| Maxillaria tenuifolia | |
Esta é uma
orquídea
cuja floração eu aguardava há alguns anos. Não tanto pela aparência, que eu
acabei descobrindo ser belíssima, mas muito pelo curioso
perfume
que suas flores exalam. Famosa no exterior, onde é conhecida como
the coconut orchid, a Maxillaria tenuifolia, de fato, produz uma
floração delicadamente perfumada, com um aroma que lembra o coco queimado.
Além deste fato curioso, as flores exibem diferentes gradações de um laranja
mamão, dependendo do cultivar, com um delicado labelo branco pintalgado
de vermelho. Um show de aroma, beleza e delicadeza.
Trata-se de uma orquídea típica do continente americano, mais precisamente
de países localizados na América Central, tais como México, Nicarágua,
Honduras e Costa Rica. A Maxillaria tenuifolia foi descoberta pelo
botânico alemão Karl Theodore Hartweg e descrita por Lindley em 1837.
Atualmente, encontra-se espalhada por coleções de orquidófilos do mundo
todo, sendo bastante apreciada por sua folhagem ornamental e suas flores
perfumadas.
O nome do gênero, Maxillaria, vem da palavra latina maxilla,
que significa maxilar, ou queixo, em uma alusão ao formato do labelo. Dentre
as diversas espécies deste gênero, a Maxillaria tenuifolia é a mais
popular entre os cultivadores, apenas rivalizando com a
orquídea negra
brasileira,
Maxillaria schunkeana.
A parte vegetativa desta
orquídea
é bastante curiosa. Seus pseudobulbos têm um formato elíptico, que lembra
uma bola de futebol americano lateralmente achatada. O crescimento da
Maxillaria tenuifolia é simpodial, o que significa que a orquídea
emite novos pseudobulbos, um à frente do outro, de maneira sequencial. No
entanto, no caso desta orquídea com aroma de coco, os pseudobulbos vão
escalando uns sobre os outros, de modo que a touceira vai ficando cada vez
mais alta. Este modo de crescimento é resultado de um rizoma bastante
encurtado, que faz com que os pseudobulbos avolumem-se em
clusters verticais. Alguns cultivadores, inclusive, utilizam
tutores para dar suporte à orquídea.
Maxillaria tenuifolia |
As folhas da orquídea Maxillaria tenuifolia são finas e elongadas,
com a aparência de capim. As flores surgem a partir da base dos
pseudobulbos, sempre solitárias. Suas pétalas não se abrem completamente e
apresentam um colorido intenso, que pode variar do ferrugem alaranjado ao
vinho escuro, passando por diferentes tons de vermelho. O labelo pintalgado
é um charme à parte. Além, é claro, do característico perfume de coco que
suas flores exalam, notadamente durante os meses da primavera.
A Maxillaria tenuifolia é uma
orquídea
que aprecia bastante umidade. Quando cultivada em ambientes muito secos,
como o interior de casas e apartamentos, suas folhas finas começam a
apresentar as pontas queimadas e os pseudobulbos tendem a
murchar. No entanto, é importante salientar que o ambiente de cultivo deve ter
elevados índices de umidade relativa do ar, acima de 60%, o que não
significa que o substrato deva ser regado em abundância. Como a orquídea com
aroma de coco é epífita, suas raízes estão acostumadas a receber a água da
chuva e o orvalho da madrugada, frequentemente. Trata-se de um
mito
a afirmação de que as orquídeas não gostam de água. No entanto, na natureza,
as raízes têm a oportunidade de secarem muito rapidamente, por estarem
livres de vasos e substratos, aderidas aos troncos das
árvores.
No cultivo doméstico, porém, é necessário recorrer aos vasos para que a
umidade seja retida por mais tempo. O ideal é utilizar vasos de barro, que
permitem uma secagem mais rápida do substrato. Existem modelos específicos
para o cultivo de orquídeas, com furos nas laterais. O vaso de plástico, por
sua vez, apresenta a característica de conservar a umidade por mais tempo.
Nos casos em que o ambiente de cultivo é muito seco, esta pode ser uma
vantagem. Eu, por exemplo, cultivo meu exemplar em vaso de plástico e musgo
sphagnum, como quase todas as outras orquídeas aqui no apartamento,
devido ao sol inclemente e os ventos constantes que atingem a varanda.
Maxillaria tenuifolia |
No entanto, o substrato mais comumente utilizado para o cultivo da
Maxillaria tenuifolia é aquele próprio para orquídeas epífitas,
geralmente composto por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco.
Existem diversas misturas prontas à venda, em lojas especializadas e
garden centers. Também há quem recorra a materiais mais alternativos,
como a brita pura ou a casca de macadâmia. O importante é que o substrato
seja bastante arejado, que seque rapidamente e não abafe as raízes. Cada
cultivador acaba elegendo seu material preferido, de acordo com seu ambiente
de cultivo.
As
regas
da Maxillaria tenuifolia somente devem ocorrer quando o substrato
estiver seco. Para fazer a aferição, basta colocar a ponta do dedo sobre a
superfície do vaso. Se o material estiver úmido, ainda não é hora de regar.
De tempos em tempos, preferencialmente uma vez por semana, é aconselhável
dar um bom banho na orquídea, com uma mangueira ou debaixo da torneira, para
que os excessos de sais minerais provenientes da adubação possam ser
lavados, evitando que as pontas das raízes queimem.
A luminosidade ideal para o cultivo da orquídea Maxillaria tenuifolia é a indireta, porém em níveis elevados. O ideal é que a luz solar seja filtrada por uma tela de sombreamento, preferencialmente que bloqueie 50% da luminosidade. O sol direto do início da manhã e do final da tarde pode ser tolerado. A orquídea com aroma de coco precisa de uma luz mais intensa do que a requerida pela Phalaenopsis, por exemplo. No entanto, esta luminosidade pode ser um pouco inferior à que se costuma oferecer à orquídea Cattleya. Dentro de casas e apartamentos, é importante que a Maxillaria tenuifolia seja cultivada bem rente a uma janela iluminada, preferencialmente face norte.
A luminosidade ideal para o cultivo da orquídea Maxillaria tenuifolia é a indireta, porém em níveis elevados. O ideal é que a luz solar seja filtrada por uma tela de sombreamento, preferencialmente que bloqueie 50% da luminosidade. O sol direto do início da manhã e do final da tarde pode ser tolerado. A orquídea com aroma de coco precisa de uma luz mais intensa do que a requerida pela Phalaenopsis, por exemplo. No entanto, esta luminosidade pode ser um pouco inferior à que se costuma oferecer à orquídea Cattleya. Dentro de casas e apartamentos, é importante que a Maxillaria tenuifolia seja cultivada bem rente a uma janela iluminada, preferencialmente face norte.
Outro fator essencial para que possamos apreciar as flores com cheiro de
coco queimado da Maxillaria tenuifolia é a
adubação. Convém alternar fórmulas de manutenção e floração, com níveis
diferenciados de NPK, para um bom desenvolvimento da orquídea. Aqui no
apartamento, costumo evitar a utilização de adubo orgânico, uma vez que
estes materiais precisam sofrer um processo de decomposição para liberarem
os nutrientes às raízes das orquídeas. Sendo assim, há a inevitável
ocorrência de odores desagradáveis, além da atração de insetos
indesejados.
Resumindo, para quem gosta de orquídeas perfumadas, a Maxillaria tenuifolia é uma excelente adição à coleção. Como bônus, temos as suas delicadas flores pintalgadas, em diferentes colorações, com padrões pintalgados variados. Trata-se de uma orquídea resistente, cujo cultivo não é muito complicado, podendo inclusive ocorrer em apartamentos, desde que a luminosidade suficiente seja fornecida para induzir sua floração.
Resumindo, para quem gosta de orquídeas perfumadas, a Maxillaria tenuifolia é uma excelente adição à coleção. Como bônus, temos as suas delicadas flores pintalgadas, em diferentes colorações, com padrões pintalgados variados. Trata-se de uma orquídea resistente, cujo cultivo não é muito complicado, podendo inclusive ocorrer em apartamentos, desde que a luminosidade suficiente seja fornecida para induzir sua floração.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil