| Vanda híbrida | |
No diversificado e intrincado universo das orquidáceas, o gênero botânico
Vanda destaca-se graças às suas exuberantes florações, cuja marca
registrada são as imensas e coloridas flores tipicamente pintalgadas, bem como
pelo seu aspecto vegetativo único, com inúmeras raízes aéreas, que costumam
atingir grandes proporções. No artigo de hoje, conheceremos mais a fundo a
orquídea Vanda, com importantes dicas para seu cultivo bem-sucedido.
O gênero Vanda é relativamente pequeno, dentro da família Orchidaceae. Ele é composto por aproximadamente 80 espécies, que ocorrem naturalmente em diferentes localidades na região sudeste do continente asiático, bem como em algumas ilhas do Pacífico. Atualmente, a Tailândia está entre os principais países produtores e exportadores da orquídea Vanda, fornecendo inúmeras espécies, variedades e híbridos ao mercado consumidor mundial.
De forma mais abrangente, no entanto, diversos outros gêneros e espécies de orquídeas são informalmente chamados de Vanda, por pertencerem à mesmo tribo botânica, Vandeae. Neste contexto, são exemplos de vandáceas as orquídeas dos gêneros Aerides, Ascocentrum, Renanthera, Rhynchostylis, entre muitos outros.
A popular orquídea samurai, Neofinetia falcata, também é um representante da tribo Vandeae, sendo considerada uma vandácea. A própria orquídea Phalaenopsis, a mais comercializada em todo o mundo, também é um exemplo menos conhecido da grande aliança Vanda.
Em comum, todas estas orquídeas apresentam um crescimento monopodial, produzindo novas folhas a partir de um único ponto apical, umas sobre as outras. Outras características típicas das orquídeas Vanda são a ausência de pseudobulbos e o hábito epífito de vida. Mais do que qualquer outra orquídea, a Vanda é mundialmente conhecida por emitir uma grande quantidade de raízes aéreas, que atingem grandes comprimentos. Por este motivo, é muito comum que as vandáceas sejam cultivadas em ausência de vasos e substratos, apenas acondicionadas em suportes suspensos, com as raízes pendentes.
Outro grande atrativo, para aqueles que cultivam a orquídea Vanda, é sua capacidade de florescer várias vezes ao ano. Suas inflorescências são grandes e vistosas, sendo que algumas espécies e híbridos apresentam a característica especial de produzirem flores perfumadas. Além disso, a Vanda é uma das poucas orquídeas capazes de produzir flores azuladas. De modo geral, são híbridos descendentes da espécie Vanda coerulea. O pigmento encontrado nesta orquídea não é verdadeiramente azul, mas a combinação de diferentes tons de púrpura acaba produzindo flores com uma intensa tonalidade azulada.
Apenas lembrando que outra vandácea comumente encontrada no mercado, a Phalaenopsis Blue Mystique, é uma orquídea azul colorida artificialmente. Nas próximas florações, ela volta à sua coloração original, que é branca.
A cor azul é tão rara no reino vegetal que a Vanda coerulea encontra-se, atualmente, sob risco de extinção, em seu habitat de origem. Assim como acontece no Brasil, a coleta e comercialização de orquídeas nativas é proibida, em muitos países do sudeste asiático, onde a orquídea Vanda é encontrada na natureza. Dentre os híbridos azulados mais famosos, podemos citar a Vanda Sansai Blue e Vanda Pachara Delight.
Outra cor rara entre as orquidáceas é a vermelha. Na aliança Vanda, a representante mais famosa por produzir flores vermelhas é a Renanthera coccinea. Além desta espécie, há alguns híbridos de Ascocentrum, outra vandácea, capazes de produzir flores avermelhadas.
As orquídeas amarelas do gênero Vanda, por sua vez, costumam ser descendentes da espécie Vanda dearei. É o caso da Vanda híbrida apresentada na foto de abertura deste artigo. Belíssimos híbridos da orquídea Vanda, na coloração amarela, são a Vanda Kultana Gold e Vanda Fuchs Gold.
Mas as possibilidades de cores nas flores das orquídeas Vanda são praticamente infinitas, graças à intensa hibridização e melhoramento genético que vêm sendo efetuados ao longo dos anos. Há Vandas com flores brancas, amarelas, alaranjadas, em diversos tons de púrpura, pink, azuladas e avermelhadas. Muitas delas possuem o característico padrão pintalgado em suas imensas flores arredondadas, que costumam durar entre duas a três semanas. O sucesso da orquídea Vanda como planta ornamental é tamanho que, há alguns anos, os produtores começaram a cultivá-la com o intuito de fornecer flores de corte ao mercado consumidor.
Muitas orquídeas, genericamente comercializadas no mercado apenas como Vandas, são na realidade híbridos intergenéricos. Isto significa que estas orquídeas descendem de outros gêneros, tais como Ascocentrum e Rhynchostylis, por exemplo. Sendo assim, temos a Ascocenda, que é fruto do cruzamento entre Ascocentrum e Vanda. Vandacostylis, por outro lado, descende de Vanda e Rhynchostylis. Aranda é outro híbrido primário, descendente dos gêneros Arachnis e Vanda. Já o gênero trigenérico Mokara é resultante da mistura entre Arachnis, Ascocentrum e Vanda. Indo mais além, o híbrido intergenérico Darwinara é ainda mais complexo, fruto do cruzamento envolvendo quatro gêneros diferentes: Ascocentrum, Neofinetia, Rhynchostylis e Vanda. Como podemos constatar, as possibilidades são infinitas.
O cultivo da orquídea Vanda é bastante simples, mas pode tornar-se um desafio, dependendo das condições climáticas de cada localidade. Por ser uma planta tipicamente tropical, originária de florestas quentes e úmidas do sudeste asiático, a Vanda não se desenvolve bem em regiões que apresentam temperaturas mais baixas. Além disso, como é cultivada com as raízes pendentes, sem substrato, esta orquídea sofre quando os níveis de umidade relativa do ar são muito reduzidos.
Dentre todas as orquídeas epífitas, a Vanda é a que mais se ressente quando suas raízes ficam abafadas, acondicionadas em vasos com substrato. Por este motivo, é comum o cultivo da orquídea Vanda em pequenos cestos vazados e suspensos, que podem ser de plástico ou madeira, de modo que as raízes fiquem completamente livres, pendentes. Também há quem apenas prenda a Vanda em uma haste de metal, de forma a mantê-la pendurada. Qualquer outro tipo de cultivo que abafe as raízes da orquídea Vanda deve ser evitado, a todo custo. Caso fiquem úmidas por muito tempo, estas estruturas apodrecem rapidamente, matando a planta por desidratação.
Quando cultivada da forma correta, com as raízes aéreas, as regas da orquídea Vanda devem ser bastante frequentes. Em ambientes mais secos, ou com ventilação excessiva, as irrigações podem ser efetuadas mais de uma vez por dia. O ideal é borrifar apenas as raízes, evitando-se molhar as folhas. Caso a água fique acumulada nos interstícios, pode causar o apodrecimento destas estruturas. Este cuidado é ainda mais importante durante os meses de outono e inverno. As regas da Vanda devem ser intensas, de modo que o velame em torno das raízes passe da coloração branca, quando está seco, para um aspecto esverdeado, indicando que a raiz foi completamente hidratada.
É muito comum que as orquídeas do gênero Vanda sejam cultivadas sobre pequenos lagos ou tanques de peixes. Desta forma, a umidade é constantemente fornecida às raízes, sem encharcá-las diretamente. Quando mantidas em estufas, frequentemente estes espaços não têm um piso de concreto, de modo que a terra úmida ajuda a proporcionar um ambiente saudável para o cultivo destas orquídeas. Também vale a pena manter bromélias e samambaias, na parte inferior do orquidário, pelo mesmo motivo. Em ambientes fechados, protegidos de correntes de vento, vale a pena utilizar umidificadores de ar, para um melhor cultivo da orquídea Vanda. Alguns americanos conseguem a proeza de cultivar Vandas no porão, embaixo da casa, com iluminação artificial, circuladores e umidificadores de ar.
A orquídea Vanda aprecia elevados níveis de luminosidade. Embora haja espécies que tolerem o sol pleno, o ideal é proteger estas orquídeas com uma tela de sombreamento, geralmente capaz de filtrar 50% dos raios solares incidentes. Desta forma, as folhas ficam livres das queimaduras, que podem ocorrer nas horas mais quentes do dia, principalmente durante os meses do verão. Quanto mais luz puder ser fornecida à Vanda, sem que suas folhas se queimem, mais abundantes e frequentes serão suas florações.
No inverno, os cuidados com a orquídea Vanda devem ser redobrados. Isto porque, se submetida a temperaturas muito baixas, a Vanda pode entrar em dormência, deixando de produzir novas folhas, raízes e flores. Seu metabolismo somente voltará ao normal quando as condições se tornarem mais favoráveis, com o aumento das temperaturas. Portanto, o ideal é que o ambiente de cultivo tenha algum tipo de aquecimento, durante o inverno mais rigoroso. Sei de pessoas que se dão ao trabalho de colocar as orquídeas Vanda dentro de casa, durante as noites mais frias do inverno. Além disso, durante este período, as regas devem ser reduzidas. Deve-se evitar molhar folhas e flores, sob condições de temperaturas mais baixas. O excesso de umidade pode causar a proliferação do fungo Botrytis cinerea, que ocasiona manchas amarronzadas nos tecidos florais. Embora não ofereça risco à vida da Vanda, esta praga danifica as flores, arruinando sua aparência.
Em qualquer época do ano, mas principalmente durante os meses mais frios, o excesso de vento pode causar a desidratação da orquídea Vanda. Portanto, é muito importante que ela seja cultivada em um local mais protegido, que tenha uma ventilação controlada, apenas para garantir que as raízes possam secar ao longo do dia. Durante o inverno, é importante regar apenas no início da manhã, de forma que haja tempo hábil para que o excesso de umidade seja evaporado, no decorrer do dia.
A adubação da orquídea Vanda deve ser mais intensa e elaborada. Esta exigência decorre do seu metabolismo mais acelerado e de suas florações mais frequentes, ao longo do ano. Como está sempre produzindo novas raízes, folhas e flores, a Vanda precisa de uma dose mais reforçada de nutrientes. Além disso, como suas raízes são aéreas, não ficam em contato direto com nenhum material, o que faz com que qualquer adubação seja rapidamente eliminada com as próximas regas.
Por este motivo, a adubação orgânica somente faz sentido se for líquida, o que não é tão comum. De maneira geral, os adubos solúveis do tipo NPK, com macro e micronutrientes, utilizados de forma mais frequente e diluída, proporcionam bons resultados no cultivo da orquídea Vanda. Pode-se, por exemplo, preparar soluções com metade ou um quarto da dose recomendada pelo fabricante, e aplicá-la semanalmente. Além do nitrogênio, fósforo e potássio do NPK, é importante que as formulações tenham cálcio e enxofre. Esta adubação química pode ser alternada com algum fertilizante orgânico, desde que possa ser aplicado sob a forma líquida, com pulverizador.
Embora seja uma orquídea resistente, a Vanda costuma ser considerada de difícil cultivo, devido às suas exigências por um ambiente com bastante luminosidade e umidade. O primeiro indício de que algo não vai bem com a Vanda é o amarelamento e ressecamento das suas folhas, principalmente as mais próximas às raízes, na parte de baixo da planta. É muito comum vermos Vandas que vão perdendo as folhas, de baixo para cima, ficando cada vez mais pescoçudas, até que acabam morrendo. Este é um sintoma de desidratação, que pode ocorrer tanto por falta de regas ou de umidade no ambiente, como por excesso de água nas raízes, por um período muito prolongado.
Na tentativa de salvar a orquídea Vanda, muitos cultivadores recorrem a tubetes com água levemente adubada, estrategicamente presos às pontas das raízes. No entanto, o procedimento mais correto e eficaz é simplesmente aumentar os níveis de umidade relativa do ar, no ambiente de cultivo. É por este motivo que as condições aqui na sacada do apartamento são tão desafiadoras ao cultivo de Vandas, uma vez que o excesso de ventos retira toda a umidade do ambiente, causando uma frequente desidratação da orquídea, que não possui a proteção de um vaso ao redor das suas raízes.
Sob condições ideais de temperatura e pressão, no entanto, o cultivo da orquídea Vanda é bastante tranquilo e recompensador, dadas as suas abundantes e frequentes florações. O único inconveniente, quanto ao seu crescimento monopodial, é a dificuldade de propagação. Talvez por este motivo, a Vanda ainda seja uma orquídea de custo mais elevado. Diferentemente das tradicionais orquídeas que se desenvolvem de forma simpodial, emitindo novos pseudobulbos em diversas frentes de crescimento, a Vanda somente cresce para cima, sendo impossível dividi-la. Como a multiplicação através de sementes de orquídeas é um processo bastante complicado e demorado, particularmente no caso da Vanda, cuja trajetória da semente até as flores pode levar dez anos, a única alternativa mais viável de propagação da Vanda é através de eventuais kekis. Trata-se de uma palavra havaiana que significa bebê. A orquídea Vanda pode, ocasionalmente, produzir pequenos brotos laterais, a partir dos mesmos pontos que produzem as hastes florais. No entanto, este não é um processo líquido e certo, dependendo muito da sorte. Há quem diga que a orquídea produz keikis quando sente que sua vida está em perigo. Desta forma, as novas brotações seriam uma forma de garantir a perpetuação da planta.
Ainda que não seja a orquídea ideal para quem mora em apartamentos, a Vanda possui uma beleza que encanta a todos, a um tal ponto que algumas tentativas podem ser feitas. Costumo receber relatos, aqui no blog, de pessoas que cultivam orquídeas Vanda em suas varandas de apartamento, com sucesso. Eu já tentei algumas vezes, sem muito êxito. Embora a luminosidade seja suficiente, o excesso de vento castiga muito as plantas, de modo que resolvi deixá-las em paz.
O gênero Vanda é relativamente pequeno, dentro da família Orchidaceae. Ele é composto por aproximadamente 80 espécies, que ocorrem naturalmente em diferentes localidades na região sudeste do continente asiático, bem como em algumas ilhas do Pacífico. Atualmente, a Tailândia está entre os principais países produtores e exportadores da orquídea Vanda, fornecendo inúmeras espécies, variedades e híbridos ao mercado consumidor mundial.
De forma mais abrangente, no entanto, diversos outros gêneros e espécies de orquídeas são informalmente chamados de Vanda, por pertencerem à mesmo tribo botânica, Vandeae. Neste contexto, são exemplos de vandáceas as orquídeas dos gêneros Aerides, Ascocentrum, Renanthera, Rhynchostylis, entre muitos outros.
A popular orquídea samurai, Neofinetia falcata, também é um representante da tribo Vandeae, sendo considerada uma vandácea. A própria orquídea Phalaenopsis, a mais comercializada em todo o mundo, também é um exemplo menos conhecido da grande aliança Vanda.
Em comum, todas estas orquídeas apresentam um crescimento monopodial, produzindo novas folhas a partir de um único ponto apical, umas sobre as outras. Outras características típicas das orquídeas Vanda são a ausência de pseudobulbos e o hábito epífito de vida. Mais do que qualquer outra orquídea, a Vanda é mundialmente conhecida por emitir uma grande quantidade de raízes aéreas, que atingem grandes comprimentos. Por este motivo, é muito comum que as vandáceas sejam cultivadas em ausência de vasos e substratos, apenas acondicionadas em suportes suspensos, com as raízes pendentes.
Outro grande atrativo, para aqueles que cultivam a orquídea Vanda, é sua capacidade de florescer várias vezes ao ano. Suas inflorescências são grandes e vistosas, sendo que algumas espécies e híbridos apresentam a característica especial de produzirem flores perfumadas. Além disso, a Vanda é uma das poucas orquídeas capazes de produzir flores azuladas. De modo geral, são híbridos descendentes da espécie Vanda coerulea. O pigmento encontrado nesta orquídea não é verdadeiramente azul, mas a combinação de diferentes tons de púrpura acaba produzindo flores com uma intensa tonalidade azulada.
Apenas lembrando que outra vandácea comumente encontrada no mercado, a Phalaenopsis Blue Mystique, é uma orquídea azul colorida artificialmente. Nas próximas florações, ela volta à sua coloração original, que é branca.
A cor azul é tão rara no reino vegetal que a Vanda coerulea encontra-se, atualmente, sob risco de extinção, em seu habitat de origem. Assim como acontece no Brasil, a coleta e comercialização de orquídeas nativas é proibida, em muitos países do sudeste asiático, onde a orquídea Vanda é encontrada na natureza. Dentre os híbridos azulados mais famosos, podemos citar a Vanda Sansai Blue e Vanda Pachara Delight.
Outra cor rara entre as orquidáceas é a vermelha. Na aliança Vanda, a representante mais famosa por produzir flores vermelhas é a Renanthera coccinea. Além desta espécie, há alguns híbridos de Ascocentrum, outra vandácea, capazes de produzir flores avermelhadas.
As orquídeas amarelas do gênero Vanda, por sua vez, costumam ser descendentes da espécie Vanda dearei. É o caso da Vanda híbrida apresentada na foto de abertura deste artigo. Belíssimos híbridos da orquídea Vanda, na coloração amarela, são a Vanda Kultana Gold e Vanda Fuchs Gold.
Mas as possibilidades de cores nas flores das orquídeas Vanda são praticamente infinitas, graças à intensa hibridização e melhoramento genético que vêm sendo efetuados ao longo dos anos. Há Vandas com flores brancas, amarelas, alaranjadas, em diversos tons de púrpura, pink, azuladas e avermelhadas. Muitas delas possuem o característico padrão pintalgado em suas imensas flores arredondadas, que costumam durar entre duas a três semanas. O sucesso da orquídea Vanda como planta ornamental é tamanho que, há alguns anos, os produtores começaram a cultivá-la com o intuito de fornecer flores de corte ao mercado consumidor.
Muitas orquídeas, genericamente comercializadas no mercado apenas como Vandas, são na realidade híbridos intergenéricos. Isto significa que estas orquídeas descendem de outros gêneros, tais como Ascocentrum e Rhynchostylis, por exemplo. Sendo assim, temos a Ascocenda, que é fruto do cruzamento entre Ascocentrum e Vanda. Vandacostylis, por outro lado, descende de Vanda e Rhynchostylis. Aranda é outro híbrido primário, descendente dos gêneros Arachnis e Vanda. Já o gênero trigenérico Mokara é resultante da mistura entre Arachnis, Ascocentrum e Vanda. Indo mais além, o híbrido intergenérico Darwinara é ainda mais complexo, fruto do cruzamento envolvendo quatro gêneros diferentes: Ascocentrum, Neofinetia, Rhynchostylis e Vanda. Como podemos constatar, as possibilidades são infinitas.
O cultivo da orquídea Vanda é bastante simples, mas pode tornar-se um desafio, dependendo das condições climáticas de cada localidade. Por ser uma planta tipicamente tropical, originária de florestas quentes e úmidas do sudeste asiático, a Vanda não se desenvolve bem em regiões que apresentam temperaturas mais baixas. Além disso, como é cultivada com as raízes pendentes, sem substrato, esta orquídea sofre quando os níveis de umidade relativa do ar são muito reduzidos.
Dentre todas as orquídeas epífitas, a Vanda é a que mais se ressente quando suas raízes ficam abafadas, acondicionadas em vasos com substrato. Por este motivo, é comum o cultivo da orquídea Vanda em pequenos cestos vazados e suspensos, que podem ser de plástico ou madeira, de modo que as raízes fiquem completamente livres, pendentes. Também há quem apenas prenda a Vanda em uma haste de metal, de forma a mantê-la pendurada. Qualquer outro tipo de cultivo que abafe as raízes da orquídea Vanda deve ser evitado, a todo custo. Caso fiquem úmidas por muito tempo, estas estruturas apodrecem rapidamente, matando a planta por desidratação.
Quando cultivada da forma correta, com as raízes aéreas, as regas da orquídea Vanda devem ser bastante frequentes. Em ambientes mais secos, ou com ventilação excessiva, as irrigações podem ser efetuadas mais de uma vez por dia. O ideal é borrifar apenas as raízes, evitando-se molhar as folhas. Caso a água fique acumulada nos interstícios, pode causar o apodrecimento destas estruturas. Este cuidado é ainda mais importante durante os meses de outono e inverno. As regas da Vanda devem ser intensas, de modo que o velame em torno das raízes passe da coloração branca, quando está seco, para um aspecto esverdeado, indicando que a raiz foi completamente hidratada.
É muito comum que as orquídeas do gênero Vanda sejam cultivadas sobre pequenos lagos ou tanques de peixes. Desta forma, a umidade é constantemente fornecida às raízes, sem encharcá-las diretamente. Quando mantidas em estufas, frequentemente estes espaços não têm um piso de concreto, de modo que a terra úmida ajuda a proporcionar um ambiente saudável para o cultivo destas orquídeas. Também vale a pena manter bromélias e samambaias, na parte inferior do orquidário, pelo mesmo motivo. Em ambientes fechados, protegidos de correntes de vento, vale a pena utilizar umidificadores de ar, para um melhor cultivo da orquídea Vanda. Alguns americanos conseguem a proeza de cultivar Vandas no porão, embaixo da casa, com iluminação artificial, circuladores e umidificadores de ar.
A orquídea Vanda aprecia elevados níveis de luminosidade. Embora haja espécies que tolerem o sol pleno, o ideal é proteger estas orquídeas com uma tela de sombreamento, geralmente capaz de filtrar 50% dos raios solares incidentes. Desta forma, as folhas ficam livres das queimaduras, que podem ocorrer nas horas mais quentes do dia, principalmente durante os meses do verão. Quanto mais luz puder ser fornecida à Vanda, sem que suas folhas se queimem, mais abundantes e frequentes serão suas florações.
No inverno, os cuidados com a orquídea Vanda devem ser redobrados. Isto porque, se submetida a temperaturas muito baixas, a Vanda pode entrar em dormência, deixando de produzir novas folhas, raízes e flores. Seu metabolismo somente voltará ao normal quando as condições se tornarem mais favoráveis, com o aumento das temperaturas. Portanto, o ideal é que o ambiente de cultivo tenha algum tipo de aquecimento, durante o inverno mais rigoroso. Sei de pessoas que se dão ao trabalho de colocar as orquídeas Vanda dentro de casa, durante as noites mais frias do inverno. Além disso, durante este período, as regas devem ser reduzidas. Deve-se evitar molhar folhas e flores, sob condições de temperaturas mais baixas. O excesso de umidade pode causar a proliferação do fungo Botrytis cinerea, que ocasiona manchas amarronzadas nos tecidos florais. Embora não ofereça risco à vida da Vanda, esta praga danifica as flores, arruinando sua aparência.
Em qualquer época do ano, mas principalmente durante os meses mais frios, o excesso de vento pode causar a desidratação da orquídea Vanda. Portanto, é muito importante que ela seja cultivada em um local mais protegido, que tenha uma ventilação controlada, apenas para garantir que as raízes possam secar ao longo do dia. Durante o inverno, é importante regar apenas no início da manhã, de forma que haja tempo hábil para que o excesso de umidade seja evaporado, no decorrer do dia.
A adubação da orquídea Vanda deve ser mais intensa e elaborada. Esta exigência decorre do seu metabolismo mais acelerado e de suas florações mais frequentes, ao longo do ano. Como está sempre produzindo novas raízes, folhas e flores, a Vanda precisa de uma dose mais reforçada de nutrientes. Além disso, como suas raízes são aéreas, não ficam em contato direto com nenhum material, o que faz com que qualquer adubação seja rapidamente eliminada com as próximas regas.
Por este motivo, a adubação orgânica somente faz sentido se for líquida, o que não é tão comum. De maneira geral, os adubos solúveis do tipo NPK, com macro e micronutrientes, utilizados de forma mais frequente e diluída, proporcionam bons resultados no cultivo da orquídea Vanda. Pode-se, por exemplo, preparar soluções com metade ou um quarto da dose recomendada pelo fabricante, e aplicá-la semanalmente. Além do nitrogênio, fósforo e potássio do NPK, é importante que as formulações tenham cálcio e enxofre. Esta adubação química pode ser alternada com algum fertilizante orgânico, desde que possa ser aplicado sob a forma líquida, com pulverizador.
Embora seja uma orquídea resistente, a Vanda costuma ser considerada de difícil cultivo, devido às suas exigências por um ambiente com bastante luminosidade e umidade. O primeiro indício de que algo não vai bem com a Vanda é o amarelamento e ressecamento das suas folhas, principalmente as mais próximas às raízes, na parte de baixo da planta. É muito comum vermos Vandas que vão perdendo as folhas, de baixo para cima, ficando cada vez mais pescoçudas, até que acabam morrendo. Este é um sintoma de desidratação, que pode ocorrer tanto por falta de regas ou de umidade no ambiente, como por excesso de água nas raízes, por um período muito prolongado.
Na tentativa de salvar a orquídea Vanda, muitos cultivadores recorrem a tubetes com água levemente adubada, estrategicamente presos às pontas das raízes. No entanto, o procedimento mais correto e eficaz é simplesmente aumentar os níveis de umidade relativa do ar, no ambiente de cultivo. É por este motivo que as condições aqui na sacada do apartamento são tão desafiadoras ao cultivo de Vandas, uma vez que o excesso de ventos retira toda a umidade do ambiente, causando uma frequente desidratação da orquídea, que não possui a proteção de um vaso ao redor das suas raízes.
Sob condições ideais de temperatura e pressão, no entanto, o cultivo da orquídea Vanda é bastante tranquilo e recompensador, dadas as suas abundantes e frequentes florações. O único inconveniente, quanto ao seu crescimento monopodial, é a dificuldade de propagação. Talvez por este motivo, a Vanda ainda seja uma orquídea de custo mais elevado. Diferentemente das tradicionais orquídeas que se desenvolvem de forma simpodial, emitindo novos pseudobulbos em diversas frentes de crescimento, a Vanda somente cresce para cima, sendo impossível dividi-la. Como a multiplicação através de sementes de orquídeas é um processo bastante complicado e demorado, particularmente no caso da Vanda, cuja trajetória da semente até as flores pode levar dez anos, a única alternativa mais viável de propagação da Vanda é através de eventuais kekis. Trata-se de uma palavra havaiana que significa bebê. A orquídea Vanda pode, ocasionalmente, produzir pequenos brotos laterais, a partir dos mesmos pontos que produzem as hastes florais. No entanto, este não é um processo líquido e certo, dependendo muito da sorte. Há quem diga que a orquídea produz keikis quando sente que sua vida está em perigo. Desta forma, as novas brotações seriam uma forma de garantir a perpetuação da planta.
Ainda que não seja a orquídea ideal para quem mora em apartamentos, a Vanda possui uma beleza que encanta a todos, a um tal ponto que algumas tentativas podem ser feitas. Costumo receber relatos, aqui no blog, de pessoas que cultivam orquídeas Vanda em suas varandas de apartamento, com sucesso. Eu já tentei algumas vezes, sem muito êxito. Embora a luminosidade seja suficiente, o excesso de vento castiga muito as plantas, de modo que resolvi deixá-las em paz.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil