Orquídeas no Apê

Blog sobre o Cultivo de Plantas
dentro de Casas e Apartamentos

Sergio Oyama Junior


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Orquídea Odontocidium


Orquídea Odontocidium híbrida
| Odontocidium híbrido |

Dentre os híbridos complexos, de flores grandes e multicoloridas, com padrões que frequentemente nos remetem à estética animal print, a orquídea Odontocidium talvez seja uma das mais simples. Isto porque ela é o produto do cruzamento entre apenas dois gêneros, como é fácil perceber somente através do nome: Odontoglossum e Oncidium. Nesta categoria de orquídeas miscigenadas, há casos que envolvem três ou até quatro gêneros diferentes.

É o caso das orquídeas Beallara e Colmanara, que já apresentamos aqui no blog, em artigos anteriores. Além de serem mais complexos, estes híbridos não dão a menor pista sobre quem seriam os gêneros envolvidos no cruzamento. Para complicar as coisas, existe uma tamanha variabilidade de cores e formatos, que se torna bastante complicado identificar corretamente cada uma destas orquídeas.


O Odontocidium é aquele tipo de orquídea que frequentemente encontramos em floriculturas, vendida sem nenhum tipo de identificação. Pode parecer apenas um detalhe, mas saber a genealogia da orquídea ajuda muito na hora de estabelecermos as melhores condições de cultivo de cada planta em questão. As necessidades quanto à luminosidade, regas e adubação são diferentes para cada gênero cultivado, assim como sua época de floração.

No caso do Odontocidium, basta pesquisarmos as condições de cultivo que se aplicam aos gêneros Odontoglossum e Oncidium, para que saibamos como cuidar melhor da orquídea híbrida. Tratam-se de orquídeas epífitas, pertencentes à subtribo Oncidiinae, da qual também fazem parte orquídeas famosas que já passaram aqui pelo blog, tais como a orquídea chuva de ouro, orquídea chocolate, Miltonia colombiana, Miltonia moreliana, Gomesa crispa, Gomesa recurva, Rodriguezia venusta, entre outras.

Se olharmos para todas estas orquídeas, quando estiverem sem flores, dificilmente conseguiremos saber quem é quem. Todas apresentam pseudobulbos ovais, lateralmente achatados, portando uma ou duas folhas alongadas, que surgem a partir dos seus ápices. As raízes são finas e abundantes, frequentemente formando um grande emaranhado. São estruturas adaptadas à vida sobre as árvores. As hastes florais surgem a partir da base dos pseudobulbos, lateralmente.


É justamente devido a esta grande similaridade, que é possível obter híbridos intergenéricos, como é o caso da orquídea Odontocidium. Cada passo, no entanto, é cuidadosamente planejado, uma vez que o resultado de um cruzamento leva anos até ser conhecido. São, portanto, necessárias décadas de estudo e melhoramento genético, até que uma nova orquídea híbrida seja finalmente registrada na Royal Horticultural Society, entidade britânica responsável pela catalogação dos novos cultivares vegetais produzidos em todo o mundo.

Neste contexto, as variedades de Odontocidium mais conhecidas no mercado são Odontocidium Burgundian, com flores em um tom bem fechado de vinho, Odontocidium Catatante, extremamente florífera, que exibe uma belíssima coloração laranja, Odontocidium Red Wasp, cujas flores apresentam uma tonalidade cereja, apesar do nome, entre outras.

Há também diversas variedades de Odontocidium que apresentam flores com padrões tigrados, como o exemplar da foto de abertura deste artigo. Alguns exemplos são o Odontocidium Tiger Crow e Odontocidium Bob Buur Yellow Cat. Estes cultivares são mais semelhantes às orquídeas Colmanara. Recentemente, inclusive, houve uma transferência de vários híbridos pertencentes ao gênero Colmanara para Odontocidium. Aquela confusão taxonômica de sempre.

O importante é saber que o Odontocidium é uma orquídea híbrida, pertencente à grande aliança Oncidium, e que deve ser cultivada como tal. Neste contexto, suas raízes são particularmente sensíveis ao excesso de umidade, não suportando o sufocamento causado por um substrato muito compactado. O ideal é que ela seja colocada nos troncos das árvores, onde não necessitará de nenhum tipo de manutenção. Tanto as regas como as adubações serão providas pela natureza. A luminosidade filtrada proporcionada pelas copas das árvores é a ideal para este tipo de orquídea.


No nosso cultivo doméstico, como nem sempre é possível encontrar uma árvore para afixar orquídeas, recorremos a artifícios. Um deles é o cultivo da orquídea Odontocidium em pedaços de madeira, troncos cortados ou cascas de árvores. Embora esta seja uma ótima maneira de mimetizar a condição de vida epífita da planta, a manutenção precisa ser diária, já que não há substrato e as raízes secam muito rapidamente. Aqui na varanda do apartamento, eu chegava a regar a orquídea duas vezes por dia, de manhã e no final da tarde.

É justamente para facilitar nossas vidas que recorremos ao cultivo de orquídeas em vasos. Neste caso, é essencial escolhermos os materiais cuidadosamente, para evitarmos que as raízes da orquídea Odontocidium apodreçam por excesso de umidade. O ideal é utilizarmos vasos de barro, que são mais porosos, e permitem que o substrato seque mais rapidamente. Existem modelos próprios para orquídeas epífitas, que são mais baixos, largos e com furos nas laterais. O vaso de plástico tende a reter a umidade por um período mais prolongado e só deve ser utilizado em ambientes muito secos, ou expostos a uma ventilação excessiva. Eles apresentam a vantagem de serem mais leves e baratos.

O substrato ideal para o cultivo do Odontocidium é aquele próprio para orquídeas epífitas, composto por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. O melhor é comprar misturas já prontas, uma vez que sofrem um tratamento para eliminar o excesso de tanino dos seus componentes.

Como já vimos, as regas da orquídea Odontocidium devem ser moderadas, com uma frequência bastante espaçada. O melhor método para sabermos se já é hora de regar consiste em colocar a ponta do dedo sobre o substrato, e afundar levemente. Se estiver úmido, devemos postergar a rega para outro dia. Ela só deve acontecer quando percebermos que o material está totalmente seco.

A luminosidade ideal para o cultivo da orquídea Odontocidium é aquela intensa, porém sem sol direto. Dentro de casas e apartamentos, é importante que a planta seja posicionada bem próxima a uma janela bem iluminada. Telas de sombreamento, capazes de reter 50% dos raios solares, também são apropriadas para o cultivo do Odontocidium. Quanto mais luz puder ser fornecida à orquídea, sem que suas folhas fiquem queimadas, melhores serão suas florações.


Outro quesito essencial para obtermos um bom desenvolvimento do Odontocidium e estimularmos sua floração consiste em uma correta adubação. Como existe uma quase infinita variedade de adubos para orquídeas, cada cultivador escolhe a melhor combinação para suas plantas. Eu dou preferência aos fertilizantes do tipo NPK, com macro e micronutrientes, especialmente formulados para cada fase do desenvolvimento da orquídea. Aqui no apartamento, costumo alternar fórmulas de manutenção e floração, semanalmente, usando a metade da dose recomendada pelo fabricante.

Como se trata de uma orquídea híbrida, o Odontocidium não possui uma época específica para florescer. Além disso, como é cultivada pelo produtor em estufas, com climatização controlada, ela pode ser encontrada florida o ano todo, no mercado.

Parecem muitos detalhes, mas o cultivo da orquídea Odontocidium não difere em muito da maioria das orquídeas epífitas, mais comumente encontradas nas coleções. Trata-se de uma planta resistente, de crescimento rápido e vigoroso. Quando bem cultivada, atinge grandes proporções, precisando ser dividida e replantada com frequência.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil