| Muda de suculenta | |
Desde criança, sempre tive fascínio por observar plantas crescendo a partir de
sementes. Plantava tudo o que via pela frente. No caso das
suculentas, infelizmente, não é tão trivial obter novas mudas a partir de
sementes. Corre-se, inclusive, o risco de se levar gato por lebre, uma vez que
dificilmente encontramos produtos genuínos à venda. Ainda assim, há diversos
métodos de propagação de suculentas, que não envolvem o uso de sementes. Ao
longo deste artigo, dou dicas de como multiplicar sua coleção de suculentas,
de forma rápida e prática.
A forma mais simples e tranquila de se obter mudas de suculentas é a partir de
plantas que naturalmente produzem muitos brotos, de forma espontânea, como
ocorre com alguns representantes do gênero
Kalanchoe. O caso mais clássico é o da
mãe de milhares
ou mãe de mil, suculenta também conhecida como
aranto. Estes são alguns dos apelidos da espécie botânica
Kalanchoe daigremontiana. Outra suculenta com esta mesma característica é a Kalanchoe delagoensis.
Kalanchoe daigremontiana |
Fazer muda de suculenta que apresenta esta propriedade não requer esforço.
Os brotos formados ao longo das bordas das folhas já começam a emitir
pequenas raízes, ainda aderidos à planta mãe. Estas mudas se destacam
facilmente, muitas vezes espontaneamente, caindo no solo e gerando novas
plantas. Trata-se de uma propagação vegetativa, assexuada, de forma que
todos os filhotes são geneticamente idênticos à suculenta mãe.
Um outro método bastante tranquilo de se fazer mudas de suculentas consiste
na poda radical de plantas que cresceram demais. Chega um momento no
desenvolvimento de várias suculentas em que o caule se torna muito comprido.
Este fenômeno também pode acontecer devido a um processo chamado de
estiolamento, em que a planta cresce aceleradamente, em busca de luz,
tornando-se fina e comprida. Isto ocorre quando os níveis de luminosidade
são insuficientes para um correto crescimento da suculenta. Popularmente,
costuma-se dizer que a planta ficou pescoçuda. É comum nos depararmos com
esta situação quando cultivamos suculentas do gênero
Echeveria, por exemplo.
Brotos em suculenta decapitada |
Um método para se corrigir este estiolamento, obtendo-se uma roseta com o
caule mais curto, esteticamente mais harmoniosa, é a decapitação da
suculenta. Como consequência deste processo, o caule remanescente
produzirá novos brotos, em grande quantidade, não somente em sua
extremidade, mas ao longo de toda a estrutura. De novo, este é um fenômeno
espontâneo, que não requer maiores cuidados de nossa parte. As mudas de
suculentas formadas a partir deste procedimento crescem rapidamente, já
com a aparência de uma planta adulta. Quando estiverem com um tamanho
razoável, basta separá-las da planta mãe e plantá-las separadamente.
Alternativamente, pode-se deixar o conjunto crescer do jeito em que está,
o que resultará em uma bela touceira, bastante ramificada.
Novamente, no caso deste tipo de propagação, as mudas de suculentas
resultantes serão geneticamente idênticas à planta progenitora. Embora
tenham a aparência de bebês, elas já têm características adultas, não
precisando passar por todos os estágios de maturação que uma plântula
nascida a partir de sementes passaria.
Continuando, ainda nesta linha de reprodução assexuada, o método de
propagação de suculentas mais típico é através da brotação de folhas
destacadas da planta mãe. Este já é um processo mais trabalhoso, de
resultados incertos. Nem sempre uma folha produzirá novas mudas de
suculentas.
Muda de suculenta |
Para aumentar as probabilidades de que esta multiplicação dê certo, é
importante que a folha destacada esteja saudável. Frequentemente, as
folhas mais antigas começam a murchar, devido a um processo natural de
renovação da planta. Deve-se escolher uma folha que ainda não iniciou
este processo de senescência. Também é importante que o corte seja
preciso. Se ficar faltando um pedaço na extremidade da folha, é possível
que ela não produza novos brotos.
Existem vários métodos para se obter novas mudas de suculentas a partir
de suas folhas. O mais comum consiste em se construir um
berçário de suculentas. Basta escolher qualquer recipiente com uma boa superfície,
preferencialmente raso, e preenchê-lo com substrato próprio para o
cultivo de cactos e suculentas. Embora existam misturas prontas à venda
em lojas especializadas, pode-se fazer um mix caseiro, composto
por terra vegetal e areia grossa, em partes iguais.
Vários outros substratos alternativos podem ser utilizados neste berçário. Eu já tive bons resultados com musgo sphagnum. As chances de contaminação das folhas, neste caso, parecem diminuídas. Também há quem utilize apenas areia ou fibra de coco. O ideal é experimentar várias alternativas e escolher aquela que melhor se adapte às condições de cultivo e aos hábitos de regas de cada um.
O importante é apenas assentar as folhas de suculentas neste berçário, evitando-se enterrá-las. Deve-se assegurar que a extremidade da folha fique em contato com o substrato. As regas devem ser bem moderadas, em quantidade, mas frequentes. Quando o número de folhas é pequeno, eu apenas pingo algumas gotas de água próximo às extremidades. O substrato deve permanecer sempre levemente úmido, nesta região. O corpo principal das folhas deve ficar o mais seco possível. Se tudo der certo, finíssimas raízes começarão a surgir a partir das extremidades das folhas. Dentro de alguns meses, novos brotos poderão ser avistados. Embora trabalhoso, este é o método mais interessante de se obter mudas de suculentas. Acho um excelente passatempo acompanhar o desenvolvimento das plântulas.
Ainda no capítulo referente à obtenção de mudas de suculentas a partir de folhas, existem aqueles cultivadores ninjas que conseguem realizar o processo apenas colocando as folhas na água. Neste caso, deve-se encontrar um meio de deixar as folhas suspensas, de modo que apenas as extremidades fiquem parcialmente submersas. Existe uma grande chance de contaminação e apodrecimento das folhas, caso elas fiquem demasiadamente úmidas. Eu nunca consegui mudas de suculentas colocando folhas na água.
Outro inconveniente deste método é que, em algum momento, as plântulas precisarão ser transferidas para a terra. Neste momento, as chances de contaminação são grandes. Além disso, as raízes que nasceram na água precisarão se adaptar ao novo substrato. Particularmente, acho mais prático obter mudas de suculentas a partir de folhas assentadas diretamente na terra.
Existe um caso particularmente interessante de se obter mudas de suculentas a partir de folhas. São os representantes do gênero Sansevieria, mais popularmente conhecidos como espadas de São Jorge. Estas plantas podem ser facilmente multiplicadas simplesmente cortando-se uma folha comprida em vários pedaços. Deve-se tomar o cuidado de observar o sentido do crescimento de cada parte cortada, para não plantá-la de cabeça para baixo. Cada segmento produzirá uma nova muda.
Por fim, vale lembrar que nem todas as plantas suculentas podem ser multiplicadas a partir de suas folhas. É o caso da Haworthia limifolia e Haworthia retusa, que já foram temas de artigos aqui no blog. No entanto, a vantagem é que estas suculentas produzem mudas espontaneamente, de forma abundante. Nestes casos, as plântulas surgem a partir da base da progenitora, formando naturalmente graciosas touceiras. O mesmo ocorre com vários outros gêneros de suculentas. Sendo assim, nestas situações, a muda de suculenta é facilmente obtida a partir da simples divisão da touceira.
Vários outros substratos alternativos podem ser utilizados neste berçário. Eu já tive bons resultados com musgo sphagnum. As chances de contaminação das folhas, neste caso, parecem diminuídas. Também há quem utilize apenas areia ou fibra de coco. O ideal é experimentar várias alternativas e escolher aquela que melhor se adapte às condições de cultivo e aos hábitos de regas de cada um.
O importante é apenas assentar as folhas de suculentas neste berçário, evitando-se enterrá-las. Deve-se assegurar que a extremidade da folha fique em contato com o substrato. As regas devem ser bem moderadas, em quantidade, mas frequentes. Quando o número de folhas é pequeno, eu apenas pingo algumas gotas de água próximo às extremidades. O substrato deve permanecer sempre levemente úmido, nesta região. O corpo principal das folhas deve ficar o mais seco possível. Se tudo der certo, finíssimas raízes começarão a surgir a partir das extremidades das folhas. Dentro de alguns meses, novos brotos poderão ser avistados. Embora trabalhoso, este é o método mais interessante de se obter mudas de suculentas. Acho um excelente passatempo acompanhar o desenvolvimento das plântulas.
Ainda no capítulo referente à obtenção de mudas de suculentas a partir de folhas, existem aqueles cultivadores ninjas que conseguem realizar o processo apenas colocando as folhas na água. Neste caso, deve-se encontrar um meio de deixar as folhas suspensas, de modo que apenas as extremidades fiquem parcialmente submersas. Existe uma grande chance de contaminação e apodrecimento das folhas, caso elas fiquem demasiadamente úmidas. Eu nunca consegui mudas de suculentas colocando folhas na água.
Outro inconveniente deste método é que, em algum momento, as plântulas precisarão ser transferidas para a terra. Neste momento, as chances de contaminação são grandes. Além disso, as raízes que nasceram na água precisarão se adaptar ao novo substrato. Particularmente, acho mais prático obter mudas de suculentas a partir de folhas assentadas diretamente na terra.
Existe um caso particularmente interessante de se obter mudas de suculentas a partir de folhas. São os representantes do gênero Sansevieria, mais popularmente conhecidos como espadas de São Jorge. Estas plantas podem ser facilmente multiplicadas simplesmente cortando-se uma folha comprida em vários pedaços. Deve-se tomar o cuidado de observar o sentido do crescimento de cada parte cortada, para não plantá-la de cabeça para baixo. Cada segmento produzirá uma nova muda.
Por fim, vale lembrar que nem todas as plantas suculentas podem ser multiplicadas a partir de suas folhas. É o caso da Haworthia limifolia e Haworthia retusa, que já foram temas de artigos aqui no blog. No entanto, a vantagem é que estas suculentas produzem mudas espontaneamente, de forma abundante. Nestes casos, as plântulas surgem a partir da base da progenitora, formando naturalmente graciosas touceiras. O mesmo ocorre com vários outros gêneros de suculentas. Sendo assim, nestas situações, a muda de suculenta é facilmente obtida a partir da simples divisão da touceira.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil