| Agave attenuata | |
Ainda que as agaváceas não sejam consideradas plantas de interiores, resolvi
destacar a agave dragão, aqui no blog, em função da sua beleza minimalista,
facilidade de cultivo e popularidade. São qualidades compartilhadas por
outras plantas com folhagens de natureza
suculenta, como a famosa
babosa,
Aloe vera, que também já foi tema de um artigo por aqui, recentemente. Por apreciar
o sol pleno, a agave dragão, cujo nome científico é Agave attenuata,
é mais comumente utilizada no paisagismo de áreas externas, em jardins de
condomínios residenciais e empreendimentos comerciais.
No entanto, é perfeitamente possível cultivar a agave dragão em casas e
apartamentos, desde que o local escolhido receba bastante luminosidade,
preferencialmente algumas horas de sol direto por dia. Aqui no apartamento,
temos uma sacada voltada para o oeste, que recebe todo o sol da tarde, local
ideal para o cultivo de plantas de sol pleno, tais como as espécies
Aloe vera e Agave attenuata. O único cuidado a ser tomado,
neste tipo de ambiente, é quanto ao espaço disponível, já que a agave dragão
pode atingir grandes proporções, quando bem cultivada. Sua imponente roseta
pode chegar a mais de um metro e meio de altura e diâmetro, ocupando uma
área considerável.
Esta é uma planta conhecida por produzir uma inflorescência bastante
elongada, de formato cilíndrico, do tipo espiga, que vai se curvando com o
próprio peso. Por esta razão, a agave dragão também é conhecida como tromba
de elefante ou pescoço de cisne. Em países de língua inglesa, a planta é
chamada de fox tail agave, agave rabo de raposa.
A espécie Agave attenuata faz parte da família Agavaceae, a
mesma que abriga o
clorofito,
Chlorophytum comosum, e a
lumina,
Chlorophytum orchidastrum. Também fazem parte desta família botânica as diversas espécies do gênero
Yucca, comumente utilizadas tanto no paisagismo de áreas externas
como na decoração de interiores. A agave dragão é uma planta originária do
México, país conhecido por sua imensa diversidade de cactos e plantas
suculentas nativas. Sendo assim, esta é uma espécie que aprecia climas
quentes e secos, não tolerando as temperaturas muito baixas ou geadas.
À medida que a agave dragão cresce, suas folhas mais antigas, junto à base
da planta, vão amarelando e secando, revelando um pequeno tronco, de
aparência mais lenhosa. Trata-se de um padrão de desenvolvimento semelhante
ao apresentado pela babosa. A multiplicação da agave dragão é muito
tranquila, graças ao surgimento de pequenos brotos laterais, a partir da
parte basal da planta mãe, que podem ser destacados e plantados
separadamente. Também há a possibilidade de deixá-los no mesmo lugar, de
modo a formarem grandes touceiras, bastante ornamentais.
Uma característica interessante da espécie Agave attenuata é que suas folhas são mais delicadas, sem protuberâncias afiadas e agressivas, frequentemente encontradas em outras espécies do gênero. É por esta razão que o nome científico da agave dragão é attenuata, que significa fina ou frágil, em latim. Neste contexto, esta é uma planta mais interessante para ser posicionada em locais ao alcance de crianças e pequenos animais, já que suas folhas são inofensivas. A agave dragão também fica perfeita em coberturas e varandas ensolaradas de apartamentos, mesmo em locais onde haja circulação de pessoas, uma vez que suas folhas não irão espetar ninguém.
A imensa inflorescência de aspecto dramático, marca registrada da agave dragão, costuma surgir durante os meses da primavera. No entanto, é importante ressaltar que apenas plantas bastante maduras, com mais de dez anos de idade, são capazes de produzir estas flores exóticas. Adicionalmente, apenas as plantas cultivadas sob níveis apropriados de luminosidade poderão fazê-lo. No cultivo doméstico cotidiano, o mais comum é que a agave dragão seja valorizada em função do aspecto ornamental de sua folhagem.
Por ser uma planta típica de regiões áridas, a agave dragão sobrevive bem em solos pobres em matéria orgânica. O importante é que o substrato seja drenado com rapidez, tenha uma consistência bem aerada e não fique demasiadamente compactado. Neste contexto, um solo tipicamente utilizado no cultivo de cactos e suculentas é a escolha mais segura para a agave dragão. Ainda que existam preparações prontas para o uso, à venda em lojas de jardinagem, o cultivador pode preparar uma versão caseira, através da mistura de terra vegetal e areia grossa, em partes iguais. É importante que esta areia seja de construção, e não aquela vinda da praia, que contém elevados níveis de salinidade, prejudiciais ao desenvolvimento das raízes.
Uma adubação básica, de manutenção, com níveis equilibrados de NPK, pode ser aplicada nos meses mais quentes do ano, durante a primavera e verão, com o intuito de estimular o crescimento da agave dragão. Caso o propósito seja favorecer sua floração, uma formulação mais rica em fósforo pode ser fornecida. De modo geral, a espécie Agave attenuata não requer uma adubação muito pesada ou elaborada.
Ainda que o intervalo de regas ideal para o cultivo da agave dragão seja maior, como o adotado em relação a cactos e suculentas, de maneira geral, esta é uma planta que pode tolerar um maior nível de umidade, sem que suas raízes apodreçam. De qualquer forma, é sempre recomendável regar apenas quando o solo estiver suficientemente seco, evitando-se o excesso de água, que já é armazenada pelas folhas da agave dragão, capacitando a planta a sobreviver por longos períodos de estiagem.
Em resumo, ainda que a agave dragão seja uma planta típica de áreas externas, que se desenvolve melhor sob sol pleno, é possível cultivá-la em casas e apartamentos, principalmente enquanto as mudas são mais jovens e de menor porte, desde que seja possível fornecer bastante luz a esta espécie. No exterior, é bastante comum vermos exemplares de Aloe vera e Agave attenuata, mais comuns nos jardins, sendo cultivados como houseplants, plantas de interiores, graças ao aspecto escultural de suas grandes rosetas, aliado à sua resistência e facilidade de cultivo. Neste contexto, no entanto, é sempre bom ter em mente que, em algum momento, a planta irá se tornar grande demais para ser mantida em ambientes internos.
Até lá, vale a pena se beneficiar da convivência com uma espécie de grande efeito ornamental, de natureza suculenta, que requer pouca manutenção e dura uma eternidade.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil