euforbiáceas das cactáceas. Quando seccionadas, as primeiras exsudam um látex que é bastante irritante quando entra em contato com a pele ou mucosas. Trata-se de uma substância tóxica se ingerida acidentalmente por crianças ou animais de estimação. O mesmo ocorre com outras eufórbias famosas, como o aveloz, Euphorbia tirucalli e coroa de Cristo, Euphorbia milii.

Quando cultivado em vasos, dentro de casas e apartamentos, o cacto candelabro vai ficando cada vez mais alto, ainda que se mantenha em um tamanho administrável. Plantado diretamente no solo, em áreas externas, a Euphorbia ingens atinge dimensões gigantescas, tanto em altura como diâmetro. Em seu habitat de origem, ao sul do continente africano, exemplares maduros de cacto candelabro podem chegar aos 12 m de altura.

Por estar na moda, e devido ao tempo requerido para que a planta atinja uma altura considerável, o cacto candelabro não costuma ser encontrado por preços muito atrativos, no mercado. Quanto maior for o exemplar, mais elevado será seu preço. O vaso no qual ele está plantado também faz toda diferença no valor final. Na região nordeste do Brasil, é mais comum encontrarmos esta suculenta, que costuma ser utilizada como cerca viva, em áreas externas.


O cacto candelabro pode ser mantido em vasos de plástico ou barro, sem maiores problemas. É importante que o recipiente seja grande o bastante para acomodar as raízes da planta, sendo substituído à medida que ela cresce. Os vasos de cerâmica apresentam a vantagem de serem mais porosos, permitindo que o solo seque mais rapidamente. Como toda planta suculenta, o cacto candelabro não tolera o excesso de umidade em suas raízes. Por esta razão, o vaso precisa ter furos no fundo e um bom sistema de drenagem, que pode ser obtido com uma camada de pedrisco, brita ou argila expandida.

Por cima deste material, para evitar que o solo escape ou que as raízes entupam os furos, uma manta geotêxtil pode ser posicionada. O substrato é colocado por cima. É aconselhável que este seja bem aerado, mais arenoso e bem drenável. Misturas próprias para o cultivo de cactos e suculentas, já vendidas prontas para o uso, costumam dar bons resultados. Uma versão caseira pode ser obtida através da mistura de terra vegetal e areia grossa, em partes iguais. É importante evitar utilizar a areia da praia, que contém elevados níveis de salinidade, prejudiciais ao desenvolvimento das raízes.

O solo para o cultivo do cacto candelabro não precisa ser acrescido de matéria orgânica, visto que a planta está habituada à vida com poucos nutrientes. Uma adubação inorgânica, do tipo NPK, com níveis equilibrados destes três elementos, é suficiente para garantir um bom desenvolvimento da Euphorbia ingens. No cultivo doméstico, principalmente dentro de casas e apartamentos, é muito improvável que o cacto candelabro floresça e frutifique, razão pela qual a adubação mais rica em fósforo pode ser dispensada.

Podas de manutenção podem ser necessárias para que o cacto candelabro mantenha-se em uma altura compatível com a vida em ambientes internos. Durante este procedimento, é importante utilizar equipamentos de proteção, como luvas e óculos, para que acidentes com o látex tóxico não aconteçam. Os segmentos resultantes destas podas podem ser deixados por alguns dias em um local bem arejado, para que os cortes cicatrizem, e plantados em vasos separados, originando novas plantas. A multiplicação do cacto candelabro é bastante fácil de ser realizada, ainda que o crescimento das novas mudas seja relativamente lento.


Mesmo que não seja um cacto, a Euphorbia ingens precisa ser regada como tal, com bastante parcimônia. A água somente deve ser adicionada ao vaso quando o substrato estiver completamente seco, independentemente da periodicidade. É importante lembrar que, quanto maior o vaso, mais umidade ele será capaz de reter, o que implica em uma frequência mais reduzida de regas.

O importante é que o tamanho do vaso seja proporcional ao porte da planta, nem muito grande, nem muito apertado. Também é fundamental que ele tenha um peso capaz de suportar a altura do cacto candelabro, que tem a tendência natural de tombar, caso não esteja suficientemente ancorado.

Por fim, é fundamental que o vaso esteja localizado bem próximo a uma janela bastante ensolarada, preferencialmente face norte. Quanto mais luz puder ser fornecida ao cacto candelabro, melhor será seu desenvolvimento. Esta é uma planta que vai muito bem em varandas de apartamento ou coberturas. Para um efeito mais dramático, o ideal é que ele seja cultivado como uma planta única, apresentando um ponto focal no ambiente.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil