| Oncidium Aloha Iwanaga | |
Quando comecei a me interessar pelo
cultivo de orquídeas, há muitos anos, minha mãe comentou que possuía um exemplar de orquídea
chuva de ouro, em nossa antiga casa. Confesso que não me lembrava desta flor.
Curioso para saber de qual orquídea se tratava, sempre que encontrava uma com
flores amarelas, pequenas e em cachos, perguntava se era aquela. Minha mãe
respondia-me que era parecida, mas não exatamente a orquídea da qual ela se
lembrava. A única informação de que dispúnhamos era de que se tratava de uma
orquídea amarela.
Ficamos nesta por anos e, até hoje, não sabemos ao certo quem era a orquídea
chuva de ouro do nosso passado. Este é o problema dos nomes populares, quer
sejam de orquídeas ou de outras plantas em geral. Frequentemente, estes
apelidos não estão associados a plantas únicas. Para resolver esta questão, os
taxonomistas atribuem nomes científicos, em latim, para cada espécie de ser
vivo sobre o planeta. Ainda assim, a confusão continua. Muitas espécies,
principalmente de
orquídeas, têm seus nomes mudados a todo instante, pelos pesquisadores. Há muita
controvérsia e nem sempre eles chegam a um consenso.
Além disso, o problema desta nomenclatura técnica é sua complicada assimilação
pelo público leigo. Nomes científicos, por serem formulados em latim, costumam
ser complicados. Além disso, sua pronúncia é frequentemente equivocada, já que
se trata de uma língua morta. Dificilmente, temos acesso à sonoridade destas
palavras e, frequentemente, desconhecemos seu significado.
Orquídea Chuva de Ouro ou Bailarina (Dancing Lady) |
As
orquídeas
chuva de ouro, por exemplo, pertencem ao gênero botânico
Oncidium. Este nome científico faz alusão às protuberâncias que encontramos bem no
meio da flor, acima do labelo. São estruturas denominadas calos. O termo
Oncidium
é uma latinização das palavra grega onkos, que significa inchaço,
intumescimento. É o mesmo prefixo para oncologia, a ciência que estuda a
formação de tumores. O sufixo idium significa pequeno, diminuto.
Oncidium, portanto, significa pequeno calo.
As diferentes espécies de orquídeas do gênero Oncidium são conhecidas por suas numerosas flores dispostas em torno de longas hastes, flores estas que apresentam geralmente um tamanho diminuto e formam abundantes cachos. No caso das orquídeas popularmente conhecidas como chuva de ouro, a característica marcante está no intenso colorido amarelo de suas flores, que lembram uma cascata de moedas douradas. No exterior, estas orquídeas são conhecidas como dancing ladies, bailarinas, devido ao aspecto dos labelos de suas flores, que lembram saias rodadas. No entanto, nem todas as orquídeas dancing ladies são amarelas.
A confusão em torno deste apelido só aumenta porque, além de tudo, existem algumas árvores cujas florações são conhecidas como chuvas de ouro. Dentre vários exemplos, temos a acácia mimosa e a cássia imperial que, de fato, dão um show de cascatas de flores douradas, cobrindo também as ruas e calçadas de amarelo.
As diferentes espécies de orquídeas do gênero Oncidium são conhecidas por suas numerosas flores dispostas em torno de longas hastes, flores estas que apresentam geralmente um tamanho diminuto e formam abundantes cachos. No caso das orquídeas popularmente conhecidas como chuva de ouro, a característica marcante está no intenso colorido amarelo de suas flores, que lembram uma cascata de moedas douradas. No exterior, estas orquídeas são conhecidas como dancing ladies, bailarinas, devido ao aspecto dos labelos de suas flores, que lembram saias rodadas. No entanto, nem todas as orquídeas dancing ladies são amarelas.
A confusão em torno deste apelido só aumenta porque, além de tudo, existem algumas árvores cujas florações são conhecidas como chuvas de ouro. Dentre vários exemplos, temos a acácia mimosa e a cássia imperial que, de fato, dão um show de cascatas de flores douradas, cobrindo também as ruas e calçadas de amarelo.
O fato é que várias espécies e híbridos de Oncidium podem ser
popularmente conhecidos como orquídeas chuva de ouro. Talvez o híbrido mais
difundido entre o público brasileiro seja o
Oncidium Aloha Iwanaga, representado na foto de abertura deste artigo. Esta é uma orquídea
comumente encontrada em floriculturas, tendo uma grande procura pelo público
consumidor. Hoje em dia, já podemos encontrar esta orquídea chuva de ouro em
feiras, supermercados e garden centers. O híbrido Aloha Iwanaga, como
seu nome já sugere, foi desenvolvido no Havaí, por um cultivador japonês. Ele
é resultante de vários cruzamentos entre três espécies de orquídeas chuva de
ouro: Oncidium flexuosum, Oncidium sphacelatum e
Oncidium varicosum.
A espécie Oncidium flexuosum, originária do Brasil e de alguns países
da América do Sul, é a mais comumente conhecida como chuva de ouro ou
bailarina. Esta orquídea, inclusive, está presente na genealogia de vários
híbridos comercializados, sendo um dos mais famosos o Oncidium
Aloha acima citado. Várias outras espécies do gênero Oncidium são
conhecidas por este padrão de flores pequenas, amarelas e dispostas ao longo
de frondosas hastes. Alguns exemplos de orquídeas Oncidium que podem
ser chamadas de chuvas de ouro são: sphacelatum, varicosum e
cheirophorum.
Nesta nossa coletânea de orquídeas chuva de ouro, não poderíamos deixar de
citar o
Oncidium pumilum. Trata-se de uma
micro orquídea, apesar de sua parte vegetativa apresentar um porte comparável ao de outras
espécies. Seu diferencial está no tamanho extremamente diminuto de suas
flores, que ocorrem em abundância, ao longo de delicadas hastes bastante
ramificadas. Recentemente, os pesquisadores decidiram transferir esta orquídea
chuva de ouro para outro gênero. Desta forma, alguns atualmente a chamam de
Lophiaris pumila.
Oncidium pumilum |
Além do belo espetáculo de cachos dourados, as flores desta pequena orquídea amarela também surpreendem através do perfume que exalam. Algumas pessoas acham o aroma enjoativo, outras adoram. O fato é que, a despeito do tamanho minúsculo das flores, esta orquídea chuva de ouro exala um potente cheiro adocicado que lembra o mel. Esta é uma arma da orquídea para compensar o tamanho reduzido de suas flores e atrair os insetos polinizadores.
Orquídea Chuva de Ouro - Oncidium Twinkle 'Yellow Fantasy' |
Outro híbrido digno de nota, igualmente perfumado, que realmente lembra uma
densa chuva de ouro, é o
Oncidium Twinkle 'Yellow Fantasy'. Apenas ressaltando que existem variedades desta orquídea em outras cores,
como branca e vinho. Esta é outra orquídea que, apesar de apresentar
pseudobulbos e folhas em tamanho normal, pode ser considerada uma micro
orquídea, graças ao tamanho reduzido de suas flores.
O Oncidium Twinkle é um híbrido primário resultante do cruzamento entre o Oncidium cheirophorum, que mencionamos logo acima, e o Oncidium ornithorhynchum, cujo nome científico verdadeiro é Oncidium sotoanum. A espécie cheirophorum lembra uma chuva de ouro, com minúsculas flores amarelas. Já o ornithorhynchum apresenta delicadas flores rosadas. O resultado desta mistura é uma orquídea bastante florífera, que emite diversas hastes repletas de cachos dourados, em sua variedade 'Yellow Fantasy'. O aroma é adocicado e lembra a baunilha. De alguma maneira, o perfume desta orquídea chuva de ouro lembra aquele exalado pela famosa orquídea chocolate, que também tem a espécie ornithorhynchum em sua genealogia.
O Oncidium Twinkle é um híbrido primário resultante do cruzamento entre o Oncidium cheirophorum, que mencionamos logo acima, e o Oncidium ornithorhynchum, cujo nome científico verdadeiro é Oncidium sotoanum. A espécie cheirophorum lembra uma chuva de ouro, com minúsculas flores amarelas. Já o ornithorhynchum apresenta delicadas flores rosadas. O resultado desta mistura é uma orquídea bastante florífera, que emite diversas hastes repletas de cachos dourados, em sua variedade 'Yellow Fantasy'. O aroma é adocicado e lembra a baunilha. De alguma maneira, o perfume desta orquídea chuva de ouro lembra aquele exalado pela famosa orquídea chocolate, que também tem a espécie ornithorhynchum em sua genealogia.
Como cuidar da orquídea chuva de ouro
Como vimos acima, as orquídeas chuva de ouro são todas pertencentes ao gênero Oncidium, podendo ser espécies puras ou híbridos. Este é um dado importante para que saibamos as melhores formas de cultivar este tipo de orquídea. Trata-se de uma planta de hábito epífito, que vegeta com suas raízes expostas, aderidas aos troncos das árvores. Suas folhas são protegidas dos raios solares diretos pelas copas destas árvores, recebendo a porcentagem ideal de luminosidade para que se desenvolvam e floresçam.
Tendo em vista o fato de que nem sempre podemos cultivar nossas orquídeas em árvores, a melhor alternativa para mimetizar esta condição é afixando as orquídeas chuva de ouro em pedaços de madeira ou de troncos. Neste caso, a umidade relativa do ar deve ser elevada no ambiente de cultivo. Além disso, as regas devem ser frequentes, já que as raízes secam com maior rapidez.
Como uma alternativa a este método de cultivo, temos a combinação de vasos e substrato, como um meio de reter a umidade em torno das raízes por um período maior de tempo. Neste caso, é muito importante adequar os materiais utilizados à frequência das regas. De modo geral, os vasos de barro secam mais rapidamente, permitindo que as raízes fiquem mais arejadas. Há, inclusive, modelos de vasos de barro específicos para o cultivo de orquídeas, com furos nas laterais. Os vasos de plástico, por sua vez, retêm a umidade por mais tempo, sendo ideais para aqueles que cultivam em ambientes muito secos. Além disso, oferecem a vantagem de serem mais leves, podendo ser pendurados sem maiores problemas.
Desta forma, as regas somente devem acontecer quando o substrato estiver bem seco. As orquídeas epífitas, particularmente aquelas pertencentes ao gênero Oncidium, como é o caso das orquídeas chuva de ouro, apresentam raízes muito sensíveis ao excesso de umidade. Sob estas condições, é grande o risco de fungos e bactérias se proliferarem, causando o apodrecimento destas estruturas. Por este motivo, é imprescindível abrir mão do pratinho sob o vaso, que tende a acumular a água das regas.
Existe uma grande variedade de materiais utilizados como substrato para orquídeas epífitas. As misturas mais comumente encontradas no mercado são compostas por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. Mas há quem cultive orquídeas em brita pura, musgo sphagnum, casca de macadâmia, entre muitas outras possibilidades. O importante é conhecer o material e sua capacidade de retenção de água junto às raízes. Também é conveniente evitar que diversos vasos contenham diferentes substratos, o que complica na hora de regar. Idealmente, o cultivo das orquídeas deve ser o mais uniforme e padronizado possível.
Outro fator bastante importante para um cultivo bem-sucedido da orquídea chuva de ouro é a luminosidade. Este tipo de orquídea aprecia uma boa luminosidade indireta. Preferencialmente, os raios solares devem ser filtrados por uma tela de sombreamento 50%. O sol direto do começo da manhã e do final da tarde também pode ser benéfico, principalmente para estimular a floração. Orquídeas chuva de ouro cultivadas dentro de casa apresentam maiores dificuldades para produzir flores, graças ao excessivo sombreamento dos ambientes internos.
Outro fator crucial para que a orquídea chuva de ouro produza abundantes florações é a adubação. Existem basicamente três categorias de fertilizantes: os químicos ou inorgânicos, orgânicos e mistos, também chamados de organominerais. Cada cultivador possui sua preferência. Eu costumo evitar adubos orgânicos, já que eles precisam sofrer um processo de decomposição para liberar os nutrientes às raízes das plantas. Como cultivo orquídeas em ambientes internos, procuro evitar estes produtos, que exalam odores desagradáveis e atraem insetos.
Os adubos químicos ou inorgânicos são os meus preferidos. São bastante práticos e podem ser comprados em várias lojas especializadas, até mesmo em grandes supermercados. São as clássicas formulações do tipo NPK, contendo macro e micronutrientes. Existem diversas fórmulas específicas para o cultivo de orquídeas. Eu costumo alternar adubos para manutenção e floração, semanalmente.
Durante o período em que a orquídea chuva de ouro estiver florida, ela pode ser mantida dentro de casa, em qualquer lugar protegido do vento e do sol direto. É bom lembrar que algumas espécies e híbridos exalam um perfume pronunciado, que pode incomodar olfatos mais sensíveis. Após o fim da floração, que pode ter uma duração variável, de acordo com a espécie, é importante que as hastes florais sejam cortadas, bem rente à base. No caso do gênero Oncidium, as hastes antigas não produzirão novas florações, como ocorre com as orquídeas Phalaenopsis.
Em seguida, a orquídea chuva de ouro precisa ser transferida para um local que receba bastante luminosidade indireta. Pode ser uma varanda ou área de serviço. Na ausência de um local mais aberto, o parapeito de uma janela bem iluminada pode abrigar a orquídea. O importante é que ela receba bastante luz, sem sol direto. Somente assim, e com as regas e adubações apropriadas, a orquídea chuva de ouro poderá voltar florescer, no ano seguinte.
Considerações finais
Neste artigo, apresentei apenas as espécies e híbridos de orquídeas chuva de
ouro que já cultivei aqui no apartamento. Não acho ético roubar
fotos
de outros cultivadores para ilustrar meus artigos. É bem verdade que existe
uma grande lista de orquídeas cujas florações lembram uma chuva de ouro, todas
do gênero Oncidium. Por alguma razão, tenho problemas para manter
Oncidium aqui no apartamento. São plantas consideradas de fácil
cultivo, mas suas raízes são exigentes. Não podem ficar sufocadas no
substrato, nem podem ser mantidas úmidas por muito tempo. Por outro lado, se
cultivadas em troncos de madeira, com as raízes expostas, desidratam-se
facilmente. A umidade relativa do ar no ambiente de cultivo deve ser sempre
elevada. É um equilíbrio tênue que precisa ser alcançado, para uma correta
manutenção deste tipo de orquídea no ambiente doméstico de cultivo.
Por fim, a lista de orquídeas chuva de ouro é extensa e pode ser controversa.
Os orquidófilos, de modo geral, detestam estes apelidos. Particularmente, acho
que é um meio válido para divulgar a orquidofilia junto ao público leigo,
aproximando-os deste mundo fascinante, sem assustá-los com impronunciáveis
nomes macarrônicos, que mudam a cada estação. O que é cientificamente correto
para os aficionados pode ser extremamente entediante para os que simplesmente
admiram as orquídeas.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil