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Orquídea Phalaenopsis Ever Spring 'Prince'
| Phalaenopsis Ever Spring 'Prince' |

No imenso e diversificado universo das orquídeas, algumas cores são mais comuns do que outras. As várias tonalidades de púrpura, roxo, magenta e lilás, por exemplo, são frequentemente encontradas nas flores desta família botânica. Uma orquídea vinho, no entanto, é mais difícil de ser encontrada. Em sua grande maioria, elas são exemplares híbridos, produzidos pelos cultivadores através de cruzamentos seletivos, ao longo de décadas. Neste contexto, uma orquídea cor de vinho digna de nota é a Phalaenopsis Ever Spring 'Prince', destacada na foto de abertura deste artigo.

Apesar de ser originária do continente asiático, a Phalaenopsis é, atualmente, a orquídea mais popular, no Brasil e no mundo. Alguns fatores contribuem para este sucesso. A floração de uma orquídea Phalaenopsis pode durar até três meses, sendo que a mesma haste floral pode vir a produzir ramificações com novas floradas. Como se trata de uma orquídea híbrida, as florações podem ocorrer em qualquer época do ano. A orquídea Phalaenopsis vinho, por possuir flores mais rígidas, apresenta uma floração ainda mais duradoura.


A Phalaenopsis pode ser encontrada em uma multitude de cores e estampas, além do vinho, o que aumenta seu apelo popular. Como se não bastasse, é cada vez mais frequente o uso desta orquídea na produção de exemplares coloridos artificialmente, as famigeradas orquídeas azuis. Novas cores artificiais vêm surgindo no mercado. Sendo assim, é importante ficarmos atentos para quais cores de Phalaenopsis são naturais ou não. Embora seja muito comum encontrarmos orquídeas branca, rosada, lilás, púrpura e magenta, neste gênero botânico, algumas cores são impossíveis de existirem naturalmente.

A Phalaenopsis azul é o exemplo mais emblemático. Diferentemente da orquídea vinho, ela não existe naturalmente, sendo o azul uma coloração bastante rara entre as flores. Outro exemplo raro são as orquídeas vermelhas. Embora existam Phalaenopsis com flores avermelhadas, elas são o resultado da deposição de pigmentos púrpura sobre um fundo amarelo. É o mesmo processo que resulta na orquídea vinho. Nunca o resultado é o vermelho intenso, como ocorre com a Sophronitis coccinea, por exemplo. Além disso, embora existam vários exemplos de orquídeas verdes, esta coloração não é encontrada no gênero Phalaenopsis. Ao encontrarmos esta orquídea com flores verdes, podemos ter certeza de que são coloridas artificialmente.

O tamanho da Phalaenopsis é um capítulo à parte. Já há alguns anos, as vedetes entre os consumidores têm sido as mini Phalaenopsis, miniaturas perfeitas das tradicionais orquídeas que todos conhecemos. A cada ano, surgem novas variedades, cada vez menores. A planta, que já era conhecida como a orquídea da secretária, por estar presente em ambientes internos e escritórios, ganhou ainda mais espaço entre o público que mora em apartamentos, com sua versão miniaturizada.


A orquídea Phalaenopsis cor de vinho, da foto de abertura deste artigo, é uma planta que apresenta um tamanho convencional. No entanto, há pouco tempo, soube que a Phalaenopsis Ever Spring 'Prince', já possui uma versão em miniatura, idêntica à original, igualmente bela e na exuberante coloração vinho, dificilmente encontrada nas orquídeas. Há vários outros híbridos desta linhagem, com diferentes padrões de coloração. Ela descende de um outro híbrido bastante famoso, extensivamente usado na produção de belíssimas orquídeas, a Phalaenopsis Golden Peoker.

Orquídea Phalaenopsis Ever Spring 'Prince'
Phalaenopsis Ever Spring 'Prince'

É desta mesma linhagem de híbridos que surgem aquelas exóticas orquídeas Phalaenopsis amarelas, pintalgadas de vinho. Os círculos, em diferentes tonalidades de vinho, possuem vários tamanhos e organizam-se em estampas diversas. Na verdade, o que ocorre é que, no caso da orquídea vinho da foto acima, as manchas foram se unindo, até formarem uma superfície contínua, toda na coloração vinho. Também existem belíssimas variedades com o fundo branco, pintalgado de vinho, em diferentes tamanhos e formatos.

Outro belíssimo exemplo de orquídea vinho, está no gênero Cymbidium, também asiático. Trata-se de uma orquídea híbrida, dificilmente encontrada no mercado. De modo geral, as orquídeas Cymbidium apresentam tonalidades de amarelo, laranja, rosado e púrpura, além de belas variedades verdes. São bastante populares e podem ser encontradas em todos os lugares, desde floriculturas até feiras e supermercados. Esta variedade de orquídea vinho, no entanto, é mais rara.

Orquídea Cymbidium híbrida
Cymbidium híbrido

As florações da orquídea Cymbidium costumam ocorrer durante os meses mais frios do ano. Em regiões com pequenas diferenças de temperatura, entre o verão e inverno, esta orquídea tem mais dificuldade em florescer. É por este motivo que muitos recomendam regá-la com água gelada ou pedras de gelo, para que consigam simular a queda de temperatura característica do inverno, em uma tentativa de induzir a floração. Nunca fiz isso, não sei se dá certo. Aqui em São Paulo, o Cymbidium costuma florescer bem, sem este artifício. Tudo o que esta orquídea necessita é de bastante luminosidade, preferencialmente sol direto.


Por fim, outro belíssimo exemplo de orquídea vinho, desta vez uma representante brasileira, a Miltonia moreliana. Ao contrário das orquídeas anteriormente apresentadas, esta é uma espécie que ocorre na natureza, não tendo sido produzida pelo homem, através de cruzamentos. Suas pétalas e sépalas apresentam uma interessante tonalidade de uva, que contrasta com o labelo mais claro, rosado.

Orquídea Miltonia moreliana
Miltonia moreliana

Dentre as espécies do gênero Miltonia, esta orquídea vinho é a minha favorita. Suas flores surgem solitárias, no topo de longas hastes, mas os pseudobulbos tendem a formar grandes touceiras, de modo que diversas florações simultâneas costumam acontecer. Um espetáculo para os olhos.

Cultivar orquídeas na coloração vinho, no entanto, não é uma técnica padronizada. Em primeiro lugar, é importante termos a correta identificação da espécie ou híbrido em questão. Isto porque, ao passo que os gêneros Phalaenopsis e Miltonia são compostos por orquídeas de hábito epífito, que vivem sobre outras plantas, com suas raízes aéreas aderidas aos troncos das árvores, a orquídea Cymbidium, por outro lado, é um exemplo de orquídea terrestre, com raízes adaptadas à vida sob a terra. Diante deste cenário, os requerimentos quanto a vasos e substratos irão variar bastante, de acordo com a orquídea vinho a ser cultivada.


A luminosidade que cada uma destas orquídeas na coloração vinho necessita também varia bastante. O Cymbidium é uma típica orquídea que aprecia sol pleno, podendo ser cultivada em ambientes externos, como jardins. Já a Phalaenopsis e Miltonia, por serem epífitas, estão habituadas à luminosidade filtrada pelas copas das árvores. Mesmo assim, existem diferenças importantes entre elas. O gênero Miltonia aprecia uma luz mais intensa, porém filtrada. Já a Phalaenopsis é menos exigente, podendo ser cultivada em ambientes mais sombreados, inclusive dentro de casas e apartamentos.

Conhecer a origem e os hábitos de vida de cada orquídea vinho é essencial para seu bom cultivo. Sou suspeito para opinar, já que adoro esta coloração, mas acho que toda coleção merece ser abrilhantada por alguns exemplares em diferentes tonalidades de vinho, fugindo um pouco da mesmice de cores púrpura e magenta, tão comuns entre as orquidáceas.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil