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Orquídea Beallara


Orquídea Beallara híbrida
| Beallara híbrida |

As flores grandes, vistosas e de intrincadas estampas não são uma exclusividade das orquídeas híbridas do gênero Cattleya, frequentemente apelidadas de repolhudas. Dentro da família Orchidaceae, existe um outro subgrupo de orquídeas, que são proximamente relacionadas, do ponto de vista genético, e capazes de produzir uma prole incrivelmente variada. Isso graças à possibilidade de diferentes gêneros serem cruzados entre si, gerando orquídeas híbridas portando flores com uma multitude de cores e padronagens. No artigo de hoje, vamos falar sobre a orquídea Beallara, uma das mais apreciadas pelo público consumidor, dando detalhes sobre sua procedência, além de dicas para melhor cultivá-la.

A orquídea Beallara descende de diferentes gêneros pertencentes à subtribo Oncidiinae, da qual faz parte, obviamente, o Oncidium, que abriga orquídeas populares como as chuvas de ouro e a orquídea chocolate. Também pertencem a esta subtribo os gêneros Brassia, Gomesa, Miltonia e Rodriguezia, entre outros. Algumas espécies que já foram temas de artigos aqui no blog são a Gomesa crispa, Gomesa recurva, Miltonia moreliana, Miltonia colombiana e Rodriguezia venusta.


No caso específico da orquídea Beallara, os gêneros envolvidos nos cruzamentos que a produzem são Brassia, Cochlioda, Miltonia e Odontoglossum. A mistura é tamanha que os descendentes são chamados de híbridos complexos. Também é comum encontrarmos a expressão híbridos intergenéricos, em referência às orquídeas resultantes destes intrincados cruzamentos, envolvendo vários gêneros botânicos.

Neste contexto, existem outros híbridos complexos da subtribo Oncidiinae, que também são bastante populares, tais como a orquídea Colmanara, que é descendente dos gêneros Oncidium, Miltonia e Odontoglossum. Já a orquídea Odontocidium é fruto do cruzamento entre Odontoglossum e Oncidium, apenas. A Miltassia, por outro lado, é um híbrido intergenérico mais simples, resultante do cruzamento entre Brassia e Miltonia. As combinações são infinitas. A cada dia, novas orquídeas híbridas são registradas no banco de dados da Royal Horticultural Society (RHS), entidade britânica responsável pela catalogação de todos os novos cultivares de vegetais produzidos em todo o mundo.

Sem flores, estas orquídeas Beallara são todas muito parecidas, tornando-se impossível identificá-las corretamente. Seus pseudobulbos são ovais, lateralmente achatados, com longas folhas surgindo a partir dos ápices destas estruturas, cuja função é a de reservar água e energia para a planta. Mesmo quando florescem, a imensa variedade de cruzamentos, cores e formas, torna a tarefa de identificação bastante complicada.


No entanto, sem sombra de dúvida, a orquídea mais comumente encontrada no mercado brasileiro é a Beallara Tahoma Glacier. Como já vimos, ela descende dos quatro gêneros acima citados. No entanto, mais especificamente, esta variedade de Beallara é fruto do cruzamento entre Miltassia Cartagena e Odontioda Alaskan Sunset. Reparem que apenas o nome do gênero é escrito em itálico, já que é derivado do latim. Esta notação vale para todos os gêneros e espécies de seres vivos. Já o restante dos nomes destas orquídeas híbridas não é grafado em itálico, uma vez que se tratam de termos inventados pelos criadores dos cruzamentos, no momento de seus registros.

Outros híbridos populares de Beallara são a Beallara Tropic Splendor, Beallara Patricia, Beallara Marfitch e Beallara Pastel Massive, apenas para citarmos alguns.

A orquídea Beallara carrega consigo o chamado vigor híbrido, ou heterose. Trata-se de um aprimoramento do desempenho da prole, como resultado do melhoramento genético causado pelos sucessivos cruzamentos entre espécies diferentes. Neste contexto, é comum observarmos que híbridos como a Beallara apresentam um crescimento mais vigoroso, uma maior resistência às pragas, bem como uma floração maior e mais abundante.

Neste contexto, é bastante simples cultivar a orquídea Beallara. Ela já foi desenhada para se adaptar bem ao cultivo em ambientes domésticos, principalmente interiores de casas e apartamentos. Portanto, ela se desenvolve bem em locais de climas amenos, com luminosidade indireta. Tudo o que ela precisa é de uma localização próxima a uma janela bem iluminada. Ambientes muito sombreados são uma das principais causas que impedem a floração da Beallara.


Como trata-se de uma orquídea que descende de vários gêneros de hábito epífito, a orquídea Beallara desenvolve-se muito bem em substratos compostos por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. Existem misturas próprias para o cultivo de orquídeas, à venda em lojas especializadas.

O vaso pode ser de plástico ou de barro. Cada um apresenta vantagens e desvantagens. O material mais poroso da terracota permite uma melhor aeração, fazendo com que o substrato seque mais rapidamente. Existem modelos de vasos de barro próprios para o cultivo de orquídeas, que são mais largos, baixos e com furos nas laterais. Os vasos de plásticos são aqueles nos quais a orquídea Beallara costuma vir acondicionada. De modo geral, eu a mantenho no mesmo vaso, para que a planta não sofra com um replante precoce, ainda mais quando está em floração, que é um período mais delicado.

Aqui no apartamento, sob as minhas condições de cultivo, o vaso de plástico apresenta a vantagem de reter a umidade do substrato por mais tempo, além de ser mais leve. Cada cultivador acaba escolhendo o material que melhor se adapta às suas necessidades e hábitos de regas.


Estas devem ser espaçadas, de modo que o substrato não fique muito tempo encharcado. A orquídea Beallara, assim como os Oncidiuns, de um modo geral, possuem raízes que são sensíveis ao excesso de umidade. Na natureza, aderidas aos troncos das árvores, elas têm a oportunidade de secarem rapidamente, entre uma chuva e outra. No nosso ambiente doméstico de cultivo, com as raízes presas em vasos, é importante darmos um tempo para que o material seque bem, para somente então efetuarmos uma nova irrigação. Como regra geral, devemos evitar o uso do pratinho sob o vaso, que acumula a água das regas e aumenta as chances de apodrecimento das raízes, por excesso de umidade.

Por fim, outro fator bastante importante para um bom desenvolvimento da orquídea Beallara, ainda que seja uma planta de crescimento rápido e vigoroso, é a adubação. Aqui no apartamento, costumo alternar fórmulas de manutenção (NPK equilibrado) e floração (maior teor de fósforo), para que tanto a parte vegetativa como as flores se desenvolvam a contento. Efetuo aplicações semanais, alternadamente, com metade da dose recomendada pelo fabricante.

Embora belíssima, a orquídea Beallara apenas apresenta um pequeno defeito, para quem cultiva orquídeas em apartamento. Os pseudobulbos se desenvolvem rapidamente, formando imensas touceiras. Com o tempo, a planta já não caberá em seu vaso de origem. Para quem tem pouco espaço, este pode ser um complicador, já que estamos sempre tentando encaixar mais e mais orquídeas na coleção.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil