| Laelia alaorii | |
Trocar uma
orquídea
de vaso pode parecer um processo simples e trivial, mas alguns cuidados devem
ser tomados. Um replante mal feito pode prejudicar o desenvolvimento da
orquídea, atrasar sua floração e até mesmo levá-la à morte. De maneira geral,
o ideal é que efetuemos o menor número possível de intervenções ao longo do
cultivo de uma orquídea, de modo que seu crescimento não seja prejudicado.
Como costumam dizer, muito ajuda quem não atrapalha. Mais importante do que
como mudar a orquídea de vaso, as questões às quais devemos nos atentar são
quando e por que fazermos esta mudança.
Por que perturbar a orquídea
No início, eu tinha este impulso de ficar trocando a orquídea de vaso e
substrato a todo momento, sempre achando que poderia melhorar seu cultivo.
Vaso de barro, vaso de plástico, cultivo em carvão, brita, macadâmia, semi-hidroponia, até mesmo
cultivo de orquídeas em água, as possibilidades são infinitas. A todo momento, chega algum especialista
afirmando que um método é melhor do que o que você já está utilizando. No
entanto, o fato é que, a cada perturbação deste porte, as raízes são
danificadas, a orquídea fica estressada e a floração seguinte é comprometida.
Portanto, a primeira regra é que devemos intervir apenas quando há um forte
motivo para tal. Mudar a orquídea de vaso ou substrato tem suas consequências.
Neste sentido, o renomado orquidófilo
Denitiro Watanabe, autor de vários livros sobre o cultivo de orquídeas e um dos entrevistados
deste blog, afirma que uma orquídea somente dará uma boa floração após estar
completamente aclimatada ao novo vaso. Segundo ele, este processo ocorre
aproximadamente quatro anos após o replantio. Portanto, quanto menos
perturbarmos as
orquídeas, mais e melhores flores teremos. Este parece ser o segredo por trás das
magníficas touceiras que encontramos em exposições de orquídeas.
Quando replantar uma orquídea
Como nada em orquidofilia é definitivo, há opiniões diferentes sobre o mesmo
assunto. Segundo o especialista
Antonio Yoshio Sano, outro de nossos ilustres entrevistados, a maioria dos iniciantes resolve
replantar a orquídea apenas quando percebe que ela está com algum problema.
Neste momento, no entanto, a situação já é crítica demais. O ideal, segundo
este orquidófilo, é que o cultivador se antecipe ao decaimento da planta,
ocasionado pela deterioração do substrato, e o troque antecipadamente, a cada
um ano e meio, aproximadamente.
Um outro parâmetro que pode nos ajudar a decidir quando devemos mudar uma
orquídea de vaso é o fator espacial. No caso das orquídeas de crescimento
chamado simpodial (aquelas que emitem um pseudobulbo à frente do outro,
'caminhando' pelo vaso), chega um momento em que elas começam a querer sair do
recipiente, como ilustrado na foto acima. Além da questão estética, as raízes
que começam a se desenvolver para fora do vaso, completamente aéreas, podem se
ressecar e morrer, por falta de umidade. Outro problema é que elas se adaptam
ao modo de vida aéreo e, quando voltam a ser enterradas no substrato,
geralmente morrem por não estarem mais adequadas àquela condição.
Outra informação importante para decidirmos o melhor momento de replantar
nossas
orquídeas é a fase de seu desenvolvimento. O ideal é esperarmos que elas comecem
a emitir novas raízes e novos brotos. Desta forma, a recuperação será mais
rápida após o transplante. Na maioria dos casos, estas novas brotações
costumam ocorrer durante a primavera e o verão, nos meses mais quentes do ano.
No frio, época em que várias orquídeas estão em dormência, é bom evitar
mudá-las de vaso.
Por fim, sempre há aquelas situações catastróficas nas quais não temos
escolha. Quedas e infestações por pragas são eventos que nos levam a precisar
trocar o vaso das orquídeas na correria. Por este motivo, é importante
estarmos atento aos sinais que as orquídeas nos enviam, através de seu aspecto
vegetativo. Uma
folha amarelando, um pseudobulbo murchando, todos estes fenômenos atípicos podem indicar que
há algum problema com as raízes das orquídeas. Caso elas estejam
comprometidas, atacadas por fungos ou bactérias, em decorrência do excesso de
regas, o ideal é que a orquídea seja mudada de vaso.
Como mudar a orquídea
Neste procedimento, talvez a maior dificuldade seja desprender as raízes da
orquídea, que se aderem fortemente ao substrato e às laterais internas do
vaso. A dica é deixar o vaso sob água corrente, por alguns minutos. Também
vale submergi-lo em um balde com água. Desta forma, as raízes tornam-se mais
maleáveis e desprendem-se com mais facilidade.
É importante limpar bem a orquídea, removendo todo o substrato antigo. Em
casos de podridão das raízes, é essencial que todo o material em decomposição
seja eliminado e bem lavado, sob água corrente. Caso haja pseudobulbos muito
antigos, sem folhas e ressecados, pode ser uma boa hora para removê-los. Ao
invés de descartá-los, pode-se tentar fazer novas
mudas
a partir destes backbulbs.
Também há quem aproveite o momento da mudança da orquídea de vaso para
dividi-la. Neste caso, é importante atentarmos para o fato de que as orquídeas
de crescimento simpodial precisam ter ao menos três pseudobulbos em cada
segmento, para que possam sobreviver à divisão e continuar seu
desenvolvimento. A parte da frente continuará emitindo novos brotos. Já a
parte de trás precisará despertar gemas adormecidas para que uma nova frente
de crescimento seja formada.
Na hora de escolher a nova casa da orquídea, é bom evitar a tentação de
plantá-la em um vaso grande demais. Nestes casos, devido à grande quantidade
de substrato, a secagem é mais lenta, o que pode levar ao apodrecimento das
raízes, que ficam úmidas por muito tempo. Ao mudar uma orquídea de vaso, é
importante que se deixe apenas dois dedos de espaço entre a frente da orquídea
e a borda do vaso. Desta forma, ela não ficará perdida no meio do vaso e suas
raízes terão a oportunidade de fixá-la mais rapidamente.
Além disso, é muito importante auxiliar a fixação da orquídea ao vaso e
substrato através do uso de tutores de madeira ou arame. Caso ela fique solta,
balançando, suas raízes jamais conseguirão se desenvolver adequadamente. Os
tutores funcionam como raízes artificiais e provisórias, até que a planta se
fixe a contento.
Após o replante, é interessante aplicar um enraizador à orquídea, o que
ajudará na sua recuperação. Também é bom evitar adubar, até que as novas
raízes cresçam e a planta se estabilize. O local da orquídea replantada deve
ser um pouco mais sombreado, de modo a evitar sua desidratação durante este
período crítico.
Assim que a orquídea estiver aclimatada em seu novo vaso, emitindo novas raízes e brotos, os cuidados normais podem ser retomados. Para um guia mais detalhado sobre como cuidar de orquídeas, principalmente em apartamentos, deixo a indicação do artigo abaixo:
Assim que a orquídea estiver aclimatada em seu novo vaso, emitindo novas raízes e brotos, os cuidados normais podem ser retomados. Para um guia mais detalhado sobre como cuidar de orquídeas, principalmente em apartamentos, deixo a indicação do artigo abaixo:
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil