| Epidendrum fulgens | |
As
orquídeas
vêm sendo cultivadas pelo ser humano há séculos. O primeiro registro
histórico desta exclusiva família botânica data de 300 anos antes de Cristo.
O filósofo grego Teofrasto, discípulo de Aristóteles, e considerado o pai da
botânica, foi o primeiro a descrever uma orquídea. Desde então, o fascínio
por estas plantas só cresce. O
cultivo de orquídeas
já esteve bastante envolto em uma aura de exclusividade, sendo que estas
plantas são, ainda hoje, consideradas caras e de difícil cultivo por muitas
pessoas. Felizmente, trata-se de um
mito.
Cuidar de orquídeas pode ser um hobby bastante prazeroso e até mesmo terapêutico. Recebo muitos relatos de leitores que encontraram nas orquídeas um auxílio para atravessar situações difíceis, financeiras ou de saúde. São companheiras que exigem muito pouco de nós, cuidadores, em comparação aos benefícios e à beleza que nos proporcionam.
Mais do que meros objetos de decoração, as orquídeas fornecem uma rica
experiência para os cinco sentidos. Existem orquídeas famosas por suas cores
exclusivas, como as
orquídeas vermelhas, sendo a
Sophrolaeliocattleya Tutankamen 'Pop'
uma belíssima representante. Por ser uma cor rara nesta família botânica,
estes híbridos rubros são bastante cobiçados pelo público consumidor. Também
existe uma grande gama de
orquídeas amarelas, que fazem bastante sucesso. Neste quesito cromático, é sempre bom
salientar que a
orquídea azul
não existe na natureza. Trata-se de uma orquídea branca colorida
artificialmente.
Não apenas suas formas e cores são as mais variadas possíveis. Existem diversas orquídeas que são famosas por seus perfumes exclusivos, como é o caso da Cattleya labiata, a rainha do Nordeste, e a Cattleya walkeriana, também considerada por muitos a rainha das orquídeas. Ambas são cultivadas não apenas pela sua beleza, mas pelos inebriantes perfumes que exalam. Ainda no diversificado gênero Cattleya, não poderíamos deixar de citar a Cattleya bicolor, com sua exótica combinação de cores, já apresentada aqui no blog.
Rivalizando com a realeza das Cattleyas, temos as representantes do gênero Laelia, dentre as quais a mais famosa e cultivada é a Laelia purpurata. Aqui pelo apartamento, já passaram a Laelia alaorii, Laelia lundii e Laelia lucasiana. Ainda neste gênero, não poderia deixar de citar o belíssimo híbrido primário resultante do cruzamento entre a Laelia sincorana e Laelia alaorii.
Existem ainda orquídeas com aromas surpreendentes, como é o caso da famosa orquídea chocolate, o Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance'. Também há a orquídea com aroma de coco queimado, a Maxillaria tenuifolia, as orquídeas Gomesa crispa e Gomesa recurva, cujos perfumes cítricos lembram o limão, o Oncidium pumilum ou Lophiaris pumila, cujas flores cheiram a mel, além de orquídeas que exalam odores indecifráveis, como o Oncidium ornithorhynchum ou Oncidium sotoanum. Além das qualidades olfativas, existem orquídeas que agradam o paladar. Poucos sabem, mas a baunilha é uma especiaria extraída de uma orquídea, a Vanilla.
Na natureza, a vasta maioria das orquídeas vive sob a forma epífita, aderida ao tronco das árvores. Elas não são parasitas, não causam danos à planta sobre a qual habitam. Existem, ainda, as orquídeas terrestres, também conhecidas como orquídeas de chão ou de solo. É o caso da clássica orquídea sapatinho, cujo representante mais comumente encontrado nas coleções é o Paphiopedilum Leeanum. Um pouco mais raro, temos a charmosa orquídea sapatinho de princesa, Phragmipedium Sedenii. Outros exemplos típicos de orquídeas terrestres são o Cymbidium e a Arundina, orquídea bambu. Há ainda um menor grupo de orquídeas cujo hábito principal é rupícola, ou seja, elas vivem sobre as pedras. É o caso da orquídea Laelia lucasiana. Sendo assim, para cuidar de orquídeas com sucesso, o primeiro passo é conhecer sua identificação e hábitos de vida.
Nestes habitats de origem, as orquídeas não necessitam de cuidado algum para crescerem e florescerem. Tudo é fornecido pela natureza. Por isso, o cultivo mais tranquilo e eficiente consiste em amarrar orquídeas epífitas em árvores. Muitos tentam simular esta condição cultivando orquídeas em pedaços da madeira. No entanto, a umidade relativa do ar deve ser alta e as regas diárias. Cuidar de orquídeas desta maneira, apesar de ser a ideal, acaba sendo mais trabalhoso, sendo o método mais indicado para os que moram próximos à natureza, em condições climáticas ideais.
No ambiente doméstico, ou em estufas comerciais, por uma questão de praticidade, apelamos para o cultivo de orquídeas em vasos. Nestas condições artificiais, as raízes das orquídeas correm maior risco de serem atacadas por fungos e bactérias, principalmente quando há excesso de água por um período prolongado. Além disso, o vaso limita o crescimento da planta, de modo que, volta e meia, precisamos mudar a orquídea de vaso. Estas condições de cultivo, se não forem observadas com cuidado, podem levar a problemas e até mesmo ao óbito das orquídeas.
O cultivo de orquídeas em apartamento tem se tornado cada vez mais comum nos centros urbanos, por uma série de diferentes razões relacionadas ao custo de vida, espaço e segurança. Sob estas condições não naturais, itens corriqueiros como luz e umidade, essenciais às orquídeas, tornam-se artigos de luxo. Nem sempre é possível dispor de espaços ventilados e iluminados, como varandas. Alguns elementos de infraestrutura básica, como ralos e mangueiras, nem sempre estão disponíveis para quem pretende cuidar de orquídeas em apartamento. Telas de sombreamento, tão necessárias, são frequentemente vetadas pelas convenções de condomínios.
O requerimento por um elevado índice de umidade relativa do ar no ambiente de cultivo é o principal fator complicador quando tentamos cuidar de orquídeas dentro de casas e apartamentos. Ao contrário da maioria das plantas de interiores, mais resistentes e menos exigentes em relação à luz e umidade, as orquídeas necessitam de alguns cuidados extras. Infelizmente, manter orquídeas dentro de casas e apartamentos não é tão trivial como cuidar de uma samambaia, um lírio da paz ou de suculentas, as plantas do momento.
Nos tópicos a seguir, vamos discutir sobre as principais dificuldades de se
cuidar de orquídeas em apartamentos, e sugerir meios de contorná-las. Apenas
enfatizando que estas dicas também são válidas para quem deseja saber como
cultivar orquídeas no interior de casas ou escritórios.
Quando se pensa em cuidar de orquídeas no apartamento, este fator da altitude é pouco lembrado. As condições de cultivo são muito mais amigáveis nos andares mais baixos. À medida que subimos, a intensidade do vento aumenta consideravelmente. A incidência de luz solar também tende a ser maior, devido à ausência das copas das árvores. Estes fatores fazem com que, nos andares mais altos, tenhamos que redobrar os cuidados com a desidratação das orquídeas, que ocorre em maior grau quando estas são submetidas a ventos constantes e sol intenso.
O planejamento da disposição das orquídeas, na varanda ou janela, pode ajudar a contornar estes problemas. Aquelas mais resistentes, que podem receber mais luminosidade e ventilação, ficam na primeira fila. As mais frágeis vão atrás, protegidas pelo pelotão de frente. Alternativamente, podemos usar jardins verticais ou cercas vivas, com outras plantas que não orquídeas, para servirem como barreiras naturais contra o sol e o vento.
Para uma maior proteção das orquídeas em andares altos, é conveniente utilizar anteparos mecânicos, que podem ser vidro, policarbonato, treliças ou telas de sombreamento. Estes recursos são bastante úteis em áreas abertas, como coberturas e varandas. Sempre lembrando que o fechamento não pode ser total, a fim de propiciar uma adequada ventilação às orquídeas, como veremos a seguir.
Confesso que tenho um verdadeiro horror a vento, principalmente no frio. Quando cultivava orquídeas dentro do quarto, sentia uma grande dificuldade em manter a janela aberta, durante o inverno. Como resultado desta fobia, tive vários problemas com pragas, das mais diversas e desagradáveis espécies.
Se por um lado a ventilação é importante para o cultivo saudável das orquídeas, por outro o excesso de vento é prejudicial. Ao cuidarmos de orquídeas em apartamentos, principalmente nos andares mais altos, torna-se importante fazer um ajuste fino desta variável. Neste sentido, o abrir e fechar das janelas ao longo do dia auxilia no controle da ventilação ideal. O ambiente nunca pode ficar abafado, sem ventilação.
Nas varandas, anteparos como folhagens e telas de sombreamento ajudam a proteger orquídeas mais sensíveis de correntes de vento. Em casos mais delicados, como durante o período de floração, é sempre aconselhável trazê-las para um local mais protegido, dentro de casa. Após as flores murcharem, as orquídeas podem ser colocadas de volta ao ambiente de cultivo. Cuidar de orquídeas em apartamento é sempre uma questão de identificar os melhores locais, em termos de iluminação, ventilação e umidade relativa do ar, e fazer a distribuição das plantas de acordo com suas preferências, ao longo do seu desenvolvimento.
Cuidar de orquídeas pode ser um hobby bastante prazeroso e até mesmo terapêutico. Recebo muitos relatos de leitores que encontraram nas orquídeas um auxílio para atravessar situações difíceis, financeiras ou de saúde. São companheiras que exigem muito pouco de nós, cuidadores, em comparação aos benefícios e à beleza que nos proporcionam.
Não apenas suas formas e cores são as mais variadas possíveis. Existem diversas orquídeas que são famosas por seus perfumes exclusivos, como é o caso da Cattleya labiata, a rainha do Nordeste, e a Cattleya walkeriana, também considerada por muitos a rainha das orquídeas. Ambas são cultivadas não apenas pela sua beleza, mas pelos inebriantes perfumes que exalam. Ainda no diversificado gênero Cattleya, não poderíamos deixar de citar a Cattleya bicolor, com sua exótica combinação de cores, já apresentada aqui no blog.
Rivalizando com a realeza das Cattleyas, temos as representantes do gênero Laelia, dentre as quais a mais famosa e cultivada é a Laelia purpurata. Aqui pelo apartamento, já passaram a Laelia alaorii, Laelia lundii e Laelia lucasiana. Ainda neste gênero, não poderia deixar de citar o belíssimo híbrido primário resultante do cruzamento entre a Laelia sincorana e Laelia alaorii.
Existem ainda orquídeas com aromas surpreendentes, como é o caso da famosa orquídea chocolate, o Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance'. Também há a orquídea com aroma de coco queimado, a Maxillaria tenuifolia, as orquídeas Gomesa crispa e Gomesa recurva, cujos perfumes cítricos lembram o limão, o Oncidium pumilum ou Lophiaris pumila, cujas flores cheiram a mel, além de orquídeas que exalam odores indecifráveis, como o Oncidium ornithorhynchum ou Oncidium sotoanum. Além das qualidades olfativas, existem orquídeas que agradam o paladar. Poucos sabem, mas a baunilha é uma especiaria extraída de uma orquídea, a Vanilla.
Na natureza, a vasta maioria das orquídeas vive sob a forma epífita, aderida ao tronco das árvores. Elas não são parasitas, não causam danos à planta sobre a qual habitam. Existem, ainda, as orquídeas terrestres, também conhecidas como orquídeas de chão ou de solo. É o caso da clássica orquídea sapatinho, cujo representante mais comumente encontrado nas coleções é o Paphiopedilum Leeanum. Um pouco mais raro, temos a charmosa orquídea sapatinho de princesa, Phragmipedium Sedenii. Outros exemplos típicos de orquídeas terrestres são o Cymbidium e a Arundina, orquídea bambu. Há ainda um menor grupo de orquídeas cujo hábito principal é rupícola, ou seja, elas vivem sobre as pedras. É o caso da orquídea Laelia lucasiana. Sendo assim, para cuidar de orquídeas com sucesso, o primeiro passo é conhecer sua identificação e hábitos de vida.
Nestes habitats de origem, as orquídeas não necessitam de cuidado algum para crescerem e florescerem. Tudo é fornecido pela natureza. Por isso, o cultivo mais tranquilo e eficiente consiste em amarrar orquídeas epífitas em árvores. Muitos tentam simular esta condição cultivando orquídeas em pedaços da madeira. No entanto, a umidade relativa do ar deve ser alta e as regas diárias. Cuidar de orquídeas desta maneira, apesar de ser a ideal, acaba sendo mais trabalhoso, sendo o método mais indicado para os que moram próximos à natureza, em condições climáticas ideais.
No ambiente doméstico, ou em estufas comerciais, por uma questão de praticidade, apelamos para o cultivo de orquídeas em vasos. Nestas condições artificiais, as raízes das orquídeas correm maior risco de serem atacadas por fungos e bactérias, principalmente quando há excesso de água por um período prolongado. Além disso, o vaso limita o crescimento da planta, de modo que, volta e meia, precisamos mudar a orquídea de vaso. Estas condições de cultivo, se não forem observadas com cuidado, podem levar a problemas e até mesmo ao óbito das orquídeas.
Cuidando de orquídeas em apartamento
O cultivo de orquídeas em apartamento tem se tornado cada vez mais comum nos centros urbanos, por uma série de diferentes razões relacionadas ao custo de vida, espaço e segurança. Sob estas condições não naturais, itens corriqueiros como luz e umidade, essenciais às orquídeas, tornam-se artigos de luxo. Nem sempre é possível dispor de espaços ventilados e iluminados, como varandas. Alguns elementos de infraestrutura básica, como ralos e mangueiras, nem sempre estão disponíveis para quem pretende cuidar de orquídeas em apartamento. Telas de sombreamento, tão necessárias, são frequentemente vetadas pelas convenções de condomínios.
O requerimento por um elevado índice de umidade relativa do ar no ambiente de cultivo é o principal fator complicador quando tentamos cuidar de orquídeas dentro de casas e apartamentos. Ao contrário da maioria das plantas de interiores, mais resistentes e menos exigentes em relação à luz e umidade, as orquídeas necessitam de alguns cuidados extras. Infelizmente, manter orquídeas dentro de casas e apartamentos não é tão trivial como cuidar de uma samambaia, um lírio da paz ou de suculentas, as plantas do momento.
Laelia alaorii x Laelia sincorana |
Como cuidar de orquídeas em andares altos
Quando se pensa em cuidar de orquídeas no apartamento, este fator da altitude é pouco lembrado. As condições de cultivo são muito mais amigáveis nos andares mais baixos. À medida que subimos, a intensidade do vento aumenta consideravelmente. A incidência de luz solar também tende a ser maior, devido à ausência das copas das árvores. Estes fatores fazem com que, nos andares mais altos, tenhamos que redobrar os cuidados com a desidratação das orquídeas, que ocorre em maior grau quando estas são submetidas a ventos constantes e sol intenso.
O planejamento da disposição das orquídeas, na varanda ou janela, pode ajudar a contornar estes problemas. Aquelas mais resistentes, que podem receber mais luminosidade e ventilação, ficam na primeira fila. As mais frágeis vão atrás, protegidas pelo pelotão de frente. Alternativamente, podemos usar jardins verticais ou cercas vivas, com outras plantas que não orquídeas, para servirem como barreiras naturais contra o sol e o vento.
Para uma maior proteção das orquídeas em andares altos, é conveniente utilizar anteparos mecânicos, que podem ser vidro, policarbonato, treliças ou telas de sombreamento. Estes recursos são bastante úteis em áreas abertas, como coberturas e varandas. Sempre lembrando que o fechamento não pode ser total, a fim de propiciar uma adequada ventilação às orquídeas, como veremos a seguir.
Como manter as orquídeas bem ventiladas
Confesso que tenho um verdadeiro horror a vento, principalmente no frio. Quando cultivava orquídeas dentro do quarto, sentia uma grande dificuldade em manter a janela aberta, durante o inverno. Como resultado desta fobia, tive vários problemas com pragas, das mais diversas e desagradáveis espécies.
Se por um lado a ventilação é importante para o cultivo saudável das orquídeas, por outro o excesso de vento é prejudicial. Ao cuidarmos de orquídeas em apartamentos, principalmente nos andares mais altos, torna-se importante fazer um ajuste fino desta variável. Neste sentido, o abrir e fechar das janelas ao longo do dia auxilia no controle da ventilação ideal. O ambiente nunca pode ficar abafado, sem ventilação.
Orquídeas na varanda do apê |
Nas varandas, anteparos como folhagens e telas de sombreamento ajudam a proteger orquídeas mais sensíveis de correntes de vento. Em casos mais delicados, como durante o período de floração, é sempre aconselhável trazê-las para um local mais protegido, dentro de casa. Após as flores murcharem, as orquídeas podem ser colocadas de volta ao ambiente de cultivo. Cuidar de orquídeas em apartamento é sempre uma questão de identificar os melhores locais, em termos de iluminação, ventilação e umidade relativa do ar, e fazer a distribuição das plantas de acordo com suas preferências, ao longo do seu desenvolvimento.
Orquídeas e luz, como achar a dosagem ideal
Para termos uma melhor noção de quais gêneros de orquídeas podemos cultivar no apartamento, é importante sabermos a quantidade de luz que o imóvel recebe. Para tanto, o melhor parâmetro é sabermos para qual direção as janelas e varandas estão voltadas. Aquelas direcionadas ao norte são as mais ensolaradas.
Apartamentos face leste também são interessante para o cultivo de orquídeas, já que as mesmas apreciam o sol da manhã. Janelas face oeste costumam ficar muito quentes no verão, necessitando de uma tela de sombreamento ou cortina fina para atenuar o sol da tarde. De modo geral, apartamentos face sul não são amigáveis para a maioria das orquídeas, por receberem pouca luz.
Também é importante salientar que a luminosidade decai abruptamente à medida que nos afastamos da janela. Poucos centímetros de distância fazem grande diferença na insolação que a planta recebe. Neste sentido, o ideal é que as orquídeas sejam cultivadas no parapeito da janela, ou o mais próximo possível. Sacadas, áreas de serviço e até mesmo banheiros bem iluminados são locais que podem ser utilizados para cultivar orquídeas em apartamento.
Estas e outras dicas sobre luz e cultivo podem ser encontradas no artigo:
Como obter a umidade ideal para as orquídeas
Este é um dos maiores entraves a um cultivo de orquídeas bem-sucedido em apartamento. Ambientes internos, totalmente isolados do solo, tendem a ser extremamente secos, até mesmo para nós, humanos. A baixa umidade relativa do ar, além de desidratar e debilitar a planta, favorece o crescimento de pragas, como cochonilhas e pulgões.
Muitas vezes, esquecemo-nos de que itens corriqueiros dos nossos lares contribuem para a baixa umidade relativa do ar, tão prejudicial às orquídeas. Cortinas, tapetes, móveis estofados e até livros, todos são agentes que retiram a umidade do ar, tornando o ambiente mais seco. Neste contexto, os umidificadores de ar ajudam bastante a amenizar o problema. Pequenos tanques de água, fontes e até mesmo aquários são também úteis para a manutenção de um ambiente mais salutar ao cultivo de orquídeas em apartamento ou interiores.
Sempre me solicitam uma foto deste sistema de bandejas umidificadoras aplicado ao meu ambiente de cultivo, mas costumo fugir da raia por achá-lo extremamente antiestético. Neste artigo, abro uma exceção com fins didáticos, for the sake of clarity.
Cultivo de orquídeas em apartamento |
Esta é uma visão do andar térreo do meu arremedo de orquidário. Embora não
estejam em contato direto com as bandejas, as orquídeas penduradas também se
beneficiam da umidade proporcionada pela evaporação proveniente destes
aparatos. Vale qualquer coisa: bandeja de isopor, banheiro para gato e até
formas de bolo. Evidentemente, há opções mais charmosas e esteticamente
favoráveis para exercer esta função. Tudo depende da criatividade e do
orçamento.
Em dias muito quentes, costuma-se aconselhar a molhar o chão do orquidário, de forma a aumentar a umidade destinada às orquídeas, sem regá-las diretamente, o que poderia ser excessivo. Em um apartamento, distante do solo, o uso destas bandejas promove um efeito equivalente.
Para os cultivadores de orquídeas em apartamento, uma simples mangueira e um ralo, tão corriqueiros aos donos de quintais, são verdadeiros sonhos de consumo. Nossa varanda tem ralo, mas nenhuma fonte de água por perto. Por esta razão, sou obrigado a transportar todos os vasos para a banheira, uma vez por semana, com o intuito de dar um banho mais caprichado nas orquídeas. Nesta ocasião, todo o excesso de sais provenientes da adubação química é removido do substrato. Também é uma ótima ocasião para garantir que todo o sistema seja plenamente hidratado, coisa que às vezes não acontece durante os banhos de gato com o borrifador.
Em dias muito quentes, costuma-se aconselhar a molhar o chão do orquidário, de forma a aumentar a umidade destinada às orquídeas, sem regá-las diretamente, o que poderia ser excessivo. Em um apartamento, distante do solo, o uso destas bandejas promove um efeito equivalente.
Como regar as orquídeas
Para os cultivadores de orquídeas em apartamento, uma simples mangueira e um ralo, tão corriqueiros aos donos de quintais, são verdadeiros sonhos de consumo. Nossa varanda tem ralo, mas nenhuma fonte de água por perto. Por esta razão, sou obrigado a transportar todos os vasos para a banheira, uma vez por semana, com o intuito de dar um banho mais caprichado nas orquídeas. Nesta ocasião, todo o excesso de sais provenientes da adubação química é removido do substrato. Também é uma ótima ocasião para garantir que todo o sistema seja plenamente hidratado, coisa que às vezes não acontece durante os banhos de gato com o borrifador.
Rega de orquídeas em apartamento |
Na foto acima, coloquei uma orquídea florida apenas para fazer uma graça. Na realidade, não costumo molhar as flores nem os botões florais, para evitar o aparecimento do fungo Botrytis cinerea, que causa aquelas conhecidas pintas amarronzadas nas pétalas e sépalas.
Nos intervalos entre as regas semanais, vou controlando a umidade do substrato com o borrifador, in loco. No verão, em dias muito secos, chego a borrifar as orquídeas duas vezes ao dia, de manhã e no final da tarde. No inverno, em dias úmidos, passo a semana toda sem borrifar. O importante é que o substrato e as orquídeas tenham chance de secar entre uma rega e outra. Quando se trata de cuidar de orquídeas em apartamento, nada é rígido. Dependendo da época do ano, do clima local, e das temperaturas de cada ambiente, a frequência das regas precisará ser ajustada de acordo.
Algumas alterações no regime de regas podem ser necessárias, como no caso de orquídeas do gênero Dendrobium, que precisam de um período maior de seca (stress hídrico), que costuma se iniciar durante o outono, para que uma boa floração ocorra na primavera.
Outras dicas importantes sobre regas e umidade podem ser encontradas neste artigo especial:
Como cuidar de orquídeas quanto à adubação
A princípio, não seria de se esperar que houvesse diferenças na adubação de orquídeas cultivadas em apartamento ou em qualquer outro local. No entanto, questões práticas levaram-me a escolher um tipo específico de adubo, o químico, em detrimento de outro, o orgânico. Isto porque a adubação orgânica, geralmente constituída por torta de mamona, farinha de osso, bokashi, entre outros, costuma apresentar alguns inconvenientes para quem cultiva em apartamento. De modo geral, estes componentes precisam sofrer uma decomposição por micro-organismos para liberar os nutrientes à planta. Neste processo, exalam diferentes odores, não muito agradáveis. Em decorrência disso, vários insetos são atraídos. Estes efeitos colaterais costumam incomodar quando as orquídeas são cultivadas dentro de casa ou muito próximo a locais de convívio, como varandas e áreas de serviço.
No cultivo de minhas orquídeas, costumo utilizar um adubo químico NPK, balanceado, contendo macro e micro-nutrientes. Costumo alternar entre formulações para manutenção e para floração, contendo diferentes proporções de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).
Informações detalhadas sobre este tema foram compiladas neste artigo:
Orquídeas com folhas murchas ou secas
Nem sempre o surgimento de folhas murchas ou secas em nossas orquídeas é sinal de doença. Muitas perdas ocorrem naturalmente, sendo que novas folhas vão surgindo à medida que a planta cresce. Por isso, é importante entendermos os sinais que as orquídeas emitem. É através da coloração de suas folhas, da aparência das raízes e dos pseudobulbos e pelo surgimento ou não de flores, que elas se comunicam conosco, enviando importantes sinais sobre sua saúde. Muitos que estão começando a cuidar de orquídeas em apartamento acabam se assustando com uma folha amarelada, um pseudobulbo murcho ou a queda das flores, sem saber que estes podem ser processos normais do desenvolvimento das plantas.
A coloração das folhas das orquídeas, por exemplo, diz muito sobre a quantidade de luz que a planta está recebendo. Se o tom de verde for muito escuro, pode ser um sinal de que há pouca luminosidade. Se as folhas estiverem amareladas, por outro lado, pode ser que estejam recebendo sol em excesso.
Muitas vezes, folhas murchas são sinal de que a orquídea está recebendo água demais e não o contrário. A umidade prolongada em torno das raízes causa seu apodrecimento. Com isso, a orquídea não consegue captar água na mesma velocidade em que perde através da transpiração, através das folhas, ficando murcha e enrugada. Para todos os detalhes sobre como resolver esta situação, recomendo o artigo a seguir:
Como evitar pragas em orquídeas
Uma das poucas vantagens do cultivo de orquídeas em apartamento é o fato de que determinadas pragas aparecem com menos frequência. Lesmas, caracóis e formigas cortadeiras, por exemplo, só atacam as orquídeas no apê se forem trazidos de fora, por meio de outros vasos. Ainda assim, seu controle e erradicação são fáceis de serem realizados.
Por outro lado, as pragas que chegam pelo ar ocorrem com bastante frequência. A falta de ventilação, em locais fechados, favorece o aparecimento de insetos nocivos, como cochonilhas, pulgões e tripes. Nunca consegui erradicar totalmente estes males, ainda que cultive minhas orquídeas em local bem ventilado, na varanda. O máximo que consigo é mantê-los sob controle, através de métodos de prevenção e erradicação, os mais naturais possíveis.
Frequentemente, leio nos fóruns e grupos de discussão especializados em orquidofilia a recomendação do uso de fungicidas e inseticidas bastante tóxicos, com alto potencial carcinogênico aos seres humanos. São substâncias que requerem o uso de equipamento completo de proteção, como óculos, luvas e botas. No apartamento, esta recomendação não faz sentido, já que a pessoa que aplica pode estar protegida, mas corre o risco de estar borrifando veneno na cabeça do vizinho de baixo, que tranquilamente toma chá em sua varanda. Cuidar de orquídeas em apartamento implica em uma atenção redobrada quanto ao uso de defensivos químicos e sua ação sobre as pessoas no entorno.
Neste sentido, opto pelo controle manual, eliminando os insetos nocivos com uma escovinha, água e sabão. É importante ficar sempre atento. De alguma forma, estas pragas parecem saber o lado da planta que não está acessível aos nossos olhos. É lá, na parte de trás, que eles se concentram. Preventivamente, borrifo as orquídeas com óleo de neem, a cada quinze dias. Quando a infestação está fora de controle, apelo para inseticidas pouco tóxicos, à base de água, próprios para jardinagem amadora.
Para quem está começando a cuidar de orquídeas, seja em apartamento ou em outro local, o artigo abaixo dá algumas orientações gerais sobre o que evitar fazer neste início.
Como multiplicar orquídeas
A forma mais fácil e imediata de se propagar orquídeas é através da
divisão de touceiras. Este método é válido para as orquídeas de crescimento simpodial, em que
vários pseudobulbos vão se formando à frente da planta. A maior parte dos
gêneros de orquídeas que conhecemos, como
Cattleya,
Oncidium,
Dendrobium,
Paphiopedilum
e
Cymbidium, pode ser multiplicada desta maneira.
Orquídeas de crescimento monopodial, por outro lado, apenas crescem a
partir de um único ponto, para cima. É o caso dos gêneros
Phalaenopsis
e Vanda, por exemplo. Nestes casos, a propagação é mais complicada,
ficando restrita ao eventual surgimento de
keikis, estruturas que nascem a partir da planta mãe, junto à parte vegetativa
ou a partir de
hastes florais, e que geram novos indivíduos.
Por fim, existem as possibilidades mais complexas, de multiplicação
através de sementes ou meristema. O processo de propagação através de
meristemas visa a clonagem da planta, realizada em laboratório,
in vitro, e que resulta na obtenção de milhares de indivíduos
geneticamente idênticos à planta matriz. O processo de reprodução através
de sementes, embora ocorra espontaneamente na natureza, é bastante difícil
de ser obtido no cultivo em condições domésticas. De modo geral, os
cultivadores costumam realizar os procedimentos de polinização, para
engravidar suas orquídeas, aguardam a maturação das
cápsulas de sementes
e as enviam para laboratórios especializados, que fazem a germinação
destas estruturas microscópicas em ambiente estéril e artificial. Para
detalhes deste interessante processo, recomendo a leitura do artigo
abaixo:
Sugestões de orquídeas para apartamento
Os produtores e hibridizadores de orquídeas vêm se dedicando a obter versões em miniatura para a maioria das orquídeas que conhecemos. Como o crescente público das grandes cidades, que vive em apartamentos, tem alguma limitação de espaço, cada vez mais as mini orquídeas têm sido desenvolvidas com o intuito de solucionar este problema. Nem é preciso destacar as vantagens de se cultivar orquídeas pequenas em apartamentos.
Temos um grande número de mini Phalaenopsis, por exemplo, que são réplicas perfeitas em miniatura das grandes orquídeas Phalaenopsis que costumamos ver nas floriculturas. Estas mini orquídeas podem ser encontradas em uma grande variedade de cores e padrões, havendo inclusive exemplares tão pequenos que cabem em uma rolha.
Também encontramos no mercado uma grande variedade de mini Cattleyas, de todas as cores e formatos. Uma orquídea bastante resistente, de baixa manutenção, é o Epidendrum. Seu principal requerimento é que haja bastante luminosidade no ambiente de cultivo, preferencialmente sol direto. Neste caso, também há belíssimas variedades em miniatura disponíveis, perfeitas para quem tem pouco espaço.
Para quem está começando a cuidar de orquídeas, seja em apartamento ou não, costumo recomendar os híbridos mais populares, que encontramos mais facilmente no mercado. Nesta categoria, temos a famosa orquídea chuva de ouro, bastante florífera e de fácil cultivo. Lembrando que este é um apelido popular. Um híbrido bastante conhecido como chuva de ouro é o Oncidium Aloha 'Iwanaga'. Neste mesmo gênero, também temos a orquídea chocolate, cujo nome científico é Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance'. Uma orquídea aparentada, esta amarela, também com um agradável aroma de baunilha, é o Oncidium Twinkle 'Yellow Fantasy'.
Os representantes do gênero Dendrobium também são bastante resistentes, dificilmente são atacados por pragas, e florescem em abundância, quando os devidos cuidados são tomados. No mercado, encontramos com maior facilidade a clássica orquídea olho de boneca, que é um híbrido de Dendrobium do tipo nobile. Outro híbrido famoso que descende desta espécie é o Dendrobium Stardust. A orquídea denphal também é outra excelente dica, neste gênero. Para quem já tem mais intimidade com o cultivo de orquídeas, algumas espécies mais exóticas podem ser consideradas, como o Dendrobium kingianum, Dendrobium purpureum album, Dendrobium victoria-reginae, Dendrobium loddigesii e Dendrobium lindleyi, apenas para citar alguns membros deste vasto e diversificado gênero da família Orchidaceae.
Por fim, para quem dispõe de pouca luminosidade, uma recomendação interessante é a orquídea terrestre Ludisia discolor. Conhecida como orquídea joia ou jewel orchid, esta planta é principalmente apreciada pela beleza de suas folhas, embora também floresça. Trata-se de uma orquídea que se desenvolve bem em ambientes mais sombreados, com luminosidade indireta. Algo nos níveis próximos aos requeridos pelas orquídeas Phalaenopsis e Paphiopedilum.
As micro orquídeas também são conhecidas por exigirem níveis mais amenos de luminosidade. Desta forma, aliam duas vantagens para quem cultiva orquídeas em apartamento: o porte minúsculo e a necessidade de menos luz. No entanto, estas pequenas joias da natureza costumam ser bastante delicadas e exigentes quanto aos níveis de umidade relativa do ar. Neste seleto grupo de orquídeas, podemos recomendar a Rodriguezia venusta, Capanemia superflua, Oncidium pumilum, Masdevallia infracta, Masdevallia discoidea, Sophronitis cernua, Dendrochilum filiforme, Ornithophora radicans, Epidendrum peperomia, entre tantas outras miniaturas de beleza incomum.
Por fim, menciono alguns gêneros e espécies de orquídeas que não se adaptaram muito bem aqui no apê. De modo geral, as orquídeas do gênero Sophronitis e seus híbridos são bastante exigentes quanto aos índices de umidade relativa do ar, que dificilmente alcançam valores próximos ao ideal dentro de apartamentos. Neste contexto, tive bastante dificuldade com o cultivo da Sophronitis coccinea, Sophronitis wittigiana e o híbrido Sophronitis Arizona, apenas para citar alguns.
Outra orquídea de cultivo mais exigente é a Vanda. Por ser mantida com as raízes aéreas, a frequência de irrigação deve ser diária. Em locais com muito vento, em andares mais altos, as regas podem ser necessárias até mais de uma vez ao dia. Trata-se de uma orquídea que não tolera o frio, entrando em dormência quando as condições climáticas não são favoráveis.
Considerações finais
Ainda tem dúvidas sobre como cuidar de suas orquídeas? Cada um dos links ao longo desta artigo, destacados em vermelho, direcionam para matérias complementares e relacionadas, que podem enriquecer a compreensão sobre o tema abordado. Fotos de orquídeas que já passaram aqui pelo apartamento podem ser conferidas neste artigo. Além disso, há uma seleção de artigos sobre cultivo de orquídeas na seção Dicas de Cultivo de Orquídeas. Também temos excelentes informações sobre como cuidar de orquídeas fornecidas pelos nossos entrevistados, orquidófilos renomados e experientes. As matérias podem ser acessadas através da página Entrevistas com Especialistas.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil