Orquídeas no Apê

Blog sobre o Cultivo de Plantas
dentro de Casas e Apartamentos

Sergio Oyama Junior


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Orquídea Dendrobium anosmum


Orquídea Dendrobium anosmum
| Dendrobium anosmum |

As orquídeas do gênero Dendrobium, mais comumente encontradas no mercado, apresentam pseudobulbos eretos, em forma de cana, com florações abundantes, nas mais diferentes colorações. Menos conhecidos do público são os representantes com pseudobulbos mais finos e maleáveis, que adquirem o aspecto pendente, à medida que se desenvolvem. É o caso do Dendrobium anosmum, espécie conhecida por formar elegantes cascatas de flores, que surgem em profusão a partir de seus pseudobulbos sem folhas. Outra característica marcante deste Dendrobium é a presença de uma mácula central, arredondada e em uma tonalidade mais escura, bem no centro da flor.

Esta aparência curiosa das flores do Dendrobium anosmum faz com que a espécie seja popularmente apelidada de orquídea olhos de boneca. No entanto, várias outras espécies e híbridos do gênero Dendrobium apresentam esta característica morfológica, de modo que o mais comum é que os clássicos híbridos encontrados nas floriculturas, com pseudobulbos eretos, descendentes do Dendrobium nobile, sejam mais conhecidos como olhos de boneca, e não o Dendrobium anosmum.


Em 1939, John Lindley descreveu uma orquídea do gênero Dendrobium, descoberta nas Filipinas, cuja característica era apresentar flores perfumadas. Mais tarde, em 1945, uma outra variedade parecida foi encontrada, no mesmo local. No entanto, ela não possuía perfume. Por este motivo, Lindley classificou esta orquídea como Dendrobium anosmum, uma vez que a palavra anosmum significa sem cheiro, em latim. Ocorre que as flores do Dendrobium anosmum, ironicamente, são fortemente perfumadas. Devido ao contexto histórico, no entanto, o nome permaneceu inalterado.

Esta é uma espécie típica do sudeste asiático, sendo nativamente encontrada em países como Sri Lanka, Nova Guiné, Indonésia e, claro, Filipinas. Em seu habitat de origem, o Dendrobium anosmum está acostumado a estações bem definidas, com primaveras e verões quentes e úmidos, em oposição a outonos e invernos mais frios e secos. Esta é uma orquídea que floresce, tipicamente, durante a primavera.

Para que isto ocorra, o Dendrobium anosmum precisa ser submetido a um stress hídrico, nas estações precedentes. Já no outono, e ao longo de todo o inverno, as regas devem ser drasticamente reduzidas. A água deve ser fornecida de forma bastante espaçada, apenas para evitar o enrugamento excessivo dos pseudobulbos. Durante esta etapa, a adubação também é suspensa. Junto com a fome e a sede, a orquídea também precisa sentir uma queda de temperatura, na transição do verão para o outono. É por esta razão que muitas orquídeas do gênero Dendrobium apresentam dificuldade para florescer, aqui no Brasil, principalmente em cidades litorâneas ou em regiões de clima mais quente, com invernos amenos.


Quando o stress hídrico não é corretamente colocado em prática, e o Dendrobium anosmum continua a ser regado e adubado normalmente, o resultado é que, no lugar das florações, surgem inúmeros keikis. Esta é uma palavra havaiana que significa bebê. Tratam-se de novos brotos, que surgem a partir das gemas localizadas nos nós ao longo dos pseudobulbos. Outra espécie que apresenta este comportamento, bastante notável, é o Dendrobium loddigesii, capaz de produzir keikis em profusão, caso regado demasiadamente no inverno.

Com o surgimento dos primeiros botões florais, na primavera, as regas podem ser retomadas, normalmente. Nesta fase do desenvolvimento do Dendrobium anosmum, a falta de água pode fazer com que a floração seja abortada. Nesta etapa mais delicada, convém proteger a orquídea de correntes de vento, mudanças bruscas de temperatura e excesso de sol. Também convém evitar molhar os botões florais, durante as regas. O excesso de umidade pode fazer com que o fungo Botrytis cinerea se desenvolva no tecido floral, causando manchas amarronzadas.

Outro sinal de que as regas devem ser retomadas, ainda na primavera, é o surgimento de novos brotos a partir da base dos pseudobulbos mais antigos. Nesta etapa, além das regas, a adubação deve voltar a ser fornecida, de modo a garantir o correto fornecimento de nutrientes aos novos brotos, que irão florescer no ano seguinte, quando estiverem maduros.

A partir deste ponto da vida do Dendrobium anosmum, um novo ciclo de vida se inicia. A orquídea irá crescer e se desenvolver, até o momento em que seus pseudobulbos começarão a perder suas folhas, que amarelam, secam e caem. Trata-se de um processo natural, que é a preparação da orquídea para o surgimento dos botões florais.


Após o final da floração do Dendrobium anosmum, é possível que algumas gemas dormentes, que não floresceram, produzam keikis. Esta é uma ótima oportunidade para multiplicar a orquídea. Basta aguardar que os brotos estejam bem desenvolvidos, com raízes suficientemente longas, para que possam ser destacados e plantados separadamente. Eu costumo plantar os keikis em musgo sphagnum, que é macio e não danifica as raízes. Além disso, este material retém a água por um período mais prolongado, evitando que os pequenos brotos se desidratem.

Devido ao seu hábito epífito e ao aspecto pendente dos seus pseudobulbos, o Dendrobium anosmum desenvolve-se melhor quando cultivado em placas de madeira ou cascas de árvore. A casca de peroba, por ser bastante rugosa, é perfeita para a fixação deste tipo de orquídea. Claro que a condição ideal seria a fixação da planta nos troncos de árvores vivas. Infelizmente, no nosso cultivo doméstico, isso nem sempre é factível.

Para quem tem ambientes de cultivo muito secos, ou busca por um pouco mais de praticidade, os vasos preenchidos com substrato são uma boa opção. Neste caso, é importante utilizar um material bem aerado, rapidamente drenável. Misturas de casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco costumam ser vendidas prontas, em lojas de jardinagem, sendo próprias para o cultivo de orquídeas.

Caso o Dendrobium anosmum esteja montado em placas de madeira ou cascas de árvore, as regas podem ser diárias, já que as raízes estão expostas e secam rapidamente. Neste caso, é importante que o ambiente de cultivo apresente níveis elevados de umidade relativa do ar. Quando a orquídea é cultivada em vasos, as regas podem ser mais espaçadas, moderadas. É importante aguardar que o substrato seque bem, antes que uma nova rega seja efetuada, independentemente da periodicidade. Sempre lembrando que, durante o outono e inverno, no caso da maioria das espécies e híbridos de Dendrobium, as regas devem ser reduzidas substancialmente.


Aqui no apartamento, costumo utilizar a adubação do tipo NPK, com macro e micronutrientes, por considerá-la mais prática, rápida e inodora. Costumo alternar fórmulas de manutenção (níveis equilibrados de NPK) com adubos de floração (mais ricos em fósforo), semanalmente, utilizando metade da dose recomendada pelo fabricante. Desta forma, evito o acúmulo de sais minerais no substrato, que pode causar queimaduras às raízes das orquídeas.

Como todo Dendrobium, a espécie anosmum necessita de bons níveis de luminosidade, para que possa florescer adequadamente. O ideal é fornecer uma luz intensa, porém filtrada por uma tela de sombreamento, do tipo capaz de reter 50% dos raios solares. O sol do início da manhã e do final da tarde pode ser tolerado. Dentro de casas e apartamentos, esta orquídea precisa ficar bem próxima a uma janela ensolarada, preferencialmente face norte. Janelas face leste também são perfeitas, já que o sol da manhã é benéfico às orquídeas. Já o sol da tarde, típico de aberturas voltadas a oeste, precisam de um anteparo físico, para proteger o Dendrobium anosmum da luminosidade mais intensa, característica deste período do dia.

Para quem gosta de orquídeas floríferas e perfumadas, esta é uma espécie perfeita, até porque é difícil encontrarmos representantes perfumados do gênero Dendrobium, no mercado. Trata-se de uma orquídea mais temperamental, principalmente para florescer. Mas quando as condições ideais são alcançadas, todo o esforço é fartamente recompensado.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil