| Echeveria 'Imbricata' | |
Quando comecei a
cultivar suculentas, achava que eram todas iguais. Particularmente, as espécies do gênero
Echeveria, popularmente conhecidas como
rosas de pedra, pareciam-me indistinguíveis. Pois, qual não foi minha surpresa ao
descobrir que, pouco a pouco, estava me tornando capaz de reconhecer algumas
espécies, híbridos e variedades de plantas suculentas. É um fato tolo, mas
uma alegria indescritível. Neste contexto, apresento, no artigo de hoje, a
Echeveria 'Imbricata', caracterizada por sua incrível coloração
azulada e pálida, com as folhas, de fato, imbricadas em uma densa e
simétrica roseta.
As cerca de 150 espécies de Echeveria são originárias de
diferentes localidades da América Central, havendo uma grande quantidade de
suculentas encontradas nativamente no México, frequentemente colecionadas e
apreciadas por suas características ornamentais. Aqui no blog, já destacamos
as espécies
Echeveria pulvinata, Echeveria runyonii 'Topsy Turvy' e
Echeveria shaviana. Também já foram temas de artigos, por aqui, os híbridos
Echeveria 'Black Prince'
e
Echeveria 'Perle von Nürnberg'.
A estrela de hoje, Echeveria 'Imbricata', é uma suculenta híbrida, resultante do cruzamento entre as espécies Echeveria secunda var. glauca e Echeveria gibbiflora 'Metallica'. Como são apenas duas espécies botânicas envolvidas, trata-se tecnicamente de um híbrido primário. Acredita-se que este seja um dos cruzamentos mais antigos já efetuados, envolvendo o gênero Echeveria.
A Echeveria 'Imbricata' foi produzida, pela primeira vez, em 1874, em Marselha, França, por Jean-Baptiste A. Deleuil. Como costuma ocorrer em todo processo de hibridização, a miscigenação de espécies acabou produzindo uma planta mais robusta e resistente, com um aspecto ornamental superior. Este fenômeno é chamado de heterose ou vigor híbrido.
No exterior, é comum encontrarmos esta suculenta como Echeveria 'Imbricata Blue Rose', ou simplesmente 'Blue Rose' Echeveria. Trata-se de uma das suculentas mais comumente encontradas no mercado, frequentemente denominada hens and chicks ou hens and chickens, que significa galinhas e pintinhos, em referência à prole de novos brotos que a planta mãe produz, a partir da base de sua roseta principal. No entanto, várias outras suculentas com aspecto de roseta recebem este tipo de apelido.
Além da espetacular simetria apresentada pela suculenta Echeveria 'Imbricata', outro aspecto que chama a atenção é a aparência fosca de suas folhas verdes, levemente azuladas. Trata-se de um revestimento de pruína, substância cerosa com o aspecto de um pó translúcido, que protege a planta do sol pleno, além de evitar a perda de água das suas folhas, por evaporação. Este é o mesmo acabamento que confere uma aparência empoeirada à planta fantasma, Graptopetalum paraguayense.
É preciso tomar cuidado durante o manuseio da Echeveria 'Imbricata', porque a camada de pruína sobre suas folhas é retirada pelo contato com a oleosidade dos nossos dedos. Ao menor toque, acabamos deixando um rastro de impressões digitais na pobre suculenta. Como o revestimento opaco não é reposto pela planta, ela acaba ficando toda manchada, com a aparência comprometida. Mas é um problema puramente estético, que não acarreta em maiores prejuízos à Echeveria 'Imbricata'.
Embora seja um evento raro de ocorrer, principalmente quando esta suculenta é cultivada dentro de casas e apartamentos, a floração da Echeveria 'Imbricata' caracteriza-se por longas hastes, arqueadas nas pontas, que surgem durante os meses de primavera e verão, portando pequenas flores alaranjadas, em forma de sino.
Cultivada como planta ornamental desde o século XIX, a Echeveria 'Imbricata' é considerada uma das mais resistentes suculentas. Trata-se de um híbrido que se adapta a diferentes condições de luminosidade, podendo ser mantido sob sol pleno, em jardins rochosos, de inspiração desértica, ou em vasos, dentro de casas e apartamentos, desde que em um local próximo a uma janela bem iluminada. Em interiores, a condição ideal de cultivo desta Echeveria é a meia-sombra, em que a planta possa receber algumas horas de sol direto por dia, no começo da manhã ou no final da tarde.
Quanto mais luminosidade a Echeveria 'Imbricata' receber, mais belas e compactas serão suas rosetas. Em ambientes muito sombreados, esta suculenta pode sofrer um processo de estiolamento, em que seus tecidos vegetais crescem aceleradamente, em busca de luz, tornando-se mais frágeis, finos e compridos. Nestes casos, costuma-se dizer que a suculenta ficou pescoçuda.
Ainda que isto aconteça, não é o fim do mundo. Quase todas as suculentas, incluindo a Echeveria 'Imbricata', podem ser consertadas quando seus caules se tornam compridos demais. Basta efetuar uma poda drástica, através de um processo conhecido como decapitação de suculentas. Neste procedimento, a parte superior da roseta é cortada e plantada separadamente. Antes disso, no entanto, é importante que o segmento cortado seja deixado em um local sombreado, por alguns dias, para que uma calosidade feche o ferimento. Pode-se polvilhar canela em pó, nas partes cortadas, para evitar a infecção do tecido vegetal por fungos e bactérias. A porção remanescente, decapitada, continuará a produzir novos brotos laterais, sendo esta uma excelente forma de propagação da Echeveria 'Imbricata'.
Outro método frequentemente utilizado para multiplicar esta suculenta é através de suas folhas. Basta destacar algumas estruturas da base da planta, que ainda estejam saudáveis, e colocá-las em um berçário de suculentas. Não é necessário enterrar as folhas, basta assentá-las sobre o substrato, mantendo-o levemente úmido. Não é um processo que dá certo em cem porcento dos casos, mas frequentemente novas mudas são formadas, a partir das extremidades destas folhas.
Quando cultivada em interiores, é importante que a Echeveria 'Imbricata' seja rotacionada, de tempos em tempos, para que sua roseta não se desenvolva de maneira desigual. Com a incidência lateral de luz, é grande a probabilidade de a planta se tornar curvada. No entanto, esta é uma suculenta considerada de crescimento lento, não sendo necessárias rotações muito frequentes.
O solo para o plantio da Echeveria 'Imbricata' deve mimetizar aquele encontrado nos habitats áridos em que esta suculenta se encontra, na natureza. O substrato deve ser bem aerado, facilmente drenável e não precisa ser muito rico em matéria orgânica, já que a planta está acostumada a solos pobres em nutrientes. O ideal é utilizar misturas próprias para o cultivo de cactos e suculentas, disponíveis no mercado. Alternativamente, pode-se preparar uma versão caseira, através da mistura de terra vegetal e areia grossa, em partes iguais. O importante é que o vaso, seja ele de barro ou plástico, tenha furos no fundo e seja montado com uma boa camada de drenagem, que pode ser constituída por brita, pedrisco ou argila expandida. Como sempre, o uso do pratinho sob o vaso é dispensável.
Por ser um híbrido bastante antigo e resistente, a Echeveria 'Imbricata' é ideal para quem está começando a cultivar suculentas. Tudo o que esta planta necessita é de bastante luz e pouca água. Apresentando rosetas azuladas extremamente ornamentais, esta é uma belíssima adição à coleção de todo aficionado por suculentas.
A estrela de hoje, Echeveria 'Imbricata', é uma suculenta híbrida, resultante do cruzamento entre as espécies Echeveria secunda var. glauca e Echeveria gibbiflora 'Metallica'. Como são apenas duas espécies botânicas envolvidas, trata-se tecnicamente de um híbrido primário. Acredita-se que este seja um dos cruzamentos mais antigos já efetuados, envolvendo o gênero Echeveria.
A Echeveria 'Imbricata' foi produzida, pela primeira vez, em 1874, em Marselha, França, por Jean-Baptiste A. Deleuil. Como costuma ocorrer em todo processo de hibridização, a miscigenação de espécies acabou produzindo uma planta mais robusta e resistente, com um aspecto ornamental superior. Este fenômeno é chamado de heterose ou vigor híbrido.
No exterior, é comum encontrarmos esta suculenta como Echeveria 'Imbricata Blue Rose', ou simplesmente 'Blue Rose' Echeveria. Trata-se de uma das suculentas mais comumente encontradas no mercado, frequentemente denominada hens and chicks ou hens and chickens, que significa galinhas e pintinhos, em referência à prole de novos brotos que a planta mãe produz, a partir da base de sua roseta principal. No entanto, várias outras suculentas com aspecto de roseta recebem este tipo de apelido.
Além da espetacular simetria apresentada pela suculenta Echeveria 'Imbricata', outro aspecto que chama a atenção é a aparência fosca de suas folhas verdes, levemente azuladas. Trata-se de um revestimento de pruína, substância cerosa com o aspecto de um pó translúcido, que protege a planta do sol pleno, além de evitar a perda de água das suas folhas, por evaporação. Este é o mesmo acabamento que confere uma aparência empoeirada à planta fantasma, Graptopetalum paraguayense.
É preciso tomar cuidado durante o manuseio da Echeveria 'Imbricata', porque a camada de pruína sobre suas folhas é retirada pelo contato com a oleosidade dos nossos dedos. Ao menor toque, acabamos deixando um rastro de impressões digitais na pobre suculenta. Como o revestimento opaco não é reposto pela planta, ela acaba ficando toda manchada, com a aparência comprometida. Mas é um problema puramente estético, que não acarreta em maiores prejuízos à Echeveria 'Imbricata'.
Embora seja um evento raro de ocorrer, principalmente quando esta suculenta é cultivada dentro de casas e apartamentos, a floração da Echeveria 'Imbricata' caracteriza-se por longas hastes, arqueadas nas pontas, que surgem durante os meses de primavera e verão, portando pequenas flores alaranjadas, em forma de sino.
Cultivada como planta ornamental desde o século XIX, a Echeveria 'Imbricata' é considerada uma das mais resistentes suculentas. Trata-se de um híbrido que se adapta a diferentes condições de luminosidade, podendo ser mantido sob sol pleno, em jardins rochosos, de inspiração desértica, ou em vasos, dentro de casas e apartamentos, desde que em um local próximo a uma janela bem iluminada. Em interiores, a condição ideal de cultivo desta Echeveria é a meia-sombra, em que a planta possa receber algumas horas de sol direto por dia, no começo da manhã ou no final da tarde.
Quanto mais luminosidade a Echeveria 'Imbricata' receber, mais belas e compactas serão suas rosetas. Em ambientes muito sombreados, esta suculenta pode sofrer um processo de estiolamento, em que seus tecidos vegetais crescem aceleradamente, em busca de luz, tornando-se mais frágeis, finos e compridos. Nestes casos, costuma-se dizer que a suculenta ficou pescoçuda.
Ainda que isto aconteça, não é o fim do mundo. Quase todas as suculentas, incluindo a Echeveria 'Imbricata', podem ser consertadas quando seus caules se tornam compridos demais. Basta efetuar uma poda drástica, através de um processo conhecido como decapitação de suculentas. Neste procedimento, a parte superior da roseta é cortada e plantada separadamente. Antes disso, no entanto, é importante que o segmento cortado seja deixado em um local sombreado, por alguns dias, para que uma calosidade feche o ferimento. Pode-se polvilhar canela em pó, nas partes cortadas, para evitar a infecção do tecido vegetal por fungos e bactérias. A porção remanescente, decapitada, continuará a produzir novos brotos laterais, sendo esta uma excelente forma de propagação da Echeveria 'Imbricata'.
Outro método frequentemente utilizado para multiplicar esta suculenta é através de suas folhas. Basta destacar algumas estruturas da base da planta, que ainda estejam saudáveis, e colocá-las em um berçário de suculentas. Não é necessário enterrar as folhas, basta assentá-las sobre o substrato, mantendo-o levemente úmido. Não é um processo que dá certo em cem porcento dos casos, mas frequentemente novas mudas são formadas, a partir das extremidades destas folhas.
Quando cultivada em interiores, é importante que a Echeveria 'Imbricata' seja rotacionada, de tempos em tempos, para que sua roseta não se desenvolva de maneira desigual. Com a incidência lateral de luz, é grande a probabilidade de a planta se tornar curvada. No entanto, esta é uma suculenta considerada de crescimento lento, não sendo necessárias rotações muito frequentes.
O solo para o plantio da Echeveria 'Imbricata' deve mimetizar aquele encontrado nos habitats áridos em que esta suculenta se encontra, na natureza. O substrato deve ser bem aerado, facilmente drenável e não precisa ser muito rico em matéria orgânica, já que a planta está acostumada a solos pobres em nutrientes. O ideal é utilizar misturas próprias para o cultivo de cactos e suculentas, disponíveis no mercado. Alternativamente, pode-se preparar uma versão caseira, através da mistura de terra vegetal e areia grossa, em partes iguais. O importante é que o vaso, seja ele de barro ou plástico, tenha furos no fundo e seja montado com uma boa camada de drenagem, que pode ser constituída por brita, pedrisco ou argila expandida. Como sempre, o uso do pratinho sob o vaso é dispensável.
Por ser um híbrido bastante antigo e resistente, a Echeveria 'Imbricata' é ideal para quem está começando a cultivar suculentas. Tudo o que esta planta necessita é de bastante luz e pouca água. Apresentando rosetas azuladas extremamente ornamentais, esta é uma belíssima adição à coleção de todo aficionado por suculentas.
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Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil