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Orquídea Sapatinho


Orquídea Phragmipedium Sedenii
| Phragmipedium Sedenii |

A orquídea sapatinho em nada lembra a clássica Cattleya, que costuma nos vir à mente, quando falamos desta imensa e diversificada família botânica, Orchidaceae. Disponíveis em várias cores e tamanhos, estas orquídeas costumam ser bastante cobiçadas pelos colecionadores, podendo alcançar altos valores no mercado, principalmente devido à dificuldade de encontrá-las à venda. É bem verdade que, recentemente, a orquídea sapatinho vem se tornando mais difundida, no Brasil.

É importante lembrarmos que, quando usamos o termo popular orquídea sapatinho, estamos nos referindo a uma grande variedade de espécies, que podem pertencer aos gêneros Paphiopedilum ou Phragmipedium, entre outros menos conhecidos, como Cypripedium, Mexipedium e Selenipedium. Juntos, estes cinco gêneros compõem a subfamília Cypripedioideae. Cada qual com sua beleza particular, todas de um espetacular exotismo, estas orquídeas têm em comum este labelo modificado, em forma de taça, que confere à flor a aparência de um tamanco holandês. No exterior, a orquídea sapatinho é conhecida como lady's slippers orchid, por este motivo.


Esta estrutura faz com que a orquídea sapatinho seja confundida pelos leigos com uma planta carnívora. No entanto, este é um mito. Não há nenhum líquido viscoso no interior do labelo desta orquídea, uma vez que ele tem apenas a finalidade de atrair os insetos polinizadores, sem necessariamente prendê-los ou digeri-los em seu interior, como ocorre com os jarros das Nepenthes.

Uma vez no interior deste saco, o inseto apenas consegue sair se passar por trás de uma estrutura em forma de placa, denominada estaminoide, que é um estame modificado. Ao atravessar esta rota de fuga, o inseto acaba recolhendo o pólen ou polinizando a orquídea sapatinho, cumprindo sua função de auxiliar a planta a se reproduzir.

Orquídea Paphiopedilum híbrida
Paphiopedilum híbrido

Origem da orquídea sapatinho


As orquídeas sapatinho podem ocorrer naturalmente em diferentes partes do globo terrestre, sendo que cada gênero é típico de determinados continentes. É interessante notar que elas somente não são encontradas, na natureza, na África, Madagascar e Austrália.

A primeira espécie de sapatinho cultivada pelo homem foi o Cypripedium calceolus. Philip Miller, em 1731, conseguiu manter esta orquídea nas estufas do Chelsea Physic Garden, na Inglaterra.

Os sapatinhos do gênero Paphiopedilum, por exemplo, somente são encontrados na Ásia, em seu habitat de origem. Estas orquídeas vivem no solo de florestas úmidas e sombreadas, solo este que costuma ser coberto por uma camada de detritos e folhas em decomposição. É, portanto, um substrato rico em matéria orgânica. Estas orquídeas sapatinho são originárias de países tropicais do sudeste asiático. Muitas espécies distribuem-se pelas ilhas do Pacífico. Adicionalmente, no continente asiático, podemos encontrar orquídeas sapatinho do gênero Paphiopedilum em países como China e Índia.


Já as espécies representantes do gênero Phragmipedium, embora muito parecidas com as do gênero Paphiopedilum, são exclusivas do continente americano. Ainda que ambas sejam comumente conhecidas como orquídea sapatinho, há importantes diferenças biológicas e geográficas entre os dois gêneros botânicos. Ao contrário das orquídeas sapatinho asiáticas, as americanas costumam viver em solos alagados, às margens de rios, sob luminosidade mais intensa. O Phragmipedium pode ser encontrado em boa parte do território brasileiro, ocorrendo também em uma faixa que vai do sul do México até a Bolívia. Seu cultivo é considerado um pouco mais complicado, em relação às orquídeas sapatinho do gênero Paphiopedilum.

Orquídea Paphiopedilum maudiae
Paphiopedilum maudiae

Orquídeas sapatinho são terrestres


Ao contrário da maioria das orquídeas, de hábito epífito, que cresce sobre as árvores, estas lady's slippers orchids são terrestres, vivendo no chão das florestas. As raízes das orquídeas sapatinho são modificadas e assentam-se sobre a camada de folhas secas e detritos acumulados no solo das florestas tropicais. Por esta razão, também são consideradas plantas humícolas, que vivem sobre o húmus. Algumas orquídeas sapatinho são bastante sensíveis ao pH do solo em que estão plantadas, bem como em relação à quantidade de sais minerais dissolvidos na água. Há, no entanto, aquelas que são bastante resistentes e pouco exigentes quanto à qualidade da terra.

Outra característica, que difere uma orquídea sapatinho típica da maioria das orquídeas epífitas, é a ausência de pseudobulbos, estruturas comumente presentes nos gêneros Cattleya, Dendrobium e Oncidium, por exemplo. Suas folhas são relativamente mais finas e alongadas, crescendo umas sobre as outras, em estruturas vegetativas em forma de leques. Apesar disso, a orquídea sapatinho não é monopodial, como a Vanda e Phalaenopsis. Seu desenvolvimento é simpodial, uma vez que novos brotos são emitidos sequencialmente, em várias frentes de crescimento.

Os leques mais antigos da orquídea sapatinho, que já floresceram, costumam perder as folhas, desaparecendo completamente. Trata-se do ciclo de vida natural deste tipo de orquídea, que sempre deixa novos brotos para perpetuarem a planta. Com o tempo, respeitáveis touceiras são formadas, que produzem um espetáculo memorável, quando florescem concomitantemente.

Orquídea Paphiopedilum Leeanum
Paphiopedilum Leeanum

Espécies mais populares


Aqui no Brasil, é muito comum encontrarmos uma orquídea sapatinho, Paphiopedilum Leeanum, cultivada na terra, como uma planta de jardim. É a típica planta que nossas mães e avós costumam ter em suas casas.

Orquídea Paphiopedilum Leeanum
Paphiopedilum Leeanum

Não por acaso, esta orquídea sapatinho costuma florescer pontualmente nos meses de outono e inverno, coincidindo com a data em que comemoramos o dia das mães. Apesar de ser uma orquídea de origem asiática, este híbrido de Paphiopedilum adaptou-se muito bem ao clima brasileiro e tornou-se bastante popular por aqui. Tem uma aparência exótica, cores elegantes e lembra, de fato, um tamanco holandês. É a orquídea sapatinho mais famosa do país.

Embora não seja comumente vendido em floriculturas, o Paphiopedilum Leeanum está bastante presente nos jardins e coleções dos cultivadores, graças à sua facilidade de manutenção e rapidez de propagação. É comum que esta orquídea sapatinho forme grandes touceiras rapidamente, que podem ser divididas e compartilhadas com parentes e amigos.

Orquídea Phragmipedium Sedenii
Phragmipedium Sedenii

Esta outra simpática orquídea sapatinho, cor de rosa, por outro lado, pertence ao gênero Phragmipedium, encontrado no continente americano, e é uma das que mais fazem sucesso aqui no blog, até hoje. O Phragmipedium Sedenii lembra um sapatinho de princesa. Ao contrário do seu primo marrom, este sapatinho pink é mais raro de ser encontrado por aqui. Eu mesmo procurei bastante e levei um certo tempo para conseguir adquiri-lo. Sua propagação também ocorre mais lentamente, por separação dos novos leques de folhas que vão brotando na base dos mais antigos.


Trata-se de uma orquídea sapatinho que floresce pontualmente no início do inverno, todos os anos. Como produz flores de maneira sequencial, uma atrás da outra, continua florida até o final da primavera. Embora já a tenha fotografado bastante, não me canso de capturar a beleza de cada um destes momentos mágicos.

Diversas outras espécies de orquídeas sapatinho podem ser encontradas no mercado especializado. Não são tão comuns de serem comercializadas. O ideal é procurar em feiras e exposições de orquídeas. Há vendedores especializados na produção e comercialização destas plantas. De modo geral, o mais frequente é que consigamos adquirir mudas jovens destas orquídeas sapatinho, ainda sem flores. No entanto, os valores destas plantas costumam ser bem mais elevados, quando comparados aos praticados pelo mercado de orquídeas mais comumente encontradas.

Orquídea Paphiopedilum callosum
Paphiopedilum callosum

Como cuidar da orquídea sapatinho


É preciso prestar atenção ao gênero da orquídea sapatinho que desejamos cultivar. Embora tenham a aparência semelhante, são originárias de continentes distintos e possuem requerimentos de cultivo um pouco diferentes.

As orquídeas sapatinho do gênero Paphiopedilum, por exemplo, podem ser cultivadas diretamente na terra ou em substrato próprio para orquídeas epífitas, constituído por uma mistura de casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. Há quem misture terra e substrato, para obter um componente bastante adubado e aerado, ao mesmo tempo. Estas são plantas que costumam ser menos exigentes quanto ao solo, aceitando uma série de substratos e misturas. O importante é que o material mimetize as condições em que esta orquídea sapatinho se encontra, em seu habitat original, no chão das florestas úmidas e sombreadas do sudeste asiático. Portanto, o material deve ser rico em matéria orgânica, bem aerado e rapidamente drenável.


Por outro lado, as espécies pertencentes ao gênero Phragmipedium necessitam de um substrato que retenha mais água. Por vegetarem às margens de rios, estas orquídeas sapatinho estão acostumadas a altos níveis de umidade em suas raízes. Embora possam ser cultivadas em terra ou substrato, é interessante adicionar musgo sphagnum ao vaso, para aumentar a retenção de água e melhorar o desenvolvimento das raízes. O uso de perlita no solo também é de grande valia, por proporcionar mais umidade às raízes desta orquídea sapatinho. O gênero Phragmipedium talvez consista no único caso de orquídea capaz de se beneficiar do uso de pratinho sob o vaso. Este aparato vai conferir uma umidade extra ao substrato, que visa mimetizar a condição alagada do solo, vivenciada por esta orquídea sapatinho em seu habitat natural.

Orquídea Paphiopedilum híbrida
Paphiopedilum híbrido

Os níveis adequados de umidade relativa do ar são essenciais para um bom desenvolvimento da orquídea sapatinho, de um modo geral. Em ambientes fechados, como o interior de casas e apartamentos, o uso de umidificadores de ar é bastante recomendável, uma vez que estas áreas costumam ser mais ressecadas. Em ambientes externos, estes aparatos são ineficazes, uma vez que a grande circulação de ar anula os efeitos benéficos da umidade extra. Nestes casos, bandejas umidificadoras, compostas por recipientes largos e rasos, contendo brita, areia ou argila expandida, que abrigam uma lâmina de água no fundo, são bastante úteis para elevar os níveis de umidade no ambiente de cultivo. O vaso com a orquídea sapatinho é colocado sobre esta bandeja, de modo que o fundo não entre em contato direto com a água.

Quando cultivada em ambientes muito secos, a orquídea sapatinho, principalmente do gênero Phragmipedium, costuma ficar com as pontas das folhas ressecadas. Outro sinal de que a umidade do ambiente está abaixo do normal é o ataque constante de pragas, principalmente ácaros. Estes seres quase microscópicos, que não são insetos, mas sim parentes das aranhas, costumam se alimentar do tecido vegetal que raspam das superfícies das folhas. Como são capazes de formar grandes colônias, em pouco tempo, os ácaros provocam grandes lesões nas folhas, que têm a aparência de desenhos em baixo relevo. Estes ferimentos são posteriormente atacados por fungos e bactérias, podendo ocasionar a morte da orquídea sapatinho. O gênero Paphiopedilum é particularmente suscetível ao ataque por ácaros. Existem defensivos específicos para eliminar estas pragas, à venda em lojas especializadas e garden centers. Fertilizantes à base de enxofre também costumam ser utilizados, com esta finalidade. Acima de tudo, vale a prevenção. Quando cultivadas em ambientes com bons níveis de umidade relativa do ar, as orquídeas sapatinho tornam-se mais resistentes a este tipo de ataque.


Os níveis de luminosidade também são diferentes para o cultivo destes dois gêneros distintos de orquídeas sapatinho. O Paphiopedilum requer menos luz, podendo florescer mesmo se cultivado dentro de casas e apartamentos, desde que próximo a uma janela com boa luminosidade. Esta é uma orquídea capaz de florescer sob os mesmos níveis de luminosidade requeridos pela orquídea Phalaenopsis. Ambos são gêneros típicos de orquídeas de sombra. Já o Phragmipedium pede mais luz, principalmente para florescer bem. O nível de luminosidade para esta orquídea está próximo àquele requerido pelas espécies do gênero Cattleya. Ainda assim, o sol direto deve ser evitado, principalmente nas horas mais quentes do dia.

A adubação da orquídea sapatinho não precisa ser muito intensa. Frequentemente, a terra utilizada na mistura de substratos já contém bons níveis de matéria orgânica. Além disso, estas orquídeas são mais sensíveis ao excesso de sais minerais no substrato, que podem se acumular devido ao excesso de adubação química. Ocasionalmente, formulações apropriadas para estimular a floração de orquídeas, mais ricas em fósforo, podem ser aplicadas, utilizando-se metade da dose recomendada pelo fabricante. Aqui no apartamento, costumo alternar fórmulas de manutenção e floração, semanalmente, em doses bem diluídas. Quinzenalmente, é recomendável realizar uma rega mais caprichada, capaz de lavar o substrato e eliminar o excesso de sais minerais.

Em resumo, a orquídea sapatinho é uma paixão para muitos cultivadores e colecionadores, trazendo um ar exótico às nossas casas e apartamentos. As florações são belas e duradouras, podendo ser sequenciais ou não. São plantas provenientes de diferentes partes do mundo, de fácil cultivo e resistentes a pragas. O único porém, infelizmente, é a dificuldade de se encontrar variedades mais diferentes das tradicionais orquídeas sapatinho que estamos acostumados a ver no mercado. Quando os encontramos, ainda são sapatos relativamente caros.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil