| Aloe juvenna | |
Dentre as
plantas suculentas
que cultivo no apartamento, as representantes da espécie
Aloe juvenna são, provavelmente, aquelas de aspecto mais feroz.
Acredito que sejam até mais assustadoras do que os famigerados
cactos. Felizmente, trata-se apenas de uma primeira impressão equivocada. Seus
dentes afiados não nos causam maiores danos, ao contrário do que ocorre com os
espinhos das cactáceas. Apesar da aparência, estas estruturas pontiagudas são
relativamente macias, mais até do que aquelas encontradas nas folhas da sua
prima mais famosa, a Aloe vera, popular babosa.
O gênero Aloe faz parte da família botânica
Xanthorrhoeaceae, e ocorre predominantemente em regiões tropicais da
África. A espécie mais famosa por suas propriedades medicinais é a
Aloe vera. No entanto, muitas outras espécies do gênero são cultivadas como plantas
ornamentais. É o caso da Aloe juvenna, tema central deste artigo. A
espécie juvenna é originária do Quênia.
Ainda neste contexto de nomenclatura, é importante distinguir a
Aloe juvenna da Aloe squarrosa. Devido às semelhanças entre as
duas espécies, é muito comum que ocorram confusões em relação às suas
identificações. Frequentemente, exemplares de Aloe juvenna são
equivocadamente apresentados como Aloe squarrosa, em numerosas fontes
na internet.
Ambas as espécies apresentam o crescimento das folhas triangulares dispostas
em rosetas, adornadas por numerosas estruturas pontiagudas em forma de
espinhos, que lembram dentes afiados. No entanto, como mencionado
anteriormente, eles não nos causam maiores danos, já que são relativamente
macios. A principal diferença reside no fato de que as folhas da
Aloe squarrosa são curvadas para fora, com as extremidades viradas para
baixo. Já a Aloe juvenna possui folhas retas, empilhadas e apontadas
para cima.
Aloe juvenna |
De modo geral, a Aloe squarrosa tende a ficar mais baixa, em forma de
roseta, com as folhas curvadas, ao passo que a Aloe juvenna cresce em
altura, em consequência do empilhamento das folhas organizadas radialmente em
torno do eixo central.
Quando comparada à sua prima mais famosa,
Aloe vera, a Aloe juvenna apresenta um porte muito menor e compacto, com folhas
mais curtas e delicadas. Por este motivo, o apelido da Aloe juvenna em
espanhol é aloe enano, que significa aloe anão. É comum sofrermos
alguns arranhões quando esbarramos nos espinhos da Aloe vera, que são
um pouco mais agressivos. O mesmo dificilmente acontece no caso da
Aloe juvenna.
Apesar disso, a Aloe juvenna é conhecida no exterior como
tiger tooth aloe, ou aloe dente de tigre. Particularmente, estas folhas
espinhentas remetem-me à imagem da boca de um crocodilo. As manchas brancas
ajudam a reforçar esta aparência de réptil. No entanto, apesar de tudo, acho a
aparência desta Aloe juvenna extremamente ornamental, quase escultural,
ainda que um tanto quanto exótica. Devido a diferentes padrões de crescimento,
resultantes de variados níveis de exposição à luz solar, temos que uma planta
nunca fica exatamente igual à outra. Cada exemplar possui uma característica
própria, o que torna extremamente prazeroso o colecionismo desta espécie.
Cuidar da Aloe juvenna é bastante simples. Basta seguir os mesmos
princípios aplicados ao
cultivo de suculentas, de maneira geral. O principal cuidado refere-se ao nível de luminosidade
que a planta recebe. Ela gosta de bastante luz, mas é bom evitar o sol direto
nas horas mais quentes do dia. Caso seja cultivada em ambientes muito
sombreados, a Aloe juvenna tende a ficar estiolada, com as folhas mais
finas e compridas. Além disso, ela tende a ficar mais alta rapidamente, já que
os segmentos localizados nos intervalos entre as folhas 'esticam' em busca de
luz.
Este fenômeno pode ser observado na primeira foto deste artigo. Como este exemplar de Aloe juvenna é cultivado dentro do apartamento, acaba não recebendo toda a luminosidade ideal de que necessita. Ainda que a planta esteja próxima a uma janela face oeste, recebendo o sol da tarde, podemos ver sinais de estiolamento em suas folhas. O outro exemplar, na segunda foto, apresenta as folhas mais largas e compactas, na base, já que veio assim do produtor. No entanto, as folhas apicais já começam a espichar.
Outro cuidado básico, importante para cuidar da Aloe juvenna corretamente, é evitar o excesso de água. Para isso, o ideal é utilizar um substrato arenoso, bem drenável. Existem misturas apropriadas para o cultivo de cactos e suculentas à venda no mercado. Uma alternativa caseira consiste em misturar terra vegetal e areia grossa em partes iguais. O fundo do vaso, que pode ser de plástico, barro ou cerâmica, deve possuir uma boa camada de drenagem no fundo, composta por pedrisco, brita ou argila expandida.
Embora a Aloe juvenna possa produzir belas florações, em um tom coral avermelhado, pode ser que isto não aconteça no cultivo doméstico, principalmente em interiores. Por este motivo, a adubação pode ser mais simples, de manutenção. Qualquer formulação do tipo NPK é suficiente. Caso haja interesse em forçar esta suculenta a florescer, é importante fornecer um adubo mais rico em fósforo, seja ele químico ou orgânico. A luz também é fundamental para que a Aloe juvenna produza flores.
Ocasionalmente, uma ou outra folha mais próxima à base da planta pode amarelar e secar. É um processo natural e estas estruturas podem ser removidas. No entanto, quando há excesso de regas, podemos notar que as folhas mais próximas à base tornam-se moles e amarronzadas. Este é um sinal de podridão, causado por excesso de umidade. Neste caso, é importante remover estas estruturas mortas, que geralmente cheiram mal, devido à proliferação de bactérias. A Aloe juvenna precisa ser mantida mais seca, para se recuperar.
No mais, não há necessidade de podas constantes. A Aloe juvenna pode ser multiplicada facilmente através da separação de brotos que surgem junto à base da planta mãe. A propagação via sementes, como acontece com a maioria das suculentas, é um processo mais difícil e muito demorado.
Para quem gosta de plantas suculentas resistentes, de fácil cultivo e baixa manutenção, a Aloe juvenna é uma excelente aquisição. Além disso, seu aspecto exótico traz interesse e beleza a qualquer coleção. Acredito que esta suculenta seja uma excelente alternativa à Aloe vera, já que possui um porte menor e uma aparência mais ornamental, ainda que compartilhe a mesma resistência e facilidade de manutenção da prima famosa.
Este fenômeno pode ser observado na primeira foto deste artigo. Como este exemplar de Aloe juvenna é cultivado dentro do apartamento, acaba não recebendo toda a luminosidade ideal de que necessita. Ainda que a planta esteja próxima a uma janela face oeste, recebendo o sol da tarde, podemos ver sinais de estiolamento em suas folhas. O outro exemplar, na segunda foto, apresenta as folhas mais largas e compactas, na base, já que veio assim do produtor. No entanto, as folhas apicais já começam a espichar.
Outro cuidado básico, importante para cuidar da Aloe juvenna corretamente, é evitar o excesso de água. Para isso, o ideal é utilizar um substrato arenoso, bem drenável. Existem misturas apropriadas para o cultivo de cactos e suculentas à venda no mercado. Uma alternativa caseira consiste em misturar terra vegetal e areia grossa em partes iguais. O fundo do vaso, que pode ser de plástico, barro ou cerâmica, deve possuir uma boa camada de drenagem no fundo, composta por pedrisco, brita ou argila expandida.
Embora a Aloe juvenna possa produzir belas florações, em um tom coral avermelhado, pode ser que isto não aconteça no cultivo doméstico, principalmente em interiores. Por este motivo, a adubação pode ser mais simples, de manutenção. Qualquer formulação do tipo NPK é suficiente. Caso haja interesse em forçar esta suculenta a florescer, é importante fornecer um adubo mais rico em fósforo, seja ele químico ou orgânico. A luz também é fundamental para que a Aloe juvenna produza flores.
Ocasionalmente, uma ou outra folha mais próxima à base da planta pode amarelar e secar. É um processo natural e estas estruturas podem ser removidas. No entanto, quando há excesso de regas, podemos notar que as folhas mais próximas à base tornam-se moles e amarronzadas. Este é um sinal de podridão, causado por excesso de umidade. Neste caso, é importante remover estas estruturas mortas, que geralmente cheiram mal, devido à proliferação de bactérias. A Aloe juvenna precisa ser mantida mais seca, para se recuperar.
No mais, não há necessidade de podas constantes. A Aloe juvenna pode ser multiplicada facilmente através da separação de brotos que surgem junto à base da planta mãe. A propagação via sementes, como acontece com a maioria das suculentas, é um processo mais difícil e muito demorado.
Para quem gosta de plantas suculentas resistentes, de fácil cultivo e baixa manutenção, a Aloe juvenna é uma excelente aquisição. Além disso, seu aspecto exótico traz interesse e beleza a qualquer coleção. Acredito que esta suculenta seja uma excelente alternativa à Aloe vera, já que possui um porte menor e uma aparência mais ornamental, ainda que compartilhe a mesma resistência e facilidade de manutenção da prima famosa.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil