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Ficus benjamina


Ficus benjamina
| Ficus benjamina |

Quem observa aquele pequeno arbusto plantado em um vaso, frequentemente utilizado na decoração de interiores, pode não se atentar ao fato de que se trata, na verdade, de uma árvore capaz de atingir grandes proporções. Neste sentido, plantar e cuidar de uma Ficus benjamina é, antes de tudo, um exercício de responsabilidade e cidadania. Ele não pode ser colocado em qualquer lugar, principalmente em calçadas, próximo a construções, uma vez que suas raízes são bastante agressivas e podem destruir tudo ao seu redor.

Na verdade, a Ficus benjamina é uma espécie exótica, o que significa que ela não faz parte da flora nativa brasileira. Esta é uma árvore originária da Ásia e Austrália, sendo considerada um símbolo de Bangkok, na Tailândia. Em países de língua inglesa, a Ficus benjamina é conhecida como weeping fig, benjamin fig ou, simplesmente, Ficus tree. Aqui no Brasil, ainda que existam outras espécies de Ficus sendo cultivadas como plantas ornamentais, a benjamina é a mais popular, sendo frequentemente chamada apenas de Ficus.


A Ficus benjamina pertence à família botânica Moraceae, a mesma que abriga conhecidas árvores frutíferas, tais como aquelas que produzem amora ou jaca. Embora tenha representantes espalhados por todo o globo terrestre, a maioria das suas espécies ocorre nativamente em regiões tropicais do velho mundo, principalmente no continente asiático, podendo também haver ocorrências em algumas ilhas do Pacífico e na Oceania.

Atualmente, quem está roubando a cena e ofuscando a Ficus benjamina, na decoração de ambientes internos, é a espécie Ficus lyrata, também conhecida como figueira lira. No exterior, ela é chamada de fiddle leaf fig, estando presente em todos os perfis do Instagram, dedicados às houseplants e urban jungles. Há alguns anos, no entanto, a estrela era outra figueira, da espécie Ficus elastica, popularmente conhecida como rubber plant ou rubber tree, planta ou árvore borracha. Assim como na moda e na decoração, estas são tendências que vão e vêm, a todo instante.

Na natureza, a Ficus benjamina pode atingir grandes proporções, ultrapassando os 30 metros de altura. Sua copa pode chegar a 10 metros de diâmetro. Como planta ornamental, no entanto, esta árvore pode ser mantida em vasos, sendo frequentemente cultivada dentro de casas e apartamentos. Sob estas condições, seu tamanho fica controlado. Por tolerar ambientes mais sombreados, a Ficus benjamina é comumente utilizada na arte de produzir um bonsai capaz de sobreviver em interiores, ao contrário da maioria das árvores, que necessita de sol pleno para seu pleno desenvolvimento.


Também é bastante comum encontrarmos mudas jovens de Ficus benjamina plantadas juntas, em um mesmo vaso, com seus caules retorcidos e trançados. Particularmente, eu não gosto do resultado desta intervenção, acho meio aflitivo. O mesmo costuma ser feito com várias outras plantas ornamentais de interiores, tais como lanças de São Jorge (Sansevieria cylindrica) e bambus da sorte (Dracaena sanderiana).

Além da espécie tipo, com folhas totalmente verdes, a Ficus benjamina pode se encontrada sob a forma de diferentes cultivares, com variações na coloração das folhas, que podem apresentar inúmeros padrões em suas formas variegatas.

Por se tratar de uma figueira, o fruto da Ficus benjamina pode ser ingerido, sem problemas. No entanto, não é comum que esta fruta seja consumida, cotidianamente, por seres humanos. Por outro lado, eles costumam fazer a festa dos pássaros. Um outro ponto importante a ser observado é que a seiva desta árvore é tóxica, podendo causar uma série de irritações na pele, em razão de reações alérgicas, cuja gravidade varia de pessoa para pessoa. Portanto, todo o cuidado deve ser tomado quando a Ficus benjamina for podada. Sempre é aconselhável utilizar algum equipamento de proteção, como luvas e óculos.

É bastante comum encontramos a Ficus benjamina sendo utilizada na arte da topiaria, em que seu formato é completamente moldado, através de podas constantes. Novamente, neste caso, não sou muito fã do resultado, já que prefiro plantas com suas formas naturais.


Embora desenvolva-se melhor quando cultivada sob sol pleno, a Ficus benjamina pode sobreviver em ambientes internos, desde que receba bastante luminosidade. Sob estas circunstâncias, o ideal é que a planta receba ao menos algumas horas de sol direto por dia, no início da manhã ou no final da tarde. Em apartamentos, trata-se de uma planta perfeita para varandas ensolaradas. No entanto, é preciso tomar cuidado com suas raízes. Se elas extrapolarem os limites do vaso, podem se infiltrar pelos ralos, atingindo as tubulações do prédio e causando grandes transtornos.

O mesmo cuidado deve ser tomado em qualquer outro ambiente urbano em que a Ficus benjamina for plantada. O ideal é sempre mantê-la em vasos, com as raízes sob controle. Esta é uma árvore cujo plantio é recomendado em áreas rurais, com bastante espaço e solo desimpedido. Em muitas cidades, por outro lado, seu plantio nas calçadas é proibido.

Ainda que seja uma árvore bastante resistente e de fácil cultivo, cujo desenvolvimento é considerado rápido, a Ficus benjamina ressente-se com alguns aspectos do cultivo doméstico. Seu principal inimigo é o ar condicionado, que pode fazer com que suas folhas fiquem amareladas e caiam. Este é o principal sinal que a planta emite, quando alguma condição de cultivo não está de acordo. Também é recomendável evitar mudar o vaso de lugar constantemente, fato que pode prejudicar o desenvolvimento da planta, fazendo-a perder suas folhas. Correntes de ar frio ou fontes intensas de calor também são fatores que podem desencadear o amarelamento e queda das folhas desta árvore. Em áreas externas, sob sol pleno, no entanto, seu cultivo costuma ser mais tranquilo.

A Ficus benjamina aprecia solos ricos em matéria orgânica, desde que sejam facilmente drenáveis. Esta é uma planta que não tolera o encharcamento da terra, de modo que suas regas devem ser moderadas. O ideal é sempre aferir a umidade do solo com a ponta do dedo, afundando-o levemente. Uma nova irrigação somente pode ser efetuada quando o material estiver razoavelmente seco.


Por não desenvolver flores nem frutos, em condições de cultivo em interiores, a Ficus benjamina não precisa ser adubada com formulações ricas em fósforo ou potássio. Sendo o solo preparado com compostos orgânicos, capazes de nutrir a planta, uma adubação complementar, muito elaborada, não costuma ser necessária. No caso de plantas cultivadas em vasos, um adubo de manutenção, do tipo NPK, com níveis equilibrados de cada um destes nutrientes, costuma ser mais do que suficiente para garantir um bom desenvolvimento da Ficus benjamina.

Juntamente com a Ficus lyrata e Ficus elastica, a Ficus benjamina é perfeita para dar volume e colorido às nossas florestas urbanas. Embora requeiram bastante luminosidade, estas plantas podem ser cultivadas dentro de casas e apartamentos. Sob a forma de arbustos comportados ou árvores em miniatura, através da arte do bonsai, a Ficus benjamina é sempre uma presença de destaque, em interiores. No entanto, é preciso que prestemos muita atenção ao decidirmos plantá-la fora de casa, uma vez que o local escolhido precisa ser amplo e livre de construções próximas, para que tragédias não sejam provocadas pelo acelerado desenvolvimento de suas raízes.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil