| Stapelia hirsuta | |
Por uma série de diferentes razões, esta é uma suculenta que eu não
recomendo cultivar dentro de casas e apartamentos. Embora seja popularmente
conhecida como cacto estrela, e tenha a aparência de uma cactácea, a
Stapelia hirsuta não pertence a esta família botânica. Ainda assim,
esta
planta suculenta, que também é chamada de flor estrela, necessita de sol pleno para se
desenvolver e florescer, condição que nem sempre é factível em interiores.
Além disso, o cacto estrela é conhecido por produzir uma floração com odor
bem desagradável.
Não por acaso, a Stapelia hirsuta é chamada de
carrion plant, planta carniça, em países de língua inglesa. Na
verdade, diferentes espécies do gênero botânico Stapelia recebem este
apelido pouco lisonjeiro. Isto acontece porque as flores por elas produzidas
exalam um aroma de carne em decomposição, com a finalidade de atrair seus
agentes polinizadores, geralmente moscas. Para piorar a situação, é comum
encontrarmos ovos e larvas destes insetos nas flores do cacto estrela, que
são ludibriados pela planta.
Outro apelido comum para o cacto estrela, no exterior, é justamente starfish flower, flor estrela do mar. Além do odor desagradável, a flor do cacto estrela é conhecida por seu aspecto exótico, bastante peludo. Este não é um capricho da flor estrela, trata-se de uma estratégia complementar ao aroma, para mimetizar a superfície de um animal morto. Já apresentamos, aqui no blog, algumas suculentas conhecidas por apresentarem as folhas peludas, tais como a Tradescantia sillamontana e Kalanchoe tomentosa, conhecida como suculenta orelha de gato. No entanto, a Stapelia hirsuta é o primeiro exemplo de suculenta que produz flores repletas de longos tricomas. É justamente por esta razão que o nome científico do cacto estrela possui o termo hirsuta, derivado da palavra hirsutus, que significa peludo, em latim. O nome do gênero, Stapelia, homenageia seu descobridor, Johannes Bodaeus van Stapel, médico e botânico holandês que realizou importantes estudos da flora nativa do continente africano.
O cacto estrela pertence à família Apocynaceae, a mesma da flor de cera, Hoya carnosa, e da suculenta corações emaranhados, Ceropegia woodii, já apresentadas aqui no blog. Também faz parte desta família botânica a famosa rosa do deserto, Adenium obesum. No entanto, os parentes que mais se assemelham à Stapelia hirsuta, em termos vegetativos e de morfologia das flores, são os representantes dos gêneros Orbea e Huernia, também bastante colecionados e apreciados pelos cultivadores de suculentas.
A espécie Stapelia hirsuta é originária de regiões ao sul do continente africano, ocorrendo naturalmente em países como Namíbia e África do Sul. No entanto, ao contrário de outras suculentas, o cacto estrela está habituado a solos menos áridos, com um teor maior de umidade e matéria orgânica. Isto porque, nas regiões em que se encontra, nativamente, a flor estrela experimenta situações de invernos mais chuvosos.
Por esta razão, o cacto estrela pode ser regado com mais frequência, mas nunca em excesso. O solo deve ser bem aerado e drenável, podendo conter uma mistura de terra vegetal, areia grossa e composto orgânico, em partes iguais. Outra boa opção é misturar o substrato específico para o cultivo de cactos e suculentas, comprado pronto, a uma porção equivalente de matéria orgânica, que pode ser esterco curtido ou húmus de minhoca. Caso a flor estrela seja mantida em vasos, é importante que eles tenham furos no fundo e uma camada de drenagem, que pode ser feita com pedrisco, argila expandida ou brita. Por cima deste material, uma manta geotêxtil pode ser posicionada, para evitar a perda do substrato durante as regas. Alternativamente, pode-se reutilizar o filtro de café, com esta mesma finalidade.
O vaso para o cultivo da Stapelia hirsuta pode ser de barro ou de plástico, desde que as regas sejam ajustadas de acordo com o material escolhido. O vaso de cerâmica é mais poroso, permitindo que o substrato seque mais rapidamente. Por outro lado, o plástico retém a umidade por um período mais prolongado, razão pela qual deve-se diminuir a frequência das regas. Como sempre, o uso do pratinho sob o vaso não é recomendado, já que ele pode acumular a água das regas e causar o apodrecimento das raízes do cacto estrela.
No entanto, é em jardins sob sol pleno que a flor estrela mostra todo o seu potencial, formando belas touceiras. Esta é uma planta ideal para compor o paisagismo de espaços com inspiração desértica, junto com outras suculentas e cactos.
Caso o cultivador encontre uma fonte confiável, pode tentar plantar a flor estrela a partir de sementes. Embora exista muita propaganda enganosa, a este respeito, sementes genuínas de Stapelia hirsuta costumam germinar com facilidade. Basta colocá-las em pequenas estufas, em solo bem arenoso, e aguardar por sua germinação, que costuma ocorrer dentro de algumas semanas. No entanto, serão necessários mais três anos de cultivo, até que o cacto estrela nascido a partir de sementes torne-se adulto e apto a florescer.
Uma forma mais rápida de propagar a Stapelia hirsuta é através de cortes realizados na planta principal. O segmento seccionado deve ser deixado em um local sombreado e bem arejado, durante alguns dias, até que uma calosidade seja formada no ferimento, cicatrizando-o. Esta etapa evitará que o cacto estrela seja contaminado por fungos e bactérias. Somente depois deste processo, a muda poderá ser plantada na terra, onde enraizará e produzirá uma nova planta.
Tendo sido a terra bem preparada, com matéria orgânica, não é necessário aplicar uma adubação muito intensa, durante o cultivo do cacto estrela. Para estimular a floração, pode-se utilizar uma formulação mais rica em fósforo, do tipo NPK, de tempos em tempos.
No entanto, o fator crucial para que o cacto estrela produza flores é a luminosidade. Quanto mais luz puder ser fornecida a esta suculenta, mais abundantes serão suas florações. Embora a Stapelia hirsuta possa ser cultivada em ambientes de meia sombra, o ideal é mantê-la sob sol pleno, pelo maior número de horas possível. Para quem mora em apartamentos, sacadas ensolaradas ou floreiras externas são boas opções para se cultivar a flor estrela.
Como mencionado na introdução, só não é muito recomendável cultivar o cacto estrela dentro de casas e apartamentos, em função do odor desagradável de suas florações. Apesar deste pequeno detalhe, trata-se de uma suculenta bastante resistente, de muito fácil cultivo e baixa manutenção, capaz de produzir flores surpreendentemente grandes, bonitas e exóticas. Apesar de fedorentas.
Outro apelido comum para o cacto estrela, no exterior, é justamente starfish flower, flor estrela do mar. Além do odor desagradável, a flor do cacto estrela é conhecida por seu aspecto exótico, bastante peludo. Este não é um capricho da flor estrela, trata-se de uma estratégia complementar ao aroma, para mimetizar a superfície de um animal morto. Já apresentamos, aqui no blog, algumas suculentas conhecidas por apresentarem as folhas peludas, tais como a Tradescantia sillamontana e Kalanchoe tomentosa, conhecida como suculenta orelha de gato. No entanto, a Stapelia hirsuta é o primeiro exemplo de suculenta que produz flores repletas de longos tricomas. É justamente por esta razão que o nome científico do cacto estrela possui o termo hirsuta, derivado da palavra hirsutus, que significa peludo, em latim. O nome do gênero, Stapelia, homenageia seu descobridor, Johannes Bodaeus van Stapel, médico e botânico holandês que realizou importantes estudos da flora nativa do continente africano.
O cacto estrela pertence à família Apocynaceae, a mesma da flor de cera, Hoya carnosa, e da suculenta corações emaranhados, Ceropegia woodii, já apresentadas aqui no blog. Também faz parte desta família botânica a famosa rosa do deserto, Adenium obesum. No entanto, os parentes que mais se assemelham à Stapelia hirsuta, em termos vegetativos e de morfologia das flores, são os representantes dos gêneros Orbea e Huernia, também bastante colecionados e apreciados pelos cultivadores de suculentas.
A espécie Stapelia hirsuta é originária de regiões ao sul do continente africano, ocorrendo naturalmente em países como Namíbia e África do Sul. No entanto, ao contrário de outras suculentas, o cacto estrela está habituado a solos menos áridos, com um teor maior de umidade e matéria orgânica. Isto porque, nas regiões em que se encontra, nativamente, a flor estrela experimenta situações de invernos mais chuvosos.
Por esta razão, o cacto estrela pode ser regado com mais frequência, mas nunca em excesso. O solo deve ser bem aerado e drenável, podendo conter uma mistura de terra vegetal, areia grossa e composto orgânico, em partes iguais. Outra boa opção é misturar o substrato específico para o cultivo de cactos e suculentas, comprado pronto, a uma porção equivalente de matéria orgânica, que pode ser esterco curtido ou húmus de minhoca. Caso a flor estrela seja mantida em vasos, é importante que eles tenham furos no fundo e uma camada de drenagem, que pode ser feita com pedrisco, argila expandida ou brita. Por cima deste material, uma manta geotêxtil pode ser posicionada, para evitar a perda do substrato durante as regas. Alternativamente, pode-se reutilizar o filtro de café, com esta mesma finalidade.
O vaso para o cultivo da Stapelia hirsuta pode ser de barro ou de plástico, desde que as regas sejam ajustadas de acordo com o material escolhido. O vaso de cerâmica é mais poroso, permitindo que o substrato seque mais rapidamente. Por outro lado, o plástico retém a umidade por um período mais prolongado, razão pela qual deve-se diminuir a frequência das regas. Como sempre, o uso do pratinho sob o vaso não é recomendado, já que ele pode acumular a água das regas e causar o apodrecimento das raízes do cacto estrela.
No entanto, é em jardins sob sol pleno que a flor estrela mostra todo o seu potencial, formando belas touceiras. Esta é uma planta ideal para compor o paisagismo de espaços com inspiração desértica, junto com outras suculentas e cactos.
Caso o cultivador encontre uma fonte confiável, pode tentar plantar a flor estrela a partir de sementes. Embora exista muita propaganda enganosa, a este respeito, sementes genuínas de Stapelia hirsuta costumam germinar com facilidade. Basta colocá-las em pequenas estufas, em solo bem arenoso, e aguardar por sua germinação, que costuma ocorrer dentro de algumas semanas. No entanto, serão necessários mais três anos de cultivo, até que o cacto estrela nascido a partir de sementes torne-se adulto e apto a florescer.
Uma forma mais rápida de propagar a Stapelia hirsuta é através de cortes realizados na planta principal. O segmento seccionado deve ser deixado em um local sombreado e bem arejado, durante alguns dias, até que uma calosidade seja formada no ferimento, cicatrizando-o. Esta etapa evitará que o cacto estrela seja contaminado por fungos e bactérias. Somente depois deste processo, a muda poderá ser plantada na terra, onde enraizará e produzirá uma nova planta.
Tendo sido a terra bem preparada, com matéria orgânica, não é necessário aplicar uma adubação muito intensa, durante o cultivo do cacto estrela. Para estimular a floração, pode-se utilizar uma formulação mais rica em fósforo, do tipo NPK, de tempos em tempos.
No entanto, o fator crucial para que o cacto estrela produza flores é a luminosidade. Quanto mais luz puder ser fornecida a esta suculenta, mais abundantes serão suas florações. Embora a Stapelia hirsuta possa ser cultivada em ambientes de meia sombra, o ideal é mantê-la sob sol pleno, pelo maior número de horas possível. Para quem mora em apartamentos, sacadas ensolaradas ou floreiras externas são boas opções para se cultivar a flor estrela.
Como mencionado na introdução, só não é muito recomendável cultivar o cacto estrela dentro de casas e apartamentos, em função do odor desagradável de suas florações. Apesar deste pequeno detalhe, trata-se de uma suculenta bastante resistente, de muito fácil cultivo e baixa manutenção, capaz de produzir flores surpreendentemente grandes, bonitas e exóticas. Apesar de fedorentas.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil