| Dendrobium e Phalaenopsis híbridos | |
Elas existem em quase todas as cores do arco-íris. No entanto, mesmo diante
desta incrível diversidade, é a orquídea branca que atravessa as décadas
incólume, símbolo de elegância e sofisticação, sendo capaz de tornar qualquer
ambiente mais clássico e minimalista, independentemente da paleta de cores
escolhida para a decoração. Embora a orquídea branca mais comumente encontrada
no mercado seja a
Phalaenopsis, existe uma incrível gama de espécies e híbridos de orquidáceas capazes de
produzir flores nesta coloração, como veremos a seguir.
Aqui no blog, já apresentamos seleções de orquídeas com cores mais inusitadas,
como a
orquídea verde. Também já abordamos o assunto sobre a polêmica
orquídea azul, frequentemente encontrada no mercado, que é colorida artificialmente. As
orquídeas vermelhas, por sua vez, podem ocorrer na natureza, mas são mais raras. Por fim, temos
as
orquídeas amarelas, que são mais comuns, apresentando uma imensa variedade de tamanhos e
formatos, incluindo a clássica
chuva de ouro.
Minha avó, que se foi recentemente aos 102 anos de vida, sabendo que eu
gostava de orquídeas, costumava me perguntar se eu preferia a orquídea branca
ou vermelha, sempre que nos encontrávamos. A cada ocasião, eu dava uma
resposta diferente, porque, verdadeiramente, amo as duas cores. Por esta
razão, tenho um carinho especial pelas orquídeas brancas, que me remetem a
este fato marcante.
Phalaenopsis híbrida |
Ainda que seja a orquídea branca mais comumente encontrada no mercado, a
Phalaenopsis pode apresentar pequenas variações na tonalidade do
labelo, a pétala modificada responsável pela atração dos agentes polinizadores
da flor. É o caso do exemplar acima, que pode ser considerado uma forma semi
alba, onde as pétalas e sépalas são brancas e o labelo avermelhado. Na foto de
abertura deste artigo, mais acima, temos uma Phalaenopsis alba,
completamente branca, apresentando apenas nuances de amarelo no labelo, que
são típicas de orquídeas albinas. No entanto, esta terminologia de formas alba
e semi alba costuma ser aplicada às espécies de orquídeas. Nos exemplos acima,
temos exemplares híbridos, resultantes do cruzamento entre diferentes
espécies.
Outra orquídea branca belíssima pertence ao gênero Dendrobium. Popularmente conhecidos como orquídeas olhos de boneca, os diversos híbridos de Dendrobium costumam ser bastante coloridos, apresentando flores em diferentes tonalidades de púrpura, rosado, amarelo e laranja. No entanto, a variedade com flores brancas é menos encontrada no mercado, sendo extremamente elegante e clássica.
Outra orquídea branca belíssima pertence ao gênero Dendrobium. Popularmente conhecidos como orquídeas olhos de boneca, os diversos híbridos de Dendrobium costumam ser bastante coloridos, apresentando flores em diferentes tonalidades de púrpura, rosado, amarelo e laranja. No entanto, a variedade com flores brancas é menos encontrada no mercado, sendo extremamente elegante e clássica.
Dendrobium híbrido |
A característica responsável pelo apelido orquídea olhos de boneca é esta
pequena mácula central, em formato arredondado, que, no exemplo mostrado
acima, apresenta uma discreta coloração vinho. Apesar deste detalhe, a
orquídea é predominantemente branca, sendo uma opção bastante clássica e
elegante para a decoração de qualquer ambiente. Trata-se de uma excelente
companhia para a onipresente Phalaenopsis branca.
Também pertence ao gênero Dendrobium a famosa orquídea
Denphal, conhecida por suas longas hastes repletas de flores em forma de mariposa,
de modo semelhante ao encontrado nas florações da Phalaenopsis. A
diferença reside no aspecto vegetativo, que na Denphal é constituído pelos
clássicos pseudobulbos em forma de cana, típicos das orquídeas
Dendrobium.
Conhecida por produzir flores em diferentes colorações, inclusive
esverdeadas, a Denphal também possui uma belíssima variedade de orquídea
branca. Ao contrário dos exemplos acima citados, este é um caso em que todas
as partes da flor, pétalas, sépalas e labelo, são totalmente brancas. O
interessante é que os botões florais são verdes, explodindo em uma cascata
alvíssima, quando finalmente desabrocham, de forma sequencial.
Denphal híbrida |
O efeito da haste floral é muito semelhante ao apresentado pela
Phalaenopsis. No entanto, a disposição das flores, nesta orquídea
branca, costuma ocorrer de forma mais densa e compacta, por outro lado,
menos simétrica.
É esta semelhança que leva muitos a acreditarem que a Denphal é resultado
do cruzamento entre Dendrobium e Phalaenopsis. No entanto,
trata-se de um
mito. Como são gêneros botânicos geneticamente muito distantes, não é
possível produzir descendentes viáveis a partir desta hibridização. A
Denphal nada mais é do que um híbrido resultante do cruzamento entre
diferentes espécies de Dendrobium.
Bem menos conhecida e mais rara, a orquídea branca a seguir foi meu sonho
de consumo, por muitos anos. Mesmo após conseguir encontrá-la à venda,
passei alguns anos cultivando a planta sem ver suas flores. Apesar do
perrengue, a espera valeu a pena. O
Dendrobium purpureum
album, mostrado abaixo, é conhecido por produzir centenas de minúsculas
flores brancas, dispostas em inflorescências que assumem o aspecto de
pequenos pompons brancos, extremamente exóticos e delicados. Também neste
caso, os botões florais apresentam um tom bem intenso de verde, como se
fossem folhas, em seus estágios iniciais de vida. Á medida que estas
estruturas amadurecem, vão revelando este espetacular efeito de
bouquet arredondado, completamente branco.
Dendrobium purpureum album |
Também existem notáveis exemplos de orquídeas brancas no gênero
Cattleya. Embora sejam conhecidas por suas vibrantes tonalidades em púrpura, as
diferentes espécies de Cattleya apresentam variedades que podem
apresentar uma flor alba ou semi alba. No exemplo abaixo, temos uma
Cattleya labiata
caerulea, que, embora não seja completamente branca, apresenta pétalas e
sépalas alvíssimas, com um diferenciado labelo azulado. Esta é uma
icônica orquídea da flora brasileira, frequentemente chamada de rainha
do nordeste.
Cattleya labiata caerulea |
Pertencente a um gênero próximo ao da Cattleya, temos uma
orquídea branca em miniatura, bastante delicada, a
Laelia alaorii. Esta é uma espécie que pode ser informalmente chamada de
mini orquídea, devido ao tamanho compacto de suas florações e parte vegetativa. A
variedade desta orquídea totalmente branca, denominada
Laelia alaorii alba, é bastante rara e pode atingir cifras
elevadas, no mercado.
O meu exemplar, mostrado abaixo, descende do cruzamento entre dois
exemplares albinos, mas apresenta pequenas nuances de lilás em suas
pétalas e sépalas, não sendo considerada uma orquídea alba, no sentido
estrito. A Laelia alaorii também é uma orquídea tipicamente
brasileira, que somente ocorre em uma região específica do estado da
Bahia. Trata-se de uma espécie epífita, bastante exigente quanto aos
níveis de umidade relativa do ar, no ambiente em que é cultivada. Esta é
uma das minhas orquídeas brancas favoritas.
Laelia alaorii |
Ainda dentro do gênero
Laelia, outra orquídea branca digna de nota é a
Laelia lundii. Também neste caso, o labelo apresenta detalhes em púrpura, mas as
pétalas e sépalas são completamente brancas. Esta é outra mini
orquídea belíssima, bastante delicada, cujos pseudobulbos e folhas
apresentam uma morfologia pouco usual, entre as representantes deste
gênero botânico. A flor da Laelia lundii parece uma
réplica em miniatura das encontradas nas orquídeas
Laelia purpurata
e Laelia crispa, de porte bem mais avantajado.
Laelia lundii |
Entre as
orquídeas terrestres, também há um belo exemplo de orquídea branca, ainda que suas flores
sejam minúsculas e pouco apreciadas pelos colecionadores. A
Ludisia discolor, também conhecida como orquídea joia, costuma ser cultivada em
função da beleza de sua folhagem, que é marrom, aveludada e apresenta
estrias em um tom avermelhado e dourado.
Devo confessar que as flores desta orquídea branca são menos
glamourosas do que aparentam, na imagem abaixo. A
Ludisia discolor produz uma longa haste floral, que, em sua
parte superior, apresenta diversas e minúsculas flores brancas, com um
centro amarelo, remetendo-nos à aparência da pipoca. Quando observadas
em close up, lembram pequenos seres alvos e alados.
Ludisia discolor |
A grande vantagem desta típica
orquídea de sombra
é que ela não precisa florescer para se tornar decorativa. Sua
folhagem é belíssima, fazendo jus ao apelido de orquídea joia. Por
ser terrestre e tolerar ambientes mais sombreados, esta orquídea
branca é uma excelente opção para ser cultivada dentro de casas e
apartamentos, da mesma maneira que se cuida de uma simples
violeta. Trata-se de uma orquídea que pode ser cultivada em um vaso com
terra, em ambientes internos, desde que receba uma boa luminosidade
difusa, indireta. Assim como a violeta, a
Ludisia discolor possui caules suculentos, capazes de
armazenar água, de forma que as raízes da planta não toleram o solo
encharcado, por muito tempo.
Rodriguezia venusta |
Já a nossa próxima orquídea branca,
Rodriguezia venusta, é epífita, vivendo sobre os troncos das
árvores. Sua principal característica é a de produzir delicadas
inflorescência em forma de cascata, apresentando minúsculas flores
brancas, com o centro amarelado. Parece um mini
bouquet natural. Não por acaso, esta espécie é conhecida como
orquídea véu de noiva. Esta é uma orquídea que vai bem quando
cultivada em árvores, ou em pedaços de madeira ou cascas de árvore,
capazes de mimetizar seu hábito epífito de vida.
Ainda neste contexto de orquídeas brancas com flores minúsculas, não
poderíamos deixar de citar a espécie
Capanemia superflua. Suas flores são ainda menores, brancas, com um leve sopro rosado
em suas pétalas e sépalas. Esta é uma orquídea branca que também
produz longas inflorescências em forma de cascata, com minúsculas
flores portando um pequeno sinal amarelo no centro. Graças ao porte
vegetativo e ao tamanho de suas flores, a
Capanemia superflua é considerada uma típica
micro orquídea.
Capanemia superflua |
Outra micro orquídea branca digna de nota, que já passou aqui pelo
apartamento, é o Phymatidium delicatum.
Phymatidium delicatum |
Esta é uma orquídea branca que pode passar completamente
despercebida, mesmo que floresça abundantemente. Seu porte
vegetativo é tão pequeno que lembra um musgo. Neste caso, as
minúsculas flores brancas contrastam com o centro esverdeado. Seu
único defeito é ser extremamente exigente quanto à umidade
relativa do ar, no ambiente de cultivo. Além disso, como o nome da
espécie já revela, trata-se de uma micro orquídea bastante frágil
e delicada, de cultivo bem complicado.
Estes são apenas alguns exemplos de orquídeas brancas que já
passaram aqui pelo apartamento. Como sempre afirmo, limito-me a
mostrar, neste blog, exemplos de orquídeas que já cultivei e
fotografei, transmitindo minha vivência com cada espécie.
Evidentemente, a lista de orquídeas brancas que podemos encontrar,
tanto na natureza como aquelas produzidas pelo ser humano, é muito
mais extensa.
Uma curiosidade, em relação à orquídea branca, é que ela nem sempre é sinônimo de uma orquídea em sua forma alba. Frequentemente, orquídeas albinas, caracterizadas pela ausência de pigmentos coloridos em suas pétalas e sépalas, não resultam em um fenótipo tipicamente branco. Há várias espécies de orquídeas cujas flores em suas formas albinas são verdes ou amarelas. Isto porque esta é a coloração original do tecido floral, que se revela com a ausência de pigmentos em outras colorações. A forma alba da Sophronitis coccinea, por exemplo, é bastante rara e o resultado é uma orquídea amarela. Neste contexto, é interessante notar que não existe uma Sophronitis branca, por exemplo.
Dentro deste panorama, não existe um modo único para se cultivar as orquídeas brancas. É importante termos a identificação correta de cada espécie e híbrido, para que possamos pesquisar quais são as condições ideais de cultivo aplicáveis a cada exemplar. De modo geral, é importante identificar se a orquídea possui hábito epífito, rupícola ou terrestre. A partir desta característica principal, ramificam-se as diferentes necessidades de luminosidade e umidade relativa do ar.
Uma regra importante a ser observada, para que nossas orquídeas brancas fiquem bonitas por mais tempo, é evitar molhar as flores, durante as regas. O contato do tecido vegetal das flores com a água, por períodos prolongados, favorece o desenvolvimento do fungo Botrytis cinerea, conhecido por causar manchas amarronzadas nas pétalas e sépalas, principalmente quando a orquídea é branca. Este ataque diminui a vida útil da flor, além de arruinar sua aparência.
Uma curiosidade, em relação à orquídea branca, é que ela nem sempre é sinônimo de uma orquídea em sua forma alba. Frequentemente, orquídeas albinas, caracterizadas pela ausência de pigmentos coloridos em suas pétalas e sépalas, não resultam em um fenótipo tipicamente branco. Há várias espécies de orquídeas cujas flores em suas formas albinas são verdes ou amarelas. Isto porque esta é a coloração original do tecido floral, que se revela com a ausência de pigmentos em outras colorações. A forma alba da Sophronitis coccinea, por exemplo, é bastante rara e o resultado é uma orquídea amarela. Neste contexto, é interessante notar que não existe uma Sophronitis branca, por exemplo.
Dentro deste panorama, não existe um modo único para se cultivar as orquídeas brancas. É importante termos a identificação correta de cada espécie e híbrido, para que possamos pesquisar quais são as condições ideais de cultivo aplicáveis a cada exemplar. De modo geral, é importante identificar se a orquídea possui hábito epífito, rupícola ou terrestre. A partir desta característica principal, ramificam-se as diferentes necessidades de luminosidade e umidade relativa do ar.
Uma regra importante a ser observada, para que nossas orquídeas brancas fiquem bonitas por mais tempo, é evitar molhar as flores, durante as regas. O contato do tecido vegetal das flores com a água, por períodos prolongados, favorece o desenvolvimento do fungo Botrytis cinerea, conhecido por causar manchas amarronzadas nas pétalas e sépalas, principalmente quando a orquídea é branca. Este ataque diminui a vida útil da flor, além de arruinar sua aparência.
Outro cuidado a ser tomado, em relação ao período de floração de
uma orquídea, seja ela branca ou de qualquer outra cor, é quanto a
correntes de vento, mudanças bruscas de temperatura ou excesso de
sol direto. Estas são condições que podem fazer com que a floração
seja abortada, frequentemente, ainda nos estágios anteriores ao
desabrochar dos botões florais.
Por fim, em relação às orquídeas brancas que nascem a partir de hastes florais, o importante é que ela não seja mudada constantemente de local, nem seu vaso rotacionado, frequentemente. Devemos sempre tentar manter a mesma orientação da orquídea em relação à fonte principal de luminosidade. Desta forma, tanto a haste como as flores irão se desenvolver de maneira simétrica, crescendo em uma única direção, consequentemente produzindo um efeito final muito mais harmonioso e ornamental.
Ainda que não consiga responder à pergunta da minha avó, sobre minha predileção por orquídeas brancas ou vermelhas, guardo estes exemplares alvíssimos no coração, como uma doce recordação da matriarca de nossa família, que adorava plantas e flores. Acho as orquídeas brancas bastante clássicas e atemporais, condizentes com meu estilo de vida minimalista.
Por fim, em relação às orquídeas brancas que nascem a partir de hastes florais, o importante é que ela não seja mudada constantemente de local, nem seu vaso rotacionado, frequentemente. Devemos sempre tentar manter a mesma orientação da orquídea em relação à fonte principal de luminosidade. Desta forma, tanto a haste como as flores irão se desenvolver de maneira simétrica, crescendo em uma única direção, consequentemente produzindo um efeito final muito mais harmonioso e ornamental.
Ainda que não consiga responder à pergunta da minha avó, sobre minha predileção por orquídeas brancas ou vermelhas, guardo estes exemplares alvíssimos no coração, como uma doce recordação da matriarca de nossa família, que adorava plantas e flores. Acho as orquídeas brancas bastante clássicas e atemporais, condizentes com meu estilo de vida minimalista.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil