| Ludisia discolor | |
Tendo em vista o sucesso da nossa seleção de
suculentas de sombra, publicada recentemente aqui no blog, hoje trago uma lista de
orquídeas
que podem ser cultivadas dentro de casa. Lembrando que o termo orquídeas de
sombra é impreciso, já que toda planta precisa de luz para sobreviver. Mas
existem aquelas orquídeas que não necessitam de uma luminosidade intensa para
se desenvolver e florescer, contentando-se com a luz indireta que chega a um
parapeito de janela, dentro de casas e apartamentos.
Em jardinagem, o termo sombra refere-se à luminosidade difusa que incide no
ambiente, sem sol direto em nenhum momento do dia. Já a meia sombra é aquela
condição em que há a incidência direta dos raios solares, apenas por algumas
horas do dia, no início da manhã e no final da tarde. Por fim, temos o sol
pleno, que não necessita de maiores explicações. Felizmente, devido à grande
diversidade de membros da família Orchidaceae, temos espécies que se
adequam a cada uma destas condições de luminosidade. A seguir, listarei as
minhas dez
orquídeas
de sombra preferidas.
1. Ludisia discolor
Encabeçando a seleção de orquídeas de sombra, temos a orquídea joia, cujo nome científico é Ludisica discolor. Esta orquídea asiática, de hábito terrestre, encontrada na Indonésia, Malásia e Burma, é conhecida como orquídea joia devido à beleza de suas folhas aveludadas, que exibem um tom de verde acobreado, com veios dourados avermelhados. Muitos colecionadores cultivam esta orquídea de sombra apenas como folhagem, sem se preocuparem com suas florações, consideradas de importância ornamental secundária. Por este motivo, trata-se de uma escolha perfeita para se cultivar dentro de casas e apartamentos, em ambientes sem muita luminosidade.
Ludisia discolor |
Ainda assim, sob condições de luz indireta, a Ludisia discolor pode
florescer, exibindo graciosas e minúsculas flores brancas, que se parecem com
seres alados. Elas também lembram a pipoca. Por ser terrestre, esta orquídea
de sombra pode ser cultivada como qualquer outra planta de interiores, tais
como
violetas, com o diferencial de requerer ainda menos luminosidade.
Esta é outra orquídea coringa, a salvação para os cultivadores de apartamento. Ao contrário das vistosas Phalaenopsis em tamanho normal, as versões em miniatura cabem em qualquer lugar, podendo inclusive ser colecionadas, tamanha a diversidade de cores disponíveis. A cada dia, surgem mini Phalaenopsis ainda menores, mantendo as características de cores e padronagens encontradas nas versões originais, em tamanho natural.
Para que floresça bem, a mini Phalaenopsis precisa de um pouco mais de luminosidade, quando comparada à Ludisia discolor. Ainda assim, pode ser considerada uma típica orquídea de sombra, por se desenvolver bem em ambientes internos, desde casas e apartamentos até escritórios e espaços corporativos, com ar condicionado.
2. Mini Phalaenopsis
Esta é outra orquídea coringa, a salvação para os cultivadores de apartamento. Ao contrário das vistosas Phalaenopsis em tamanho normal, as versões em miniatura cabem em qualquer lugar, podendo inclusive ser colecionadas, tamanha a diversidade de cores disponíveis. A cada dia, surgem mini Phalaenopsis ainda menores, mantendo as características de cores e padronagens encontradas nas versões originais, em tamanho natural.
Para que floresça bem, a mini Phalaenopsis precisa de um pouco mais de luminosidade, quando comparada à Ludisia discolor. Ainda assim, pode ser considerada uma típica orquídea de sombra, por se desenvolver bem em ambientes internos, desde casas e apartamentos até escritórios e espaços corporativos, com ar condicionado.
Phalaenopsis híbrida |
Tudo o que esta orquídea de sombra precisa é de um local próximo a uma
janela com luz indireta. Suas flores duram uma eternidade. Muito embora
possam surgir durante o ano todo, devido à natureza híbrida da mini
Phalaenopsis, os picos de floração ocorrem durante os meses da primavera e verão. O
grande diferencial deste gênero de orquídeas é que, após o término da
floração, a
haste antiga
pode brotar novamente, produzindo novas flores ou
keikis, que são brotos capazes de gerar novas plantas.
3. Orquídea chocolate
De modo geral, as orquídeas do gênero
Oncidium
são conhecidas por requererem elevados níveis de luminosidade, para um bom
desenvolvimento e floração. No entanto, o híbrido
Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance', mais conhecido popularmente como
orquídea chocolate, é menos exigente quanto a este quesito, podendo ser cultivado dentro de
casas e apartamentos, apenas com luz indireta.
Na verdade, esta é outra orquídea de sombra típica, já que suas folhas ficam intensamente pintalgadas, quando expostas a muita luminosidade. Aqui no apartamento, já obtive boas florações desta orquídea dentro do meu quarto. A orquídea chocolate contenta-se com um parapeito de janela, produzindo suas florações com cheiro de chocolate ao longo de todo o ano.
Na verdade, esta é outra orquídea de sombra típica, já que suas folhas ficam intensamente pintalgadas, quando expostas a muita luminosidade. Aqui no apartamento, já obtive boas florações desta orquídea dentro do meu quarto. A orquídea chocolate contenta-se com um parapeito de janela, produzindo suas florações com cheiro de chocolate ao longo de todo o ano.
Ondicium Sharry Baby 'Sweet Fragrance' |
4. Oncidium Twinkle 'Yellow Fantasy'
Esta é uma parente da orquídea chocolate. Também intensamente perfumada, a
orquídea
Oncidium Twinkle 'Yellow Fantasy'
é bastante florífera, podendo ser cultivada em interiores, sem maiores
problemas. Também não tolera o sol pleno, ficando com as folhas queimadas
ou intensamente pintalgadas.
Esta orquídea de sombra é híbrida, resultante do cruzamento entre as
espécies Oncidium cheirophorum e
Oncidium ornithorhynchum ou sotoanum. Sua marca
registrada são as minúsculas flores, que podem ter diferentes colorações,
tais como amarelo, branco e vinho. Em comum, todas as versões exalam um
perfume adocicado, que lembra a
baunilha.
Oncidium Twinkle 'Yellow Fantasy' |
O principal cuidado a ser tomado no cultivo desta orquídea de sombra é
quanto às
regas. O gênero Oncidium é bastante sensível quanto ao excesso de
umidade nas raízes, por períodos prolongados. Por esta razão, estas
orquídeas costumam ser cultivadas em pedaços de madeira ou troncos
cortados. Quando plantadas em vasos com substrato, deve-se aguardar até
que o material seque completamente, para então efetuar uma nova rega.
5. Oncidium ornithorhynchum
Na verdade, o nome científico correto desta orquídea é
Oncidium sotoanum. Devido a uma troca de identificação, ela
acabou ficando conhecida como
Oncidium ornithorhynchum, mesmo após a confusão ter sido descoberta. Como é impossível
encontrar esta orquídea no mercado, usando seu nome original, seguimos
com a nomenclatura mais comumente utilizada.
Esta é outra orquídea de sombra que vai bem em interiores, por
necessitar de uma luminosidade indireta para florescer. Não por acaso,
ela está na genealogia das duas orquídeas de sombra supracitadas.
Trata-se de uma espécie originária de regiões de clima ameno, de
elevadas altitudes. Por esta razão, nem sempre é tranquilo cultivá-la,
principalmente em regiões muito quentes e secas, ou ao nível do mar.
Oncidium ornithorhynchum |
O que mais me chama a atenção, no caso desta orquídea de sombra, é o
contraste entre o calo amarelo gema, localizado acima do labelo de cada
flor, em relação às pétalas e sépalas rosadas. Outra marca registrada
deste Oncidium é seu aroma, bastante intenso, nem sempre
considerado agradável pelos cultivadores.
Esta é uma orquídea que brilha em qualquer coleção, graças ao formato inusitado de suas flores, que lembram tamancos holandeses. Diversas orquídeas dos gêneros Paphiopedilum e Phragmipdium são popularmente conhecidas como orquídeas sapatinho. Elas são consideradas orquídeas terrestres, mais precisamente humícolas, já que suas raízes assentam-se sobre a camada de húmus que se forma no chão das florestas. Nesta localização, estas orquídeas de sombra estão muito mais distantes dos raios solares, filtrados pelas copas das árvores.
6. Orquídea sapatinho
Esta é uma orquídea que brilha em qualquer coleção, graças ao formato inusitado de suas flores, que lembram tamancos holandeses. Diversas orquídeas dos gêneros Paphiopedilum e Phragmipdium são popularmente conhecidas como orquídeas sapatinho. Elas são consideradas orquídeas terrestres, mais precisamente humícolas, já que suas raízes assentam-se sobre a camada de húmus que se forma no chão das florestas. Nesta localização, estas orquídeas de sombra estão muito mais distantes dos raios solares, filtrados pelas copas das árvores.
Paphiopedilum Leeanum |
O representante mais famoso desta classe de orquídeas é o
Paphiopedilum Leeanum. Trata-se de um híbrido asiático, que se adaptou muito bem ao clima
no Brasil, sendo extremamente popular. Esta é uma orquídea de sombra
que está por toda parte, frequentemente cultivada como uma planta
comum de jardim.
Trata-se de uma orquídea perfeita para ser cultivada dentro de casas e
apartamentos, em ambientes mais sombreados. Já obtive várias florações
aqui no meu quarto, com um exemplar cultivado próximo a uma janela
face oeste, sem luz direta. Apesar de ser uma orquídea de sombra
típica, o Paphiopedilum Leeanum é bastante versátil, tolerando
inclusive algumas horas de sol direto por dia, no início da manhã e no
final da tarde.
Ao encontrarmos uma orquídea vermelha à venda, é muito provável que ela possua a espécie Sophronitis coccinea em sua genealogia. No entanto, dentre as orquídeas de sombra já mencionadas ao longo deste artigo, esta radiante miniatura vermelha não ocupa uma boa classificação, graças ao fato de ser bastante temperamental, considerada de difícil cultivo.
7. Sophronitis coccinea
Ao encontrarmos uma orquídea vermelha à venda, é muito provável que ela possua a espécie Sophronitis coccinea em sua genealogia. No entanto, dentre as orquídeas de sombra já mencionadas ao longo deste artigo, esta radiante miniatura vermelha não ocupa uma boa classificação, graças ao fato de ser bastante temperamental, considerada de difícil cultivo.
Sophronitis coccinea |
Muito embora ela não necessite de muita luminosidade para crescer e
florescer, a Sophronitis coccinea é bastante exigente quanto
aos níveis de umidade relativa do ar. Como o ambiente dentro de casas
e apartamentos costuma ser muito seco, nem sempre é possível cultivar
esta orquídea em interiores. No entanto, há quem tenha sucesso
recorrendo a umidificadores de ambiente, bandejas umidificadoras ou
mesmo cones de barro.
A combinação de musgo sphagnum e vaso de plástico costuma gerar bons resultados, no cultivo desta exigente orquídea de sombra. Eu já perdi vários exemplares, mas sigo tentando, já que se trata de uma espécie de beleza única.
A combinação de musgo sphagnum e vaso de plástico costuma gerar bons resultados, no cultivo desta exigente orquídea de sombra. Eu já perdi vários exemplares, mas sigo tentando, já que se trata de uma espécie de beleza única.
8. Ornithophora radicans
As micro orquídeas são orquídeas de sombra por excelência. Elas estão habituadas à vida sob a sombra das densas copas das árvores, nas florestas tropicais. Muitas espécies são originárias da Mata Atlântica brasileira. É o caso da nossa oitava indicação, a espécie Ornithophora radicans. Trata-se de uma orquídea extremamente delicada, de flores minúsculas, que lembram mosquitinhos esvoaçantes.
Ornithophora radicans |
Apesar de não ser exigente quanto à luminosidade, podendo florescer em
ambientes sombreados, a Ornithophora radicans precisa de
bastante umidade no ambiente de cultivo, para se desenvolver
adequadamente. Em locais muito secos e quentes, esta orquídea de
sombra tende a se desidratar, ficando com as pontas das folhas
queimadas e os minúsculos pseudobulbos enrugados.
Tomadas as devidas precauções, como as descritas para o cultivo da Sophronitis coccinea, acima, a Ornithophora radicans formará delicadas touceiras, repletas de hastes florais portando inúmeros seres alados, de beleza única.
Esta é outra espécie, também considerada uma micro orquídea, que se desenvolve muito bem em ambientes sombreados. Epífita por excelência, a Capanemia superflua não gosta muito do cultivo em vasos. Ela prefere ficar com as raízes aderidas a pedaços de madeira ou de troncos, com as raízes bem arejadas. No entanto, precisa de elevados níveis de umidade relativa do ar. Também é considerada uma orquídea temperamental, de difícil cultivo.
Aqui no apartamento, nunca consegui grandes resultados no cultivo desta orquídea de sombra. Ainda assim, cada pequena haste floral que surge é um show de delicadeza, como podemos ver na imagem abaixo.
Tomadas as devidas precauções, como as descritas para o cultivo da Sophronitis coccinea, acima, a Ornithophora radicans formará delicadas touceiras, repletas de hastes florais portando inúmeros seres alados, de beleza única.
9. Capanemia superflua
Esta é outra espécie, também considerada uma micro orquídea, que se desenvolve muito bem em ambientes sombreados. Epífita por excelência, a Capanemia superflua não gosta muito do cultivo em vasos. Ela prefere ficar com as raízes aderidas a pedaços de madeira ou de troncos, com as raízes bem arejadas. No entanto, precisa de elevados níveis de umidade relativa do ar. Também é considerada uma orquídea temperamental, de difícil cultivo.
Aqui no apartamento, nunca consegui grandes resultados no cultivo desta orquídea de sombra. Ainda assim, cada pequena haste floral que surge é um show de delicadeza, como podemos ver na imagem abaixo.
Capanemia superflua |
10. Paradisanthus micranthus
Por fim, para fugirmos do lugar comum, uma orquídea terrestre
bastante esquecida pelos colecionadores. A espécie
Paradisanthus micranthus é tipicamente brasileira, encontrada
no chão das florestas, sendo um clássico exemplo de orquídea de
sombra.
Seu principal charme está na coloração verde água de suas pétalas e
sépalas. Espécies de
orquídeas verdes
não são tão comumente encontradas na natureza. Além disso, cada flor
parece ter sido pincelada à mão, com pequenos riscos em vinho e
lilás.
Paradisanthus micranthus |
O fato curioso sobre esta orquídea de sombra é que o nome do gênero,
Paradisanthus, significa flor do paraíso. O nome é pomposo,
mas o tamanho das flores desta orquídea é diminuto. São
inflorescências que vão desabrochando sequencialmente, ao longo de
discretas hastes eretas.
Considerações finais
Chegamos ao final da nossa seleção de top dez orquídeas de sombra,
com muitos representantes ausentes. A lista é enorme, mas as
espécies e híbridos aqui elencados dão uma boa ideia da grande
diversidade observada neste grupo de orquídeas, que são ideais para
quem mora em casas e apartamentos, não dispondo de muita
luminosidade para o cultivo de suas plantas.
Por exemplo, embora tenhamos citado a Ludisia discolor,
existem várias outras espécies, conhecidas como orquídeas joia, que
são cultivadas apenas devido à beleza de suas folhagens, sendo
ideais para ambientes sombreados.
Além das mini Phalaenopsis, várias outras espécies do gênero
podem ser consideradas orquídeas de sombra. O mesmo vale para os
gêneros
Paphiopedilum
e Phragmipedium, as orquídeas sapatinho.
A Sophronitis coccinea também não é a única representante
deste grupo de orquídeas de sombra. Também podemos incluir nesta
categoria a espécie
Sophronitis wittigiana
e o híbrido Sophronitis Arizona, apenas para citarmos
exemplos já cultivados aqui no apartamento. Porém, no caso da
espécie
Sophronitis cernua, níveis mais elevados de luminosidade, inclusive com algum sol
direto nas horas mais amenas do dia, podem ser necessários para que
a orquídea floresça bem. Esta poderia ser considerada uma orquídea
de meia sombra.
O importante é sabermos que as possibilidades são inúmeras. A falta
de sol direto no ambiente de cultivo não é um empecilho para
mantermos orquídeas dentro de casas e apartamentos, com sucesso.
Basta selecionarmos as espécies corretas, mais apropriadas para este
tipo de ambiente. As orquídeas híbridas, de modo geral, são uma boa
opção, já que são desenvolvidas para que se adaptem ao cultivo
doméstico, com menos luminosidade.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil