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Coroa de Cristo - Euphorbia milii


Coroa de Cristo - Euphorbia milii
| Euphorbia milii |

É possível que muitos não se apercebam do fato de que a planta coroa de Cristo, cuja flor em diferentes cores surge em meio aos espinhos, também seja um exemplo de suculenta. Outros talvez confundam a coroa de Cristo, cujo nome científico é Euphorbia milii, com um cacto, devido à sua aparência feroz. Apesar da semelhança, trata-se de uma planta pertencente a outra família botânica. Ao longo deste artigo, conheceremos mais detalhes sobre esta famosa planta de jardim, frequentemente utilizada como cerca viva, que também pode ser mantida dentro de casas e apartamentos, desde que em locais bem iluminados e fora do alcance de crianças e animais domésticos.

A planta coroa de Cristo é tão comum no paisagismo das cidades, aqui no Brasil, que pode causar estranheza o fato de que esta suculenta seja também apreciada como houseplant, em países do hemisfério norte, uma planta para ser cultivada em interiores. Lá fora, a coroa de Cristo é conhecida como crown of thorns, coroa de espinhos. Os tailandeses costumam dizer que quanto maior o número de flores em uma coroa de Cristo, melhor sorte terá o seu cultivador.

Coroa de Cristo - Euphorbia milii
Euphorbia milii

Ao longo das décadas, os produtores vêm desenvolvendo diversas variedades híbridas de Euphorbia milii, com portes mais compactos e que se adaptam perfeitamente às condições de cultivo dentro de casas e apartamentos, onde os níveis de umidade relativa do ar são naturalmente mais baixos. A flor da coroa de Cristo pode aparecer em diversas colorações, do branco, passando pelo amarelo, e chegando ao vermelho intenso, além diferentes tonalidades intermediárias de pink e laranja.


Na natureza, a coroa de Cristo é um arbusto espinhoso, originário da ilha de Madagascar, na costa sudeste do continente africano. Seu nome científico, Euphorbia milii, homenageia o barão Pierre-Bernard Milius, que foi governador da ilha Reunião, território francês situado a leste de Madagascar. Foi ele o responsável pela introdução da planta coroa de Cristo em solo europeu, levando algumas mudas da ilha para o Jardim Botânico de Bordeaux, em 1821.

Euphorbia milii
Euphorbia milii

Embora a coroa de Cristo possua espinhos agressivos e tenha a aparência de uma cactácea, ela na verdade pertence à família botânica Euphorbiaceae. Aqui no blog, já apresentamos a Euphorbia tirucalli, popularmente conhecida como aveloz. Apesar de parecidas, as eufórbias não são cactos. E, devido à sua capacidade de armazenar água em seus tecidos vegetais, elas são consideradas plantas suculentas. Sua principal característica é a liberação de um líquido branco, denominado látex, que é bastante tóxico e irritante quando em contato com a pele e mucosas. Esta substância apenas é observada quando alguma parte da planta é cortada. A flor da coroa de Cristo apresenta uma morfologia bastante típica das eufórbias.


Tecnicamente, esta flor da coroa de Cristo é chamada de ciátio. Trata-se, na realidade, de uma inflorescência, onde as estruturas mais vistosas são, de fato, brácteas, folhas modificadas. Por esta razão, as inflorescências da Euphorbia milii são chamadas de falsas flores, apesar de serem as estruturas mais ornamentais da planta.

Um dos principais atrativos da Euphorbia milii, e a razão para seu sucesso como planta ornamental, é o fato de que a flor da coroa de Cristo aparece ao longo de todo o ano. Além disso, trata-se de uma planta extremamente versátil, que vai bem tanto em jardins ou nas calçadas, sob sol pleno, como também em interiores, à meia sombra, desde que em um local próximo a uma janela bem iluminada.


A planta coroa de Cristo é de fácil cultivo, sendo bastante rústica e resistente. Além da luminosidade, sua principal exigência é quanto a um solo bem drenável, de natureza mais arenosa. Substratos próprios para o cultivo de cactos e suculentas são ideais para a Euphorbia milii. Caso o cultivador queira preparar uma versão caseira, basta misturar terra vegetal e areia grossa, em partes iguais. Por estar habituada a ambientes áridos e solo arenoso, a coroa de Cristo não precisa de muito adubo orgânico. Para incentivar sua floração, uma fórmula do tipo NPK, mais rica em fósforo, pode ser utilizada.

Coroa de Cristo - Euphorbia milii
Euphorbia milii

Como já mencionado, o principal requisito para que as flores surjam na coroa de Cristo é a incidência de luminosidade, que deve ser a mais alta possível. Dentro de casas e apartamentos, esta condição é mais difícil de ser atingida. Janelas face norte, mais ensolaradas, são locais de cultivo ideais para que a Euphorbia milii floresça. Em áreas externas, onde é mais comum encontrarmos a planta coroa de Cristo, não há este problema. Sob sol pleno, as florações são garantidas ao longo de todo o ano.

A planta coroa de Cristo é ideal para os jardineiros mais esquecidos. Ela tolera bem a seca e não se importa se ficar vários dias sem água. O maior cuidado a ser tomado é quanto ao excesso de regas, como acontece com todos os cactos e suculentas. Para que isto não aconteça, o vaso precisa ter uma boa camada de drenagem e furos no fundo. É bom evitar o uso de cachepots ou pratinhos embaixo, para que não acumulem a água das regas. Em calçadas e jardins, a própria natureza se encarrega de cuidar da manutenção desta rústica planta.


Tanto em interiores como em ambientes externos, podas de manutenção ou formação são necessárias para controlar o tamanho da coroa de Cristo. Seu porte arbustivo pode atingir grandes proporções, se a Euphorbia milii for deixada à vontade para crescer. Por esta razão, a planta é tão frequentemente utilizada como cerca viva. A flor da coroa de Cristo embeleza o ambiente e os espinhos desempenham o papel de proteção da cerca viva. As estacas resultantes das podas podem ser utilizadas para a propagação da coroa de Cristo, que é bastante rápida e tranquila. O principal cuidado a ser tomado, no momento das podas, é a utilização de equipamento de proteção, inclusive para os olhos, já que o látex liberado é bastante tóxico e irritante.

Neste sentido, e principalmente se a coroa de Cristo for cultivada em interiores, é importante mantê-la fora do alcance de crianças e animais domésticos. Felizmente, sua aparência pouco amigável e seus espinhos agressivos já ajudam a manter estes pequenos curiosos a uma boa distância da planta. No melhor estilo morde e assopra, a flor da coroa de Cristo faz uma bela compensação por todo o perigo que corremos durante a convivência junto a esta bela planta.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil