| Cereus jamacaru | |
Confesso que, até recentemente, eu costumava prestar pouca atenção às
cactáceas. Aliás, durante o período em que cultivava apenas orquídeas, jamais me
passou pela cabeça ter um ser espinhento dentro do apartamento. Hoje, após
inúmeras perdas de orquídeas divas e geniosas, cultivo uma grande simpatia
pelos cactos, graças à sua beleza escultural, aliada à incrível resistência
e facilidade de cultivo. A estrela do artigo de hoje, o conhecidíssimo cacto
mandacaru, é um clássico exemplo desta categoria quase indestrutível de
plantas.
O nome científico do cacto mandacaru é Cereus jamacaru. Por este
motivo, esta cactácea também pode ser popularmente conhecida apenas como
jamacaru ou cardeiro. Trata-se de uma planta tipicamente brasileira, nativa
de vários estados localizados na região nordeste do país. O cacto mandacaru
é um importante representante da flora nativa da caatinga, o único bioma que
ocorre exclusivamente em território nacional.
Aqui no blog, já apresentamos diversos outros membros da família Cactaceae, pertencentes a gêneros relacionados ao Cereus, do cacto mandacaru, tais como Cereus peruvianus tortuosus, cujo apelido é cacto parafuso, Acanthocereus tetragonus, popularmente conhecido como cacto castelo de fada, Pilosocereus pachycladus, o cobiçado cacto azul, e o exótico Cephalocereus senilis, que recebe a jocosa alcunha de cacto cabeça de velho.
Diferentemente de outras cactáceas de aspecto globular, pendente, ou em forma de palma, as espécies acima relacionadas apresentam, em comum, o porte colunar de seus caules desprovidos de folhas. No caso do cacto mandacaru, Cereus jamacaru, estas estruturas podem atingir cinco metros de altura, em seu habitat de origem. Apesar de ser uma espécie bastante comum no nordeste brasileiro, nascendo espontaneamente em vários locais inusitados, como telhados de casas, o cacto mandacaru pode atingir valores elevados, em regiões nas quais sua ocorrência não é tão comum, como em São Paulo. Por aqui, somente podemos adquirir este cacto em floras e garden centers, onde ele pode atingir preços consideráveis, dependendo do tamanho e idade do exemplar.
Tem sido cada vez mais popular a utilização de cactos na decoração de ambientes internos. Neste sentido, quanto maiores as plantas, mais sucesso fazem junto aos apreciadores desta família botânica. Contudo, no caso do cacto mandacaru, que apresenta espinhos agressivos, é necessário escolher o local de cultivo com cuidado, já que acidentes podem acontecer, principalmente em locais com excessiva circulação de pessoas, ou ao alcance de crianças e animais de estimação.
Também é importante ter em mente que, em algum momento, o Cereus jamacaru irá atingir um tamanho incompatível com a vida dentro de casas e apartamentos, precisando ser transplantado para uma área externa, com mais espaço. Até que este dia chegue, ele irá se desenvolver bem em um ambiente com bastante luminosidade, posicionado próximo a uma janela ensolarada, preferencialmente face norte. O cacto mandacaru também é perfeito para viver em coberturas e varandas de apartamento. Só é aconselhável não plantá-lo naquelas jardineiras localizadas na parte externa das janelas, uma vez que o mandacaru ficará alto e tenderá a despencar de lá.
Outro cuidado, para quem cultiva o cacto mandacaru em interiores, que vale para todos os cactos colunares, é o de rotacionar o vaso, de tempos em tempos, para evitar que os caules cresçam inclinados, em direção à fonte principal de luminosidade.
Com o tempo, o mandacaru vai emitindo brotações laterais, formando um agrupamento com o aspecto de candelabro. Por isso, é importante que o tamanho do vaso seja compatível com o porte do Cereus jamacaru. Ele não pode ser muito grande, para evitar o risco de o solo ficar úmido por muito tempo, nem muito pequeno, situação em que o crescimento do cacto será limitado.
Outro espetáculo proporcionado pelo cacto mandacaru, digno de nota, é sua floração. As flores do Cereus jamacaru são grandes e brancas, apresentando o curioso hábito de desabrocharem durante a noite, fenecendo com o nascer do sol. Este comportamento visa a atração de insetos noturnos, que são os agentes polinizadores do mandacaru. Caso suas flores sejam fecundadas, haverá a produção de belos frutos avermelhados, semelhantes a maçãs, como ocorre com o Cereus peruvianus, o popular cacto do Peru, e sua versão parafuso.
Ainda que, na natureza, o mandacaru sobreviva às condições mais hostis e desafiadoras do semiárido brasileiro, alguns cuidados precisam ser tomados em seu cultivo doméstico, como planta ornamental. Além da luminosidade intensa, esta espécie requer temperaturas mais elevadas, para um bom desenvolvimento. Por este motivo, o interior de casas e apartamentos oferece boas condições de cultivo, já que as temperaturas são mantidas constantes ao longo de todo o ano. Em áreas externas, convém proteger o cacto mandacaru de temperaturas muito baixas e geadas.
Além disso, a indestrutibilidade do mandacaru somente é ameaçada pelo excesso de água, inimigo mortal de todas as suculentas e cactáceas. Para evitar que acidentes aconteçam, é importante que o vaso tenha um excelente sistema de drenagem. Além dos furos no fundo, precisa haver uma camada composta por qualquer material particulado, como argila expandida ou pedrisco. Convém posicionar uma manta geotêxtil por cima desta camada, de modo a evitar que o solo escape durante as regas, ou que as raízes do Cereus jamacaru entupam os furos do dreno.
O solo ideal para o cultivo do cacto mandacaru precisa mimetizar aquele encontrado em seu habitat de origem. Misturas de areia grossa e terra vegetal produzem um substrato bem aerado, de natureza arenosa, e facilmente drenável. Para quem aprecia comodidade, misturas próprias para o cultivo de cactos e suculentas são vendidas prontas para o uso, em lojas de jardinagem.
Por estar habituado à vida em uma região cujo solo é pobre em nutrientes, o Cereus jamacaru não necessita de grandes quantidades de matéria orgânica em seu substrato. Tampouco faz-se necessária uma adubação muito pesada ou elaborada. Além disso, no ambiente doméstico de cultivo, principalmente em interiores, é muito difícil que o cacto mandacaru floresça. Sendo assim, basta proporcionar os níveis mínimos de macro e micronutrientes para seu crescimento vegetativo, que é a principal atração proporcionada por este magnífico vegetal.
Ainda que tenha um aspecto meio selvagem, podendo causar alguns machucados, o cacto mandacaru é extremamente ornamental, além de ser tipicamente brasileiro. Ter a possibilidade de conviver com um exemplar da espécie Cereus jamacaru em casa é um grande privilégio, que faz valer a pena o cuidado extra necessário para o seu manuseio. Acima de tudo, o cacto mandacaru é extremamente resistente e de fácil cultivo, requerendo apenas luz e pouquíssima água para sobreviver.
Aqui no blog, já apresentamos diversos outros membros da família Cactaceae, pertencentes a gêneros relacionados ao Cereus, do cacto mandacaru, tais como Cereus peruvianus tortuosus, cujo apelido é cacto parafuso, Acanthocereus tetragonus, popularmente conhecido como cacto castelo de fada, Pilosocereus pachycladus, o cobiçado cacto azul, e o exótico Cephalocereus senilis, que recebe a jocosa alcunha de cacto cabeça de velho.
Diferentemente de outras cactáceas de aspecto globular, pendente, ou em forma de palma, as espécies acima relacionadas apresentam, em comum, o porte colunar de seus caules desprovidos de folhas. No caso do cacto mandacaru, Cereus jamacaru, estas estruturas podem atingir cinco metros de altura, em seu habitat de origem. Apesar de ser uma espécie bastante comum no nordeste brasileiro, nascendo espontaneamente em vários locais inusitados, como telhados de casas, o cacto mandacaru pode atingir valores elevados, em regiões nas quais sua ocorrência não é tão comum, como em São Paulo. Por aqui, somente podemos adquirir este cacto em floras e garden centers, onde ele pode atingir preços consideráveis, dependendo do tamanho e idade do exemplar.
Tem sido cada vez mais popular a utilização de cactos na decoração de ambientes internos. Neste sentido, quanto maiores as plantas, mais sucesso fazem junto aos apreciadores desta família botânica. Contudo, no caso do cacto mandacaru, que apresenta espinhos agressivos, é necessário escolher o local de cultivo com cuidado, já que acidentes podem acontecer, principalmente em locais com excessiva circulação de pessoas, ou ao alcance de crianças e animais de estimação.
Também é importante ter em mente que, em algum momento, o Cereus jamacaru irá atingir um tamanho incompatível com a vida dentro de casas e apartamentos, precisando ser transplantado para uma área externa, com mais espaço. Até que este dia chegue, ele irá se desenvolver bem em um ambiente com bastante luminosidade, posicionado próximo a uma janela ensolarada, preferencialmente face norte. O cacto mandacaru também é perfeito para viver em coberturas e varandas de apartamento. Só é aconselhável não plantá-lo naquelas jardineiras localizadas na parte externa das janelas, uma vez que o mandacaru ficará alto e tenderá a despencar de lá.
Outro cuidado, para quem cultiva o cacto mandacaru em interiores, que vale para todos os cactos colunares, é o de rotacionar o vaso, de tempos em tempos, para evitar que os caules cresçam inclinados, em direção à fonte principal de luminosidade.
Com o tempo, o mandacaru vai emitindo brotações laterais, formando um agrupamento com o aspecto de candelabro. Por isso, é importante que o tamanho do vaso seja compatível com o porte do Cereus jamacaru. Ele não pode ser muito grande, para evitar o risco de o solo ficar úmido por muito tempo, nem muito pequeno, situação em que o crescimento do cacto será limitado.
Outro espetáculo proporcionado pelo cacto mandacaru, digno de nota, é sua floração. As flores do Cereus jamacaru são grandes e brancas, apresentando o curioso hábito de desabrocharem durante a noite, fenecendo com o nascer do sol. Este comportamento visa a atração de insetos noturnos, que são os agentes polinizadores do mandacaru. Caso suas flores sejam fecundadas, haverá a produção de belos frutos avermelhados, semelhantes a maçãs, como ocorre com o Cereus peruvianus, o popular cacto do Peru, e sua versão parafuso.
Ainda que, na natureza, o mandacaru sobreviva às condições mais hostis e desafiadoras do semiárido brasileiro, alguns cuidados precisam ser tomados em seu cultivo doméstico, como planta ornamental. Além da luminosidade intensa, esta espécie requer temperaturas mais elevadas, para um bom desenvolvimento. Por este motivo, o interior de casas e apartamentos oferece boas condições de cultivo, já que as temperaturas são mantidas constantes ao longo de todo o ano. Em áreas externas, convém proteger o cacto mandacaru de temperaturas muito baixas e geadas.
Além disso, a indestrutibilidade do mandacaru somente é ameaçada pelo excesso de água, inimigo mortal de todas as suculentas e cactáceas. Para evitar que acidentes aconteçam, é importante que o vaso tenha um excelente sistema de drenagem. Além dos furos no fundo, precisa haver uma camada composta por qualquer material particulado, como argila expandida ou pedrisco. Convém posicionar uma manta geotêxtil por cima desta camada, de modo a evitar que o solo escape durante as regas, ou que as raízes do Cereus jamacaru entupam os furos do dreno.
O solo ideal para o cultivo do cacto mandacaru precisa mimetizar aquele encontrado em seu habitat de origem. Misturas de areia grossa e terra vegetal produzem um substrato bem aerado, de natureza arenosa, e facilmente drenável. Para quem aprecia comodidade, misturas próprias para o cultivo de cactos e suculentas são vendidas prontas para o uso, em lojas de jardinagem.
Por estar habituado à vida em uma região cujo solo é pobre em nutrientes, o Cereus jamacaru não necessita de grandes quantidades de matéria orgânica em seu substrato. Tampouco faz-se necessária uma adubação muito pesada ou elaborada. Além disso, no ambiente doméstico de cultivo, principalmente em interiores, é muito difícil que o cacto mandacaru floresça. Sendo assim, basta proporcionar os níveis mínimos de macro e micronutrientes para seu crescimento vegetativo, que é a principal atração proporcionada por este magnífico vegetal.
Ainda que tenha um aspecto meio selvagem, podendo causar alguns machucados, o cacto mandacaru é extremamente ornamental, além de ser tipicamente brasileiro. Ter a possibilidade de conviver com um exemplar da espécie Cereus jamacaru em casa é um grande privilégio, que faz valer a pena o cuidado extra necessário para o seu manuseio. Acima de tudo, o cacto mandacaru é extremamente resistente e de fácil cultivo, requerendo apenas luz e pouquíssima água para sobreviver.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil