| Suculentas no Apê | |
As
plantas suculentas
tornaram-se onipresentes em nosso cotidiano. De elegantes floriculturas a
feiras e supermercados, elas podem ser encontradas em todos os tipos, cores,
tamanhos e preços. Hoje em dia, elas já ocupam lugares de destaque, antes
dominados pelas flores. Tem sido bastante frequente o uso de suculentas na
decoração de eventos, fazendo parte de bouquets de noivas ou sendo
ofertadas como lembrancinhas de festas de aniversário. Já foram parar até em
ímãs de geladeira, plantadas dentro de rolhas. É uma febre.
Se analisarmos o volume de buscas que as pessoas efetuam na internet,
veremos que o termo 'suculentas' já ultrapassa em muito as
orquídeas. Este aumento na procura, evidentemente, reflete-se no comércio. Já há,
inclusive, espaços reservados às plantas suculentas no meio de algumas
exposições de orquídeas. Da mesma forma, as áreas destinadas a cactos e
suculentas vêm aumentando nos garden centers e floriculturas.
A beleza, diversidade, exotismo e facilidade de cultivo estão entre as
razões para este sucesso das plantas suculentas junto ao público consumidor.
Este fenômeno tem se refletido aqui no blog, onde tenho observado um aumento
no interesse dos leitores por estas gorduchas. A seguir, deixo algumas
informações interessantes sobre estas plantas, bem como dou dicas de cultivo
baseadas na minha experiência com a manutenção de suculentas dentro do
apartamento.
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Classificação das plantas suculentas
Ao contrário do que muitos imaginam, não existe uma classificação botânica
formal para todas as plantas suculentas. Elas não fazem parte de uma família
específica. Diferentes gêneros e espécies, pertencentes a várias famílias
botânicas, são popularmente agrupados sob a denominação comum de suculentas.
De forma bastante simplista, plantas suculentas são todas as espécies
vegetais capazes de armazenar água em seus tecidos, quer sejam raízes,
caules ou folhas. Nestes casos, as estruturas tornam-se mais espessas,
adquirindo a aparência típica de uma suculenta. Em latim,
sucus significa suco ou seiva.
Todos os membros da família Cactaceae, por exemplo, apresentam esta
característica. Portanto,
cactos
são plantas suculentas. O inverso, no entanto, não é obrigatório. Nem todas
as suculentas são cactáceas. Para exemplificar, cito alguns cactos famosos
já apresentados aqui no blog, tais como o
cacto amendoim
(Echinopsis chamaecereus), cacto orelha de Mickey (Opuntia microdasys), cacto castelo de fadas (Acanthocereus tetragonus),
cacto dedo de dama
(Mammillaria elongata) e
cacto dedal (Mammillaria gracilis). As opúncias também são cactos típicos bastante conhecidos. Por aqui, já
passaram a
Opuntia monacantha monstruosa
e a
Opuntia subulata monstruosa.
Muito parecidos com os cactos, os membros da família
Euphorbiaceae também são exemplos de suculentas. Neste grupo, talvez
a representante mais conhecida seja a Euphorbia millii, popularmente
conhecida como coroa de Cristo.
Outra família de plantas suculentas bastante famosa é a Crassulaceae.
Evidentemente, faz parte dela a Crassula ovata, a planta jade, cujas variedades
'Hobbit' e 'Gollum' são popularmente conhecidas como
suculentas orelha de Shrek. Neste gênero, temos ainda as famosas stacked Crassulas, plantas de simetria incrível, tais como a Crassula muscosa, Crassula capitella 'Campfire', e Crassula 'Green Pagoda', sobre as quais já falamos aqui no blog. Além destas, praticamente todas as
plantas suculentas cultivadas pelos colecionadores possui algum membro na
família Crassulaceae. É o caso das clássicas
Echeverias, dentre as quais já falamos aqui sobre a
Echeveria runyonii 'Topsy Turvy',
Echeveria 'Black Prince', Echeveria Perle von Nürnberg e
Echeveria shaviana.
Também pertencem a esta numerosa família as suculentas do gênero
Sedum (Sedum moranense,
Sedum morganianum
e
Sedum makinoi), além das espécies
Graptopetalum paraguayense, a planta fantasma,
Aeonium haworthii, Aeonium castello-paivae
e
Pachyphytum compactum, a planta diamante, apenas para citar algumas já mencionadas aqui no blog.
Mas a lista é imensa. Em outras famílias botânicas, temos desde
pequenas e compactas suculentas esculturais, como a
Haworthia limifolia, Haworthia retusa e
Haworthia coarctata,
até gigantes como o baobá, Adansonia digitata, passando por
plantas famosas por suas alegadas propriedades medicinais, como a babosa,
Aloe vera, ou
aveloz,
Euphorbia tirucalli. Parente da
babosa, a
Aloe juvenna
apresenta um aspecto exótico e porte mais compacto. Há também inúmeros
exemplos de plantas suculentas utilizadas no paisagismo, como a pata de
elefante, Beaucarnea recurvata, e as agaves. Bastante resistentes e
frequentemente utilizados na decoração de ambientes internos e externos,
destacam-se representantes do gênero
Sansevieria, como a popular espada de São Jorge. Outra planta ornamental bastante em
voga, mas raramente lembrada como suculenta, é a
Zamioculcas zamiifolia.
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Características das plantas suculentas
Vimos anteriormente que todos os cactos são exemplos de plantas suculentas.
Por outro lado, nem todas as suculentas são cactos. Afinal, o que faz com
que uma planta seja considerada suculenta?
Além do espessamento dos tecidos vegetais, causado pelo armazenamento de
água, e a consequente aparência suculenta de folhas, caules e raízes, estas
plantas típicas de ambientes áridos realizam a fotossíntese CAM (Crassulacean Acid Metabolism). Trata-se de um metabolismo diferenciado, que foi inicialmente descoberto
em plantas da família Crassulaceae, que visa atenuar os efeitos
da falta de água sobre as plantas.
Plantas suculentas que habitam regiões de clima árido apresentam este
comportamento evoluído, CAM, no qual os estômatos ficam fechados durante o
dia, a fim de evitar a perda de água por evaporação. Durante a noite, ocorre
a abertura destas estruturas, que então permitem a captação de gás
carbônico. No entanto, neste período, não há luz para a realização de
fotossíntese. O CO2
coletado durante a noite é armazenado sob a forma de ácidos orgânicos.
Durante o dia, quando os estômatos se fecham, estes ácidos liberam o gás
carbônico necessário à fotossíntese.
Para evitar a perda de água, muitas plantas suculentas têm um número
reduzido de estômatos em suas folhas. Outras, mais radicais, apresentam
folhas rudimentares ou ausência total destas estruturas, como acontece com a
maioria dos cactos.
Folhas cilíndricas ou esféricas, mais espessas, são características de plantas suculentas. Além de armazenarem água, estas estruturas apresentam uma geometria que diminui a superfície de exposição ao sol, reduzindo a evaporação da água. Também com esta finalidade, as folhas das suculentas costumam ser cobertas por cera ou pelos. Um exemplo típico e bastante extremo de planta peluda é a Tradescantia sillamontana, popularmente conhecida como suculenta teia de aranha. Também temos a simpática suculenta orelha de gato, Kalanchoe tomentosa, com seu aspecto aveludado característico. Muitas espécies de plantas suculentas possuem o termo tomentosa no nome, referente à lanugem que cobre suas folhas, como é o caso da famosa suculenta orelha de gato, Kalanchoe tomentosa, ou da suculenta patinha de urso, Cotyledon tomentosa.
Outra planta famosa do gênero Kalanchoe é o aranto, também conhecido como mãe de mil ou mãe de milhares. Trata-se de uma suculenta polêmica devido às suas alegadas propriedades medicinais, ainda sem comprovação científica. Ainda neste gênero, temos a mais florífera espécie, Kalanchoe blossfeldiana, popularmente conhecida como flor da fortuna.
Por fim, muitas espécies representantes deste diversificado grupo de plantas suculentas possui a aparência típica de uma rosa de pedra. Suas folhas espessas costumam ser organizadas sob a forma de rosetas, de modo muito similar às pétalas de flores petrificadas.
A escolha do melhor vaso para cultivar suculentas passa por uma série de questões inerentes ao ambiente de cultivo e às preferências de cada colecionador. Eu, particularmente, costumo manter as plantas que adquiro no mesmo vaso plástico proveniente do produtor. A suculenta já sofre um grande stress ao ser retirada das estufas de produção, onde as condições climáticas são idealmente controladas, para ficar exposta à toda sorte de maus-tratos no ambiente de comercialização. Depois, ainda é transferida ao nosso ambiente doméstico, que também é diferente da estufa. Particularmente, acho que um transplante nesta etapa só piora a situação da planta.
Para esconder a feiura do vaso plástico, podemos sempre recorrer a cachepots decorativos. Lembrando que é importante retirar o vaso de dentro destas peças, para que a água da rega não se acumule no fundo. O material plástico também facilita o desenvase, durante os replantes necessários quando a planta se torna grande demais. Outra vantagem é que o peso é menor, em relação aos vasos de barro. Para quem tem grandes coleções, principalmente em apartamentos, o peso somado de todos os vasos é uma questão a ser considerada.
Por fim, vale lembrar que os vasos de plástico retêm a umidade por mais tempo, em relação aos vasos de cerâmica. Dependendo do ambiente em que ficam as suculentas, é preciso adequar a frequência de regas, levando-se em consideração a natureza do material com o qual o vaso é fabricado. Independentemente desta questão, o importante é que o vaso possua uma boa drenagem, que impeça o acúmulo de água no substrato.
Substrato este que pode ser composto por diferentes materiais. O importante é que seja bem aerado, não compactado, bastante drenável. A mistura mais comumente utilizada no cultivo de suculentas é a de terra vegetal e areia grossa, em partes iguais. Mas há quem adicione esterco curtido, húmus de minhoca e outros elementos orgânicos à mistura. É importante lembrar que plantas suculentas são originárias de regiões desérticas, de solo arenoso, geralmente pobre em nutrientes. Não é necessário utilizar um substrato muito rico em matéria orgânica, nem utilizar materiais argilosos, ou que retenham muita umidade. Uma solução segura para quem está iniciando é comprar substratos prontos, especialmente desenvolvidos para o cultivo de cactos e suculentas.
Além da mistura clássica de terra e areia, há quem utilize casca de pinus, carvão vegetal, fibra de coco, perlita, e até mesmo musgo sphagnum. É sempre bom lembrar que, neste caso do musgo, a retenção de água é enorme e as regas devem ser feitas com muita cautela. O importante é encontrar uma composição em proporções que apresentem uma boa performance no ambiente de cultivo de cada colecionador, levando-se em consideração seu estilo de vida e hábitos de rega.
Nesta questão de quão frequentemente regar as plantas suculentas, não há uma regra fixa. Não podemos nos prender a uma frequência semanal ou quinzenal. O importante é sempre verificar, com o dedo, o nível de umidade do solo. Ele só deve receber água novamente quando estiver completamente seco. Outra maneira bastante prática de se perceber que o material no interior de um vaso secou bem é aferindo seu peso. Quanto mais leve estiver, mais seco o substrato estará. O vaso de plástico, por ser bem leve, ajuda nesta verificação. Com o tempo, vamos nos acostumando a distinguir o peso de um vaso recém-regado, comparado ao de um completamente seco.
Por este motivo, eu particularmente evito colocar aqueles pedriscos brancos decorativos, na superfície dos meus vasos. Eles me atrapalham na verificação da umidade do solo. Frequentemente, percebo quando uma suculenta precisa ser regada apenas pela aparência da terra, que se torna mais clara e esbranquiçada, aspecto bem distinto de um solo úmido.
Durante as regas rotineiras, no dia a dia, eu evito molhar as folhas e rosetas das suculentas, para que não haja acúmulo de água e consequente apodrecimento nos interstícios destas plantas, geralmente bem compactas. No entanto, uma vez por semana ou a cada quinze dias, principalmente durante os meses mais quentes do ano, eu costumo levar todas para a banheira e dar uma boa chuveirada. O importante é deixar as suculentas secarem bem, depois do banho. Este procedimento evita o acúmulo de sujeira e, eventualmente, pragas nas folhas das plantas.
Alguns iniciantes têm a impressão de que só é possível cultivar suculentas e cactos sob pleno sol. Isso não é verdade. Muitos gêneros e espécies de suculentas adaptam-se ao cultivo em interiores, desde que próximos a janelas bem iluminadas.
Neste caso, é importante saber quantas horas de sol cada janela recebe, bem como sua orientação. As janelas e varandas com face norte são as mais iluminadas e propícias ao cultivo de cactos e suculentas. Aquelas voltadas a leste recebem o sol da manhã, que também é ótimo. Janelas face oeste tendem a ser muito quentes, podendo provocar queimaduras em suculentas mais sensíveis. Já as aberturas voltadas ao sul precisam abrigar plantas que necessitem de menos luz para seu desenvolvimento.
Nem todas as suculentas são iguais, no quesito luminosidade. Existem gêneros mais propícios a serem cultivados em ambientes internos, de meia sombra. Também existem aquelas que são mais resistentes ao sol direto. Antes de montar sua coleção, o importante é avaliar o quanto de luz seu ambiente recebe. Depois desta verificação, basta fazer uma pesquisa e adquirir as suculentas que melhor se adaptam às condições que podemos oferecer.
Além disso, muitos gêneros de plantas suculentas adaptam-se tanto ao cultivo sob sol pleno como à meia sombra. O curioso é que sua morfologia e coloração mudam completamente, dependendo do nível de luminosidade ao qual são expostos. Nestes casos, o importante é fazer a transição gradualmente, de um ambiente para outro.
Como a grande maioria das suculentas e cactos adora sol, vamos destacar aqui aqueles gêneros que podem sobreviver com menos luz. É o caso das espécies dos gêneros Haworthia e Haworthiopsis. Já apresentamos aqui no blog a Haworthia limifolia, Haworthia retusa e Haworthia coarctata, três excelentes exemplos de suculentas que não necessitam de sol direto para seu desenvolvimento. São plantas que, em seu habitat de origem, vivem em locais mais sombreados, entre pedras, e até mesmo parcialmente enterradas. Portanto, são ideais para o cultivo em interiores.
A famosa planta jade, Crassula ovata, e seus mutantes, como a orelha de Shrek, são exemplos de suculentas que podem ser cultivadas tanto dentro como fora de casa. Embora possam ficar enormes e florescer sob sol pleno, são plantas que se dão bem em interiores, desde que recebam uma boa luminosidade indireta. A suculenta Portulacaria afra também encaixa-se nesta categoria.
Todos os representantes do gênero Sansevieria, popularmente conhecidos como espadas de São Jorge, são excelentes opções para quem dispõe de pouca luminosidade em seu ambiente de cultivo.
Outros exemplos de suculentas que podem ser cultivadas à meia sobra são as representantes dos gêneros Gasteria e Rhipsalis. Embora precise de bastante luminosidade para florescer, a popular flor de maio, Schlumbergera truncata, é outra suculenta que costuma ser cultivada em interiores com sucesso.
Uma seleção das minhas top dez suculentas de sombra pode ser conferida neste artigo.
Folhas cilíndricas ou esféricas, mais espessas, são características de plantas suculentas. Além de armazenarem água, estas estruturas apresentam uma geometria que diminui a superfície de exposição ao sol, reduzindo a evaporação da água. Também com esta finalidade, as folhas das suculentas costumam ser cobertas por cera ou pelos. Um exemplo típico e bastante extremo de planta peluda é a Tradescantia sillamontana, popularmente conhecida como suculenta teia de aranha. Também temos a simpática suculenta orelha de gato, Kalanchoe tomentosa, com seu aspecto aveludado característico. Muitas espécies de plantas suculentas possuem o termo tomentosa no nome, referente à lanugem que cobre suas folhas, como é o caso da famosa suculenta orelha de gato, Kalanchoe tomentosa, ou da suculenta patinha de urso, Cotyledon tomentosa.
Outra planta famosa do gênero Kalanchoe é o aranto, também conhecido como mãe de mil ou mãe de milhares. Trata-se de uma suculenta polêmica devido às suas alegadas propriedades medicinais, ainda sem comprovação científica. Ainda neste gênero, temos a mais florífera espécie, Kalanchoe blossfeldiana, popularmente conhecida como flor da fortuna.
Por fim, muitas espécies representantes deste diversificado grupo de plantas suculentas possui a aparência típica de uma rosa de pedra. Suas folhas espessas costumam ser organizadas sob a forma de rosetas, de modo muito similar às pétalas de flores petrificadas.
Vasos e substratos para suculentas
A escolha do melhor vaso para cultivar suculentas passa por uma série de questões inerentes ao ambiente de cultivo e às preferências de cada colecionador. Eu, particularmente, costumo manter as plantas que adquiro no mesmo vaso plástico proveniente do produtor. A suculenta já sofre um grande stress ao ser retirada das estufas de produção, onde as condições climáticas são idealmente controladas, para ficar exposta à toda sorte de maus-tratos no ambiente de comercialização. Depois, ainda é transferida ao nosso ambiente doméstico, que também é diferente da estufa. Particularmente, acho que um transplante nesta etapa só piora a situação da planta.
Para esconder a feiura do vaso plástico, podemos sempre recorrer a cachepots decorativos. Lembrando que é importante retirar o vaso de dentro destas peças, para que a água da rega não se acumule no fundo. O material plástico também facilita o desenvase, durante os replantes necessários quando a planta se torna grande demais. Outra vantagem é que o peso é menor, em relação aos vasos de barro. Para quem tem grandes coleções, principalmente em apartamentos, o peso somado de todos os vasos é uma questão a ser considerada.
Por fim, vale lembrar que os vasos de plástico retêm a umidade por mais tempo, em relação aos vasos de cerâmica. Dependendo do ambiente em que ficam as suculentas, é preciso adequar a frequência de regas, levando-se em consideração a natureza do material com o qual o vaso é fabricado. Independentemente desta questão, o importante é que o vaso possua uma boa drenagem, que impeça o acúmulo de água no substrato.
Substrato este que pode ser composto por diferentes materiais. O importante é que seja bem aerado, não compactado, bastante drenável. A mistura mais comumente utilizada no cultivo de suculentas é a de terra vegetal e areia grossa, em partes iguais. Mas há quem adicione esterco curtido, húmus de minhoca e outros elementos orgânicos à mistura. É importante lembrar que plantas suculentas são originárias de regiões desérticas, de solo arenoso, geralmente pobre em nutrientes. Não é necessário utilizar um substrato muito rico em matéria orgânica, nem utilizar materiais argilosos, ou que retenham muita umidade. Uma solução segura para quem está iniciando é comprar substratos prontos, especialmente desenvolvidos para o cultivo de cactos e suculentas.
Além da mistura clássica de terra e areia, há quem utilize casca de pinus, carvão vegetal, fibra de coco, perlita, e até mesmo musgo sphagnum. É sempre bom lembrar que, neste caso do musgo, a retenção de água é enorme e as regas devem ser feitas com muita cautela. O importante é encontrar uma composição em proporções que apresentem uma boa performance no ambiente de cultivo de cada colecionador, levando-se em consideração seu estilo de vida e hábitos de rega.
Suculentas no Apê |
Frequência de regas
Nesta questão de quão frequentemente regar as plantas suculentas, não há uma regra fixa. Não podemos nos prender a uma frequência semanal ou quinzenal. O importante é sempre verificar, com o dedo, o nível de umidade do solo. Ele só deve receber água novamente quando estiver completamente seco. Outra maneira bastante prática de se perceber que o material no interior de um vaso secou bem é aferindo seu peso. Quanto mais leve estiver, mais seco o substrato estará. O vaso de plástico, por ser bem leve, ajuda nesta verificação. Com o tempo, vamos nos acostumando a distinguir o peso de um vaso recém-regado, comparado ao de um completamente seco.
Por este motivo, eu particularmente evito colocar aqueles pedriscos brancos decorativos, na superfície dos meus vasos. Eles me atrapalham na verificação da umidade do solo. Frequentemente, percebo quando uma suculenta precisa ser regada apenas pela aparência da terra, que se torna mais clara e esbranquiçada, aspecto bem distinto de um solo úmido.
Durante as regas rotineiras, no dia a dia, eu evito molhar as folhas e rosetas das suculentas, para que não haja acúmulo de água e consequente apodrecimento nos interstícios destas plantas, geralmente bem compactas. No entanto, uma vez por semana ou a cada quinze dias, principalmente durante os meses mais quentes do ano, eu costumo levar todas para a banheira e dar uma boa chuveirada. O importante é deixar as suculentas secarem bem, depois do banho. Este procedimento evita o acúmulo de sujeira e, eventualmente, pragas nas folhas das plantas.
Luminosidade para suculentas
Alguns iniciantes têm a impressão de que só é possível cultivar suculentas e cactos sob pleno sol. Isso não é verdade. Muitos gêneros e espécies de suculentas adaptam-se ao cultivo em interiores, desde que próximos a janelas bem iluminadas.
Neste caso, é importante saber quantas horas de sol cada janela recebe, bem como sua orientação. As janelas e varandas com face norte são as mais iluminadas e propícias ao cultivo de cactos e suculentas. Aquelas voltadas a leste recebem o sol da manhã, que também é ótimo. Janelas face oeste tendem a ser muito quentes, podendo provocar queimaduras em suculentas mais sensíveis. Já as aberturas voltadas ao sul precisam abrigar plantas que necessitem de menos luz para seu desenvolvimento.
Nem todas as suculentas são iguais, no quesito luminosidade. Existem gêneros mais propícios a serem cultivados em ambientes internos, de meia sombra. Também existem aquelas que são mais resistentes ao sol direto. Antes de montar sua coleção, o importante é avaliar o quanto de luz seu ambiente recebe. Depois desta verificação, basta fazer uma pesquisa e adquirir as suculentas que melhor se adaptam às condições que podemos oferecer.
Além disso, muitos gêneros de plantas suculentas adaptam-se tanto ao cultivo sob sol pleno como à meia sombra. O curioso é que sua morfologia e coloração mudam completamente, dependendo do nível de luminosidade ao qual são expostos. Nestes casos, o importante é fazer a transição gradualmente, de um ambiente para outro.
Suculentas de sombra
Como a grande maioria das suculentas e cactos adora sol, vamos destacar aqui aqueles gêneros que podem sobreviver com menos luz. É o caso das espécies dos gêneros Haworthia e Haworthiopsis. Já apresentamos aqui no blog a Haworthia limifolia, Haworthia retusa e Haworthia coarctata, três excelentes exemplos de suculentas que não necessitam de sol direto para seu desenvolvimento. São plantas que, em seu habitat de origem, vivem em locais mais sombreados, entre pedras, e até mesmo parcialmente enterradas. Portanto, são ideais para o cultivo em interiores.
A famosa planta jade, Crassula ovata, e seus mutantes, como a orelha de Shrek, são exemplos de suculentas que podem ser cultivadas tanto dentro como fora de casa. Embora possam ficar enormes e florescer sob sol pleno, são plantas que se dão bem em interiores, desde que recebam uma boa luminosidade indireta. A suculenta Portulacaria afra também encaixa-se nesta categoria.
Todos os representantes do gênero Sansevieria, popularmente conhecidos como espadas de São Jorge, são excelentes opções para quem dispõe de pouca luminosidade em seu ambiente de cultivo.
Outros exemplos de suculentas que podem ser cultivadas à meia sobra são as representantes dos gêneros Gasteria e Rhipsalis. Embora precise de bastante luminosidade para florescer, a popular flor de maio, Schlumbergera truncata, é outra suculenta que costuma ser cultivada em interiores com sucesso.
Uma seleção das minhas top dez suculentas de sombra pode ser conferida neste artigo.
Berçário de Suculentas |
Propagação de Suculentas
Plantas suculentas podem ser multiplicadas com grande facilidade e rapidez. Qualquer folha que é destacada da planta mãe pode gerar uma nova muda. Basta que os segmentos sejam removidos corretamente, antes que comecem a murchar ou secar, e que sejam colocados em um berçário de suculentas. Além disso, o processo de poda drástica, popularmente conhecida como decapitação, pode gerar uma grande quantidade de novas plantas. Para conhecer mais sobre estes processos, basta clicar nos links para os respectivos artigos.
Já o processo de propagação através de sementes é mais difícil e demorado. Existem algumas empresas que comercializam sementes de cactos variados. Sementes de suculentas são mais difíceis de serem encontradas comercialmente. Embora a germinação ocorra com relativa facilidade, é complicado obter indivíduos adultos a partir de sementes, já que muitos morrem no caminho. Também é preciso ficar atento para anúncios fraudulentos de sementes, principalmente de plantas suculentas alegadamente raras.
Suculentas tóxicas
Apesar de as plantas suculentas esbanjarem beleza e fofura, há alguns cuidados a serem tomados. O perigo mais evidente são os espinhos. Não somente os cactos, mas também várias eufórbias costumam apresentar espinhos agressivos, que podem ferir crianças e animais domésticos.
Além disso, as plantas suculentas podem exsudar um líquido leitoso, quando cortadas. O caso mais típico é o das representantes da família Euphorbiaceae, como a coroa de Cristo. Esta seiva branca é tóxica se ingerida acidentalmente. Além disso, o simples contato desta substância com a pele pode causar irritações e alergias. Ainda mais perigoso é o contato inadvertido com os olhos e mucosas.
Menos evidentes, mas igualmente perigosas, são as suculentas do gênero Kalanchoe. A planta mãe de milhares ou mãe de mil, popularmente conhecida como aranto, é uma suculenta famosa por causar envenenamento em animais domésticos e até em gado. É importante tomar cuidado com esta suculenta porque muitos atribuem a ela diversas propriedades medicinais. Contudo, experimentos científicos ainda não comprovaram estas alegações.
Outro exemplo clássico de suculenta tóxica é a espada de São Jorge. Vários membros do gênero Sansevieria podem causar intoxicação em crianças e animais domésticos, se ingeridos acidentalmente. A famosa planta jade, Crassula ovata, é outra suculenta bastante comum na decoração de ambientes, que pode causar acidentes, graças à toxicidade de seus tecidos vegetais.
Há vários outros exemplos. De maneira geral, plantas ornamentais e suculentas devem ser protegidas do contato com crianças e animais domésticos. É importante fazer uma boa pesquisa antes de adquirir novas plantas, sempre tendo em vista os perigos potenciais para nossos entes queridos. As suculentas são particularmente perigosas para crianças porque são fofas e suas folhas gorduchas destacam-se com facilidade, sendo um atrativo irresistível para ser colocada na boca. Todo cuidado é pouco.
Considerações Finais
Finalizo com uma consideração que é bastante pessoal. Vejo as suculentas como plantas extremamente democráticas. Talvez por isso, estejam tão em alta atualmente. Além de belíssimas e decorativas, são relativamente baratas, podendo ser encontradas em qualquer lugar. Como se não bastasse, são plantas de fácil cultivo e ideais para quem mora em apartamento. Não é necessário fazer um curso ou ler uma enciclopédia para aprender a cuidar de suculentas. Qualquer pessoa que adquira uma pequena planta logo conhecerá os principais cuidados a serem tomados, sem muita frescura ou enrolação.
O único problema destas plantas suculentas é que não é possível parar em uma, duas ou meia dúzia. Sem que percebamos, logo estaremos contaminados pelo vírus e não sossegaremos enquanto não preenchermos cada espaço disponível com uma incrível coleção de plantas gorduchas.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil