| Echeveria elegans | |
Em meio à imensa diversidade de plantas capazes de armazenar água em seus
tecidos, a
suculenta
popularmente conhecida como bola de neve mexicana, cujo nome científico é
Echeveria elegans, é uma das mais famosas, estando presente em
praticamente todas as coleções dos aficionados por esta interessante e
ornamental categoria botânica. As folhas espessas da bola de neve mexicana
apresentam um belo colorido azulado, em tom pastel, com um aspecto
empoeirado, organizando-se sob a forma de rosetas que lembram
rosas de pedra. Esta é a aparência típica dos representantes do gênero
Echeveria.
É por este motivo que as diferentes espécies e híbridos de
Echeveria costumam causar confusões quanto às suas corretas
identificações. O híbrido conhecido como
Graptoveria 'Fantome', por exemplo, é bastante parecido com a bola de neve mexicana. Trata-se de
uma planta que também é muito difundida nas coleções, por sua rápida
propagação e facilidade de cultivo. A semelhança entre as duas suculentas
justifica-se pelo fato de a Graptoveria 'Fantome' ser um híbrido
primário resultante do cruzamento entre a bola de neve mexicana, Echeveria elegans, e o
Graptopetalum paraguayense, popularmente conhecido como
planta fantasma.
A melhor forma de se diferenciar as duas suculentas é através de suas florações. A bola de neve mexicana, como todas as espécies e híbridos do gênero Echeveria, produz flores em forma de sino, situação em que as pétalas não se abrem completamente. Um exemplo clássico deste tipo de floração pode ser visto no artigo sobre a Echeveria shaviana, que já floresceu aqui no apartamento. Já a Graptoveria 'Fantome', embora muito parecida quanto ao aspecto vegetativo, produz flores em forma de estrela, característica herdada do gênero Graptopetalum.
A aparência fosca da bola de neve mexicana deve-se à deposição de uma fina camada de substância cerosa sobre a superfície das suas folhas suculentas. O nome técnico deste composto, produzido por muitos representantes do gênero Echeveria, é pruína. Trata-se da mesma substância que recobre os cachos de uva. Como um fino pó translúcido, a cobertura de pruína confere à bola de neve mexicana um aspecto empoeirado, que complementa de forma perfeita o colorido pálido azulado desta suculenta.
Este acabamento delicado é uma das razões para manusearmos a Echeveria elegans com cuidado. Como a camada de pruína não é reposta pela planta, suas folhas ficam permanentemente impregnadas com nossas digitais, ao menor toque. Com o tempo, as manchas se acumulam e a bola de neve mexicana fica toda marcada, perdendo a aparência fantasmagórica que lhe confere um charme todo especial.
Um outro motivo para que a bola de neve mexicana seja manipulada gentilmente reside na fragilidade de suas folhas. Ao menor esbarrão, várias destas estruturas suculentas desprendem-se da planta, com bastante facilidade. Particularmente, durante as podas e os replantes, é comum que terminemos com um punhado de folhas avulsas, que pularam da planta mãe. Felizmente, estas estruturas podem ser aproveitadas para a multiplicação da bola de neve mexicana. Basta colocá-las em um berçário de suculentas e aguardar pela formação de novas mudas de Echeveria elegans. No entanto, convém salientar que este é um processo bastante demorado, sendo necessários alguns anos de cultivo até que estes brotos tornem-se plantas adultas. Além disso, nem todas as folhas de suculentas irão produzir mudas através deste processo.
Como o próprio nome já revela, a bola de neve mexicana é uma suculenta originária do estado de Hidalgo, na região central do México. Também são espécies nativas desta localidade a suculenta diamante, Pachyphytum compactum, e os cactos cabeça de velho, Cephalocereus senilis, e cadeira de sogra, Echinocactus grusonii. A suculenta Echeveria elegans é típica de regiões desérticas e semi áridas, vegetando sob sol pleno, em meio às rochas.
Por este motivo, também no exterior, a bola de neve mexicana é conhecida como mexican snow ball ou mexican gem. A Echeveria elegans pode ainda ser encontrada sob a designação popular de hens and chicks ou hens and chickens, algo como galinhas e pintinhos, graças à sua característica de emitir novos brotos laterais (pintinhos), a partir da base da planta mãe (galinha). No entanto, várias outras plantas suculentas, pertencentes a diferentes gêneros botânicos, também podem receber este apelido.
Devido a este comportamento de rápida propagação, a suculenta bola de neve mexicana é capaz de formar extensos tapetes repletos de rosetas, principalmente em seu habitat de origem, ou quando plantada em áreas externas, geralmente em jardins rochosos, de inspiração desértica, sob sol pleno.
Ainda assim, a Echeveria elegans pode ser cultivada em vasos, dentro de casas e apartamentos, desde que receba algumas horas de sol por dia. Em ambientes internos, é importante que a bola de neve mexicana seja mantida bem próxima a janelas ensolaradas. Esta é uma suculenta que vai muito bem em parapeitos de janela, jardineiras externas, ou varandas com bastante luminosidade. Quando mantida em locais demasiadamente sombreados, a bola de neve mexicana tende a perder o aspecto compacto de suas rosetas, tornando-se mais alta, com um maior espaçamento entre as folhas. Este é um processo conhecido como estiolamento, em que a planta cresce de forma acelerada, em busca de mais luz.
Esta situação é facilmente corrigida através de uma poda drástica, popularmente conhecida como decapitação de suculentas. Basta cortar a parte superior da bola de neve mexicana, aguardar alguns dias até que a área cortada cicatrize, e plantá-la separadamente. O segmento remanescente continuará a se desenvolver normalmente, produzindo novos brotos laterais. As folhas que sobrarem desta operação também podem ser utilizadas para a propagação da Echeveria elegans.
Por ser uma suculenta originária de ambientes desérticos, a bola de neve mexicana aprecia um solo mais arenoso. No cultivo doméstico, o ideal é utilizar um substrato próprio para cactos e suculentas, que apresenta a característica de ser bem aerado e facilmente drenável. Também pode-se preparar uma mistura caseira, contendo terra vegetal e areia grossa, em partes iguais.
O vaso para o cultivo da Echeveria elegans pode ser de plástico ou barro, mas o importante é que ele tenha furos no fundo e uma boa camada de drenagem, composta por pedrisco, brita ou argila expandida. É importante ter em mente que o vaso de plástico retém a umidade do solo por mais tempo, de modo que a frequência das regas deve ser menor. Como toda suculenta, a bola de neve mexicana detesta solos úmidos por um período muito prolongado.
A adubação não precisa ser rica em matéria orgânica, visto que esta suculenta está adaptada à vida sobre solos pobres em nutrientes. Existem fertilizantes próprios para cactos e suculentas, à venda em lojas de jardinagem. Muito embora a bola de neve mexicana floresça com facilidade, em ambientes bem ensolarados, uma adubação mais rica em fósforo pode estimular este processo, caso seja o desejo do cultivador. Muitos colecionadores acabam evitando que suas suculentas floresçam, com o intuito de priorizar o crescimento vegetativo, que tende a ficar mais compacto e vigoroso, na ausência de florações.
Resumindo, tudo o que a bola de neve mexicana necessita é de muita luz e pouca água. Trata-se de uma suculenta bastante resistente, que cresce e se multiplica com rapidez, exigindo muito pouca manutenção. É a planta ideal para quem está começando a cultivar suculentas, ou para quem tem pouco tempo para se dedicar às suas plantas.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil