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Coleus - Solenostemon scutellarioides


Coleus - Solenostemon scutellarioides
| Solenostemon scutellarioides |

Houve uma época em que a coloridíssima planta, que popularmente conhecemos como coleus, era classificada cientificamente como Coleus blumei. Não satisfeitos, os taxonomistas decidiram complicar as coisas, determinando que este gênero não mais existe e, a partir de agora, a planta será chamada pelo quase impronunciável nome Solenostemon scutellarioides. Apenas para dificultar um pouco mais, há quem jure que o nome científico do coleus é Plectranthus scutellarioides. Para preservarmos nossa sanidade mental, e para que não enrolemos demasiadamente a língua, vamos tratar esta bela planta apenas como coleus, ao longo deste artigo.

Esta introdução repleta de nomes complicados serve apenas para sabermos de onde surgiu o termo coleus. A planta é exótica, originária de vários países do sudeste asiático. Por esta razão, há quem a chame de coleus de Java. Aqui no Brasil, o coleus também é conhecido como coração magoado, sabe-se lá por qual motivo. No exterior, os apelidos são ainda mais curiosos. Em países de língua inglesa, o coleus costuma ser chamado de poor man's croton, ou cróton de pobre. Também podemos encontrar o apelido painted nettle, urtiga pintada, sendo utilizado para designar o coleus.

Coleus - Solenostemon scutellarioides
Solenostemon scutellarioides

Aqui no Brasil, as opiniões se dividem quanto à pronúncia do nome desta colorida planta ornamental. Alguns pronunciam cóleus, outros coleus. Divergências à parte, o importante é que o coleus faz parte da família botânica Lamiaceae, popularmente conhecida como a família da hortelã. Fazem parte deste grupo de plantas diversos representantes com folhas aromáticas, tais como a menta, lavanda, manjericão, orégano e alecrim. O próprio coleus possui folhas e flores bastante perfumadas. Quando passamos a mão na superfície de sua grande, macia e aveludada folhagem, podemos perceber o exalar de um aroma cítrico, bastante pronunciado.


Isto acontece porque as folhas do coleus são ricas em óleos essenciais, bastante aromáticos. Ainda que sua seiva não seja considerada tóxica para humanos e animais de estimação, a planta não deve ser ingerida. Além disso, deve-se manuseá-la com cuidado. A razão por trás destas precauções é que as substâncias químicas voláteis responsáveis pelo cheiro do coleus também podem causar alergias em pessoas mais sensíveis, além de pequenas irritações na pele e mucosas. Já senti um pequeno ardor debaixo da unha, ao destacar uma folha de coleus.

O colorido exuberante das folhas do coleus são, evidentemente, seu grande atrativo. Em meio à grande miscelânea de padrões e combinações de cores disponíveis, pode nos passar despercebido o fato de que cada variedade corresponde a um nome, de forma análoga às raças de cães. No exterior, os catálogos trazem séries ou grupos de cultivares com padronagens específicas. Apenas para citar algumas, temos as coleções Rainbow, Wizard, Fairway e Kong, entre outras. Cada série possui diferentes variedades, tais como a Wizard Velvet Red, com folhas vermelhas, Wizard Jade, com folhas verdes mescladas com creme, e Wizard Sunset, com folhas alaranjadas. Uma variedade bastante ornamental e cobiçada pelos colecionadores é a Black Dragon, com folhas em um tom bem fechado de púrpura, quase negro.

Coleus - Solenostemon scutellarioides
Solenostemon scutellarioides

Aqui no Brasil, infelizmente, não é possível adquirir linhagens específicas de coleus. As plantas são oferecidas em combos sortidos, sem identificação. Há sementes à venda, mas também são misturas de coleus com diferentes colorações em suas folhagens, sendo impossível saber o que nascerá de um determinado pacote de sementes. Para quem gosta de colecionar coleus, o importante é garimpar plantas identificadas, produzidas por cultivadores especializados, ou adquirir sementes de fornecedores idôneos.

A planta coleus floresce com bastante facilidade, ao longo de todo o ano. Este fenômeno acontece, inclusive, dentro de casas e apartamentos, em locais com pouca luminosidade, sem sol direto. As inflorescências do coleus, no entanto, são bastante discretas, em forma de espigas terminais repletas de pequenas flores arroxeadas. Para quem quer produzir sementes de coleus, este é um evento bastante desejado. É frequente, inclusive, que ocorra a autopolinização espontânea das flores de coleus, de modo que novas plântulas costumam nascer no solo, próximo à base da planta mãe.


No entanto, para quem deseja apreciar a folhagem do coleus, que é muito mais ornamental do que as flores, o ideal é evitar que a planta floresça. Tão logo surjam os primeiros indícios de inflorescência, os cultivadores costumam podá-la, de modo a priorizar o desenvolvimento vegetativo do coleus. Caso a planta desenvolva a espiga floral, sua folhagem pode sofrer um processo de decadência, após o término da floração. Isto ocorre porque a planta entenderá que seu ciclo de vida já foi cumprido. Para evitar que isto aconteça, basta podar a haste floral, permitindo que a planta continue a emitir novas folhas.

A poda do coleus também é importante para evitarmos que a planta fique alta demais. Com o passar do tempo, principalmente em ambientes mais sombreados, o coleus tende a crescer excessivamente, ficando fino e comprido. Para promover um adensamento da folhagem, basta podar a porção apical da planta, apenas as duas folhinhas mais novas da ponta. A partir desta localidade, a planta irá produzir duas novas frentes de crescimento, bifurcando o caule.

Coleus - Solenostemon scutellarioides
Solenostemon scutellarioides

O coleus é uma planta bastante versátil. Ainda que seu uso seja mais comum no paisagismo de áreas externas, é possível cultivá-lo com sucesso dentro de casas e apartamentos. Basta que o vaso fique em um local próximo a uma janela com boa luminosidade. Quanto mais luz o coleus receber, mais densa e colorida ficará sua folhagem. No entanto, a exposição ao sol pleno pode fazer com que suas folhas fiquem desbotadas.

As regas devem ser frequentes, já que o coleus tende a murchar muito rapidamente, ao menor sinal de falta de água. O solo deve ser mantido sempre levemente úmido, não encharcado. Para que isso aconteça, é importante que o vaso tenha furos no fundo e um bom sistema de drenagem, composto por pedrisco, brita ou argila expandida. Por ser uma planta tropical, o coleus aprecia um substrato mais rico em matéria orgânica. A terra preparada que costumamos encontrar em lojas de jardinagem e garden centers costuma ser suficiente para o bom desenvolvimento do coleus.


A adubação do coleus não precisa ser muito elaborada, já que o solo contém elementos nutritivos de origem orgânica. De modo geral, como o objetivo principal é priorizar a folhagem, os adubos para floração, mais ricos em fósforo, podem ser dispensados. Uma boa fórmula de manutenção, do tipo NPK, com níveis equilibrados destes nutrientes, é suficiente para suprir as necessidades do coleus.

Além de produzir sementes com facilidade, o coleus também pode se propagar através de suas estacas. Pode-se aproveitar os ramos provenientes das podas de formação ou manutenção, destinando-as à multiplicação do coleus. Para tanto, estas estacas podem ser mantidas na água, até que desenvolvam raízes, ou plantadas diretamente no solo, desde que sejam regadas frequentemente. O coleus desenvolve-se de forma bastante rápida e vigorosa, sendo que, em poucos meses, já se tem uma nova planta.

Coleus - Solenostemon scutellarioides
Solenostemon scutellarioides

Devido à infinita variedade de cores, formas, tamanhos e estampas exibidas pelas folhas do coleus, é quase impossível resistir à tentação de colecioná-lo. Uma outra vantagem destes híbridos é a sua resistência e facilidade de cultivo.

Coleus - Solenostemon scutellarioides
Solenostemon scutellarioides

Todos os meus exemplares nasceram a partir de um pacotinho de sementes. Em menos de dois anos, as plantas já estão enormes, em sua segunda ou terceira geração, propagadas através de estaquia. Para quem tem pouca paciência, o coleus é a planta ideal.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil