| Epipremnum aureum | |
Esta é uma planta que, apesar de bastante comum, sempre me fascinou.
Acostumado às diversas exigências das divas
orquídeas, tendo já perdido vários exemplares, sinto-me reconfortado e seguro ao
cultivar a popular jiboia, cujo nome científico é Epipremnum aureum.
Além de bastante ornamental, esta folhagem é pau para toda obra. Vai bem tanto
em ambientes internos como externos, é extremamente resistente e de fácil
cultivo, além de apresentar uma grande variedade de estampas. Sinto que, se
tudo der errado, ainda poderei contar com uma bela coleção de jiboias.
Sozinha, esta planta transforma qualquer ambiente sem graça em uma pequena
urban jungle.
Em países de língua inglesa, a jiboia é conhecida como pothos ou
golden pothos. Isto porque, no passado, a espécie
Epipremnum aureum pertencia ao gênero botânico Pothos. Sua
primeira classificação formal ocorreu em 1880, tendo recebido a denominação
específica Pothos aureus.
A planta que conhecemos como jiboia talvez seja a mais famosa representante da família Araceae, repleta de espécies comumente cultivadas como folhagens ornamentais, principalmente em interiores. Também são exemplos de aráceas as Alocasias, o lírio da paz, Spathiphyllum wallisii, e o antúrio, Anthurium andraeanum.
A jiboia é uma planta trepadeira típica de regiões tropicais localizadas no sudeste asiático e Oceania. Seu nome popular, aqui no Brasil, surgiu a partir do fato de o Epipremnum aureum ser capaz de se enrolar nos troncos das árvores, atingindo grandes proporções, de uma tal forma que pode causar seu sufocamento. Quando cultivada em áreas externas, sob sol pleno, esta inofensiva plantinha doméstica fica gigantesca, com folhas rasgadas que se assemelham às da popular costela de Adão, Monstera deliciosa.
Este comportamento pouco amigável da jiboia, em relação às outras plantas, aliado ao seu rápido desenvolvimento e propagação, manchou a reputação do Epipremnum aureum, que é considerada uma espécie invasiva, em muitos países onde foi introduzida artificialmente.
No entanto, quando cultivada em ambientes controlados, dentro de vasos, com fins ornamentais, a jiboia faz um sucesso inquestionável. Ao longo dos últimos anos, diversos novos cultivares vêm sendo desenvolvidos, com estampas belíssimas em suas folhagens. Embora ainda não sejam muito comuns, no Brasil, as variedades que fazem sucesso no exterior são a pothos marble queen, cujas folhas apresentam uma belíssima padronagem marmorizada, bem mais intensa do que a versão original, mostrada na foto de abertura deste artigo, a neon pothos, cujas folhas são lisas, em um tom neon de verde bem claro, e a pothos n'joy, cuja folhagem apresenta uma interessante variegação, mesclando o verde escuro com o branco.
Uma curiosidade, em relação à jiboia, é o fato de esta planta não florescer, ao contrário do que acontece com outros representantes da família Araceae, que produzem aquela típica inflorescência em forma de espiga, como o antúrio. Apenas sob condições experimentais controladas, com a aplicação de hormônios vegetais, pesquisadores conseguiram induzir a floração da jiboia.
Outros estudos científicos demonstraram a capacidade da jiboia de absorver compostos poluentes da atmosfera, tais como benzeno, tolueno e formaldeído. Estas substâncias químicas são voláteis, sendo comumente liberadas por combustíveis ou solventes orgânicos presentes em tintas e produtos de beleza, por exemplo. Diversas outras plantas, comumente utilizadas na decoração de interiores, tais como lírio da paz e clorofito, também atuam como filtros naturais, purificando o ar nos ambientes domésticos.
Por outro lado, todos os tecidos vegetais da jiboia são ricos em cristais de oxalato de cálcio, que podem provocar vários sintomas tóxicos em crianças e animais domésticos, caso sejam inadvertidamente ingeridos. O mesmo acontece com todas as aráceas, como é o caso da planta popularmente conhecida como comigo ninguém pode, Dieffenbachia amoena. Sendo assim, convém tomar o cuidado de cultivar a jiboia em locais inacessíveis a estes pequenos curiosos. Neste contexto, vasos suspensos com jiboias são soluções ideais para se evitar acidentes, além de ficarem bastante decorativos.
A jiboia é uma planta extremamente versátil, podendo ser cultivada em ambientes de sombra, meia sombra ou sol pleno. Dentro de casas e apartamentos, é a solução ideal para aquele canto mais sombreado, com uma luminosidade indireta, que costuma ser insuficiente para a maioria das outras plantas. É muito frequente encontrarmos jiboias sendo cultivadas em lavabos e banheiros, por este motivo. Também é uma ótima indicação de planta para quartos. No entanto, quanto mais luminosidade puder ser fornecida à jiboia, maiores e mais bonitas ficarão suas folhas, acentuando sua característica variegata. Quando esta espécie é cultivada em locais muito sombreados, a tendência é que suas folhas se tornem completamente verdes, perdendo a variegação.
Além de ser democrática em relação à luminosidade, a jiboia também aceita diferentes modos de cultivo. Por ser uma planta trepadeira, o Epipremnum aureum apresenta a capacidade de ir emitindo raízes aéreas, ao longo do caule. Desta forma, a jiboia consegue ir se aderindo a qualquer superfície, podendo, inclusive, subir pelas paredes, literalmente. Um bom método para evitar que isto aconteça é fornecer um suporte acoplado ao vaso. É comum encontrarmos a jiboia sendo comercializada em vasos com um totem central, geralmente feito de algum material poroso, como fibra de coco, que funciona como um suporte para o crescimento da planta.
Alternativamente, a jiboia pode ser cultivada como uma planta pendente. Neste caso, o chão é o limite, já que cada ramo da planta pode atingir vários metros de comprimento. Podas regulares podem ser realizadas, para controlar o crescimento da jiboia. As estacas obtidas a partir deste procedimento são úteis para realizar a propagação da planta, que ocorre muito rapidamente. Pode-se simplesmente enterrar os caules no mesmo vaso, para um maior adensamento da touceira, ou plantá-los separadamente, para se obter novas plantas. Eu costumo manter as estacas em água, para que enraízem mais rapidamente. É importante que cada segmento cortado tenha um nó, aquela região que faz a junção da folha com o caule, a partir do qual naturalmente são emitidas as raízes. Apenas a folha, isoladamente, não irá produzir uma nova planta, como ocorre com a maioria das suculentas.
Muitos cultivadores, inclusive, optam por manter a jiboia permanentemente na água, realizando um cultivo hidropônico. A planta é tão resistente que cresce em qualquer lugar. Outro método bastante interessante é a semi-hidroponia, no qual um suporte físico, como argila expandida, é fornecido às raízes, que se nutrem de uma água adubada, que fica no fundo do recipiente.
Caso seja cultivada na terra, a jiboia costuma apreciar solos ricos em matéria orgânica. Mas o fato é que esta planta cresce e se desenvolve bem em qualquer material. Aquele substrato que é vendido pronto, em lojas que comercializam material para jardinagem, é mais do que suficiente para um bom desenvolvimento da jiboia. As regas devem ser moderadas. Não é necessário esperar que o solo seque completamente, entre uma irrigação e outra. Apenas devemos tomar o cuidado de evitar que a terra fique muito encharcada, o que pode levar ao apodrecimento das raízes.
Tomados estes pequenos cuidados, teremos a jiboia saudável e crescendo alucinadamente, para todo o sempre. Trata-se de uma planta praticamente indestrutível. Para quem está empenhado em transformar seus lares em pequenas florestas urbanas, esta é uma aquisição imprescindível.
A planta que conhecemos como jiboia talvez seja a mais famosa representante da família Araceae, repleta de espécies comumente cultivadas como folhagens ornamentais, principalmente em interiores. Também são exemplos de aráceas as Alocasias, o lírio da paz, Spathiphyllum wallisii, e o antúrio, Anthurium andraeanum.
A jiboia é uma planta trepadeira típica de regiões tropicais localizadas no sudeste asiático e Oceania. Seu nome popular, aqui no Brasil, surgiu a partir do fato de o Epipremnum aureum ser capaz de se enrolar nos troncos das árvores, atingindo grandes proporções, de uma tal forma que pode causar seu sufocamento. Quando cultivada em áreas externas, sob sol pleno, esta inofensiva plantinha doméstica fica gigantesca, com folhas rasgadas que se assemelham às da popular costela de Adão, Monstera deliciosa.
Este comportamento pouco amigável da jiboia, em relação às outras plantas, aliado ao seu rápido desenvolvimento e propagação, manchou a reputação do Epipremnum aureum, que é considerada uma espécie invasiva, em muitos países onde foi introduzida artificialmente.
No entanto, quando cultivada em ambientes controlados, dentro de vasos, com fins ornamentais, a jiboia faz um sucesso inquestionável. Ao longo dos últimos anos, diversos novos cultivares vêm sendo desenvolvidos, com estampas belíssimas em suas folhagens. Embora ainda não sejam muito comuns, no Brasil, as variedades que fazem sucesso no exterior são a pothos marble queen, cujas folhas apresentam uma belíssima padronagem marmorizada, bem mais intensa do que a versão original, mostrada na foto de abertura deste artigo, a neon pothos, cujas folhas são lisas, em um tom neon de verde bem claro, e a pothos n'joy, cuja folhagem apresenta uma interessante variegação, mesclando o verde escuro com o branco.
Uma curiosidade, em relação à jiboia, é o fato de esta planta não florescer, ao contrário do que acontece com outros representantes da família Araceae, que produzem aquela típica inflorescência em forma de espiga, como o antúrio. Apenas sob condições experimentais controladas, com a aplicação de hormônios vegetais, pesquisadores conseguiram induzir a floração da jiboia.
Outros estudos científicos demonstraram a capacidade da jiboia de absorver compostos poluentes da atmosfera, tais como benzeno, tolueno e formaldeído. Estas substâncias químicas são voláteis, sendo comumente liberadas por combustíveis ou solventes orgânicos presentes em tintas e produtos de beleza, por exemplo. Diversas outras plantas, comumente utilizadas na decoração de interiores, tais como lírio da paz e clorofito, também atuam como filtros naturais, purificando o ar nos ambientes domésticos.
Por outro lado, todos os tecidos vegetais da jiboia são ricos em cristais de oxalato de cálcio, que podem provocar vários sintomas tóxicos em crianças e animais domésticos, caso sejam inadvertidamente ingeridos. O mesmo acontece com todas as aráceas, como é o caso da planta popularmente conhecida como comigo ninguém pode, Dieffenbachia amoena. Sendo assim, convém tomar o cuidado de cultivar a jiboia em locais inacessíveis a estes pequenos curiosos. Neste contexto, vasos suspensos com jiboias são soluções ideais para se evitar acidentes, além de ficarem bastante decorativos.
A jiboia é uma planta extremamente versátil, podendo ser cultivada em ambientes de sombra, meia sombra ou sol pleno. Dentro de casas e apartamentos, é a solução ideal para aquele canto mais sombreado, com uma luminosidade indireta, que costuma ser insuficiente para a maioria das outras plantas. É muito frequente encontrarmos jiboias sendo cultivadas em lavabos e banheiros, por este motivo. Também é uma ótima indicação de planta para quartos. No entanto, quanto mais luminosidade puder ser fornecida à jiboia, maiores e mais bonitas ficarão suas folhas, acentuando sua característica variegata. Quando esta espécie é cultivada em locais muito sombreados, a tendência é que suas folhas se tornem completamente verdes, perdendo a variegação.
Além de ser democrática em relação à luminosidade, a jiboia também aceita diferentes modos de cultivo. Por ser uma planta trepadeira, o Epipremnum aureum apresenta a capacidade de ir emitindo raízes aéreas, ao longo do caule. Desta forma, a jiboia consegue ir se aderindo a qualquer superfície, podendo, inclusive, subir pelas paredes, literalmente. Um bom método para evitar que isto aconteça é fornecer um suporte acoplado ao vaso. É comum encontrarmos a jiboia sendo comercializada em vasos com um totem central, geralmente feito de algum material poroso, como fibra de coco, que funciona como um suporte para o crescimento da planta.
Alternativamente, a jiboia pode ser cultivada como uma planta pendente. Neste caso, o chão é o limite, já que cada ramo da planta pode atingir vários metros de comprimento. Podas regulares podem ser realizadas, para controlar o crescimento da jiboia. As estacas obtidas a partir deste procedimento são úteis para realizar a propagação da planta, que ocorre muito rapidamente. Pode-se simplesmente enterrar os caules no mesmo vaso, para um maior adensamento da touceira, ou plantá-los separadamente, para se obter novas plantas. Eu costumo manter as estacas em água, para que enraízem mais rapidamente. É importante que cada segmento cortado tenha um nó, aquela região que faz a junção da folha com o caule, a partir do qual naturalmente são emitidas as raízes. Apenas a folha, isoladamente, não irá produzir uma nova planta, como ocorre com a maioria das suculentas.
Muitos cultivadores, inclusive, optam por manter a jiboia permanentemente na água, realizando um cultivo hidropônico. A planta é tão resistente que cresce em qualquer lugar. Outro método bastante interessante é a semi-hidroponia, no qual um suporte físico, como argila expandida, é fornecido às raízes, que se nutrem de uma água adubada, que fica no fundo do recipiente.
Caso seja cultivada na terra, a jiboia costuma apreciar solos ricos em matéria orgânica. Mas o fato é que esta planta cresce e se desenvolve bem em qualquer material. Aquele substrato que é vendido pronto, em lojas que comercializam material para jardinagem, é mais do que suficiente para um bom desenvolvimento da jiboia. As regas devem ser moderadas. Não é necessário esperar que o solo seque completamente, entre uma irrigação e outra. Apenas devemos tomar o cuidado de evitar que a terra fique muito encharcada, o que pode levar ao apodrecimento das raízes.
Tomados estes pequenos cuidados, teremos a jiboia saudável e crescendo alucinadamente, para todo o sempre. Trata-se de uma planta praticamente indestrutível. Para quem está empenhado em transformar seus lares em pequenas florestas urbanas, esta é uma aquisição imprescindível.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil