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Árvore da Felicidade


Árvore da Felicidade - Polyscias guilfoylei
| Polyscias guilfoylei |

A planta em destaque de hoje, ao que me parece, é mais famosa aqui no Brasil do que no exterior. Conhecida por todos como a árvore da felicidade, ela possui a reputação de fazer afortunadas as pessoas que a recebem. Diz a lenda que ela não pode ser comprada, precisa chegar como um presente. Trata-se de uma planta de facílimo cultivo, que está presente em muitos lares, graças à sua grande adaptabilidade a ambientes internos, à meia sombra. Apesar do nome popular, a árvore da felicidade é uma planta de porte arbustivo, cuja aparência lembra muito a dos exemplares cultivados ao estilo bonsai, muito embora não seja verdadeiramente um.

Frequentemente, há quem confunda a árvore da felicidade com a flor da fortuna, uma suculenta do gênero Kalanchoe. Ambas são plantas conhecidas por trazer sorte. Além disso, há quem acredite que a árvore da felicidade seja a planta jade, Crassula ovata, que também possui o apelido de árvore do dinheiro. São plantas distintas. Por esta razão, apenas o nome científico, em latim, é capaz de identificar corretamente cada espécie, muito embora também existam polêmicas nesta área.


A árvore da felicidade está sempre cercada de lendas e misticismo. Além da crença de que esta planta traz felicidade a quem com ela é presenteado, há também o mito de que existem duas variedades da mesma planta, correspondentes às versões masculina e feminina. Trata-se de um equívoco, já que as plantas denominadas popularmente como árvore da felicidade macho e fêmea são, de fato, duas espécies distintas.

A versão masculina da árvore da felicidade corresponde à espécie cujo nome científico é Polyscias guilfoylei. É a planta em destaque nas fotos que ilustram este artigo. Já a árvore da felicidade fêmea é, na verdade, uma representante da espécie Polyscias fruticosa. Outra crença bastante difundida, em relação à árvore da felicidade, é a de que ambas as variedades, macho e fêmea, precisam ser plantadas juntas, no mesmo vaso, para que possam se desenvolver adequadamente. Trata-se de um mito, já que ambas são espécies independentes, capazes de se desenvolver separadamente.

Ainda assim, é muito comum encontrarmos as duas plantas no mesmo vaso, nos mais variados projetos de paisagismo. As mudas de árvore da felicidade, inclusive, já vêm do produtor unidas no mesmo recipiente, nos diferentes pontos de venda. Mas trata-se de algo que depende da preferência do comprador. Elas podem ser separadas e cultivadas em vasos independentes, sem problema algum.

Árvore da Felicidade - Polyscias guilfoylei
Polyscias guilfoylei

As duas espécies de árvore da felicidade, Polyscias guilfoylei e Polyscias fruticosa, pertencem à família Araliaceae, a mesma dos gêneros Schefflera (cheflera), Hedera (hera inglesa), Panax (ginseng), entre outros. São plantas que ocorrem no sudeste asiático e nas ilhas do Pacífico, originárias de países como Índia e Malásia. Também são encontradas na Polinésia. Por esta razão, a árvore da felicidade é conhecida no exterior como ming aralia. Trata-se de uma planta mais comumente utilizada no paisagismo de países localizados em regiões tropicais do globo. Aqui no Brasil, as versões macho e fêmea são frequentemente encontradas em interiores de casas e apartamentos, além de escritórios comerciais.


No entanto, sob estas condições domésticas, é aconselhável que a árvore da felicidade fique posicionada em locais de bastante luminosidade, próximos a uma janela bem ensolarada, ainda que receba luz difusa. Em áreas externas, é bom evitar o sol direto durante as horas mais quentes do dia. Também é aconselhável fazer a transição entre um ambiente e outro, interno e externo, de forma gradual, para que a planta não sofra queimaduras.

Árvore da Felicidade - Polyscias guilfoylei
Polyscias guilfoylei

Devido à sua origem tropical, tanto a árvore da felicidade fêmea como macho preferem ambientes com elevados níveis de umidade relativa do ar. Como os ambientes internos costumam ser mais secos, estas plantas apreciam borrifadas de água em suas folhas, durante os dias mais quentes. No entanto, a árvore da felicidade não tolera o excesso de água em suas raízes.

Por este motivo, o solo precisa ser bem drenável. Além disso, é aconselhável que o substrato de plantio seja rico em matéria orgânica. Para tanto, uma mistura apropriada seria formada por terra vegetal, composto orgânico (esterco curtido ou húmus de minhoca) e areia grossa, em partes iguais. O vaso precisa ter uma boa camada de drenagem no fundo, que pode ser construída com argila expandida, brita ou qualquer outro tipo de pedrisco. Uma manta geotêxtil por cima deste material vai impedir que o substrato escoe com a água das regas.

Estas devem ser moderadas, de modo que o substrato tenha a oportunidade de secar bem, entre uma rega e outra. Evite a terra encharcada eliminando o pratinho sob o vaso.


Ao longo do processo de desenvolvimento e crescimento da árvore da felicidade, tanto no caso das espécies Polyscias guilfoylei como Polyscias fruticosa, é normal que as folhas mais próximas à base fiquem amareladas e caiam. Este fenômeno ocorre à medida que o caule vai se espessando e lignificando. No entanto, quando há um amarelamento generalizado das folhas, é sinal de que algo não está bem. Geralmente, é o excesso de água no solo que causa o apodrecimento das raízes e a desidratação da planta.

Outro sinal de que a árvore da felicidade está em apuros é quando ela se torna frágil e amolecida. Quando as raízes estão debilitadas, não conseguem suprir a planta com a água necessária, fazendo com que seus galhos tornem-se pendentes, como que derretidos. Outra situação na qual este fenômeno pode ser observado é durante os replantes e podas. Ao cortar folhas e raízes, é importante manter a correta proporção entre a parte aérea e subterrânea da planta.

As podas podem ser importantes para controlar o tamanho da árvore da felicidade. Como seus tecidos vegetais são relativamente macios, é provável que a planta necessite de escoras, caso fique muito alta. Podas de formação ou manutenção são boas oportunidade para fazer novas mudas da árvore da felicidade. Suas estacas enraízam-se com facilidade, originando novas plantas que podem ser presenteadas, perpetuando a tradição de oferecer boa sorte e felicidade aos amigos e familiares.


Sob condições domésticas de cultivo, é muito raro que a árvore da felicidade, fêmea ou macho, venha a florescer. No entanto, sua folhagem exuberante e tropical compensa qualquer ausência de flores. Por esta razão, não é necessário fornecer uma adubação rica em fósforo a esta planta. Um adubo de manutenção, do tipo NPK em proporções equilibradas, é mais do que suficiente para garantir o bom desenvolvimento da árvore da felicidade.

Em ambientes domésticos de cultivo, pode ser que a planta seja mais facilmente atacada por pragas. Costumo observar o ataque frequente de pulgões, principalmente nos brotos mais novos da árvore da felicidade. Cochonilhas e ácaros também podem fazer a festa. Eu costumo realizar a retirada manual destes invasores, bem no início do processo. Defensivos químicos mais potentes, além de serem nocivos à saúde de humanos e animais domésticos, podem causar queimaduras nas folhas da planta.

Tenho uma ligação sentimental muito forte com a árvore da felicidade, porque minha mãe a cultivava em nossa antiga casa, desde que eu era criança. Hoje, temos exemplares menores, aqui no apartamento. São plantas companheiras, bastante resistentes e de fácil cultivo, além de proporcionarem uma exuberante beleza tropical a qualquer ambiente, seja ele interno ou externo.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil