Orquídeas no Apê

Blog sobre o Cultivo de Plantas
dentro de Casas e Apartamentos

Sergio Oyama Junior


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Orquídea Oncidium


Orquídeas Oncidium
| Orquídeas Oncidium |

Embora suas flores sejam pequenas, as orquídeas do gênero Oncidium compensam esta desvantagem produzindo-as em grande quantidade, sob a forma de hastes florais repletas de minúsculas bailarinas. Além disso, em muitos casos, as florações das orquídeas Oncidium são perfumadas, o que as ajuda na tarefa de chamar a atenção dos agentes polinizadores, essenciais para que elas se propaguem e se perpetuem. Ao longo deste artigo, conheceremos em detalhes alguns dos representantes deste belíssimo gênero botânico, que tive o prazer de cultivar aqui no apartamento.

O gênero Oncidium pertence à subtribo Oncidiinae, da família Orchidaceae. Também pertencem a esta subtribo vários outros gêneros próximos, tais como Aspasia, Brassia e Odontoglossum. Por esta razão, existe a possibilidade de que espécies pertencentes a estes diferentes gêneros sejam cruzadas entre si, gerando os chamados híbridos intergenéricos, como Colmanara e Beallara, entre outros.


Aqui pelo blog, já passaram diversos representantes da subtribo Oncidiinae, parentes das orquídeas do gênero Oncidium. Podemos citar a Gomesa crispa e Gomesa recurva, Miltonia moreliana, Miltoniopsis, também conhecida como Miltonia colombiana, e Rodriguezia venusta. Mas a lista é muito mais extensa. No entanto, como tudo o que se refere à taxonomia botânica muda constantemente, alguns pesquisadores decidiram que as orquídeas brasileiras do gênero Oncidium agora viraram Gomesa. Eu, particularmente, prefiro seguir com a nomenclatura clássica, que é a que será utilizada ao longo deste artigo.

As orquídeas Oncidium foram formalmente descritas por Olof Swartz, já em 1800. O nome do gênero é uma latinização derivada da palavras grega onkos, que significa inchaço, intumescimento. É o mesmo prefixo utilizado para oncologia, a ciência que estuda a formação de tumores. O sufixo idium significa pequeno, diminuto. Oncidium, portanto, significa pequeno calo.

Orquídea Ondicium ornithorhynchum
Ondicium ornithorhynchum

Todas as flores das orquídeas Oncidium possuem esta estrutura denominada calo, localizada próxima ao labelo, que se destaca em amarelo, na foto acima. Ela pode ter diferentes formas e tamanhos, nas diversas espécies do gênero, mas sempre se assemelha a um pequeno tumor, sendo a marca registrada do gênero Oncidium.

Gênero este que é típico do novo mundo. As orquídeas Oncidium distribuem-se por todo o continente americano, havendo uma predominância de espécies nas Américas do Sul e Central. Aqui no Brasil, muitas espécies e híbridos de Oncidium são popularmente conhecidos como orquídea chuva de ouro. Obviamente, este apelido vale para as orquídeas amarelas do gênero Oncidium. Um outro apelido bastante comum é orquídea bailarina, em alusão ao grande labelo que tem a aparência de uma saia rodada, como vemos abaixo. Na foto, também podemos observar outro exemplo de calo, mais discreto, sobre a mancha avermelhada acima do labelo. No exterior, as orquídeas Oncidium são frequentemente chamadas de dancing ladies orchids.

Orquídea Oncidium Aloha 'Iwanaga'
Oncidium Aloha 'Iwanaga'

O híbrido Oncidium Aloha 'Iwanaga' é um dos mais popularmente vendidos aqui no Brasil. É a clássica chuva de ouro, graças às suas longas hastes florais repletas de bailarinas vestidas de amarelo. Podemos encontrar esta orquídea tanto em elegantes floriculturas como em feiras e supermercados. Trata-se de uma orquídea produzida no Havaí, resultante do cruzamento entre os também híbridos Oncidium Goldiana e Oncidium Star Wars. As espécies envolvidas na produção deste híbrido complexo são Oncidium flexuosum, Oncidium sphacelatum e Oncidium varicosum.

Orquídea Oncidium Aloha 'Iwanaga'
Oncidium Aloha 'Iwanaga'

Também híbrida e bastante popular é a orquídea chocolate, apelido que tornou famoso o Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance'. Neste caso, os progenitores são o Oncidium Jamie Sutton e o Oncidium Honolulu, igualmente híbridos.


Na verdade, a orquídea chocolate exala um aroma adocicado que me lembra mais a baunilha, que, por sinal, é produzida por uma outra orquídea, do gênero Vanilla. Alguns afirmam que sentem o cheiro de chocolate branco, no caso do Oncidium Sharry Baby. O fato é que suas flores, além de perfumadas, dão um show de beleza e abundância, com inúmeras bailarinas de saias brancas penduradas em longas hastes florais.

Orquídea Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance'
Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance'

O Oncidium Sharry Baby possui um parentesco com outra orquídea igualmente perfumada, o Oncidium Twinkle 'Yellow Fantasy'. Esta é outra orquídea amarela cuja aparência nos remete a uma chuva de ouro. Ao contrário do Oncidium Aloha, cujas flores parecem moedas douradas, o Oncidium Twinkle apresenta flores minúsculas, em tão grande quantidade, que se torna difícil individualizar visualmente cada estrutura, em uma haste floral.

Orquídea Oncidium Twinke 'Yellow Fantasy'
Oncidium Twinke 'Yellow Fantasy'

Esta é uma orquídea híbrida resultante do cruzamento entre Oncidium cheirophorum e Oncidium ornithorhynchum, registrado em 1958. Vários clones com cores diferentes foram obtidos. No entanto, é o cultivar 'Yellow Fantasy' que produz as florações mais parecidas com uma verdadeira cascata dourada. O perfume é intenso e chega ser enjoativo, para os olfatos mais sensíveis. O aroma é adocicado, mas não lembra o chocolate, como sua parente. Eu, pessoalmente, sinto um cheiro que me lembra, novamente, a baunilha.

Tanto o Oncidium Sharry Baby como o Oncidium Twinkle possuem em comum a espécie Oncidium ornithorhynchum em suas genealogias. Este é um caso curioso. Quando foi descoberto, este Oncidium foi classificado como sotoanum. No entanto, houve uma confusão tamanha, na época, que ele acabou tendo sua identificação trocada com a de uma outra orquídea. Ainda hoje, apesar de desfeita a lambança, todos continuam a chamar o Oncidium sotoanum de Oncidium ornithorhynchum. E la nave va.

Orquídea Oncidium ornithorhynchum
Oncidium ornithorhynchum

Trata-se de uma orquídea belíssima, como podemos ver acima. Seu calo amarelo gema, bastante proeminente e escultural, contrasta com as pétalas e sépalas em um lilás delicado, tendendo para o rosado. Esta também é uma orquídea que exala um perfume intenso. No entanto, ele não é tão adocicado, como o dos híbridos anteriormente descritos. Eu confesso que sinto cheiro de ovo. No entanto, alguns afirmam que o odor é de remédio ou água sanitária. Um perfume polêmico o desta orquídea, sem sombra de dúvida.


Igualmente perfumada é a orquídea Oncidium pumilum, que recentemente teve seu nome trocado para Lophiaris pumila. Suas flores são tão minúsculas que podem ser incluídas na categoria das micro orquídeas. Neste caso, o aroma exalado lembra o do mel. Também é um cheiro bastante intenso, a despeito do tamanho minúsculo das flores amarelas. Esta é outra orquídea que faz jus ao apelido chuva de ouro.

Orquídea Oncidium pumilum
Oncidium pumilum

Suas hastes florais são longas e bastante ramificadas. O Oncidium pumilum foi descrito por John Lindley, ainda em 1825. Trata-se de uma orquídea cujo cultivo não é dos mais fáceis, ao menos aqui no apartamento.

A orquídea Oncidium é tipicamente epífita, o que significa que, em seu habitat original, vegeta sobre os troncos das árvores. Por esta razão, muitos cultivadores preferem mimetizar este hábito e cultivar o Oncidium em pedaços de madeira ou de troncos. Há, ainda, quem utilize cachepots vazados de madeira, para acomodar as raízes desta orquídea.

O principal problema deste tipo de cultivo, em ausência de vaso e substrato, é que os níveis de umidade relativa do ar precisam ser elevados, para que as raízes expostas não se desidratem rapidamente. Além disso, as regas devem ser mais frequentes, até mesmo diárias, dependendo do clima no local de cultivo. Aqui no apartamento, já tentei cultivar orquídeas Oncidium em pedaços de madeira e não obtive sucesso. Mesmo regando duas vezes por dia, o sol intenso e o vento constante desidratavam as plantas, ressecando demasiadamente suas raízes e fazendo com que os pseudobulbos enrugassem.

Por esta razão, muitos cultivadores acabam recorrendo ao vaso, como uma maneira de reter a umidade por mais tempo ao redor das raízes. Contudo, há que se tomar cuidado com este método de cultivo, já que as raízes do Oncidium são muito finas e delicadas, não suportando o excesso de água por períodos prolongados.

Por esta razão, muitos dão preferência aos vasos de barro, que são mais porosos e permitem que o substrato seque mais rapidamente. Além disso, há modelos de vasos de terracota que são próprios para o cultivo de orquídeas, sendo ideais para o gênero Oncidium, por serem mais baixos, largos e com furos nas laterais, o que permite um adequado arejamento das raízes. Os vasos de plástico, por outro lado, apresentam a vantagem de serem mais leves e baratos. Contudo, tendem a reter a umidade por mais tempo. Aqui na varanda do apartamento, sob minhas condições climáticas, esta é uma característica vantajosa. Cabe ao cultivador avaliar a melhor opção, com base em seu local de cultivo e seus hábitos de rega.

Qualquer que seja o material do vaso, é importante que ele não seja muito grande, em relação ao tamanho da orquídea. Deve-se sempre manter uma proporcionalidade, de modo que sobrem apenas dois dedos de distância entre a frente da orquídea Oncidium e a borda do vaso. Caso ele seja muito grande, será necessária uma quantidade maior de substrato para preenchê-lo. Isto faz com que o material fique mais compactado, demorando mais a secar. Vasos menores possibilitam uma secagem mais rápida do substrato, diminuindo as chances de apodrecimento das raízes por excesso de umidade.

Também por este motivo, é sempre aconselhável evitar o uso de pratinho sob o vaso, que pode acumular a água das regas e facilitar a proliferação do mosquito da dengue.


Como epífitas que são, as orquídeas Oncidium preferem um substrato mais aerado, nunca compactado. Misturas contendo casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco são apropriadas para o cultivo destas orquídeas. Além disso, há substratos prontos para este fim, à venda em lojas especializadas e garden centers. A brita pura e a casca de macadâmia também são materiais bastante utilizados pelos cultivadores, atualmente. Eles permitem que as raízes se fixem em seus interstícios, sem que fiquem demasiadamente abafadas.

Além da escolha do substrato, outro cuidado a ser tomado é com a drenagem do vaso. Ela deve ser composta por uma camada de pedrisco, brita ou argila expandida, no fundo do vaso. Alguns cultivadores juram que a argila expandida faz mal às raízes das orquídeas. Eu costumo utilizar, e não tenho notado efeitos adversos. Há, inclusive, quem utilize este material no cultivo de orquídeas em semi-hidroponia.

Não existe uma frequência padrão para as regas das orquídeas Oncidium. Tudo vai depender do modo de cultivo, se em troncos ou em vasos, além do clima local e da estação do ano. O importante é sempre evitar os excessos, quando a orquídea é cultivada com as raízes envoltas por substrato. O principal parâmetro a ser observado é somente regar quando o material estiver completamente seco.

A luminosidade é um quesito fundamental para que o Oncidium se desenvolva bem e floresça na época apropriada. Sempre que uma orquídea se recusa a florescer, a falta de luz é uma das causas frequentemente presentes. A orquídea Oncidium aprecia níveis elevados de luminosidade. Porém, deve ser protegida do sol direto, nas horas mais quentes do dia. O material mais recomendado para este fim é a tela de sombreamento, preferencialmente aquela capaz de reter 50% dos raios solares. O sol do início da manhã e o final da tarde pode ser benéfico e ajudar a estimular a floração. Dentro de casas e apartamentos, é importante que o Oncidium seja posicionado junto a uma janela bem ensolarada.

Também é importante observar que diferentes espécies de Oncidium necessitam de níveis de luminosidade variados. A orquídea chocolate, Oncidium Sharry Baby, por exemplo, é capaz de florescer em ambientes mais sombreados, inclusive dentro de casas e apartamentos, desde que seja exposta a uma luz indireta ou filtrada. Já o Oncidium Aloha, por sua vez, requer níveis mais elevados de luminosidade, preferindo uma varanda ensolarada.


Junto com a luminosidade, vem a exigência por níveis elevados de umidade relativa do ar, por parte das orquídeas Oncidium. No entanto, isto não significa um aumento na frequência das regas. A umidade precisa estar no ambiente, não no substrato dentro do vaso. Para tanto, é importante utilizar recursos, como umidificadores de ar, que sejam capazes de manter os níveis de umidade superiores a 60% no ambiente de cultivo. Também podem ser utilizadas bandejas umidificadoras, que são recipientes largos e rasos, contendo pedrisco, areia ou brita, com uma lâmina de água no fundo. Os vasos de Oncidium são colocados sobre esta superfície, sem que as raízes entrem em contato direto com a água, beneficiando-se apenas da umidade ambiente que o aparato proporciona.

Outro fator que está intimamente relacionado à floração das orquídeas Oncidium é a adubação. Ela deve conter micro e macronutrientes, em composições adequadas para cada etapa de vida da planta. Existem formulações próprias para o cultivo de orquídeas, à venda no mercado. Eu costumo alternar fórmulas para manutenção (NPK equilibrado) e floração (com mais fósforo), semanalmente. Aqui no apartamento, prefiro evitar a utilização de adubos orgânicos, como bokashi, bastante utilizado pelos cultivadores. Isto porque este tipo de material precisa sofrer um processo de decomposição, para que possa liberar os nutrientes às raízes da orquídea. Sendo assim, há a inevitável liberação de odores desagradáveis, além da atração de insetos indesejados.

Em resumo, cultivar orquídeas Oncidium é uma atividade bastante gratificante. A imensa variedade de cores, formas e aromas torna este gênero bastante colecionável, de maneira que nunca estamos satisfeitos com o que temos. São plantas bastante generosas nas florações, ainda que um pouco exigentes em matéria de cultivo. Particularmente, sou fã destas pequenas bailarinas perfumadas.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil